
A MÚSICA
o mar, e as ondas
de pássaros caindo como chuva ao fim
da tarde,
o piano tão líquido ou batendo
em acordes sobre o aço, uma
ilusão transformando
o som sem som, em tudo semelhante
ao silêncio,
a orquestra expandindo-se ou o refluxo
limpo dos pianíssimos,
ali estava
o silêncio, equivalente
ao som do mar e da cortina
de oliveiras defendidas do crepúsculo
por um muro de branco a escuro
passando, adolescente
música
como um corpo rolando nu na areia do
dia
quando na outra margem
a nota alucinada da fábrica o enchia,
o silvo que erigia em dor
o sexo,
as ondas desse mar orquestrado por
braços que nadavam
Gastão Cruz, Rua de Portugal (1941)
Que belo poema!! Não conhecia.
ResponderEliminarBeijos.
Outsider
ResponderEliminarOlha que eu também não mas acho que me veio parar às mãos em boa hora e eu tenho imensa sorte com esses acasos felizes.
Bjos para vocês.