quarta-feira, abril 30, 2008

Crise Alimentar - Assinem a Petição!

Humankind has bestial acts

Devemos obediência a leis insensatas?


«A autoridade baseia-se, antes do mais no bom senso.
Se um rei ordenar ao seu povo que se deite ao mar, ele revolta-se.
Eu, eu tenho o direito de exigir obediência
porque as minhas ordens são sensatas.»


(in O Principezinho, X, A. de Saint-Exupéry)

Ler aqui respostas e objecções à Desobediência Civil

segunda-feira, abril 28, 2008

In memoriam: "o governo não vai recuar"

Desta vez Sócrates falou verdade: "o governo não vai recuar". Quem recuou foram os sindicatos!

Novo Mestrado



Diário da República, 2ª Série, nº51, 12 de Março de 2008
(Encontrado aqui e podem confirmar em http://www.dre.pt/pdf2sdip/2008/03/051000000/1067010674.pdf

Leiam bem: Mestrado em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe
Não é curso profissional, nem licenciatura, é mestrado!
O doutoramento virá a seguir.

Na cauda da Europa, mas com todo o requinte – e com os nossos impostos.

sábado, abril 26, 2008

Um texto imperdível para a juventude compreender como chegámos onde chegámos


Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

Excerto do FMI, de José Mário Branco

sexta-feira, abril 25, 2008

SPGL no 25 de Abril de 2008


Apetece perguntar: onde é que estavas na manifestação dos 100 000 (Marcha da Indignação)?
Isto é o que eu chamo... meter água!

Perdoem-lhes, porque eles sabem o que fazem. (Sophia de Mello Breyner Andresen)
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25 de Abril de 2008: De Luto e em Luta!

Escola do Povo Escola de Abril

Capitães de abril

Ergue-te ao sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os clamores

Frases inspiradoras

Uma utopia é uma possibilidade que pode efectivar-se no momento em que forem removidas as circunstâncias provisórias que obstam à sua realização.
(Robert Musil)

quinta-feira, abril 24, 2008

Esta é a noite de um tempo que NUNCA MAIS poderá voltar


Na noite de 24 de Abril, agrada-me voltar a trazer para este blogue este magnífico texto escrito pelo Arrebenta. Para quem nunca o leu. Para quem o leu e nunca se cansa de o reler. Para quem NUNCA MAIS quer que um tempo tão sinistro volte a nos tolher os gestos e as palavras. 25 de Abril SEMPRE!

Porque esta é a derradeira noite das trevas. Porque esta é a noite do tempo das pessoas que ainda não podiam falar. Porque esta é a noite das sombras de quem ainda não sabia que se podia falar. Porque esta é a noite do tempo em que a escrita não era mais do que um macabro passaporte para o derradeiro exílio. Pois este é o tempo da treva, em que cada um enterrava em si próprio o sepulcro dos seus mais dolorosos pensamentos.


Este é o tempo da vigília. É a Noite. É o espaço cósmico da Memória. É o lugar de lembrar os que morriam só por sonhar. O lugar dos que passavam os dias e as noites e as noites e os dias sem luz, e afundados nas mais húmidas celas dos fracassos desta nação medieval. É o tempo em que os Portugueses eram os Iraquianos de outras décadas atrás. É o tempo em que os jovens se encerravam em cubos ardentes de campos de concentração tropicais. É o tempo em que ainda havia leis que impediam de se andar descalço nas ruas, mas permitiam que tantos descalços palmilhassem as sombras dessas mesmas ruas.

É o tempo da noite das bocas cerradas. É o tempo dos mutilados. É o tempo dos que voltaram sem olhos, e sem mãos e sem pernas. É o tempo dos sentados para sempre em cadeiras de rodas de um Regime Imóvel. É o tempo dos que enlouqueceram com o que viram. É o tempo dos que nunca regressaram. É o tempo dos que ficaram sem rasto e sem despojos. É o tempo de uma Máquina Infernal que finalmente irá tombar.

Esta noite é um tempo de nojo e de vigília. É a noite em que a Voz se erguerá ao fundo, até clamar, por entre as cinzas, por todas as cores do Universo. Esta é a maior noite da nossa memória colectiva. Esta é a noite de agradecer. E de dizer "obrigado" a todos os nossos amigos que nos permitiram, nesse tempo, escrever agora assim.
Esta é a noite de um tempo que NUNCA MAIS poderá voltar.

Obrigado.

Arrebenta

Qual é a tua ó meu!

Cai o carmo e a trindade no mesmo dia!

Um livro actual


«Como a recente (e ainda não encerrada)
crise económica e financeira de 1997-1999
veio uma vez mais patentear, com perdas imensas
de riquezas materiais e tremendas consequências sociais,
evidenciando brutalmente os limites históricos das relações
de produção capitalistas precisamente numa altura
em que o triunfalismo da «globalização» capitalista
se pretendia impor às consciências como inevitabilidade eterna,
um ahistórico «fim da História».


(…) A obra de Lénine O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo permanece de extraordinária pertinência e validade para a análise e compreensão da natureza do capitalismo contemporâneo e do real conteúdo da sua actual vaga de «globalização», tal como para a reafirmação do papel motor decisivo de classes dos trabalhadores e dos povos para a superação revolucionária do capitalismo.»

http://www.pcp.pt/publica/militant/247/p27.html

a/militant/247/p27.html

No Prós & Contras alguém se referiu ao “fim da História”. Ontem corria notícia de que a crise gerada pelo sistema económico que está a ser implantado à escala global é um “tsunami silencioso” que irá deixar cada vez mais povos na mais completa fome e miséria. A terra já não é mais encarada como produtora de alimentos mas como produtora de combustíveis. Queima-se o que antes servia para fazer pão para alimentar os carros do mundo desenvolvido (boa imagem a de Louçã no parlamento) e depois vem-se chorar sobre o leite derramado. É mentira deles. Se contribuirmos para esse peditório estamos apenas a alimentar os cofres do Banco Mundial que não se coibirá de despejar as nossas dádivas nos bancos falidos que mais lhes interessar no momento proteger e manter. Não acredito na boa vontade dessas organizações humanitárias nem na sua eficácia, embora esteja em crer que há muita gente que julga estar a praticar o bem e a ajudar a resolver o problema. Hoje o capitalismo global não produz mais, produz menos, vivendo particularmente da especulação do capital financeiro. É o jogo da bolsa planetário e admite a batota e a mudança das regras a meio do jogo. Despede-se quem antes produzia e faz-se o lucro provir da exploração dos trabalhadores: daí a necessidade da flexigurança e da precarização do trabalho, do desemprego. Com medo do desemprego todos tenderão a agarrar qualquer coisa, a ganhar menos, a trabalhar mais, a ter menos regalias, aliás, a pagar tudo do seu bolso. Mas o capital financeiro, que se esconde por detrás das crises, não tem substância, é volátil e passa de mão em mão. Por isso se serve de todos os artifícios, de todos os expedientes e mesmo assim não encontra saídas para o monstro que criou, não fazendo senão destruir. Quem tudo quer, tudo perde. O capitalismo é um fogo que quanto mais brilha e fulgura mais se consome e se extingue.

quarta-feira, abril 23, 2008

Tsunami Silencioso - que forças o provocam?

WordPress Cartoon/2007

O PAM (Plano Alimentar Mundial) sublinhou que as suas estimativas confirmam as conclusões do Banco Mundial, que considera que a duplicação dos preços alimentares nos últimos três anos pode agravar a pobreza de pelo menos 100 milhões de africanos dos países de baixos rendimentos. (Ler toda a notícia da TSF)

Ultimamente tenho notado que são os próprios responsáveis pelo caos mundial que se vêm agora queixar do atoleiro a que chegou o mundo que eles próprios criaram com as suas negociatas e ganância desenfreda! Corja maldita!

Não é só cá!


A Destruição da Educação em Espanha

Intervenção feita, por um delegado espanhol,

na Conferência Operária Europeia

pelo “Não” ao Tratado de Lisboa

(realizada em Paris, a 2 e 3 de Fevereiro de 2008)


Companheiros de toda a Europa, o colectivo de professores de

Trabalhadores e Jovens pela República (TJR), constituído em

Madrid, decidiu contribuir com esta comunicação à

Conferência Operária Europeia para dar a conhecer aos

companheiros a situação específica da educação em Espanha,

reflexo das directivas rumo à privatização que nos chegam de

Bruxelas.

A principal consequência da adaptação do ensino, a todos os

níveis, às necessidades imediatas do mercado (necessidades da

sociedade, como lhes chamam, eufemisticamente) tem sido a

sua destruturação, também a todos os níveis, cujos detalhes

passaremos a expor.

A privatização dos ensinos infantil, primário e secundário

(quer dizer, os ciclos da educação obrigatória em Espanha)

surge determinada por um modelo de acordos, que consiste no

financiamento público de centros privados, quer sejam

creches, colégios ou institutos. A recentemente aprovada Lei

Orgânica da Educação (LOE), que regula estes subsídios,

possibilita e incentiva o desvio de fundos públicos para centros

privados, ao entender que o Ensino já não é um serviço

público, mas um serviço de interesse geral, cuja

responsabilidade já não recai exclusiva nem principalmente

sobre o Estado. É tão grave e alargado o processo de

privatização da escolaridade obrigatória no nosso país que,

para dar apenas um exemplo, na Comunidade de Madrid,

governada pelo sector mais reaccionário do Partido Popular,

das novas vagas oferecidas no ensino secundário para o ano

lectivo de 2007/2008, só uma quarta parte corresponde a

centros públicos, e os outros três quartos pertencem a centros

privados e semi-privados (quer dizer, privados financiados

com fundos públicos). O colectivo de professores de TJR

iniciou diversas campanhas em defesa da Educação pública,

científica, laica e de qualidade, e entre elas encontra-se, como

eixo central, a exigência da revogação da LOE, que se focaliza

na privatização do ensino e permite aberrações como a que

ocorre na Comunidade de Madrid que acabámos de expor.

Submeter o Ensino secundário às necessidades mais imediatas

de um mercado em contínua flutuação leva à destruição da sua

estrutura e à redução dos seus conteúdos. Deste modo, as

disciplinas tradicionalmente fortes (Física, Química, Biologia,

Geologia, Matemática, Geografia, História, Língua, Literatura,

Filosofia) vêem os seus conteúdos limitados, reduzem-se

sistematicamente os seus horários lectivos e a sua importância

dentro do plano de estudos. Assim, por exemplo, as disciplinas

de Língua e Literatura, tradicionalmente separadas, convertem-

se numa só disciplina, o que implica necessariamente a

redução dos seus conteúdos. O caso da Física e da Química

ainda é mais dramático, pois convertem-se em matérias

facultativas da opção científico-tecnológica do bacharelato.

Em troca, surge uma nova disciplina, obrigatória para todos os

ramos do bacharelato, denominada “Ciências para o Mundo

Contemporâneo”, na qual se ensinará aos alunos,

entre outras coisas, “o uso racional dos

medicamentos”, “os estilos de vida saudáveis”,

“as catástrofes naturais”, Internet, ADSL,

telefones portáteis, GPS, etc., em detrimento dos

conteúdos próprios de duas ciências fortes como

são a Física e a Química.

Igualmente, perante a insistência da União

Europeia, aparece no Ensino secundário uma

nova disciplina denominada “Educação para a

Cidadania”, cujo único objectivo é a doutrinação

ideológica dos alunos pois, como se se tratasse

de um catecismo laico, pretende exaltar os

supostos valores da Constituição Espanhola e da

União Europeia, afastando toda a possibilidade

de analisar criticamente esses ditos valores.

Como exemplo, e de acordo com o objectivo

desta disciplina, há a acrescentar que

recentemente os institutos receberam, do

Ministério da Defesa, CD-Roms nos quais se

incentiva os departamentos a incluir no

programa da referida disciplina um tema onde se

fale das bondades do nosso exército nas suas

missões de paz no estrangeiro, sob as ordens do

mandato dos EUA, camuflados por detrás da

ONU ou da NATO. Nesta nova disciplina, como

na novela de Orwell (1984), a guerra é a paz. É a

forma crua encontrada pelo governo de obter

novos soldados que morram ou que matem – no

Líbano, no Afeganistão ou no Kosovo – para

fazer frente às graves dificuldades de

recrutamento que enfrenta a profissionalização

do Exército. O aparecimento desta nova

disciplina surgiu em detrimento da antiga

disciplina de Ética, cujo papel no ensino

secundário será meramente testemunhal, e da

antiga disciplina de Filosofia que, por um lado,

vai ver reduzido o número de horas dentro do

bacharelato e, por outro lado, vai ver os seus

conteúdos seriamente reduzidos, pois

desaparecem todos os temas relacionados com a

metafísica e a filosofia da ciência, ficando

apenas aqueles temas que se referem à filosofia

política, e – mais a mais – orientando-se para

uma possível legitimação acrítica da ordem

existente. O colectivo de professores de TJR

iniciou uma campanha em defesa da Filosofia e

da Ética, considerando estas disciplinas como

necessárias para a formação crítica dos alunos

enquanto cidadãos independentes e autónomos.

in Boletim da CDEP, Abril/2008

Taquetinho ou lebas nu fucinho 1982

Deus, Pais e Autoridade. Carago!

boa noite, amigos, companheiros, camaradas



Sérgio Godinho
A Vida É Feita de Pequenos Nadas
(Segunda-feira
trabalhei de olhos fechados
na terça-feira
acordei impaciente
na quarta-feira
vi os meus braços revoltados
na quinta-feira
lutei com a minha gente
na sexta-feira
soube que ia continuar
no sábado
fui à feira do lugar
mais uma corrida, mais uma viagem
fim-de-semana é para ganhar coragem)

Muito boa noite, senhoras e senhores
muito boa noite, meninos e meninas
muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
enfim, boa noite, gente de todas as cores
e feitios e medidas
e perdoem-me as pessoas
que ficaram esquecidas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas
a vida é feita de pequenos nadas

Somos tantos a não ter quase nada
porque há uns poucos que têm quase tudo
mas nada vale protestar
o melhor ainda é ser mudo
isto diz de um gabinete
quem acha que o casse-tête
é a melhor das soluções
para resolver situações
delicadas
a vida é feita de pequenos nadas

E o que é certo
é que os que têm quase tudo
devem tudo aos que têm muito pouco
mas fechem bem esses ouvidos
que o melhor ainda é ser mouco
isto diz paternalmente
quem acha que é ponto assente
que isto nunca vai mudar
e que o melhor é começar a apanhar
umas chapadas
a vida é feita de pequenos nadas

(Segunda-feira
trabalhei de olhos fechados
na terça-feira
acordei impaciente
na quarta-feira
vi os meus braços revoltados
na quinta-feira
lutei com a minha gente
na sexta-feira
soube que ia continuar
no sábado
fui à feira do lugar
mais uma corrida, mais uma viagem
fim-de-semana é para ganhar coragem)

Muito boa noite, senhoras e senhores
muito boa noite, meninos e meninas
muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
enfim, boa noite, gente de todas as cores
e feitios e medidas
e perdoem-me as pessoas
que ficaram esquecidas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas
a vida é feita de pequenos nadas

Ouvi dizer que quase tudo vale pouco
quem o diz não vale mesmo nada
porque não julguem que a gente
vai ficar aqui especada
à espera que a solução
seja servida em boião
com um rótulo: Veneno!
é para tomar desde pequeno
às colheradas
a vida é feita de pequenos nadas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas.

terça-feira, abril 22, 2008

Tudo se rege pela mesma bitola

(clique na imagem para aumentar)

Na reunião intercalar do 2º. período a minha filha foi considerada exemplar no que diz respeito a comportamento nas aulas.
Na reunião do director de turma com os pais de final de 2º. período os pais foram metidos numa sala de aula e lá estiveram em reunião durante mais de duas horas (vingança?!) Às tantas o professor até se enganou e disse "no final da aula, digo...". Claro que a questão do "dá-me já o telemóvel!" veio à baila, embora um pai tenha logo dito que não lhe tinha nunca constado que havia naquela escola problemas com telemóveis. Tive oportunidade de sugerir que os professores da turma se reunissem no início dos anos lectivos e determinassem formas de agir comuns em relação aos telemóveis na sala de aula, para não haver discrepâncias. Resposta ríspida do senhor: "os professores não são formatados!", como quem diz "lá vem esta mãe dizer-me a mim que sou professor o que os professores devem de fazer ou deixar de fazer!"
Durante a "aula" passou a folha-mapa do registo dos comportamentos. O da minha filha estava limpo, os da maioria da turma, nem por isso.
As aulas recomeçaram e sondei a minha filha se os comportamentos tinham melhorado após os pais terem certamente advertido os filhos depois do puxão de orelhas que eles mesmos levaram. Resposta dela: "ainda se estão a portar pior". Chego até a pensar se os pais não os terão incentivado a fazer choldra para pôr à prova a eficácia do sistema (não acreditem! os pais em geral pensam pouco nestas coisas, salvo alguns Albinos mais congeminosos, que em tudo vêm um lance para firmar o pezinho no degrau, quanto mais testarem o sistema...).
Ainda hoje estive a transcrever apontamentos meus tirados na assembleia de agrupamento e lá constava: "nas reuniões dos directores de turma com os pais há que fazer a ligação entre os comportamentos e o aproveitamento da turma". Só não diz como fazê-lo, ou seja, ao mesmo tempo existem as sinistras recomendações para os professores subirem os níveis de aproveitamento das turmas a bem da sua própria avaliação. Existem aqui duas directivas inconciliáveis: punir os alunos no seu aproveitamento pelo mau comportamento; mas seja lá como for subir os níveis de aproveitamento em 5% (se for em 10%, melhor para o professor, logo será mais bem avaliado - este parâmetro da avaliação dos alunos pesa 6,6%- nas fichas de avaliação do desempenho dos docentes!). Ou seja por muito mal que os alunos se continuem a portar, há que aumentar os números do sucesso escolar para dar conta à OCDE e à UE de como a educação no nosso país vai de vento em popa, doa a quem doer.
Depois foi o episódio do teste de inglês: no dia do teste portaram-se pessimamente ao ponto de a minha filha dizer que só conseguiu fazer para aí 5 mn de teste, o resto foi esbanjo. De tal forma que a professora carregou com a turma para a aula seguinte, que por sinal era com o director de turma. "Então e fizeram lá o teste?", perguntei. Disse-me que mesmo lá não tinha corrido nada bem, continuavam a portar-se mal. Chegou a uma altura retiram os teste e não se fez a composição. Moral da história: nem uma, nem dois professores (e um director de turma) conseguiram pôr uma turma de crianças de 11 anos a fazer o teste de inglês disciplinadamente até ao final. Como é que isto é possível? A minha filha que tem dificuldades no inglês tinha recuperado e estava prestes a ser tirada do apoio. Recebeu o teste e teve FRACO! Mas eu não me admirei nem um pouco, depois de saber da confusão que ela me descreveu.
Na tal "aula", digo, reunião com o DT quiseram responsabilizar os pais pelos comportamentos dos filhos dentro da escola. Eu mais uma vez falei para dizer que não era possível pedir isso aos pais. Os pais podiam fazer o seu papel de educadores fora da escola, mas lá DENTRO quem tem que fazer isso são as pessoas que efectivamente lá estão presentes. Ainda para mais naquela escola onde os pais sempre foram mal vistos e arredados da vida escolar. Nessa altura o DT, que por vezes é extremamente teimoso e mal-educado, atropelou todo o tempo o que eu estava a dizer, não me deixando expressar diante dos outros pais (será que a teimosia da ministra já se lhe pegou?).
Sei que a turma tem sido ameaçada de castigos sempre adiados (o tal método que nunca resulta e do qual os alunos se passam a rir pela repetitividade e ineficácia) mas ultimamente parece que foi a própria senhora directora, digo presidenta (por enquanto mas já com todo o perfil!), que ultimou que se houvessem mais queixas daquela turma, podia ser suspensa por 2 ou 3 dias.
Será talvez por isso, para prepararem terreno e se salvaguardarem caso se decidam por uma suspensão exemplar - agora gosta-se muito dos castigos exemplares -, que hoje recebi pela primeira vez na vida uma carta dirigida à minha filha (mas curiosamente o texto dirigia-se-me sem nunca o explicitar) dizendo que se distraía muito nas aulas e que conversava constantemente com os colegas, prestando pouca atenção às aulas e continuando a desobedecer aos inúmeros pedidos dos professores para se calar (por que no te callas? por que no te callas? por que no te callas?). No final dizia para ter uma conversa com a aluna de modo a tentar modificar as atitudes pouco sociais de grupo.
Claro que tive uma conversa com ela. Justificou-se dizendo que de facto tem conversado um pouco nas aulas de música (do tal DT) porque está ao pé de uma amiga... e depois, já revoltada (está marcadamente a entrar na fase da pré-adolescência!) disse: "eu devia era ter-me portado mal logo desde pequena para vocês agora não estranharem!"
Entretanto este ano já a mudaram vezes sem conta de lugar: funciona mais ou menos assim: quando está a dar certo, mudam-na de lugar e, como é sossegada, põe-na junto dos alunos que se portam pior para apaziguar os ânimos; resultado: passado pouco tempo começa a queixar-se que lhe estragam o material, mexem-lhe nas coisas dela e estragam-nas e não se sente bem acompanhada na carteira (antes só!). Dá ideia que estas mudanças resultam de pedidos de outros pais, do tipo: "por favor, senhor professor, tire a minha filha/o meu filho de ao pé do .... ou da ..." e lá vai o DT baralhar e tornar a dar as cartas. Curiosamente parece que sempre para pior, como no ano passado com os grupos. Quando os grupos ficaram bem, veio uma professora e voltou a pôr tudo mal. Como querem alguns professores ensinar se não aprendem com os próprios erros?
Irei falar com o senhor, se me deixar falar. É que supostamente o horário de atendimento aos pais seria para falar com os pais e os ouvir. Mas afinal ali tudo parece assemelhar-se ao Dia D, em que os professores julgaram que iam ser ouvidos e acabaram por lhes vender alguma coisa que não queriam comprar. Será que os sindicatos dos professores também já têm formação em técnicas de Marketing?

segunda-feira, abril 21, 2008

sexta-feira, abril 18, 2008

quarta-feira, abril 16, 2008

"Mais uma vitória como esta e estou perdido" (Pirro)

É verdade que os sindicatos ganharam uns trocos. Mas o lance era para devolução integral: da dignidade perdida. Comecemos por uma questão semântica: entendimento e acordo são vocábulos sem diferenças, do ponto de vista da significação, que justifiquem o esforço da Plataforma Sindical para os distinguir. Vão a um bom dicionário. No contexto que “aproximou” sindicatos e ministério, são sinónimos. Mas se essa fosse a questão, então capitular dirimia o conflito. E não estou a ser irónico. Voltem a um bom dicionário. Posto isto, passemos ao que importa. Ministério e sindicatos acertaram, concertaram sob determinadas condições. No fim, os sindicatos cantaram vitória. Permitam-me que invoque alguns argumentos para desejar que os sindicatos não voltem a ter outra vitória como esta. A actuação política deste Governo e desta ministra produziu diplomas (estatuto de carreira, avaliação do desempenho, gestão das escolas e estatuto do aluno) que envergonham aquisições civilizacionais mínimas da nossa sociedade. A rede propagandística que montaram procurou denegrir os professores por forma antes inimaginável. Cortar, vergar, fechar foram desígnios que os obcecaram. Reduziram salários e escravizaram com trabalho inútil. Burocratizaram criminosamente. Secaram o interior, fechando escolas aos milhares. Manipularam estatísticas. Abandalharam o ensino com a ânsia de diminuir o insucesso. Chamaram profissional a uma espécie de ensino cuja missão é reter na escola, a qualquer preço, os jovens que a abandonavam precocemente. Contrataram crianças para promover produtos inúteis. Aliciaram pais com a mistificação da escola a tempo inteiro ( que sociedade é esta em que os pais não têm tempo para estar com os filhos? Em que crianças passam 39 horas por semana encerradas numa escola e se aponta como progresso reproduzir o esquema no secundário, mas elevando a fasquia para as 50 horas?). Foram desumanos com professores nas vascas da morte e usaram e deitaram fora milhares de professores doentes (depois de garantir no Parlamento que não o fariam). Promoveram a maior iniquidade de que guardo recordação com o deplorável concurso de titulares. Enganaram miseravelmente os jovens candidatos a professores e avacalharam as instituições de ensino superior com a prova de acesso à profissão. Perseguiram. Chamaram a polícia. Incitaram e premiaram a bufaria. Desrespeitaram impunemente a lei que eles próprios produziram. Driblaram as leis fundamentais do país. Com grande despudor político, passaram sem mossa por sucessivas condenações em tribunais. Fizeram da imposição norma e desrespeitaram continuadamente a negociação sindical. Reduziram a metade os gastos com a Educação, por referência ao PIB. No que era essencial, no que aumentaria a qualidade do ensino, não tocaram, a não ser, uma vez mais, para cortar e diminuir a exigência e castrar o que faz pensar e questionar. A questão que se põe é esta: por que razão esta gente, que tanto mal tem feito ao país e à Escola, que odeia os professores, que espezinhou qualquer discussão ou concertação séria, que sempre permaneceu irredutível na sua arrogância de quero, posso e mando, de repente, decidiu “aproximar-se” dos sindicatos? A resposta é evidente: porque os 100.000 professores na rua, a 8 de Março, provocaram danos. Porque a campanha eleitoral começou a reparar os estragos para garantir mais quatro anos. O tempo e a oportunidade política da plataforma sindical aconselhava uma firmeza que claudicou. Porque quem estava em posição de impor contemporizou. Porque de um dia para o outro se esqueceram as exigências da véspera. Porque quem demandou a lei em tribunal pactuou com uma farsa legal. Porque quem acusou de chantagem acabou a negociar com o chantagista. Porque quem teve nos braços uma unidade de professores nunca vista pensou pouco sobre os riscos de a pôr em causa. É verdade que os sindicatos ganharam uns trocos. Mas o lance não era para trocos. Era para devolução integral: da dignidade perdida. Aqui chegados, permitam-me a achega: pior que isto é não serem capazes de superar isto. E lembrem-se de Pirro, quando agradeceu a felicitação pela vitória: ”Mais uma vitória como esta e estou perdido”.

Santana Castilho,
Professor do ensino superior - Público, 16.04.2008

Alô alô Vidiguêra, já ganhemos!

Isto de contar espingardas é uma tarefa desgastante: em que escolas se realizaram realmente as reuniões do “DIA D”? Dessas escolas quantos professores votaram SIM ao “Entendimento”? Quantos votaram NÃO? Quantos votaram NIM? Quantas e que moções foram votadas e aprovadas? Que informações foram recolhidas pelos organizadores das reuniões?

Só vejo uma saída: cada professor deverá estar atento aos dados referentes à sua escola para depois os confrontar com os dados da Plataforma. E, caso não bata a bota com a perdigota, os que encontrarem “gatos” deverão dirigir-se à Plataforma (ou ao seu sindicato) exigindo a reposição da verdade. Os professores têm que exigir aos seus sindicatos que divulguem os números que tiverem obtido.

Quem se empenhou na luta contra o tempo para defender o NÃO ao Memorando do Entendimento, é natural que agora receba esse feed-back; o mesmo acontece com os que defenderam o SIM. Por isso, se consultarmos os dados fornecidos pelos movimentos opositores ao Entendimento, encontramos uma série de escolas que maioritariamente disseram NÃO; mas se virmos os dados dos sindicatos, vence largamente o SIM.

Estamos neste impasse, aguçados pela curiosidade de sabermos os números definitivos. Entretanto para os media esta contagem nunca pareceu ser um problema. Se os media se tivessem lançado nessa tarefa de apurar os dados, já sabíamos os resultados, mas ao que parece isso nunca foi o seu programa informativo. Se os media se tivessem lançado nessa tarefa tinham inevitavelmente que dar conta do número de professores que não assinaram o Entendimento; ora isso não convém saber-se, nem lhes importa tocar nesse assunto. O que é duvidoso, pois os media costumam deliciar-se com números. Os telejornais e os noticiários têm se limitado a dizer que os professores responderam positivamente ao Entendimento e não há quem os questione acerca da honestidade das fontes que lhes permitiram tirar tão rapidamente essa conclusão.

Mais uma vez estamos perante um triste espectáculo da nossa incauta Democracia!

terça-feira, abril 15, 2008

DIA D: Que os professores possam decidir em plena consciência!


Nas reuniões do DIA D os delegados sindicais vão levar às escolas documentos para os professores assinarem.

Nas reuniões do DIA D os professores vão explicar aos sindicatos por que é que a assinatura deste acordo não lhes convém.

A Comissão de Defesa da Escola Pública (CDEP) aconselha a leitura atenta dos seguintes documentos que os delegados sindicais irão apresentar aos professores nas reuniões que vão ocorrer hoje nas escolas.

Memorando do Entendimento Plataforma Sindical dos Professores/ME

Comunicado da Plataforma Sindical dos Professores

A posição da Comissão de Defesa da Escola Pública (CDEP) em relação ao Memorando do Entendimento e em relação à situação que está criada, é marcada pelos seguintes documentos, os quais deverão ser lidos e divulgados de imediato entre os professores:

Carta da CDEP aos Professores (para ser divulgada no DIA D)

Moção da CDEP aprovada a 12/Abril, no Plenário-Debate, em Leiria


Para memória futura
, recordamos as palavras de Mário Nogueira:

"O responsável [MÁRIO NOGUEIRA] admitiu contudo não rubricar o documento se, durante o dia de manhã, quando este for explicado aos docentes em escolas de todo o país, estes se manifestarem contra a assinatura: «Só admitimos não assinar se durante o dia de amanhã [terça-feira] os professores nos disserem que não se revêem no entendimento».

Colega,

Acredite que não é necessário pensar, sequer, uma vez, pois não está colocada qualquer hipótese de Acordo com MLR. Só se essa revogasse o ECD, a Gestão, a legislação sobre Educação Especial e, qual cereja em cima do bolo, se demitisse.

Quanto a alguma solução que desbloqueie a actual situação de conflito, passa pela aceitação, pelo ME, das propostas que hoje levaremos (hoje no nosso site).

Quanto ao "capitularem mais uma vez", sinceramente, não consigo lembrar-me qual foi a vez anterior, o que recordo, isso sim, é que em 8 de Março estiveram 100.000 colegas na rua, convocados pelos seus Sindicatos. Como é evidente, não deixaremos de honrar os nossos compromissos. Não por qualquer razão que pudesse ditar o "nosso" fim, mas porque esse fim, enquanto Professores que somos, seria o de todos nós Professores.

Com os melhores cumprimentos

Mário Nogueira

segunda-feira, abril 14, 2008

Iniciação ao Tango

Há uns bons anos atrás, conheci alguém na Faculdade com quem me dei bem. Naquele tempo as turmas juntavam-nos e dividiam-nos, consoante os nossos ritmos e as nossas escolhas. Durante uns anos perdi-lhe o rasto. Mais tarde voltei à faculdade e voltámos a nos encontrar por lá. Chegámos a fazer umas traduções juntas e recordo uma noite em que fizemos uma directa, na casa dela, a estudar Latim. Era a véspera de um Sábado terrível em que havia exame logo de manhã no anfiteatro grande. E eu passei. Finalmente passei naquele Latim! Entretanto interrompi o curso a meio. Parti para as ilhas e o curso ficou em stand by por dez anos. Já nem sequer me lembro bem se tivemos aulas juntas. Sei que passámos bons momentos pelas mesas dos bares da faculdade, onde naquele tempo ainda se podia conversar sem o riso galináceo de alguns colegas ou a voz grossa das colegas vociferando obscenidades enquanto jogatinavam às cartas. A uns e a outros destes ouvi tanta vez dizer que não gostavam de ler, que odiavam Fernandos Pessoas e Saramagos: cursos errados como os sexos. Serão hoje talvez alguns dos professores dos nossos filhos, errados até na profissão!
Um dia voltei a saber dela: tinha partido para a Argentina atrás de uma paixão: o tango. Agora está de volta, trazendo consigo a paixão. Hoje mandou-me este cartaz e pediu-me para o divulgar.
Com muito gosto, minha amiga. Que outro país teríamos hoje se cada um de nós tivesse acreditado na possibilidade dos seus sonhos, como tu fizeste! Aprecio a tua coragem e a tua firmeza de seguires essa paixão. Compreendo bem o teu gesto porque também eu um dia deixei tudo para trás correndo desenfreadamente às ordens do coração, do nosso tango paixão!
Algo me diz que ainda nos vamos encontrar!

"Dia D"

Pergunto eu...

O que dirão agora estas escolas a uma possível assinatura do Memorando do Entendimento pela Plataforma Sindical dos Professores?

domingo, abril 13, 2008

Caímos sempre!

Este modo de governar o país faz-me lembrar aqueles indivíduos piadéticos que nos batem no ombro esquerdo para nós olharmos nessa direcção e que depois nos surpreendem aparecendo do lado direito. A brincadeira é velha, mas nós caímos sempre. Hoje por exemplo passaram todo o dia a enfiar-nos pelos ouvidos a "vitória" da Plataforma Sindical dos Professores e a fazer os mais crédulos acreditar que o Ministério da Educação é que tinha cedido. Todo o dia andámos distraídos, uns a acreditar, outros a questionarem-se, outros a saber muito bem que esta "vitória" não era a sua. Mas tudo isto não passou afinal do bater no ombro esquerdo, para todos olharmos para lá. Entretanto o presidente da república, sem qualquer tipo de ruído em torno, muito sub-repticiamente, ratificava o Regime Jurídico de Gestão e de Autonomia das escolas públicas, essa sim, uma Lei perigosa, destrutiva do conceito de escola democrática preconizada pela Lei de Bases e pela Constituição da República, a qual de repente nos surpreende vinda do lado direito, enquanto olhávamos para o esquerdo.

sábado, abril 12, 2008

Sem comentários!

Colega,

Acredite que não é necessário pensar, sequer, uma vez, pois não está colocada qualquer hipótese de Acordo com MLR. Só se essa revogasse o ECD, a Gestão, a legislação sobre Educação Especial e, qual cereja em cima do bolo, se demitisse.

Quanto a alguma solução que desbloqueie a actual situação de conflito, passa pela aceitação, pelo ME, das propostas que hoje levaremos (hoje no nosso site).

Quanto ao "capitularem mais uma vez", sinceramente, não consigo lembrar-me qual foi a vez anterior, o que recordo, isso sim, é que em 8 de Março estiveram 100.000 colegas na rua, convocados pelos seus Sindicatos. Como é evidente, não deixaremos de honrar os nossos compromissos. Não por qualquer razão que pudesse ditar o "nosso" fim, mas porque esse fim, enquanto Professores que somos, seria o de todos nós Professores.

Com os melhores cumprimentos

Mário Nogueira

Armadilha ou ratoeira?

É uma TRAPalhada dos Chuchalistas!

25 de Abril com notáveis do PS a criticarem Governo (SOL)

O clima que se vive em Portugal é «escassamente propício à jubilação colectiva», diz o texto de apelo à participação no desfile do 25 de Abril


São referidos os «problemas estruturais» do país, a «insegurança» no «emprego» e defende-se o Estado Social para «aliviar a pressão» sobre os «desfavorecidos» que são, «afinal, a grossa maioria do país».

Subscrevem-no actuais dirigentes do PS, como António Costa e Alberto Martins, os históricos MárioSoares, Manuel Alegre e Ferro Rodrigues e o ministro Vieira da Silva.

(Continue a ler esta notícia na edição impressa)

sexta-feira, abril 11, 2008

ACORDO ORTOGRÁFICO???

CAPUCHINHO VERMELHO
(recebido por mail)

Tás a ver uma dama com um gorro vermelho? Yah, essa cena! A pita foi
obrigada pela kota dela a ir à toca da velha levar umas cenas, pq a
velha tava a bater mal, tázaver? E então disse-lhe:
- Ouve, nem te passes! Népia dessa cena de ires pelo refundido das
árvores,que salta-te um meco marado dos cornos para a frente e depois tenho abófiaà cola!
Pá, a pita enfia a carapuça e vai na descontra pela estrada, mas a
toca davelha era bué longe, e a pita cagou na cena da kota dela e enfiou-se
pelo bosque. Népia de mitra, na boa e tal, curtindo o som do iPod...
É então que, ouve lá, salta um baita dog marado, todo chinado e bué ugly
mêmo, que vira-se pa ela e grita:
- Yoo, tá td? Dd tc?
- Tásse... do gueto alí! E tu... tásse? - disse a pita
- Yah! E atão, q se faz?
- Seca, man! Vou levar o pacote à velha que mora ao fundo da track, que tá
kuma moka do camano!
- Marado, marado!... Bute ripar uma até lá?
- Epá, má onda, tázaver? A minha cota não curte dessas cenas e põe-me de
pildra se me cata...
- Dasse, a cota não tá aqui, dama! Bute ripar até à casa da tua
velha, até te dou avanço, só naquela da curtição. Sem guita ao barulho nem nada.
- Yah prontes, na boa. Vais levar um baile katéte passas!!!
E lá riparam. Só que o dog enfiou-se por um short no meio do mato e chegou à toca da velha na maior, com bué avanço, tázaver? Manda um toque na
porta, a velha "quem é e o camano" e ele "ah e tal, e não sei quê, que eu sou
a pita do gorro vermelho, e na na na...". A velha abre a porta e PIMBA, o dog
papa-a toda... Mas mesmo, abre a bocarra e o camano e até chuchou os
dedos...
O mano chega, vai ao móvel da velha, saca uma shirt assim mêmo à
velha que a meca tinha lá, mete uns glasses na tromba e enfia-se no VL... o gajo tava bué abichanado mêmo, mas a larica era muita e a pita era à maneira,
tásaver?
A pita chega, e tal, e malha na porta da velha.
- Basa aí cá pa dentro! - grita o dog.
- Yo velhita, tásse?
- Tásse e tal, cuma moca do camâno... mas na boa...
- Toma esta cena, pa mamares-te toda aí...
- Bacano, pa ver se trato esta cena.
- Pá, mica uma cena: pa ké esses baita olhos, man?
- Pá, pa micar melhor a cena, tázaver?
- Yah, yah... E os abanos, bué da bigs, pa ke é?
- Pá, pa poder controlar melhor a cena à volta, tázaver?
- Yah, bacano... e essa cremalheira toda janada e bué big? Pa que é a cena?
- É PA CHINAR ESSE CORPO TODO!!! GRRRRRRRR!!!!
E o dog manda-se à pita, naquela mêmo de a engolir, né? Só que a pita
dá-lhe à brava na capoeira e saca um back-kick mesmo directo aos tomates do
man e basa porta fora! Vai pela rua aos berros e tal, o dog vem atrás e dá-
lhe um ganda-baite, pimba, mêmo nas nalgas, e quando vai pa engolir a gaja
aparece um meco daqueles que corta as cenas cum serrote, saca de machado e afinfa-lhe mêmo nos cornos. O dog kinou logo alí, o mano china a
belly do dog e saca de lá a velha toda cheia da nhanha. Ina man, e a malta a
gregoriar-se toda!!!

E prontes, já tá...

Algumas Questões a Propósito do Tibete

imagem daqui

China: Manifestações em Lhasa há mais de uma semana


Algumas Questões a Propósito do Tibete

(Artigo de François Forge, traduzido de Informations ouvrières – semanário editado pelo Partido dos Trabalhadores de França – nº 838, 24 de Março de 2008)

A grande imprensa internacional fixou bruscamente, nestes últimos dias, toda a sua atenção sobre as manifestações que têm abalado a capital da província autónoma chinesa do Tibete (1). Porquê? O que se passa na realidade?
As autoridades chinesas filtram as informações a seu gosto, e as proclamações de organizações de exilados tibetanos, na Índia e noutros sítios, não são verificáveis. Uma coisa é certa: a repressão fez numerosas vítimas (20 mortos segundo as autoridades chinesas, 130 segundo as organizações de exilados tibetanos). Aquilo que está igualmente estabelecido é que o sinal para as manifestações, no próprio Tibete, partiu de grupos de exilados na Índia que celebraram o 49º aniversário dos acontecimentos de 1959 – os quais conduziram, nessa época, ao exílio do Dalai Lama. As manifestações foram desencadeadas, em primeiro lugar, pelo facto dos monges budistas tibetanos terem saído dos seus mosteiros em cortejo.
A dispersão destes desfiles foi seguida de manifestações, as quais o semanário britânico The Economist – que era o único a ter um correspondente no local – sublinha que “elas foram acompanhadas de violências raciais contra os comerciantes chineses e que são acompanhadas de violências de carácter religioso contra os muçulmanos chineses”.
O jornalista britânico acrescenta que “os chineses de Lhasa estavam estupefactos e furiosos, face à reacção lenta das forças da ordem” e, a partir do momento em que estas entraram em acção, foram “os tibetanos que ficaram sujeitos ao temor de uma vaga de detenções indiscriminadas e arbitrárias”.
Depois do Kosovo…
Será por acaso que – no dia seguinte à proclamação da independência do Kosovo – toda a imprensa internacional se pôs a fazer um grande alarido em torno dos acontecimentos do Tibete? Aquilo que se passa hoje em dia nesta região chinesa autónoma e nas províncias vizinhas – onde residem minorias tibetanas importantes – não está a ser utilizado para preparar o desmantelamento da China?
Qual o papel do Dalai Lama? Em Setembro de 2007, ele recebeu a medalha de ouro do Congresso norte-americano e foi saudado, em Outubro do mesmo ano, como campeão da democracia por Angela Merkel… E, no momento em que se desenvolvem as manifestações em Lhasa, Nancy Pelosi – presidente democrata do Congresso dos EUA (que recusou votar o fim dos créditos para a guerra no Iraque) – encontrou-se com “sua santidade”, num mosteiro na Índia. Pouco antes, a Secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, também o tinha saudado.
Esta proliferação de homenagens também encontrou um reforço, quase caricatural, em certos sectores que proclamam ser “alter-mundialistas” ou “anti-capitalistas”.
É assim que Politis – jornal da Esquerda Alternativa – não hesita em dizer que o Tibete constitui a maior injustiça colonial, em conjunto com a Palestina! E que Rouge, semanário da LCR (Liga Comunista Revolucionária, de França), apela à ONU para assegurar o direito à autodeterminação dos Tibetanos (2).
Partir dos Factos

Restabeleçamos alguns factos.
Todas as nações constituíram-se englobando componentes diversas, ao longo do seu desenvolvimento. O Tibete está associado à China desde o século XIII (Ver “Referências cronológicas”), e foi apenas durante a decomposição do império chinês – e nas condições criadas pela intervenção imperialista – que o Tibete conheceu uma pretensa independência, a qual era na realidade uma dependência do imperialismo britânico. Foi assim muito naturalmente que a revolução chinesa de 1949 – destruindo o feudalismo, acabando com a dominação estrangeira e iniciando a colectivização dos meios de produção – englobou o Tibete.
A raiz dos problemas actuais não se encontra no desprezo pelas tradições religiosas locais (3), mas muito mais no facto da camada dirigente do Partido Comunista e do Estado chinês ter procurado – num acordo com o clero tibetano, depois da vitória da revolução chinesa de 1949 – preservar o sistema social fundado sobre a escravidão da grande massa dos camponeses, que assegurava a dominação do alto clero budista nessa região da China. É o desenvolvimento da revolução agrária, da colectivização das terras de toda a China que levou, por volta do final da década de 1950, à quebra deste compromisso. Foi então, com o apoio da CIA, que foi desencadeada uma insurreição, no seguimento da qual o Dalai Lama foi exilado.
Onde está o futuro?
Os problemas reais das minorias nacionais linguísticas não podem ser resolvidos positivamente sem ser através da democracia. A burocracia dirigente chinesa – que se arroga o monopólio do poder político e que, para manter os seus privilégios, recusa qualquer expressão independente à classe operária – é incapaz de o fazer. Tirar a conclusão, como o fazem alguns, que o futuro dos tibetanos está num retorno a um feudalismo teocrático e no desmantelamento da China, é considerar que não há futuro para os povos – e, nomeadamente, para o povo chinês – senão submetendo-se ao imperialismo. Para defender hoje aquilo que resta das conquistas da revolução – e, antes de tudo, a propriedade do Estado dos grandes meios de produção e a unidade do país – a classe operária chinesa, no seu conjunto tem, mais do que nunca, necessidade de democracia.
E isso vale tanto para a componente tibetana como para todas as outras.

Notas

1) No Tibete coabitam tibetanos – com a sua própria língua e cultura – e chineses, em maioria Han, que se instalaram no Tibete depois de 1950.
2) Num segundo comunicado, a LCR arrepende-se: «A reacção dos diferentes governos, à imagem do de Nicolas Sarkozy, é de uma grande timidez, limitando-se a pedir ao Governo chinês “mais moderação”.»
3) Uma nota a este respeito: O Governo chinês tem sido vezes acusado de espezinhar as tradições religiosas no Tibete; parece, no entanto, que os mosteiros foram preservados e continuam a juntar um número considerável de monges que “beneficiam da caridade pública” e, portanto, da tolerância do poder.

REFERÊNCIAS CRONOLÓGICAS

· Segundo as estatísticas oficiais chinesas, o número de tibetanos é cerca de 5,2 milhões, dos quais há 2,5 milhões que se encontram na região autónoma do Tibete (cuja capital é Lhasa), estando o resto repartido pelas províncias do Qinghai, do Gansu e do Sichuan. Os tibetanos são uma minoria nacional, com uma língua e uma cultura próprias.
· A superfície da região autónoma é de 1 221 000 km2.
· O Tibete sempre esteve sujeito a um regime teocrático, no qual a esmagadora maioria do campesinato vivia numa situação de escravidão.
· Desde o século XIII, que está associado à China.
· Em 1720, tornou-se um protectorado do império chinês, mas as suas estruturas particulares foram preservadas.
· Em 1904, as forças militares sob direcção britânica tornaram o Tibete numa dependência do imperialismo inglês.
· Em Outubro de 1950, o Tibete foi integrado (no momento da guerra da Coreia) na República Popular da China, mas o sistema feudal manteve-se até 1959.


Apelo do Comité Internacional para a Defesa da Propriedade Social na China, para a Defesa dos Trabalhadores Chineses (extractos)

Constituído em Mumbai (Índia), a 20 de Janeiro de 2008, por militantes operários da Ásia

«Perseguindo os capitalistas, os operários e os camponeses chineses realizaram a unidade da nação chinesa (…).
Esta unidade não pode ser estabelecida senão em relação com a base social na qual a classe operária foi constituída. Não existem centenas de milhões trabalhadores que beneficiam da garantia de trabalho, do direito à educação para os seus filhos e da protecção da saúde, no quadro das empresas do Estado?
Contra as multinacionais, as privatizações que ameaçam a própria existência da China como nação unida e soberana, restabelecer a propriedade colectiva dos meios de produção e assegurar o seu controlo pelos trabalhadores – não é este o conteúdo dos combates levados a cabo pela classe operária chinesa?
Por que é que seria necessário renunciar à via que abriu a acção revolucionária das massas chinesas, em 1949?
Em nome do respeito pela “mundialização” e pelo carácter “incontornável” da economia de mercado?
(…) Irmãos e irmãs chineses, nós que combatemos as privatizações nos nossos próprios países, nós estamos do vosso lado enquanto vocês defenderem a propriedade social nos principais sectores da produção industrial, defendendo os vossos empregos, exigindo a manutenção da vossa cobertura de saúde e das vossas reformas (…).
Os trabalhadores chineses têm o direito legítimo a organizarem-se para se defender. Nenhuma razão, nenhum argumento pode justificar que as empresas estatais – que pertencem ao povo chinês – sejam vendidas em saldo aos especuladores privados e estrangeiros (…).»
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