quinta-feira, maio 31, 2007

Não foi geral? Mas foi GREVE!


Quem foi que disse que uma greve geral tinha que ser mesmo geral?

Balanço retratado de um dia de greve geral

Sou desempregada, por isso não podia activamente participar nesta greve. Como mãe e dona de casa, também não teria quaisquer hipóteses de fazer greve e, mesmo que pudesse não o faria pois não estou descontente com as políticas que se praticam na minha casa. Só podia pôr o meu blog em greve, o que fiz, e participar activamente num movimento de solidariedade que se gerou na blogosfera de apoio a esta greve, passando a palavra. Muitos blogs marcaram a sua posição. Haverá por aí algum jornalista corajoso que dê notícia do que aconteceu? Quantos blogs pararam solidários com esta greve ainda que fosse chocha desde o início? Mesmo nunca podendo ser uma "greve geral", foi uma greve de protesto pelas políticas de destruição feitas pelo governo, cumpridas à risca a partir das directivas da UE. E por isso esta greve é mais abrangente, ela vai contra as políticas praticadas, e essas políticas são as do governo e são as da UE, são as do capitalismo global. Torna-se urgente inverter esse rumo. Não queremos essas políticas. Elas não são boas para o nosso país. Nada disto queremos . NADA.


Uma amiga ligou-me de manhã: ouviste esta – perguntou – ainda não eram 08:30h já os noticiários do rádio diziam que a adesão à greve tinha sido fraca. É o que fica gravado na impressão das pessoas quando obliquamente escutam a notícia. É como os cabeçalhos dos jornais, num relance é o que fica. (Dois principais jornais diários: num a ausência da greve; no outro a greve -- tudo passado no mesmo país: o país do deserto, da areia para os olhos dos pobres camelos abandonados à sua sorte -- e ao nosso azar de ter estes oportunistas a mandar em tudo, com maioria) -- Então e a manif? Sabes onde é a manif? Eu não sabia mas estava certa de que ia haver. Afinal enganei-me: não havia manif, nem marcha de protesto contra as políticas do governo, nem sequer um encontro de descontentes em frente ao palácio de Belém como nos tempos do Santana Lopes. NADA.

Ao longo da manhã fui ouvindo no Fórum TSF as mais inacreditavelmente tacanhas opiniões sobre a greve: que a greve era controlada pelos comunistas que ainda não se tinham apercebido que tinha caído o muro de Berlim; uma brasileira a dizer que a greve só impede a ordem e ao progresso necessários ao país e que tínhamos era que produzir ainda mais; que os grevistas eram uns malandros de uns comunistas que não deixavam o governo endireitar o país e tal. No meio desta pobreza franciscana que sobrou de um país atrasado por 48 anos de fascismo e ditadura, um país mesquinho, dissimulado e masoquista capaz de querer um governo que o desqualifica e rebaixa, eis que surge uma opinião clarividente: um socialista liga dizendo que se envergonha de ter votado neste governo, um socialista que se assume publicamente lesado por um governo que se diz socialista e que não é. Quantos destes socialistas íntegros e arrependidos teremos hoje no nosso país? Podem os cidadãos processar um governo que está levando para a frente políticas de destruição dos serviços públicos e que se reclama de um partido que se diz socialista? Podem os cidadãos condenar na justiça um governo e um partido de mentirosos? Podem ministros que fazem discursos sobre uma imaginária e delirante região apenas de camelos ser interdito de exercer o seu cargo, acusado de incapacidade? E uma ministra da educação que não defende nem o ensino, nem a escola, nem os professores, nem os conhecimentos dos alunos, pode continuar sendo ministra da educação impunemente? E um primeiro-ministro pode assumir a presidência da UE vindo de estabelecer com Putin, em tom diplomático, a violação dos direitos humanos que cada um pratica no seu canto: prisões e a pena de morte nos EUA e controle dos media na UE, disse o crápula mafioso. Sócrates comeu e calou, em nome de todos nós, tão mafioso quanto o outro.
Saí para a rua com a t-shirt “Sócrates, Não!”, com aquela imagem que figura em muitos blogs e fui fazer o meu pequeno protesto individual. Olhares descaíam nela mas ninguém disse nada. NADA

Estive com essa amiga no café e conversámos em voz alta sobre a greve, o país, a vergonha que por cá se passa. Juntas traçámos esse retrato do país dos masoquistas e das várias atitudes face à greve. Não poupámos governo nem sindicato, falámos o que quisemos pela tarde fora: ela de greve; eu desempregada. Depois fomos para uma aula de yoga e aí sim foi o movimento, o silêncio e a unidade. De política, nada. NADA

Já no final do dia fomos juntas a uma reunião em casa de amigos militantes de um pequeno partido. Nem uma nem a outra somos militantes mas, falo por mim, gosto de participar nessas reuniões revolucionárias onde tudo se pode dizer, onde se discute cada posição, onde comentamos em conjunto as últimas "notícias", as golpadas do governo, as jogadas dos partidos; onde nos apercebemos com antecipação das consequências nefastas das políticas da União Europeia, onde equacionamos os tentáculos do capitalismo global, com as suas guerras e os seus acordos tácitos; onde nitidamente constatamos que por detrás de cada "notícia"se esconde uma intencionalidade mais do que uma informação; onde paramos para ler em conjunto um texto do Lenine e, ao medir as suas palavras com a realidade do tempo actual, nos damos conta de que tão bem se traduzem à distância do século XIX os propósitos do capitalismo, o modo como os detentores dos meios de produção usurpam através da mais-valia a riqueza que os trabalhadores produzem e como a maior parte dos seus enormes lucros vivem à custa da redução dos salários e do número de trabalhadores. A velha questão da luta de classes é afinal tão actual, arrasta-se pelos tempos da moderna escravatura e não há nada que detenha essa luta. NADA.


terça-feira, maio 29, 2007

A União faz a força - Protesta e passa a palavra!

Companheiro, este é um movimento novo!
Há poucas horas está a ser posto um movimento em marcha que visa paralisar a blogosfera.

Existe uma certa blogosfera que quer, também ela, participar na GREVE GERAL, só que não sabe como.

É simples, basta colocar esta imagem no teu blog:

Porque tu tens um amigo que tem um blog, porque alguém do teu livro de endereços tem outro amigo que tem um blog, é importante que contribuas para o movimento "assim não!".

«Resiste muito. Obedece pouco»

«Resiste muito. Obedece pouco»

Para a unidade, para a greve total

Foto de Paulete Matos


MOÇÃO

Para a unidade, para a greve total

A ofensiva ininterrupta contra todos os docentes, do jardim-de-infância ao ensino superior, está a ter e terá – para a vida de cada um de nós, para a Escola pública e para o país – consequências inimagináveis. Dentre elas destacamos:

Um estatuto dos docentes do ensino básico e secundário, imposto à revelia de todas as organizações sindicais dos professores e educadores, que divide a carreira em categorias e que sujeita pelo menos dois terços dos docentes a jamais poderem aceder aos escalões de topo.

Roubo de dois anos de tempo de serviço, penalizando todos os docentes – alguns foi de forma tão gritante que, por escassos dias, viram goradas todas as expectativas da sua progressão, que estava iminente.

Ameaça de despedimento para milhares de nós, ou pelo menos a sua mobilidade, concretizada pela aplicação de um corte no Orçamento do Estado para 2007, que só em salários corresponde a 343,5 milhões de euros.

A ameaça de perda de vínculo para todos os docentes, com base nas alterações ao Regime de Carreiras e de Vínculos, que está em discussão para toda a Administração Pública.


A ofensiva contra todos os docentes integra a ofensiva geral contra todos os funcionários públicos e contra as populações, desmantelando e privatizando os serviços públicos, bem como o encerramento de milhares de escolas e de unidades de saúde, a que se junta agora o anúncio da Lei para a transformação das instituições do ensino superior em fundações de direito privado.

Perante esta situação, o Conselho Nacional da CGTP apelou a uma greve a nível nacional, à qual a FENPROF aderiu no seu recente congresso.

A Assembleia-Geral de sócios do SPGL, reunida a 17 de Maio para se pronunciar sobre este apelo, decide:

Responder positivamente à decisão do Congresso da FENPROF, e apelar para que todos os professores e educadores encontrem a maneira de falar e reflectir sobre a importância de utilizar esta acção nacional, para darem um passo na via da construção de uma verdadeira unidade que nos ajude a todos a fazer parar os ataques do Governo e a dissipar o clima de medo que começa a instalar-se em muitas escolas.

Declarar que a gravidade das medidas políticas impõe que sejam feitos todos os esforços para um acordo com todos os sindicatos e centrais sindicais, para que seja desencadeada a mobilização total, condição para que possamos impor de facto uma viragem no curso dos acontecimentos.

Na acção para essa mobilização, os professores e educadores levantarão a exigência de revogação do estatuto da carreira docente.

Esta unidade é possível; ela pode construir-se, como é exemplo a plataforma de todos os sindicatos dos professores, contra o ECD, contra o desmantelamento dos serviços públicos e exigindo de imediato a reposição da carreira única, tal como existe nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores.

A Assembleia-Geral de sócios do SPGL manifesta o seu profundo desejo de que a greve do dia 30 de Maio possa fazer com que o Governo e/ou a Comissão de Educação da Assembleia da República chamem as direcções dos sindicatos dos professores para lhes comunicarem que repõem a carreira única e, ainda, que é retirado o projecto de Lei para transformação do ensino superior público em fundações de direito privado.


Determinados a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que o SPGL e a FENPROF saiam reforçados como organizações imprescindíveis na mobilização e defesa dos professores e educadores, bem como na acção para construir a unidade de todos os trabalhadores com as suas organizações, os proponentes desta moção declaram que aceitam que dela sejam considerados apenas os pontos que não constarem da proposta da direcção sindical, transformando-os numa adenda à mesma, no sentido de a completar ou enriquecer.

Nome Escola nº sócio

Negócios tecnológicos de Portugal com a Rússia

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Visita de Sócrates à Rússia

Os empresários que integram a minha comitiva são de áreas tão diversificadas como as máquinas e ferramentas, os produtos alimentares, e desde logo o vinho, os têxteis e o calçado de qualidade e o mobiliário. Mas queria referir dois sectores bem representados e em que Portugal já tem demonstrado a sua competência e competitividade na Rússia. Refiro-me aos moldes e aos materiais de construção, sectores com um historial de participação em feiras internacionais de Moscovo, sendo exemplo de como as nossas empresas podem contribuir para a fase de rápido crescimento da economia russa.

José Sócrates in Portal do Governo

Putin, por sua vez, mostrou a Sócrates que também por lá havia bons moldes e bons materiais e como o seu crescimento pode ser rápido. O nosso primeiro disto percebe bem e muito apreciou a demonstração. Como qualquer engenheiro que se preze fez questão de testar os materiais e no final ainda teve forças para gracejar: "Ah ah ah, o material tem sempre razão!" Alguém entre os presentes pensou "que dois filhos de Putin!"



segunda-feira, maio 28, 2007

Alguém aí quer um gatinho destes?

Estes são dois dos gatinhos de produção caseira
São para dar a quem os tratar bem. Nasceram no dia da Primavera (21/Mar).
Estão desparasitados e desmamados, prontos para a adopção.
Atiraram ainda agora o cesto das molas ao chão.
Estou tão desesperada que não tarda muito
começo a atribuí-los como prémio aos blogs amigos.
Por favor tenha dó de mim e fique com um.

Estádios para Dar e Vender

"O novo estádio da cidade de Al-Kahder, nos arredores de Belém, na Cisjordânia, cuja construção foi financiada por Portugal, através do Instituto Português de Cooperação para o Desenvolvimento, vai ser inaugurado na próxima segunda-feira. O recinto custou dois milhões de dólares, tem capacidade para seis mil espectadores, é certificado pela FIFA e dispõe de piso sintético e iluminação. A cerimónia de inauguração abrirá com uma marcha de escuteiros locais, conduzindo as bandeiras de Portugal e da Palestina, e a execução dos respectivos hinos nacionais.


Certamente merecem um estádio, não é essa a dúvida. Já fechámos urgências, maternidades, centros de saúde e escolas primárias e oferecemos um estádio à Palestina. Devíamos fechar o Hospital de Santa Maria e oferecer um pavilhão multiusos ao Afeganistão. A seguir fechávamos a cidade Universitária e oferecíamos um complexo olímpico (também com estádio) à Somália e por último fechávamos a Assembleia da República e oferecíamos os nossos políticos aos crocodilos do Nilo.

Leia toda a notícia com os seus próprios olhos

A última ideia parece-me de longe a mais sensata.

domingo, maio 27, 2007

Vários posts num só que se faz tarde


Os dias passam alucinantes. “Tão cedo passa tudo quanto passa”. Passa o tempo, passam os dias, qualquer dia até já passaram anos. Passa a vida. Mas enquanto vivemos cada momento, não pensamos nisso.


Estive agora a ver o Eixo do Mal. Tanto que se riu para lá do estado da Nação! Eu também tive que me rir, claro, já antes me tinha rido. O riso não desapareceu. Nós é que estamos bem arranjadinhos com o país que temos, com as pessoas que mandam nele. Cada dia surgem mais anedotas. Eles são as anedotas que contam deles. Reproduz-se os seus discursos tal e qual e não é preciso acrescentar mais nada para serem uma anedota. É uma vergonha, tem que se contar a toda a gente, torná-los uma anedota nacional, achá-los risíveis: os seus gestos e as suas palavras. Não há detector de mentiras que detecte mais depressa só de olhar para a cara desses aí na televisão. Não auguro um bom dia de amanhã ao governo, nem ao Mário Lino, nem ao Manuel Pinho, nem à Maria de Lurdes Rodrigues e nem mesmo ao próprio Sócrates. Acho até que a esta hora até já se justificava uma manifestação, várias, à porta da múmia de Belém como foi com o Santana. Qual é a grande diferença entre imagens de incubadoras e bracinhos e desertos do Saara? Estava realmente na altura certa de mudarem os ministros, coisa que toda a gente acredita que seja só mudar as moscas e, por isso não valer a pena. Eu também acho que mais importante é mudarem-se as políticas, mas já era um começo.


No nosso país parece que nada vale a pena. Decretou-se que havia uma coisa chamada realidade que tínhamos que viver com ela e conformarmo-nos. E conformam-se. Ou seja, agem em conformidade com a situação. O Sócrates precisava agora mesmo de pôr essa canalha a andar dali para fora, só que não pode porque ele é o cabecilha dessa canalha. Aqueles são os seus homens, inclusive a Lurdinhas e a da cultura, como mandá-los assim todos embora, se eles até lá têm estado a fazer as políticas daqueles senhores lá da União Europeia que lhe dão prazos? O homem está num dilema, até já emagreceu de tanto dar voltas à cabeça como resolver a situação. A situação, não, as situações, que já são demais, contando com a que ele próprio criou com as ambições das engenharias. Lá no tal programa do Eixo do Mal passaram o tempo a rir, uma das vezes até foi às gargalhadas, com o da Economia. Havia tanta coisa de que se rirem que até nem precisaram de ir às palavras terríficas do Almeida Santos dos atentados terroristas às pontes. Então este país não está mesmo a convidar à anedota? E o humor não faz senão descobrir os traços ridículos ou grotescos que já lá estão, que fazem parte. Pode ser um cómico de situação, como no caso do ministro Mário Lino, que além disso também é um cómico da linguagem. Um enredo alucinante e alucinado num discurso absolutamente espatafúrdio e risível. Na TSF alguém disse logo que entrou em linha que o ministro certamente estava bêbado, o que foi considerado úm termo impróprio para o programa de rádio. Mas eu hoje estive atenta às imagens e o ministroi parecia até pelos gestos corporais estar realmente bêbado, nem que seja bêbado de poder dizer aquelas alarvices para as televisões. Eles revêm-se depois nas gravações? Ouvirão o que dizem? Sentirão vergonha? Eu não acredito. Aquilo é tudo gente tão sem vergonha na cara que são capazes de no dia seguinte dizer pior que não foi bem aquilo que quiseram dizer. Um fiasco, esses ministros, só mesmo para rir. Haverá alguma ficção capaz de nos fazer rir mais do que as coisas que eles dizem publicamente? Nenhuma ficção pode ser melhor.


Só a do Kaos, é claro. Eu adoro aquele Kaos, o seu humor, a sua crítica certeira. Muito me custou hoje não lhe atribuir mais um par de prémios, mas ele já tem tantos! Sabem que fez anos, não é verdade? Quem diria que o Kaos também fazia anos… com ele o tempo parece chegar para tanto. Não, aqui nos blogs ele não parece ter a idade que tem. E quem o conhece, ele começa a falar e também não. Poder conhecer o Kaos é a melhor coisa. Que privilegiada me sinto por estar perto. E às vezes sou tão ingrata… imaginem que algumas postagens dele eu só vejo passado tempo… dá Deus nozes a quem não tem dentes… esta frase agora deixou-me a pensar que Deus realmente nem sempre é assim tão bem visto pelo povo como nos querem fazer crer…
Bem, mas eu falava antes era do Kaos e dou por mim com as palavras a serem poucas para dizer tanta coisa boa dele. Se eu fosse a Maria João, a cantora, diria logo que ele é uma pessoa maravilhosa, um artista, o melhor… Mas eu fico sem palavras e não sei como vos contar como é bom ter o Kaos aqui ao lado e que ele escreveu coisas lindas do meu pai. E saber como as suas palavras são sinceras e sentidas. Tanto apoio que me deu, que me dá sempre. Parabéns para ti grande Kaos. Quero sempre te ver fazendo mais anos. Muitos anos de vida. Ofereço-lhe este poema:


Longe de ti são ermos os caminhos,

Longe de ti não há luar nem rosas,

Longe de ti há noites silenciosas,

Há dias sem calor, beirais sem ninhos!


Meus olhos são dois velhos pobrezinhos

Perdidos pelas noites invernosas...

Abertos, sonham mãos cariciosas,

Tuas mãos doces, plenas de carinhos!


Os dias são Outonos: choram... choram...

Há crisântemos roxos que descoram...

Há murmúrios dolentes de segredos...


Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!

E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,

Fumo leve que foge entre os meus dedos!...


Florbela Espanca - Livro de Soror e Saudade



Hoje não estou no melhor dia. Ontem cheguei a me sentir alegre com os amigos. Mas hoje ficou um vazio. Já começo a sentir a enorme falta da tua pessoa.

Já dá para uma salada!


Agradeço à Renda de Bilros e à Laurentina a atribuição ao Pafúncio do prémio “Blog com Tomates”. Agora o Pafúncio tem dois pares de Tomates!

Cabe-me agora a mim atribuir este prémio a outros blogs que quanto a mim são merecedores deste destaque. Aqui vão:

http://asinistraministra.blogspot.com/

http://reidosleittoes.blogspot.com/

http://portugaldospequeninos.blogspot.com/

http://perolasnocharco.blogspot.com/

http://classepolitica.blogspot.com/

quinta-feira, maio 24, 2007

Descansa em Paz

Pai

Passou o tempo de te falar, agora já só te posso dizer – estou finalmente a tratar-te por tu…. Dizer que sinto tanta pena de não te ter dito o meu amor por ti, nem me parece um lugar-comum. Que dor de alma ter passado o tempo certo de te gravar a voz, as coisas que me dizias, e agora ser tarde demais. Agora só te posso contar de memória. Libertaste-te de mim e seguiste o teu caminho como tinha que ser. Estou tão feliz que dissemos adeus, que me consolaste apertando-me a mão ontem, com toda a tua força que não era já do corpo mas do teu espírito, a tua réstia de energia ainda a querer permanecer. Foste o melhor pai e isso não apenas porque foste o único pai que tive. Foste o melhor pai porque me mostraste a importância dos valores da honestidade e de amizade e sempre estiveste presente. Eu é que me ausentei mas voltei a tempo de ainda estar contigo sempre que era possível. Mesmo assim lamento todo o tempo perdido de não estar contigo. Ultimamente juntos tentávamos agarrar esse tempo irrecuperável a partir do dia a dia, sabendo já para o fim como era tão pouco, tão menos do que era para ser. Eu te dei o consolo do último alimento e não podes dizer que não te acompanhei enquanto pude. Mas nós sabíamos que aqueles eram os últimos gestos e eu pressenti o final. Já sabia no fundo que não seria um fim porque eu jamais me quereria desligar de ti podendo assim continuar a te dizer tudo. Para mim não morreste, viverás enquanto eu for viva e falar de ti e te pensar me ouvindo. E outros te lembrarão ou não. Mas para mim que estou aqui e agora tu viverás enquanto eu te puder lembrar. Afinal tu eras mortal, como todos, mas que justiça de divindade poderá existir se tu te somes como qualquer um de nós. Não somos nada, dizem. Eu lá no fundo jamais pensei que irias mesmo ter que morrer... Quanta expectativa a gente cria da vida que se esquece de encarar a morte com a mesma naturalidade... Mesmo quando já sabia que seria inevitável e que a hora estava próxima, eu nunca conseguiria imaginá-la ceifando-te de vez do mundo dos vivos. Que vivos? Mortais somos todos os que nos sentimos alegres de ainda estarmos vivos.

A orfandade é uma tomada de consciência como não há outra: fica-se sozinho no mundo, despojada de tudo, como se nada mais valesse sem aquela pessoa. Hoje, a comida não passava na garganta de tanto nó que tinha. Foi preciso desatar esses nós, encarar a realidade de frente, de cara descoberta como se enfrenta a verdade da vida e da morte, como se cumpre uma missão que se assumiu. Tu sabes, tu foste um capitão de terra, agarraste as tuas tarefas e cumpriste-as até ao fim, na perfeição, com empenho e sempre desprovido de qualquer benefício pessoal. Ganhaste apenas pelo que trabalhaste, nunca foste corrupto como esses senhores que se julgam agora vencedores. Tu eras aparentemente inofensivo, mas conhecia-los bem, lidaste de perto com alguns oportunistas conhecidos, uns militares, outros nem por isso ditos de esquerda ou de direita, tu topavas as suas manobras e não lhes aparavas os golpes. Fizeste a tua parte com dignidade defendendo a informação como um serviço público. Tenho a certeza que não deixaste passar mentiras, pois para nós a verdade existe. Contavas que na altura veio um partido querendo usar os meios da informação para atingir os seus fins. Quiseram fazer passar informação de propaganda em vez de informação, como ainda hoje acontece. Mas tu fizeste por lhes barrar esse caminho enquanto lá estiveste...Sempre foste uma pessoa informada, já nesse tempo tu bem sabias o perigo que é botar os meios de comunicação nas mãos dos partidos ou dos interesses privados. Aliás, bem depressa deixou de haver socialismo: o Mário Soares assumiu o papel de o meter na gaveta muito antes de se dizer que ele o tinha metido na gaveta. E ainda hoje ele lá está, e esse Mário Soares que tanto desprezavas, hoje mais social do que na altura que as fez, mesmo assim ainda aparece por aí nas televisões apoiando este Sócrates que deitou fora a própria gaveta onde jazia o socialismo. Como é que posso acreditar que Deus existe se ele ainda cá ficou e tu já partiste? No cinema então é mais justo do que na religião pois os maus morriam e os bons ficavam para o fim. Sabes melhor do que eu que o plano era fazer acreditar que todos os nossos problemas seriam resolvidos por entrarmos para a CEE. Trazia tudo combinado quando aterrou em glória no 25 de Abril. Ele e os amies Mitterands de comum acordo neste conluio de destruição que temos presenciado desde aí, por esses anos fora, de mal a pior. A Nação já há algum tempo que vem sendo vendida, desmantelada, destruída. Agora, neste tempo do vale tudo mesmo, ainda mais à descarada…. Que pena teres presenciado mais este descalabro a que este país e a democracia chegaram para te tirar a esperança. Teres que morrer a ver isto, tu que te entusiasmaste tanto com o 25 de Abril, tu que me entusiasmaste tanto também a mim que cresci a poder contar com a liberdade... A ponto de te ouvir depois dizer descrente que isto tudo era uma merda, que o país era uma merda, que as pessoas eram uma merda. O que me custou ver-te lentamente a distanciares-te o mais que conseguias das notícias desses gajos sem valor, tão vendidos como compráveis, tão sem dignidade, tão tarados e perigosos….

Ah, mas tu há já algum tempo te libertaras da realidade comezinha dessa corja. Sempre que podias, ficavas virado para o teu interior, como se ali dentro fosse a tua paz real, a tua casa onde podias ser tudo o que eras, onde devias ter bem guardado o teu mundo ideal de justiça e liberdade. Perto do fim viravas-te calado para um qualquer ponto onde se alojava um sentimento profundo que eu hei-de vir a saber um dia. Entristecias por dentro porque a despedida para jamais é sempre triste e tanto maior quanto maior é a consciência alcançada. E talvez a tristeza dos outros ao te ver partir te tornasse mais triste ainda da separação adivinhada.

Não te sei dizer ao certo porque ainda está tudo muito confuso na minha mente. Sei que por vezes vem um sentido agudo da realidade que me aperta o estômago e me cobre de uma angústia funda, uma dor distante e redemoinha que vai e vem. Sei que não a conseguirei jamais sarar. Irá e virá até ao meu fim porque eu nunca te esquecerei. Tu viverás sempre em mim embora já tenhas partido. Sei que te conservo inteiro. Íntegro. Como a melhor das pessoas. Que lugar bom seria o mundo se todas as pessoas tivessem os teus princípios… Tiveste pouca ambição, não foste competitivo, nem corrupto: estavas fora do sistema. Neste mundo viciado, tu não poderias ser um seu “vencedor”. Mas a verdade é que todos gostaram de trabalhar contigo na melhor das camaradagens e não houve ninguém que não te prezasse como pessoa. Quem te conheceu só teve a ganhar, todos têm tantas coisas boas para contar de ti... Tivemos a boa sorte de te conhecer. Sabes aqueles momentos lamúrias que soam a falso em que todos estão dizendo bem, e coitadinho e coitadinho. No teu velório não houve nada disso. A tristeza de te ver partir estava por todo o lado. Todos que lá estavam recordavam uma excelente pessoa. Nunca foste capaz de prejudicar ninguém, ninguém! Marin ne tire pas sur un autre marin.

Sinto a maior das admirações por ti e quem me dera saber traduzi-lo mas hoje tudo é pouco, tudo falta. Sabes, acho que há coisas que ainda há pouco não te era capaz de te falar mas que agora te posso dizer tudo, tudo. Não, eu não precisava mesmo de te ter dito o quanto te amava, meu pai. Ambos o sabíamos sem ser preciso dizer nada sobre o que tínhamos como certo. Quando eu era pequena lembro-me de ti como um pai maravilhoso: levavas-me às costas pelas ondas do mar adentro e eu sentia-me em segurança, não tinha medo nenhum. Agora tenho alguns medos, como ainda há pouco tinha medo que morresses. Agora somos apenas um e estamos tranquilos.

22 de Maio de 2007

segunda-feira, maio 21, 2007

É a Pátria que está em causa

Imagem retirada daqui

Depois da liberdade desaparecer, resta um país, mas já não há pátria
Chateaubriand , François

Processo Disciplinar de Fernando Charrua


"O crime de opinião volta a estar na ordem do dia,
a censura mostra agora as garras, o terror campeia,
a boca calada é imposta pelo temor de processos disciplinares,
os informadores pululam
e a administração sente-se segura e livre
de 'opositores' ao Governo."

Fernando Charrua
num comentário no blogue Quarta República

in Diário de Notícias, 21/05/2007

Às vezes apetece mesmo dizer "PORRA"!

Ora porra!

Então a imprensa portugueza

É que é a imprensa portugueza?

Então é esta merda que temos

Que beber com os olhos?

Filhos da puta! Não, que nem

Há puta que os parisse.

Álvaro de Campos(1)

[M.SER. 937]



(1) Ainda assim mais engenheiro do que muitos "engenheiros"

Imprensa obscena


Agregados de um casal com filhos desceram abaixo dos 50 por cento

Portugueses não querem ter mais tempo para a família, ao contrário da maioria dos europeus

20.05.2007 - 08h37 Clara Viana Ler toda a notícia aqui

Estas “gordas” da primeira página do jornal Público de ontem são uma obscenidade. A grande maioria dos portugueses que passam pelas bancas e olham os jornais de soslaio vai pensar: “Grandes malandros (os outros) essa malta agora não quer é passar tempo com a família!”. Mas se olharmos mais atentamente para esta notícia, veremos que analisa um estudo do INE que aponta para um novo dado – os tradicionais “casais com filhos” pela primeira vez descem abaixo dos 50% (46,8% em 2006). O resto é, segundo o Público, malandragem que não quer passar tempo com a família.

Será mesmo assim, ou este título da edição impressa do Público tenciona mesmo esconder os verdadeiros motivos para estes números? Não querer é uma vontade pessoal, individual e independente de cidadãos livres e tem toda a legitimidade. Cada um está no seu direito de querer ou não passar mais tempo com a família. O problema aqui é que eu duvido que sejam essas as motivações de existirem cada vez menos casais a terem filhos. Os portugueses não têm filhos porque não têm confiança no Futuro. Mesmo não lendo para além dos cabeçalhos, eles sentem que isto não vai nada bem. Perdem-se empregos, os euros nas mãos dos portugueses desvalorizam, não há dinheiro para pagar os empréstimos, pedem-se mais empréstimos, o ensino não está bom para crianças, a vida também não… os portugueses têm cada vez menos filhos porque têm cada vez menos segurança e confiança no futuro. Pois se eles nem sequer têm confiança no presente...

Desta forma, ficam escondidas por detrás do conteúdo explícito da manchete, todas estas causas. Estas ninguém faz por apurar. Permanece a perigosa ideia geral de que os portugueses têm uma fraca vontade de dispender o seu tempo com a família. E nada mais por detrás dessa falta de querer. São eles os responsáveis, são eles os que não querem!

Quantos portugueses hoje vivem em condições precárias? Quantos estão endividados? Quantos estão desempregados ou mal empregados? Quantos têm contrato de trabalho que lhes dê garantias de emprego futuro? Quantos em idade de constituir família dispõem de casa, de emprego, de um futuro?

Blogosfera Futura

Para todos os que já aderiram ao Movimento de Independência e Liberdade de Expressão na Blogosfera, aqui fica o logótipo, da autoria do KAOS, que deverão inserir no vosso blogue, com a ligação para http://blogosferafutura.blogspot.com/, em cuja caixa de comentários estamos a aceitar todas as contribuições para uma definição de uma Carta de Princípios que nos irá orientar. Agradecemos a maré que, desde ontem, tem vindo em crescendo. A participação de todos é preciosa, e vital. (De http://braganza-mothers.blogspot.com/)

domingo, maio 20, 2007

Alguém viu por aí o cão do Mourinho?

Lambe-botas, bufos e outros pulhas -- os cães de guarda do governo Sócrates

Professor de Inglês suspenso de funções por ter comentado licenciatura de Sócrates

19.05.2007 - 10h09 Mariana Oliveira (Leia toda a notícia aqui)

Um professor de Inglês, que trabalhava há quase 20 anos na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), foi suspenso de funções por ter feito um comentário – que a directora regional, Margarida Moreira, apelida de insulto – à licenciatura do primeiro-ministro, José Sócrates.

"Se a moda pega, instigada que está a delação, poderemos ter, a breve trecho, uns milhares de docentes presos políticos e outros tantos de boca calada e de consciência aprisionada, a tentar ensinar aos nossos alunos os valores da democracia, da tolerância, do pluralismo, dos direitos, liberdade e garantias e de outras coisas que, de tão remotas, já nem sabemos o real significado, perante a prática que nos rodeia." Fernando Charrua, professor de Inglês

Calúnias II

Há mais aqui


Diz que vai ganhar, meu bem

A Câmara para mim

Eu deixei aquela vida de lado

E não sou mais um transviado

Telmo, eu não sou gay

O que falam de mim são calúnias, meu bem

Eu parei…….

Telmo, ô Telminho, não faz assim comigo

Não me puna por essas manchas no meu passado

Já passou! Esses rapazes são apenas meus amigos

Agora eu sou somente seu, meu AMORRRR

glosado a partir de Calúnias (Telma eu Não Sou Gay) - Ney Matogrosso - Composição: B. Anderson

sábado, maio 19, 2007

Palhaçada da pior

Hoje fiquei por momentos retida numa rua perpendicular à da entrada das visitas do Palácio de Belém. Grandes carrões -- alguns curiosamente de vidros esfumados -- passaram apressados uns atrás dos outros como se quisessem não ser vistos (os ocupantes) mas, por outro lado, sinais dos tempos, querendo que toda a gente pare a ver passar os vips a passar. Como no tempo dos outros senhores. Eis como os imagino por detrás de vidros não esfumados. As personalidades passaram a personagens e as suas personagens a palhaços. Que me perdoem os verdadeiros palhaços de profissão, gente honesta.

Intervenção de Andre Yon, professor sindicalista francês

Encontro em Defesa da Escola Pública
Algés, 14 de Abril
Para que é que pode servir a intervenção de um sindicalista francês na discussão que tem estado a ter lugar aqui esta tarde? Os meus colegas franceses ficariam aterrorizados se tivessem ouvido o que eu tenho estado a ouvir. Se há um ponto comum entre a situação francesa e a portuguesa, eu creio que é a questão do respeito da democracia, que se coloca de modo dramático. No meu país, a 29 de Maio de 2005, o povo votou massivamente pelo não ao projecto de Tratado Constitucional Europeu. E, com base neste elã, alguns meses depois, a juventude e muitos trabalhadores do meu país, manifestaram-se aos milhões contra a modificação do Código do Trabalho que o Governo pretendia fazer.
Portugal, a França e os outros países da Europa são grandes nações, mas perderam a sua soberania. (Leia tudo no Blog em Defesa da Escola Pública.)

sexta-feira, maio 18, 2007

Que Animal Farm?


Tudo começa quando um velho porco, o Velho Major, sonha que libertará os animais da escravidão em que vivem, e comunica aos outros o seu sonho. Passados três dias o Major morre, mas a revolução que iniciara na cabeça dos animais acabará por se concretizar com a expulsão do Sr Jones (dono da quinta) e libertação de todos os animais da escravidão.Da revolução nascem sete mandamentos, redigidos pelos porcos (considerados os mais inteligentes), que passam a reger a vida na quinta:


1º- Tudo o que anda sobre dois pés é inimigo

2º- Tudo o que anda sobre quatro pés, ou asas, é amigo

3º- Nenhum animal usará roupas

4º- Nenhum animal dormirá numa cama

5º- Nenhum animal beberá álcool

6º- Nenhum animal matará outro animal

7º- Todos os animais são iguais


A contínua alteração dos mandamentos culmina no último mandamento, frase que ficará na história como marca de toda a alegoria de Orwel:


"Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que outros"...

(Resumo retirado daqui)

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Tenho chegado ultimamente à conclusão pelos textos que tenho lido sobre o livro de Orwell, Animal Farm, de que o que tem importado a uma certa critica é, como se costuma dizer, "dar o pai à criança". E isto porque se resume a história de uma forma mais ou menos subjectiva para então se traçar longas considerações sobre a clássica atribuição dos papéis, através de fórmulas: Velho Major=Marx; Bola de Neve (Snowball)=Trotsky; Napoleão=Estaline; etc. etc.
A mim, parece-me redutor; como se o perigo dos totalitarismos e das ditaduras ou dos pequenos autoritarismos estivesse confinado àquele período histórico... Enquanto uma certa crítica nos tenta pôr palas nos olhos para que continuemos a seguir apenas por esse caminho para nos consolidar mais profundamente a ideia de que os comunistas todos foram uns papões estalinistas. Quem se consegue manter livre delas pode ter uma visão mais alargada no tempo e no espaço desta fábula alegórica. Olhemos à nossa volta, atentemo-nos ao que ainda resta de um telejornal -- eles, os porcos, estão por toda a parte e até já modificaram alguns dos nossos mandamentos mais sagrados. Por exemplo, onde estava



O ensino deve ser gratuito

alguém veio e modificou até ficar

O ensino deve ser tendencialmente gratuito


Então o que tem isto de diferente da alteração dos mandamentos que os amnésicos animais da quinta foram esquecendo? Não estará esta fábula política tão actual quanto eu desejo aqui provar? Em que é que aqueles porcos foram mais ou menos porcos do que os nossos actuais? Permitam-me:

Todos os porcos são porcos mas alguns porcos são ainda mais porcos do que outros porcos por continuarem a ser tão porcos como eles foram!

Parar Bolonha


Um blog interessante e que dá que pensar que talvez, afinal, quem sabe o Processo de Bolonha não seja assim uma coisa tão boa para nós como nos querem levar a crer que é!

O Livro que ando a consultar...

CAPÍTULO III
Direitos e deveres culturais
(Ensino)
...
"e) Estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino;"

quinta-feira, maio 17, 2007

O problema da Educação é, fundamentalmente, politico

Santana Castilho
Encontro em Defesa da Escola Pública, Algés, 14 de Abril

Leia AQUI excertos da intervenção de Santana Castilho, professor universitário e cronista do jornal Público, no Encontro em Defesa da Escola Pública, em Algés, a 14 de Abril passado.


Análise feita por Santana Castilho do estado actual da Nação, da educação e dos ataques que estão a ser feitos aos serviços públicos em geral. Suas causas e efeitos. Números de 2005.

quarta-feira, maio 16, 2007

Pedido de delegação à Assembleia da República: Subscrição da Carta aos Deputados do PS


Foi já enviada -- e, dia 9 de Maio, recebida -- uma carta dirigida ao Presidente do Grupo Parlamentar do PS, Alberto Martins, na qual a Comissão para a Defesa da Escola Pública pede que seja recebida uma sua delegação. Esta terá como missão entregar a Carta aos Deputados do PS que resultou do Encontro em Defesa da Escola Pública. Lembramos que o objectivo da Comissão é reunir 500 assinaturas (já existem cerca de 90 subscrições), pelo que pedimos a todos que nos ajudem a atingir esta meta. Por favor divulguem esta iniciativa junto dos vossos contactos. Uma Escola Pública de qualidade é um direito de todos os cidadãos!
Visite o blog da Comissão :Leia mais sobre o Encontro em Defesa da Escola Pública (os textos das Intervenções dos Convidados estão a ser publicados/actualizados)

segunda-feira, maio 14, 2007

Frase do meio da noite

"O mundo investe cinco vezes mais em remédios para virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do Mal de Alzheimer. Daqui a alguns anos teremos velhas de grandes mamas e velhos de pau feito, mas... não se vão lembrar para que servem!"

Camões pode ser inspirador...

KAOS

Fátima também!

As equivalências e os termos assinados,

Que na ocidental raia Lusitana,

Por cursos nunca antes frequentados,

Passaram ainda além dos seis dias da semana,

Em betão armado e pré-esforçado,

Mais do que prometia a desfaçatez humana,

E entre gente bem mais douta edificaram

Novo currículo, que tanto sublimaram;
E também as notícias gloriosas

Daqueles feitos, que foram omitindo

A Lisura, a Hombridade, as Virtudes valerosas

Das corporações que foram destroçando;

E aquele, que por obras viciosas

Se vai da lei da respeitabilidade libertando;

Sobranceiro, entre pares, no plenário,

Cantarei, se a tanto me ajudar o engenho sanitário.


(Lusíadas de Luiz de Camões - versão século XXI no BlogOperatório)

domingo, maio 13, 2007

Engenheiro ou mentiroso compulsivo?


Ao ouvir Sócrates hoje dizendo que nada se altera na situação dos comandos portugueses no Afeganistão e sabendo que pela primeira vez desde a guerra colonial os nossos moços vão com licença para atirar a tudo o que mexer, dei por mim a pensar se o vosso primeiro não será um mentiroso compulsivo, além de repulsivo.

Fui documentar-me sobre a tara e fiquei a compreender melhor as razões do tal de engenheiro. Acompanhem os meus raciocínios e digam-me se estarei enganada.

Quando alguém mente está revelando que algo dentro de si não está bem. Psicólogos relacionam a atitude à baixa auto-estima ou ao ímpeto de tirar vantagem.
[quanto à baixa estima só mesmo quem o conheça mais intimamente pode confirmar ou desmentir, agora quanto ao “ímpeto de tirar vantagem”, isso quanto a mim já terá mais sustância, como se diz na minha terra. Adiante]

"Por trás da mentira há um apelo, uma defesa, um sintoma ou uma compulsão", explica a psicanalista Ruth Cohen, do Rio de Janeiro. A criança mente, de modo geral, para fugir de um castigo, porque se sente injustiçada, por achar que estão exigindo algo além de sua capacidade ou, pelo contrário, por estar querendo algo que, a seu ver, não merece. [‘Pera lá que isto parece-me importante. Apelo? Defesa? Sintoma? Compulsão? Querem ver que não se fica por aqui? Sim, ser primeiro-ministro de Portugal pode ser uma injustiça para qualquer um, mas eu inclino-me mais para a última hipótese: acho que ele quis, quer e quererá sempre algo que não merece – exactamente o que estão a pensar: ele quer assumir a presidência da União Europeia, mas lá no fundo ele sabe que não merece; e nós também pois já o topamos de outros carnavais: tal e qual como ele antes quis ser engenheiro, apesar de não o merecer.]

Aquelas crianças que simulam situações inverídicas — [como o nosso garoto que afiançou diante das cameras de televisão não haver qualquer problemas com o seu percurso académico] — podem estar em busca de afirmação por meio de uma falsa capacidade. [Afirmação também, talvez, mas eu acho que era mesmo só para ouvir as pessoas chamando-o de senhor doutor engenheiro, mas isto já sou eu a divagar]

Alguns estudantes, pressionados por desajustes familiares, apelos comerciais cada vez mais agressivos e mesmo por uma certa competição silenciosa estabelecida com os colegas, criam defesas e contam aos outros verdadeiras fábulas. [dos "desajustes familiares" sei umas histórias de arrebenta; e quanto aos "apelos comerciais cada vez mais agressivos" , é ver as Opas e as negociatas que vão por aí com os privados e com os colegas da União Europeia: aquelas directivas todas da União Europeia, o povo descontente e ele a ter que brilhar na cimeira de Sintra, mostrar resultados, ser cumpridor do défice, sempre perseguido pela imagem do espelho Blair a dizer que melhorou tudo e que foi o maior… será isto "a competição silenciosa estabelecida com os colegas"? Fábulas? Então mas para ser fábula não basta os animais falarem? Querem mais fábula do que as coisas que ele diz, quando diz?]

Na opinião de psicólogos, o mentiroso compulsivo — que reinventa os acontecimentos o tempo todo — ou aqueles que adulteram dados, suprimem informações ou colocam em risco a integridade dos outros devem ser tratados por profissional especializado. [Além de adulterar dados, que nisso aliás se especializou durante a sua carreira na UI, suprimir informações – será que esse canudo alguma vez apareceu? E os canudos da Casa Pia? E esta agora de nem uma palavra acerca do aumento de perigo a que se vão expor os nossos comandos no covil dos talibãs? Diz que nada se altera, que está tudo exactamente na mesma...ora, para o povo que não é estúpido apesar de ter votado nele, se o senhor engenheiro diz que não há problema ou é porque é mentiroso ou porque gosta de enganar… curiosamente desta vez o Cavaco esqueceu-se de não dizer nada e disse que havia pgoblema… Onde encontrar profissionais especializados para tratar esta gente? Não no serviço público de saúde!]

Muitas vezes, nesses casos, ao hábito da mentira se aliam outros traços, como a frieza, o desrespeito e a agressividade. [Como não estamos no Brasil, que é terra de gente mais simples, onde mesmo os magnates andam de chinelo no pé e despojados do Armani, no vosso primeiro, a maníaco-compulsividade que se esconde por detrás da mentira, manifesta-se em arrogância, cinismo e pedantismo, que para o caso também devem contar]

No dia-a-dia, porém, o professor que conhece os estudantes tende a perceber quando eles se atrapalham por mentir. Um leve rubor, a gagueira, um persistente piscar de olhos, o desvio do olhar ou a fala apressada podem ser sinais dados pelo corpo do mentiroso. [Só quem ainda não viu os trejeitos peixeirívoros de mão na anca e ora toma na sessão mensal da Assembleia da República é que se deixa enganar. Os professores, neste caso o professor das cinco cadeiras é que não deu por nada e por isso o seu pupilo refinou, agora é um especialista na arte do engano. Os outros sintomas lembram-me mais as caretas do senhor presidente boliqueimense, excepto a falta de rubor, mas isso é normal nos vampiros. Será que ele também é um mentiroso? Valha-nos Nossa Senhora de Fátima que se não for ela não sei onde vamos parar com tanta mentira]

sábado, maio 12, 2007

Ficou a boneca.


TEATRO DA BONECA
Carlos Queiroz ( Lisboa, 1907-1949)

A menina tinha os cabelos louros.
A boneca também.
A menina tinha os olhos castanhos.
Os da boneca eram azuis.
A menina gostava loucamente da boneca.
A boneca ninguém sabe se gostava da menina.
Mas a menina morreu.
A boneca ficou.
Agora também já ninguém sabe se a menina gosta da boneca.

E a boneca não cabe em nenhuma gaveta.
A boneca abre as tampas de todas as malas.
A boneca arromba as portas de todos os armários.
A boneca é maior que a presença de todas as coisas.
A boneca está em toda a parte.
A boneca enche a casa toda.

É preciso esconder a boneca.
É preciso que a boneca desapareça para sempre.
É preciso matar, é preciso enterrar a boneca.

A boneca.

A boneca.

... em tempo de cabeças pensantes


SENTENÇAS DELIRANTES DUM POETA PARA SI PRÓPRIO EM TEMPO DE CABEÇAS PENSANTES
Alexandre O'Neill
1
Não te ataques com os atacadores dos outros.
Deixa a cada sapato a sua marcha e a sua direcção.
O mesmo deves fazer com os açaimos.
E com os botões.
2
Não te candidates, nem te demitas. Assiste.
Mas não penses que vais rir impunemente a sessão inteira.
Em todo o caso fica o mais perto possível da coxia.
3
Tira as rodas ao peixe congelado,
mas sempre na tua mão.
Depois, faz um berreiro.
Quando tiveres bastante gente à tua volta,
descongela a posta e oferece um bocado a cada um.
4
Não te arrimes tanto à ideia de que haverá sempre
um caixote com serradura à tua espera.
Pode haver. Se houver, melhor...
Esta deve ser a tua filosofia.
5
Tudo tem os seus trâmites, meu filho!
Não faças brincos de cerejas
sem te darem, primeiro, as orelhas.
Era bom que esta fosse, de facto, a tua filosofia.
6
Perguntas-me o que deves fazer com a pedra que
te puseram em cima da cabeça?
Não penses no que fazer com. Cuida no que fazer da.
É provável que te sintas logo muito melhor.
Sai, então, de baixo da pedra.
7
Onde houver obras públicas não deponhas a tua obra.
Poderias atrapalhar os trabalhos.
Os de pedra sobre pedra, entenda-se.
Mas dá sempre um «Bom dia!» ao pessoal do estaleiro.
Uma palavra é, às vezes, a melhor argamassa.
8
Deves praticar os jogos de palavras, mas sempre
com a modéstia do cientista que enxertou em si mesmo
a perna da rã, e que enquanto não coaxa, coxeia.
Oxalá o consigas!
9
Tens um glorioso passado futurível,
mas não fiques de colher suspensa,
que a sopa arrefece.
10
Se tiveres de arranjar um nome para uma personagem
de tua criação, nunca escolhas o de Fradique Mendes.
A criação literária não frequenta o guarda-roupa,
muito menos quando a roupa tem gente dentro.
11
Resume todas estas sentenças delirantes numa única
sentença:
Um escritor deve poder mostrar sempre a língua portuguesa.

de Poesias Completas, Assírio & ALvim, 2000

sexta-feira, maio 11, 2007

Notícias do Bloqueio

"Lisboa Velha"
MADALENA ARANTES PEDROSO FONSECA

Aproveito a tua neutralidade,
o teu rosto oval, a tua beleza clara,
para enviar notícias do bloqueio
aos que no continente esperam ansiosos.


Tu lhes dirás do coração o que sofremos

nos dias que embranquecem os cabelos...
tu lhes dirás a comoção e as palavras
que prendemos - contrabando - aos teus cabelos.

Tu lhes dirás o nosso ódio construído,
sustentando a defesa á nossa volta
- único alcochoado para a noite
florescida de fome e de tristezas.

Tua neutralidade passará
por sobre a barreira alfandegária
e a tua mala levará fotografias,
um mapa, duas cartas, uma lágrima...

Dirás como trabalhamos em silêncio,
como comemos silêncio, bebemos
silêncio, nadamos e morremos
feridos de silêncio duro e violento.

Vai pois e noticia com um archote
aos que encontrares de fora das muralhas
o mundo em que nos vemos, poesia
massacrada e medos à ilharga.

Vai pois e conta nos jornais diários
ou escreve com ácido nas paredes
o que viste, o que sabes, o que eu disse
entre dois bombardeamentos já esperados.

Mas diz-lhes que se mantém indevassável
o segredo das torres que nos erguem,
e suspensa delas uma flor em lume
grita o seu nome incandescente e puro

Diz-lhes que se resiste na cidade
desfigurada por feridas de granadas
e enquanto a água e os víveres escasseiam
aumenta a raiva
e a esperança reproduz-se.


in Revista Árvore em 1952
Egito Gonçalves (1922 - 2001)

quinta-feira, maio 10, 2007

Viu por aí...

Posted by Picasa
... um porco capitalista a gozar dos rendimentos?

terça-feira, maio 08, 2007

Desempregados e precários, uni-vos!

Hoje li no Diário de Notícias que a CGTP diz que, em Portugal, 41,8% do total dos activos são precários e desempregados. Vamos supor que os números não andam muito longe da realidade. Há muito tempo que defendo que o desemprego e a precaridade são um calcanhar de Aquiles para o capitalismo global. A meu ver há-de ser por aí que este sistema económico deplorável há-de estoirar. Como pode uma economia estar de boa saúde se desperdiça tanta força de trabalho? Tantos meios humanos, tanta capacidade de produção. Os desempregados e os precários já não são hoje os que não querem trabalhar, nem um bando de delinquentes e diletantes que não se querem integrar no mundo do trabalho, embora ainda se possam vir a tornar em coisas piores. Não. Hoje em dia passar a ser desempregado ou a precário é um risco que todos os que se julgam seguros no seu emprego correm. E a juventude actual já nasceu, na sua maioria, precária e desempregada. Não tarda muito, eles vão estar em maioria.
Eu, por exemplo faço parte do número de licenciados desempregados. Sou representante da primeira leva de jovens que, na sua sede de liberdade do pós-25 de Abril, desde muito cedo sonhou poder alcançar a independência financeira dos familiares, sem sucesso. Comecei a trabalhar aos 17 anos numa gelataria amiga para conseguir algum dinheiro para os meus gastos (concertos, etc, etc.); já antes me tinha fartado de ir vender coisas de que não precisava para a Feira da Ladra, com o mesmo objectivo. Depois, aos 18, trabalhei pela primeira vez com contrato de trabalho, numa empresa de roupas da moda. Lá desempenhei tarefas de todo o tipo, desde trabalho de fiel de armazém, à contabilidade; aprendi a usar o computador, arquivava os documentos, fazia contactos telefónicos, trabalho de escritório, e no armazém despachava as encomendas para as lojas. Recebia mercadoria, conferia-a. Isto sempre à medida que estudava - e nunca chumbei nenhum ano, só andei descontente a saltitar de área vocacional em área vocacional. Trabalhei num centro comercial -- e nem me quero lembrar pois foi a minha pior experiência profissional: exploração e mau viver, fardas e chefes de loja ordinários, um nojo. Desisti. Mais tarde trabalhei numa editora de livros durante vários anos, sempre precariamente, fazendo um pouco de tudo, desde a correspondência, os contactos com os autores, as revisões dos textos, a contabilidade no computador... mas recebendo mediante uma categoria profissional inferior, mais mal paga. Todo esse tempo em que trabalhei nunca consegui tornar-me independente, daí se pode imaginar o ordenado. Felizmente sempre tive a família a apoiar-me. Entrei então para a faculdade e resolvi dedicar-me por inteiro aos estudos. Claro que isso só durou um ano; no segundo ano já não tinha ilusões daquela instituição, voltei a trabalhar numa livraria de centro comercial enquanto ia estudando. Nunca passei nenhum ano sem fazer algumas cadeiras e uns quantos cadeirões. Era uma trabalho compatível pois tinha a possibilidade de ler e estar a par das novidades. Num belo dia seguinte ao jantar de confraternização do dono da loja com as empregadas, onde se brindou ao futuro do negócio, nesse belo dia seguinte, a loja de manhã já estava trespassada; no jantar, ninguém teve a coragem de dizer nada, brindou-se. Na altura morava num quarto alugado, tinha finalmente saído de casa dos familiares e só tive uma solução: voltar a depender de toda a gente para poder continuar a viver. Quanto mais independente procurava ser mais dependente me tornava. Voltei mais tarde à tal editora, desta vez com recibos verdes, sempre a ganhar mal, sempre a levar o curso para a frente. Fui morar para os Açores. Lá, dei aulas dois anos, a ganhar mal, por não ter o curso acabado tinha apenas habilitação suficiente. Quando fiquei grávida descobri que se continuasse a trabalhar entregaria o meu ordenado para alguém tomar conta dos meus filhos. Desisti de trabalhar e decidi ser então eu a cuidar deles. Só o pude fazer porque sempre tive muita sorte de ter pessoas a ajudar-me mas ainda durante alguns anos não me sentia bem sempre que alguém com emprego me fazia sentir que não me esforçava o bastante para arranjar um emprego. Voltei com uma idade que me exclui automaticamente de todos os trabalhos para menores de 35 anos, a considerada "idade jovem limite". Não me encontro dentro do prazo de validade para os estágios para os jovens; agora oferecem-me as novas oportunidades -- para continuar quantos mais anos a estudar? Com que certeza de me darem depois um emprego digno?
Nunca parei realmente de trabalhar, não estou de férias prolongadas, passo todo o dia a correr de um lado para o outro para segurar as pontas. O que é certo é que não me poupo ao trabalho, pelo contrário, estou sempre a meter-me em trabalhos. Não me considero por isso uma pessoa preguiçosa, nem dondoca, nem parasita, nem burra. Antes pelo contrário, aprendi a lidar perfeitamente com esse estigma que a sociedade sempre procura lançar nas mulheres que não se envolveram no mundo do trabalho, que não decidiram pôr o emprego no primeiro plano das suas vidas, que não escolheram a felicidade suprema de se promover profissionalmente. Sou uma feminista que acha que as mulheres só perderam em ir trabalhar fora de casa; julgam que se emanciparam mas são apenas mais carne para canhão com que o sistema capitalista se alimenta e só vieram desvalorizar o mercado de trabalho pois, pelas leis da oferta e da procura, quanto maior a oferta de trabalho mais o seu preço se desvaloriza. O mesmo papel têm os precários hoje em dia. Dantes vivia-se remediadamente com o ordenado de um; agora não se vive com o ordenado dos dois, tem que se ir buscar mais fora dos ordenados. A propaganda bancária acena com molhos de notas, aliciando enquanto a publicidade incita ao consumo. Ser verdadeiramente livre é poder ir consumir também aos Domingos à tarde, nos hipermercados. Esse é o programa familiar que os grupos económicos promovem para si e para a sua família. Esse é o emprego que eles criam para oferecer aos teus filhos.
Em casa não há ninguém que se dedique aos filhos, à casa, à confecção de uma refeição digna e saudável, à gestão da economia doméstica. Daí a decadência da estrutura familiar e da educação das crianças, completamente desprezada e relegada para a exclusiva responsabilidade da Escola. As pessoas, as famílias, estão destruturadas e dizem que não têm tempo para nada. As pessoas estão precárias, infelizes e desesperadas. Talvez a Humanidade esteja a ficar bipolar (maníaco-depressiva) e ora se encontra endividada e desesperada, ora consome desenfredamente nos breves momentos do auge da euforia própria da depressão.
Acredito que vem aí uma geração de jovens precários e desempregados, uma "waste generation" que vai ter que exigir à sociedade o seu direito ao trabalho. Essa massa já começa a organizar-se. O Mayday parece-me uma boa ideia; se ganhar adeptos e se a nova geração entender que não pode aceitar qualquer biscate mal pago por que isso não só não irá resolver o seu futuro como irá prejudicar a luta dos que acreditam que os direitos do trabalho são para manter; se entenderem a tempo que a sua condição de precários não pode durar eternamente; se não aceitarem como um fado a sua condição de desempregados; se ousarem unir-se e se organizar. Em breve os desperdiçados do sistema vão ser muitos, vão dar muito nas vistas. Se não quiserem permanecer desempregados; se não quiserem permanecer precários. Não sei como é que o capitalismo global pretende gerir esta massa de gente descontente que se está a gerar. Nem ele.
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