Cada vez há mais as manifestações contra a actual forma como o mundo está organizado. Cada vez essas manifestações são mais reprimidas, afastadas dos alvos que visam atingir, minoradas pelos meios de difusão de notícias.
Uma manifestação de protesto contra a globalização, uma série de manifestações a cada passo do G8, um protesto, uma greve, uma opinião diferente, tudo pouco relevante para quem cabe a tarefa de informar, de dar conta das várias partes implicadas. Por que são os países mais ricos a decidir questões que deviam ser defendidas pela ONU?
As notícias sobre esse tipo de reacção contra o sistema vigente, passam despercebidas no meio de outras mais mediatizadas ou nem sequer passam. Não fossem os blogs e notícias dessas morreriam à nascença. Esta é uma função que me parece ser importante que os blogs assumam a seu cargo: não deixar branquear a notícia, não deixar que ela caia no esquecimento. Sei que há notícias que nem se chegam a saber. Outras que fazem uma breve passagem e depois desaparecem mesmo da Net. Certas notícias deviam ser guardadas, constituir arquivo vivo, continuarem a servir de advertência, serem medidas com as consequências que desencadeiam. Quase todos os dias recebo e subscrevo petições já subscritas por milhares de cidadãos de todo o mundo que dão o seu nome por uma acção, pela defesa de uma causa. Mas não há notícias que dêem conta desse descontentamento.
Os descontentes sentem-se isolados, têm receio de expressar a sua opinião; julgo até que há gente que acerta uma opinião pouco firme para exibir em sociedade e que conserva para si a sua opinião mais radical. Hoje em dia muitas pessoas vivem formatadas para se conformar ao estado das coisas. Quer isto dizer que vivem conformadas com a pior das realidades, assumem a forma em que se encontra o mundo ou o seu país como uma contingência, uma tautologia conformada: a realidade é a realidade é a realidade é a realidade e não saem disto. É preciso dizer às pessoas que elas não estão sós, que o seu desespero não é autista, é bem real, e que existe um sentimento generalizado de que o mundo não está a ir no bom caminho.
Descontentes de todos os países, uni-vos numa só voz para dizer "não" à globalização enquanto esta for sinónimo de um desenfreado capitalismo internacional predador e causador de toda a destruição.