
A novidade surge em relação aos alunos que não obtenham aprovação na referida prova. Nesse caso, e segundo a proposta do PS, o conselho pedagógico de cada escola tem autonomia para ponderar a natureza das faltas e decidir o que fazer.
Há vários cenários possíveis. O aluno pode simplesmente chumbar ou ser excluído da disciplina em causa, ou a escola pode ainda optar pela realização de uma nova prova ou de um plano de trabalhos acrescido.
O PS apresentou estas alterações à proposta inicial, ontem, na comissão parlamentar de educação. Os partidos da oposição não esconderam a surpresa.
O PSD pediu o adiamento da votação que deverá acontecer na próxima terça-feira. O novo estatuto do aluno deverá chegar à votação na generalidade no início do próximo mês.
TVhttp://www.tvi.iol.pt/informacao/noticia.php?id=873929
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Para Paulo Portas, a ministra teve um comportamento «irresponsável» e foi «desautorizada» pelos deputados da maioria socialista. «Não se pode tratar da mesma forma um aluno que falta porque vai ao funeral de um familiar e um aluno que falta para ficar no café a fumar um cigarro», acrescentou hoje Portas, em conferência de imprensa. Portugal Diário
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Ficámos a saber que a maioria parlamentar do Ps na Assembleia existe e ainda mexe. Não podem impedir mas podem fazer alterações, o que já é qualquer coisa. Só não percebemos porque não exercem mais vezes este seu direito de fazer alterações, pois esta não é a primeira vez que é preciso fazer alterações às barbaridades que pretendem decretar. Mas será suficiente fazer alterações?
Sobre a lei e como vai ficar, o que há a dizer? Que é mais uma lei dúbia que deixa lacunas que permitem que não haja igualdade de oportunidades? Mas eu julgo ter ouvido que estamos precisamente no Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades! É com leis destas que Portugal se torna mais Europeu?
Não me esqueço daquelas palavras crápulas: "hoje em dia em Portugal todos os alunos têm explicador!" (Valter de Lemos -- até o nome é bezuntoso, valha-me Deus, como diz uma amiga). O estatuto já era dúbio e agora os critérios continuam dúbios, ainda que menos dúbios, mas ainda assim dúbios. Um pé em ramo verde e logo aparece todo um séquito a apoiar a Rainha de Copas e a dizer que estava tudo previsto, niguém foi desautorizado, muito menos Ela. A sinistra tem aparecido sempre nos telejornais a defender-se como pode, com aquela voz melosa. Estará a adivinhar que aquela lei mesmo assim filtrada e tudo ainda há-de favorecer "muito boa gente". Já estou a ver naquelas longas reuniões de conselho pedagógico a combinar-se que filho de algo vai passar e que filho de zé ninguém vai ficar retido. Igualdade de oportunidades? Só se for no mundo cor de rosa do Valter: todos a ter explicações, indiscriminadamente.
Vocês vão ver se eu não tenho razão. A próxima classe de pessoas a serem espremidas vão ser os pais. Se os filhos estiveram mesmo doentes e não passarem no exame é porque vocês não lhes facultaram explicações como fizeram os pais todos . Não tem dinheiro para isso? Que vá à banca, peça um empréstimo. Já houve um tempo em que se atiraram os pais contra os professores. Os próximos a sair na rifa são os pais, responsabilizados por tudo o que vai mal no ensino. Acusados de depositar os seus filhos na escola; em vez de, como antes, confiarem os filhos à Escola. Os pais vão ser indiscriminadamente acusados de não cuidarem da educação dos filhos, de não terem tempo para eles. E o pior é que muitas das vezes é isso mesmo que acontece, mas não necessariamente por mera incúria. Seria uma altura boa de os pais se voltarem contra a exploração dos seus horários de trabalho, de exigirem mais tempo para seguirem com atenção o processo educativo dos filhos, tomando uma posição de força e invertendo o curso da flexigurança.
As escola estão a transformar-se em gigantescas prisões de crianças, onde Strombolli, um perverso e strombólico director de teatro de fantoches, travestido em ministra, as vai transformando em burros, enquanto a um certo boneco de pau lhe cresce o nariz e um rabo de burro por dizer mentiras e se ter baldado às aulas da Independente.
Os pais seriam neste quadro uma espécie de parelhas de ratos e raposas que entregam os seus filhos nas mãos do dono do teatro por uma tuta e meia de salário. Ao velho Gepetto já não restará senão um papel secundário, será uma espécie de mito, personagem inverosímil de uma história infantil muito velha, com barbas.
E ainda faltava vir o Paulo Portas, como se fosse um desajustado Grilo Falante. Observe-se os exempla da argumentação: não é o mesmo chumbar por faltas para ir a funerais de familiares como chumbar por ir fumar para o café. Um exemplo espatafúrdio e exagerado, mesmo strombólico, como as suas propostas. Demitir a ministra por isto depois de não a terem demitido por tantas outras coisas... Uma oposição destas descredibiliza a necessidade efectiva de exigir a mudança das políticas.
Até o Cavaco já apareceu a chegar os pais à frente, com aquelas falinhas mansas a dizer que têm que participar mais. A que tipo de participação se referia? Esta gente não é de fiar, basta encomendar uma sondagem ao Roberto Carneiro e lá aparecem os pais a dizer que o ensino privatizado é que era bom. Os pais têm é que estar mais atentos e, enquanto professores e pais acossados não se unirem, os objectivos da ofensiva à escola pública herdada de Abril vão continuar sendo metodicamente levados a cabo, com o governo apontando culpas ora a uns ora a outros, colocando interminavelmente uns contra os outros. Entretanto o que mais lhe importará são os números, com que acenará ao povo e aos seus parceiros europeus. Números que cada vez mais apontam para que tudo está melhorando no Ensino em Portugal.