quarta-feira, outubro 31, 2007

Artigo 19

"Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão." [1]

terça-feira, outubro 30, 2007

Opções...

Cartoon daqui

«Há uns meses optei por ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio.

Comprado o bilhete, dei comigo num comboio que só se diferenciava dos nossos
Alfa por ser menos luxuoso e dotado de menos serviços de apoio aos
passageiros.

A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de
vista, demorou cerca de cinco horas.

Não fora ser crítico do projecto TGV e conhecer a realidade económica e
social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemas únicos
dos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos.

Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos
resultantes da substantiva criação de riqueza.

A resposta está na excelência das suas escolas, na qualidade do seu Ensino
Superior, nos seus museus e escolas de arte, nas creches e
jardins-de-infância em cada esquina, nas políticas pró-activas de apoio à
terceira idade. Percebe-se bem porque não construíram estádios de futebol
desnecessários, porque não constroem aeroportos em cima de pântanos nem
optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de
multinacionais.

O TGV é um transporte adaptado a países de dimensão continental, extensos,
onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por
passageiro, competitivo com o transporte aéreo.

É por isso, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem
essas tecnologias, que existe TGV em França ou Espanha (com pequenas
extensões a países vizinhos). É por razões de sensatez que não o encontramos
na Noruega, na Suécia, na Holanda e em muitos outros países ricos. Tirar 20
ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cercade 7,5 mil
milhões de euros não terá qualquer repercussão na economia do País.

Para além de que, dado hoje ser um projecto praticamente não financiado pela
União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de
portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de
pagar.

Com 7,5 mil milhões de euros pode-se construir mil escolas Básicas e
Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil
obsoletas e subdimensionadas (a 2,5 milhões de euros cada uma), mais mil
creches inexistentes (a 1 milhão de euros cada uma) e mais mil centros de
dia para os nossos idosos (a 1 milhão de euros cada um).

Ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas
outras carências, como a urgente reabilitação de toda a degradada rede
viária secundária.

CABE ao Governo REFLECTIR.

CABE à Oposição CONTRAPOR.

CABE AOS CIDADÃOS MANIFESTAREM-SE!!!

CABE À TUA CONSCIÊNCIA DIVULGAR OU DEIXAR ANDAR!»

(recebido por mail; retirado daqui)

domingo, outubro 28, 2007

O Valter é um finório

Este finório afirmou na semana passada, num depoimento ao Fórum TSF, que hoje em dia todos os alunos portugueses tinham explicações. Das duas uma, ou o senhor tem palas nos olhos e não vê os outros para além das posses dos que gravitam à sua volta ou então tem palas nos olhos e é burro. Num momento em que acabam de sair os números da pobreza em Portugal, estes tipos têm o desaforo de vir zurrar bestialidades destas, num programa de rádio. Tinham-lhe feito a pergunta se o novo Estatuto do Aluno, com o novo regime de faltas cujo excesso não implica necessariamente uma retenção do aluno, podendo este fazer um exame e passar, perguntaram-lhe se essa lei não iria criar desigualdades, favorecer os que podiam ter explicações e passar no exame e não dar igualdade de oportunidades aos que não tinham um papá para lhes pagar as explicações. Mas para gente desta isso são coisas que os jornalistas lhes perguntam para os apanhar em falso. Por isso há que ter sempre uma boa resposta na manga e quem de vós duvida que hoje em dia haja algum aluno português que não tenha explicações? É desta casta que se reveste o verdadeiro finório da nossa praça política. Pelo menos alguns dos pais que pagam explicações aos filhos vão achar que o Valter diz umas coisas certas. E os outros? Os que não têm dinheiro para fazer chegar até ao fim do mês nem para comer, o que pensarão eles do Valter?

sexta-feira, outubro 26, 2007

COMUNICADO AIT


Comunicado

do

Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AIT)

(de 22 de Outubro de 2007)

Não ao novo Tratado europeu!

Na noite de 18 para 19 de Outubro, os 27 chefes de Estado e de Governo dos países da UE adoptaram um novo tratado europeu, designado por «Tratado de Lisboa».

Dois anos e meio depois da rejeição, pelos povos francês e holandês, do projecto de Constituição europeia, os dirigentes da União Europeia acabam de adoptar um tratado que retoma o essencial do que constava desse projecto.

É uma verdadeira negação da democracia.

Tal como o projecto rejeitado de Constituição europeia, o novo Tratado de Lisboa confirma e acentua todos os artigos dos tratados anteriores (Roma, Maastricht, Amsterdam e Nice)

e, nomeadamente:

O artigo sobre o mercado interior e a livre circulação das mercadorias, das pessoas, dos serviços e dos capitais, em nome do qual são editadas todas as directivas europeias de privatização dos serviços públicos (Correios, Telecomunicações, Electricidade, Gás, Caminhos-de-ferro), transpostas em seguida para todos os países da Europa;

O artigo sobre a proibição dos subsídios do Estado, que torna ilegais todas as ajudas financeiras a serviços públicos ou empresas, impedindo desse modo qualquer (re)nacionalização;

O artigo sobre os défices públicos excessivos, em nome dos quais – em toda a Europa – os governos têm asfixiado todos os orçamentos do sector público, diminuído brutalmente as despesas de saúde e aumentado a idade de passagem à aposentação.

Tal como o projecto rejeitado de Constituição europeia, o novo Tratado de Lisboa reforça o carácter supranacional das instituições da União Europeia, nomeadamente:

- Pela instauração de um Presidente da União Europeia, cujo mandato pode durar 5 anos, em vez da actual Presidência rotativa semestral;

- Pelo reforço dos poderes do Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros:

- Pelo reforço da subordinação à NATO;

- Pelo reforço das prerrogativas do Banco Central Europeu.

Tal como o projecto rejeitado de Constituição europeia, o novo Tratado de Lisboa pretende negar qualquer soberania às nações europeias e aos seus povos, para poder ir até fim do desmantelamento de todas as conquistas sociais e democráticas existentes.

Contra esta negação da democracia, militantes de doze países da Europa lançaram um apelo para dizer:

Não ao novo Tratado europeu!

Revogação de todos os tratados!

Revogação do Tratado de Maastricht-Amesterdão,

Defesa e reconquista dos direitos e garantias

contidos nas legislações de cada um dos nossos países!

A 2 e 3 de Fevereiro de 2008, realizar-se-á uma Conferência de delegados dos signatários desta Apelo, para ajudar a «construir, à escala de cada um dos nossos países e à escala de toda a Europa, uma única frente – constituída pela unidade de todos os trabalhadores com as suas organizações – para reconquistar as prerrogativas democráticas que são a base da soberania dos povos» e para ajudar a «preservar a existência das nossas organizações sindicais».

quinta-feira, outubro 25, 2007

Prémio Jornalismo Bilderberg

Edição de 19 de Outubro de 2007


Imagens subliminarmente enganadoras...


"O PÚBLICO"

Informação enganadora

(Kaos)

------------------------------------------------------------

Este que se segue foi o comentário que fiz na edição de papel do dia 19 de Outubro no Público Online depois de me ter devidamente registado para o efeito. Fui agora verificar se tinha sido publicado. Não foi. Não existe nenhum comentário feito, quem comentar será o primeiro. Isto apesar de na altura ter tido uma confirmação do envio do comentário. E de ser possível saber no site que alguém comentou a notícia. O meu não deve ter sido aprovado. Querem vocês experimentar?

A fotografia que o Público publicou na edição de 19 de Outubro acompanhando a notícia da Manifestação de 18/Outubro não pode estar desprovida de uma intencionalidade alarmante. É difícil supor que um fotógrafo profissional não tivesse tido uma intenção bem marcada ao fazer um enquadramento que falseia inteiramente as intenções dos cartazes e da própria manifestação. Além dele, são igualmente responsáveis por este branqueamento da verdadeira mensagem da manifestação de 200 mil pessoas ocorrida no dia do acordo do chamado “Tratado de Lisboa” todos os responsáveis pela escolha da fotografia e os responsáveis pela edição do jornal, cujo responsável-mor é o próprio director do jornal Público.

Não pode ter sido mera incompetência, nem tão-pouco distracção. Os profissionais da informação não se distraem, o seu objectivo é buscar a mensagem final. Esta fotografia é deturpadora da realidade de o que ali se passou naquele dia em que 200 mil pessoas vieram para as ruas, em representação de muitos outros trabalhadores, reclamar-se “Contra a Flexigurança” (e não “Com a Flexigurança”), contra as políticas europeias que a querem impor (e não “Europa Si…”). Esta imagem é perigosa por estar colocada num jornal que um dia servirá de documento histórico ainda que deliberadamente construa falsas pistas. Um dia, se o que restar de testemunho da manifestação de 18/Outubro/2007 for uma velha imagem de jornal, e essa imagem for esta, haverá quem a use para legitimar e reforçar o apoio popular desses 200 mil representantes dos trabalhadores ao projecto europeu contra o qual lutavam. Chama-se a isto o poder de construir a História. Jornalismo de mentira.

Este não é um caso inocente e nem um caso isolado. Também o Jornal de Notícias usou os mesmos sinistros métodos -- e não com a mesma imagem, mas com outra carregada das mesmas perigosas intenções.

Esta é a minha opinião. Provem-me que estou errada. Venho lançar um convite a todos os responsáveis do jornal “O Público” para se retratarem neste grave equívoco, justificando as suas motivações, revelando ao público que poder os moveu.


Não ao Tratado Europeu

ENCONTRO PARA A UNIDADE PARA UMA POLÍTICA SOCIALISTA

PELA DEFESA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA!

NÃO AO TRATADO EUROPEU!


Cara(o) camarada,

Fomos 200 mil a apoiar a CGTP quando disse, pela voz de Carvalho da Silva: “Não aceitamos a revisão do Código do Trabalho. Não aceitamos a desregulamentação do horário de trabalho. Este conceito de flexigurança, que nada tem a ver com a nossa realidade, tem que ser rechaçado. Não aceitamos que haja já outros a preparar-se para saltar para o poleiro, para exigirem dos trabalhadores ainda mais e mais, e a dizerem que iriam continuar mais 15 a 20 anos assim, a explorarem sem limites e a viverem à custa da especulação financeira.

Não podemos continuar assim, pois isto só gera mais desemprego, mais precariedade, mais desigualdade, mais 100 mil trabalhadores a partirem, em cada ano, para a imigração.

É tempo de:

- Aumentar os salários e melhorar as condições de vida das famílias;

- Travar o desemprego e as privatizações;

- Travar a ofensiva contra as carreiras dos funcionários públicos;

- Investir na Educação, em vez da política contra os seus profissionais (professores);

- Fazer uma política de Saúde ao serviço das populações e não do capital;

- Promover a justiça social.

(…) Estamos juntos na luta com os outros trabalhadores da Europa, com a greve dos trabalhadores franceses, para os quais mandamos uma fraterna mensagem de solidariedade.

Apostamos no combate para a unidade.”

Carvalho da Silva afirma que aposta na realização da unidade.

Nós partilharemos de todo o combate para a unidade que for na via de pôr em prática uma política para responder às exigências da maioria do povo, expressas na manifestação dos 200 mil de 18 de Outubro.

Para nós, a satisfação dessas exigências e o caminho da unidade só podem assentar na defesa e retoma de todas as conquistas do 25 de Abril – incompatíveis com as directivas e os tratados da União Europeia.

Na Assembleia da República existe uma larga maioria de deputados pertencentes a forças políticas que se reclamam do 25 de Abril. Entre eles, está a maioria absoluta do PS.

Onde está escrito que esta maioria tem que apoiar um Governo que é unha com carne com Durão Barroso – cuja política o povo rejeitou nas eleições de Fevereiro de 2005?

Não está escrito em lado nenhum!

Foi esta constatação que levou militantes de diferentes tendências, reunidos com o POUS, a enviarem uma mensagem aos manifestantes de 18 de Outubro, onde é dito:

«Estamos convencidos de que são essenciais todos os passos que forem dados no sentido da batalha democrática pela unidade de todos os sindicatos e forças de Abril, em direcção ao Grupo parlamentar do PS – para que rompa com as ordens da Comissão Europeia e do BCE, com os seus Tratados (em particular o de Maastricht, que impõe a ditadura do “défice zero”), para que se recuse a caucionar o novo “Tratado reformador da UE”, que retirará todo o poder à Assembleia da República.

É esta convicção que nos leva a propor a realização de um Encontro para a unidade, para combater pela constituição de um Governo que aplique um programa de medidas socialistas, um programa para retomar todas as conquistas do 25 de Abril, para a construção de um país de liberdade, de paz, de desenvolvimento e da realização em todas as suas dimensões, da económica à cultural.»

Foi neste sentido que, também nessa mensagem, anunciámos a realização de uma reunião com o objectivo de começar a organizar este

ENCONTRO PARA A UNIDADE PARA UMA POLÍTICA SOCIALISTA

Reunião de preparação, 6ª feira, 26 de Outubro de 2007, 18 h 30 M

Rua Santo António da Glória, nº 52 B – cave C, Lisboa

(Local cedido pelo POUS)

Cara(o) camarada,

Participa nesta reunião, aberta a todos os que reconhecem a necessidade de avançar nesta via.

Lisboa, 23 de Outubro de 2007

Pela Comissão de Iniciativa

Jorge Torres (CT da UNOR)

Carmelinda Pereira (POUS)

Assina o Apelo europeu pelo “Não ao Tratado reformador da UE”

quarta-feira, outubro 24, 2007

segunda-feira, outubro 22, 2007

quarta-feira, outubro 17, 2007

Pobreza/Riqueza Extremas e Tratados assinados em papeis molhados

Tratado simplificado
(Texto de Arquivo)

O Meu Compadre



O meu compadre

Que é rico, disse-me:

Tira os olhos do chão

Aceita o meu concelho

Não aceites derrotas

Tira os olhos do chão

Tira os olhos do chão


E eu respondi

Ó meu amigo, ó meu palerma

Se eu tenho os olhos no chão

Não é por estar derrotado

É pra ver o caminho

E é pra ver o que calco

Que eu não ando nas nuvens

A pisar pó de talco

A pisar pó de talco.


Vamos, vamos, vamos

Tomar cuidado

Com promessas assinadas

Em papel molhado


O meu compadre

Que é rico, disse-me:

Eu cá sou democrata

Cumprimento as vizinhas

Como pão e sardinhas

Até as como da lata

Que eu cá sou democrata.


E eu respondi:

Ó meu amigo, ó meu cretino

Democratas assim

Tem a gente de sobra

A vender a banha de cobra

E a afinar o latim

Pela nota corrente

E pela nota de mil

Democratas assim

Até há dois no Brasil

Até há dois no Brasil


Vamos, vamos, vamos

Tomar cuidado

Com promessas assinadas

Em papel molhado


O meu compadre

Que é rico disse-me:

Somos todos irmãos

Que é que interessa eu ser rico

Não faz mal tu seres pobre

Somos todos irmãos


E eu respondi:

Ó meu amigo, ó meu hipócrita

Se somos todos irmãos

Diz-me então onde andavas

Quando, algemas nas mãos

A gente pagava as favas

Por só querermos ser gente

E como gente falar

Diz-me de que lado estavas

Antes disto mudar

Antes disto mudar


Vamos, vamos, vamos

Tomar cuidado

Com promessas assinadas

Em papel molhado.


Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

Batalha contra a Pobreza

"Reduzir a metade a pobreza extrema até 2015 tornou-se muito difícil, devido ao tempo precioso que perdemos nos primeiros dez anos", declarou recentemente Mark Malloch Brown, administrador do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD)."

"Mais de mil milhões de pessoas sobrevivem, no Mundo, com um rendimento inferior a um dólar (cerca de 76 cêntimos) por dia. Outros 2700 milhões lutam pela sobrevivência com menos de dois dólares por dia. Em alguns países extremamente pobres menos de metade das crianças tem acesso à escola primária e menos de 20% acedem ao ensino secundário. No Mundo inteiro, existem 114 milhões de crianças a quem está vedado o ensino básico e há 584 milhões de mulheres que são analfabetas." - Por Carlos Gomes no JN

É por noticias como estas que temos de nos juntar e fazer chegar bem alto a nossa mensagem. Cada um de nós é preciso neste batalha, batalha que é de Paz. Assim apelo a todos que correspondem amanhã a esta iniciativa (Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza - 17 de Outubro) e ergam as vossas vossas contra um mal, que o ser Humano tem infelizmente contribuido. Uma das maneiras de todos se manifestarem é usarem a
pulseira branca que é o símbolo do Apelo Global para a Acção contra a Pobreza. A Pobreza Zero estará presente um pouco por todo o país com diversas acções do "Levanta-te contra a pobreza" em acções de rua, empresas, escolas, etc. Tendo em conta esta iniciativa aconselho vivamente a visitarem

www.pobrezazero.org/levantate


Abraços e boa participação.

http://valoresportugueses.blogspot.com

A riqueza extrema de uns

é a pobreza extrema de outros

Em Portugal, ouvi hoje mesmo nos noticiários, assistimos hoje ao nascimento de "uma nova classe de pobres"; não são só pobres os desempregados e os idosos (graças às reformas de miséria que o Estado lhes deu por terem trabalhado toda a vida!) mas agora também se lhes vem juntar uma nova classe de trabalhadores precários cujo rendimento mensal não chega a atingir os 400 euros. "Nada mau!" -- pensarão os que usarem o argumento miserabilista de que temos nós cá muita sorte, pois se há sítios no mundo em que o rendimento é de cerca de 76 cêntimos/dia! -- Não partilho desta postura miserabilista: quanto a mim não há que nivelar por baixo, há apenas que nivelar e que acabar com as situações imorais de pobreza e de riqueza extremas!



Intimidações Policiais na Ordem do Dia

COMUNICADO DE IMPRENSA

A COAGRET-Portugal (Secção Portuguesa da Coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases) esteve representada na apresentação do Plano Nacional de Barragens com elevado potêncial hidroeléctrico", que decorreu no Museu da Água (Lisboa) no passado dia 4/10/2007. No fim da sessão, depois de falarmos com os jornalistas (ver noticiários desse dia na TVI, RTP e SIC), saindo já os portões do Museu, fomos abordados por dois gentes da PSP à paisana (...) que vieram a correr na nossa direcção para proceder à nossa identificação... com que fundamento, não nos foi explicado, apesar e insistentes pedidos. Consideramos tal uma atitude intimidatória, inserida num quadro geral de instrumentalização política das forças de segurança, com activistas em geral e não "apenas" com sindicalistas de tendência partidária reconhecida. Para denuciar tal situação e apresentar queixas formais, irá a COAGRET-Pt , com o apoio de outras ONGAs, realizar um périplo por 4 instituições, amanhã de manhã, que iniciará no SIS às 9h30, passará pelo Ministério da Administração Interna, seguindo à Provedoria de Justiça e terminará às 12h00 no Parlamento. Todas as deslocações serão feitas de transportes públicos (afinal há que manter a coerência...;-).

Para qq assunto contactar, Pedro Felgar Couteiro COAGRET-Portugal Apartado 33 5350-909 Alfândega da Fé telm.COAGRET: +351 969761301 (solicita-se divulgação a quem possa interessar)

nota: a COAGRET-Portugal foi fundada em 10 de Junho de 2007 como secção autónoma de uma confederação ibérica de movimentos que defendem os rios e os fectados dos rios destruidos. A COAGRET nasceu no início dos anos '80 como reacção ao Plano Hidrológico de Espanha [http://www.coagret.com]. Neutralizado este plano é tempo de evitar, também em Portugal, o holocausto hídrico resultante da barragem do Baixo Sabor + 10 outras barragens (!?!) + as outras que se seguiriam...

SABOR VIVO, MEMÓRIA DO FUTURO!
Este é o tempo dos rios e de uma nova cultura da água!

João Paulo Soares
http://bioterra.blogspot.com Matosinhos - Portugal "A água pura bebe-se pelo coração"

A ambio tem 489 membros

terça-feira, outubro 16, 2007

ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA sempre!


...A VOZ DA LIBERDADE


Mesmo na noite mais triste


em tempo de servidão

há sempre alguém que resiste

há sempre alguém que diz não.


O Pafúncio junta-se à homenagem lançada por As Vozes Silenciadas

segunda-feira, outubro 15, 2007

Um Editorial muito pertinente


As razões do povo…

Enfermeiros mobilizam-se, por todo o país, explicando às populações que estão a ser despedidos, que os serviços de saúde vão ficar inoperacionais, numa situação em que os seus sindicatos afirmam existir já um défice de 30 mil enfermeiros nos Centros de saúde e hospitais.

As populações da Régua, da Marinha Grande, de Vendas Novas não desistem da sua exigência de preservar os seus serviços de saúde (de urgência permanente e de proximidade),

Os médicos que prestam serviço de urgência no Hospital da Anadia, estão de tal maneira determinados a manter aberto aquele serviço – considerado excelente – que, em desespero de causa, se dispõem a abdicar de 30% do seu salário.

Os pais e encarregados de educação chegam a ocupar as escolas dos seus filhos para garantir que estas não fecham e que eles não são deslocados para outras situadas a dezenas de quilómetros.

Os polícias de Segurança pública manifestam-se aos milhares, clamando por justiça, afirmando-se “em defesa dos seus direitos e contra o caos”.

Os agricultores do norte do país e dos Açores manifestam-se para exigir condições para poder produzir.

…e as “razões de Estado”

Ao dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que questionou o ministro da Saúde – Correia de Campos – sobre a razão do Governo estar a despedir enfermeiros, com contrato a termo certo, quando estes eram imprescindíveis para o funcionamento do Sistema Nacional de Saúde, o ministro respondeu: “Despedimo-los… por razões de Estado!” Por outro lado, uma Secretária do Ministério da Saúde respondeu, categoricamente, à Comissão de Utentes do SAP da Marinha Grande, quando esta lhe fazia entrega de uma carta com mais de 6 mil subscritores: “A manutenção dos SAP’s não faz parte do programa do Ministério da Saúde”!

Poderemos ler nesta resposta de Correia de Campos e da sua Secretária que estas “razões de Estado” são certamente as mesmas que levam a que um cada vez maior número de bebés tenha como “maternidade” uma ambulância e como “médico” um bombeiro!

São certamente as mesmas “razões de Estado” que levaram ao corte drástico no Orçamento para todos os serviços públicos, cujos resultados estão bem à vista na liquidação de 12 mil postos de trabalho docente, por exemplo.

As “razões de Estado” são, afinal, as ordens da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE), que impõem a Portugal a redução de tudo o que é encargo social, para que – em nome do chamado “Pacto de Estabilidade e Crescimento” – o défice das finanças públicas tenha que ser reduzido abaixo de 3%!

Um BCE tão draconiano para os trabalhadores e as populações dos países da Europa… e tão esbanjador para com os especuladores (ver pg. 3)!

Contra a ditadura da União Europeia, pela democracia

E para tentar garantir que não haja qualquer vacilação na aplicação das “razões de Estado” – e até alargar o seu âmbito – os chefes Estado e de Governo da UE preparam, à socapa, o chamado “Tratado reformador para a UE”.

Um Tratado que levaria à anulação completa da Constituição da República portuguesa e da soberania nacional. (ver pg. 2)

Quando tanto já se perdeu, e quando se está na iminência de um salto qualitativo na destruição do nosso país; quando existe uma maioria de deputados do PS na Assembleia da República, eleitos sobre a base de uma profunda derrota da política de Durão Barroso – actual Presidente da Comissão Europeia; quando os trabalhadores e as populações, diariamente, têm afirmado (desde o início da governação de Sócrates): “Não foi para isto que vos elegemos! Não foi para isto que vos elegemos! Queremos de volta os nossos hospitais, as nossas maternidades, as nossas escolas, os nossos direitos e estatutos!”; quando muitos militantes do PS afirmam: “O meu PS não tem nada a ver com Sócrates! Sócrates está a destruir o PS!”.

Então, o que há a fazer?

Não é a unidade de todas as organizações que se reclamam das conquistas do 25 de Abril, com o povo trabalhador, para exigir aos deputados do PS que cumpram o mandato que este lhe deu e respeitem a democracia, rompendo com o rolo compressor da Comissão Europeia e do BCE?

Carmelinda Pereira
Editorial de "O Militante Socialista", nº. 66


"Goor - A Crónica de Feaglar II"


O autor, Pedro Ventura ( Sá Morais ), e a Papiro Editora têm o prazer de convidar a comunidade blogosférica a estarem presentes no lançamento promocional do livro "Goor - A Crónica de Feaglar II", que terá lugar no dia 13 de Outubro de 2007, pelas 15h30, na livraria Pretexto ( R. dos Andrades, 55 - Viseu )

O apresentador convidado será o nosso amigo Outsider.

---------------------------------------------


Gostava muito de ter podido estar presente neste lançamento do segundo livro do Pedro Ventura (Sá Morais) e só não estive lá porque à última da hora não foi possível. Teria sido um bom pretexto para estar com ele!

Ao livro e ao seu autor desejo reconhecido mérito! E deixo aqui um abraço!





sexta-feira, outubro 12, 2007

quinta-feira, outubro 11, 2007

Pôr a Boca no Trombone

ENFIM, SÓ!

Público, 27.05.2007
António Barreto
Retrato da Semana

A saída de António Costa para a Câmara de Lisboa pode ser interpretada de muitas maneiras. Mas, se as intenções podem ser interessantes, os resultados é que contam. Entre estes, está o facto de o candidato à autarquia se ter afastado do governo e do partido, o que deixa Sócrates praticamente sozinho à frente de um e de outro. Único senhor a bordo tem um mestre e uma inspiração. Com Guterres, o primeiro-ministro aprendeu a ambição pessoal, mas, contra ele, percebeu que a indecisão pode ser fatal. A ponto de, com zelo, se exceder: prefere decidir mal, mas rapidamente, do que adiar para estudar. Em Cavaco, colheu o desdém pelo seu partido. Com os dois e com a sua própria intuição autoritária, compreendeu que se pode governar sem políticos.

Onde estão os políticos socialistas? Aqueles que conhecemos, cujas ideias pesaram alguma coisa e que são responsáveis pelo seu passado? Uns saneados, outros afastados. Uns reformaram-se da política, outros foram encostados. Uns foram promovidos ao céu, outros mudaram de profissão. Uns foram viajar, outros ganhar dinheiro. Uns desapareceram sem deixar vestígios, outros estão empregados nas empresas que dependem do Governo. Manuel Alegre resiste, mas já não conta. Medeiros Ferreira ensina e escreve. Jaime Gama preside sem poderes. João Cravinho emigrou. Jorge Coelho está a milhas de distância e vai dizendo, sem convicção, que o socialismo ainda existe. António Vitorino, eterno desejado, exerce a sua profissão. Almeida Santos justifica tudo. Freitas do Amaral reformou-se. Alberto Martins apagou-se. Mário Soares ocupa-se da globalização. Carlos César limitou-se definitivamente aos Açores. João Soares espera. Helena Roseta foi à sua vida independente. Os grandes autarcas do partido estão reduzidos à insignificância. O Grupo Parlamentar parece um jardim-escola sedado. Os sindicalistas quase não existem. O actual pensamento dos socialistas resume-se a uma lengalenga pragmática, justificativa e repetitiva sobre a inevitabilidade do governo e da luta contra o défice. O ideário contemporâneo dos socialistas portugueses é mais silencioso do que a meditação budista. Ainda por cima, Sócrates percebeu depressa que nunca o sentimento público esteve, como hoje, tão adverso e tão farto da política e dos políticos. Sem hesitar, apanhou a onda.

Desengane-se quem pensa que as gafes dos ministros incomodam Sócrates. Não mais do que picadas de mosquito. As gafes entretêm a opinião, mobilizam a imprensa, distraem a oposição e ocupam o Parlamento. Mas nada de essencial está em causa. Os disparates de Manuel Pinho fazem rir toda a gente. As tontarias e a prestidigitação estatística de Mário Lino são pura diversão. E não se pense que a irrelevância da maior parte dos ministros, que nada têm a dizer para além dos seus assuntos técnicos, perturba o primeiro-ministro. É assim que ele os quer, como se fossem directores-gerais. Só o problema da Universidade Independente e dos seus diplomas o incomodou realmente. Mas tratava-se, politicamente, de questão menor. Percebeu que as suas fragilidades podiam ser expostas e que nem tudo estava sob controlo. Mas nada de semelhante se repetirá.

O estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário. Crispado. Despótico. Irritado. Enervado. Detesta ser contrariado. Não admite perguntas que não estavam previstas. Pretende saber, sobre as pessoas, o que há para saber. Deseja ter tudo quanto vive sob controlo. Tem os seus sermões preparados todos os dias. Só ele faz política, ajudado por uma máquina poderosa de recolha de informações, de manipulação da imprensa, de propaganda e de encenação. O verdadeiro Sócrates está presente nos novos bilhetes de identidade, nas tentativas de Augusto Santos Silva de tutelar a imprensa livre, na teimosia descabelada de Mário Lino, na concentração das polícias sob seu mando e no processo que o Ministério da Educação abriu contra um funcionário que se exprimiu em privado. O estilo de Sócrates está vivo, por inteiro, no ambiente que se vive, feito já de medo e apreensão. A austeridade administrativa e orçamental ameaça a tranquilidade de cidadãos que sentem que a sua liberdade de expressão pode ser onerosa. A imprensa sabe o que tem de pagar para aceder à informação. As empresas conhecem as iras do Governo e fazem as contas ao que têm de fazer para ter acesso aos fundos e às autorizações.

Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e sem oposição à altura, Sócrates trata de si. Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns interesses económicos, Sócrates governa. Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do Estado. Nomeia e saneia a bel-prazer. Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos. É possível. Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta de carinho dos portugueses pela liberdade.

Frases do meio da noite


"Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, se não transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para dentro de um abismo, o abismo também olha para dentro de ti."

Máximas e Interlúdios in Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal

quarta-feira, outubro 10, 2007

OLÉ! Até...



...

Não resisti a trazer este post da Sinistra Ministra para O Pafúncio. Ainda mais porque ainda há pouco me indignei com uma oferta de emprego que pedia um Psicolinguísta (é preciso tirar antes um curso superior nessa área para poder responder, não é?). Entretanto as condições de trabalho oferecidas resumiam-se a duas palavras: "Recibos-verdes"



"O FERVE - Fartos/as d'Estes Recibos Verdes congratula os/as trabalhadores/as de Espanha pela vitória alcançada!
Hoje, segunda-feira, dia 8 de Outubro,os/as trabalhadores/as independentes/as de Espanha assistiram a um momento de viragem na sua luta de anos! Mais de três milhões de pessoas poderão usufruir de subsídio de desemprego, seguro face a acidentes laborais ou subsídio de maternidade e paternidade.

Enviamos o link para a notícia do El Pais: http://www.elpais.com/articulo/economia/autonomos/tendran/derecho/paro/2009/cotizan/euros/elpepueco/20071008elpepieco_2/Tes

(Pelo FERVE; Cristina Andrade)


Como sempre enquanto aqui ao lado uns chegam à conclusão de que afinal não estavam a ir no bom caminho e que é preciso mudar de políticas, é quando os nossos governantes andam no auge do entusiasmo por aplicar medidas caducas que noutros países já vão assumindo a falência (do sistema!).

Por que será que os nossos governantes refinam tudo o que é mau, tornando-o ainda pior?




segunda-feira, outubro 08, 2007

Poemas de Amor Cativantes II


Imagem daqui
E alegre se fez triste


Aquela clara madrugada que
viu lágrimas correrem no teu rosto
e alegre se fez triste como se
chovesse de repente em pleno Agosto.

Ela só viu meus dedos nos teus dedos
meu nome no teu nome. E demorados
viu nossos olhos juntos nos segredos
que em silêncio dissemos separados.

A clara madrugada em que parti.
Só ela viu teu rosto olhando a estrada
por onde um automóvel se afastava.

E viu que a pátria estava toda em ti.
E ouviu dizer-me adeus: essa palavra
que fez triste a clara madrugada.

Manuel Alegre, Trinta Anos de Poesia

quinta-feira, outubro 04, 2007

Bárbara Barbárie

Imagem retirada daqui

Léo Ferré
BARBARIE

Dans la rue anonyme
Y'a partout des Jésus

Qui vont quêter leur dîme

Avec des yeux battus

Barbarie donne-lui quelques sous
Barbarie Ô cet air aigre-doux!

Barbarie après tout je m'en fous


Dans la rue où l'on pèche
Y'a des filles d'amour

Qui mettent leur chair fraîche

A l'étal des carrefours

Barbarie garde donc ton écu

Barbarie c'est toi qui l'as voulu

Barbarie le remède est connu


Dans la rue à nausée

Y'avait un assassin

Qui donna la saignée

Au galant pèlerin


Barbarie ce fut accidentel

Barbarie en sortant de l'hôtel

Barbarie le péché fut mortel


Dans la rue infernale

Qui nous mène au sapin
Lave ton linge sale

Mais prends garde aux pépins


Barbarie si tu veux de l'amour

Barbarie méfie-toi des discours

Barbarie le bonheur est si court

Barbarie...

Barbarie...

Petição Online: «Alguém acuda ao Salão Nobre do Conservatório, por favor!»

http://suggia.weblog.com.pt/arquivo/192545.html


Alguém acuda ao Salão Nobre do Conservatório, por favor!

Thank you for signing the petition Alguém acuda ao Salão Nobre do Conservatório, por favor!. Your signature has been successfully recorded.

Please browse the following quick links. Visite:

Tell a Friend

View public signature list

View the petition

Vamos assistir a esse património que é de todos nós converter-se numa instituição privada, uma espécie de fundação (!) ?

Eu já assinei.

Proponho que façam a vossa parte, em consciência, com consciência.


terça-feira, outubro 02, 2007

Ao desabrigo

Hoje houve a primeira reunião da Associação de Pais, a última desta direcção. Terminou o seu mandato com um saldo positivo. Fez “a obra”. A obra foi um telheiro que resultou da boa vontade dos pais que compraram t-shirts e com o moscovita contributo de mecenas que lá estavam hoje representados, para sabermos que existem. Um dia em que esteja pouco vento e alguma chuva havemos de agradecer a parte que nos coube da obra que sobrou para o exterior. Todos os dias há pais que deixam os seus filhos à porta da escola ainda fechada. Têm horários. Todos os dias são muitos os pais que esperam pelos seus filhos desabrigados. São tantos que duvido que vão caber debaixo daquele telheiro. Também esse telheiro não foi feito a pensar neles … Mas já as crianças para quem ele foi feito, essas continuarão do lado de fora da escola, empurrando-se debaixo do telheiro ou continuando a abrigar-se nos prédios. Andarão à chuva e ao vento, como sempre andaram, porque a escola está fechada. Os pais destes meninos cada vez têm horários de trabalho mais flexíveis e ainda nem está aplicada a flexigurança. Será que a flexigurança vai trazer um melhor abrigo para os nossos filhos? E o abrigo? Como deixá-los à porta da escola arcando com toda a responsabilidade pelo que lhes acontecer naquele entretanto. Eis que o portão abre e eles entram para a escola. Continuarão sem abrigo até às salas de aula onde chegarão ensopados mas estarão mais fortes no Inverno. Aí ficam mais horas do que lhes convém porque todos os pais têm horários flexíveis. Muitos pais pensam: como tudo seria mais fácil se ficassem na escola até à hora deles sairem do trabalho… e nem se lembram quando eram crianças e queriam brincar, correr, pular, sonhar. Os pais já perderam os sonhos, só têm realidade e pouco tempo. De vez em quando um lembra-se de que uma criança é uma criança, não pode ter só regras senão perde a noção da liberdade. Mas eles próprios já não sabem o que isso é. Têm que cumprir as regras do seu trabalho, senão há sempre quem lhes cobice os empregos e esteja pronto a vender a sua força de trabalho mais barata. Dizem que as Actividades de Enriquecimento Curricular este ano estão a funcionar melhor. Mas eu fui ao caderno de Inglês do meu filhos e li apenas “Sumário: Regras.” O meu filho já teve o seu horário lectivo, já cumpriu as regras do refeitório, e aquilo a que menos aspira depois disso é cumprir mais regras. A professora do ano passado era tão boa professora. Porque trocaram de empresa? Por ser mais barato? As crianças precisam de actividade física e artística, precisam de extravasar de tantas regras. Como podem crianças numa idade tão física ficar todo o dia encerradas numa sala de aula e ainda mais com regras? Para que se preparam estas crianças? Todos ficamos felizes com a formação profissional, mas perguntamos: têm empregos para dar a essas crianças depois? Ou formarão apenas uma massa amorfa de gente inculta a quem não dão préstimo? Crianças destas serão os pais dessas outras crianças que continuarão à chuva debaixo do telheiro à espera que a escola abra.Terão empregos precários e inflexibilidade de horários. Qual será então "a obra"? Quantos deles virão ainda à reunião?

segunda-feira, outubro 01, 2007

Protege-se o que se ama

Dia Mundial da Música


Chichorro, Aula de Música


"Music was my first love and it will be my last..."
Eric Carmen

Tenho muita pena que os meus pais nunca me tivessem levado a ter aulas de música. Verdade seja dita que na família não há ninguém que toque um instrumento. Mas felizmente em minha casa sempre se ouviu música. Música de todos os géneros, mas boa música. Lembro-me de ser uma criança muito pequena no dia em que me refugiei debaixo da enorme secretária do meu pai para que se esquecessem de me mandar para a cama. E ali fiquei noite dentro ouvindo uns certos discos que vinham de França camuflados dentro de outros discos que um amigo do meu pai trouxera. Foi aí que ouvi pela primeira vez a música do José Mário Branco: "Um e dois e três, era uma vez um soldadinho/de chumbo não era porque era um soldadinho/(...)/ os senhores da terra o mandam pra guerra morrer ou matar/(...). Parecia uma música para embalar crianças mas a mim tirou-me o sono. Ainda hoje a oiço.
Mais tarde, na fase adolescente mais exacerbada, corria para a sala e punha no gira-discos (grande cota!) os discos do Chico Buarque, aquelas canções de amor de vir às lágrimas, e dava início à minha catarse chorando copiosamente as mais das vezes não tendo nenhuma paixão frustrada. Aquilo fazia-me mal e fazia-me tanto bem! Saía dali com a alma lavada.
E lá em casa por sorte ouvia-se música francesa: Brel, Jean Ferrat, Leo Ferrè, George Brassens, Piaf, etc. etc. E há muito tempo atrás, a minha mãe chegava e punha ritmos latinos e dançava comigo na sala -- foi há tanto tempo!
Finalmente tive a sorte de ter um irmão que ouvia música todo o tempo. Foi a fase psicadélica. Ele mais velho que eu sete anos deu-me a conhecer tudo o que de bom se fazia nos anos 70 e depois 80. Tínhamos uma cave onde era o quarto dele onde se podia ouvir música bem alto, com luzes psicadélicas como numa discoteca.
Depois vieram as paixões: uma delas um músico; nunca conseguiu me ensinar, embora não tenhamos feito muitas tentativas nesse sentido. Dizia que eu não desafinava a cantar mas que a assobiar era de fugir. Sempre houve um qualquer senão para eu não me sentir à vontade para aprender. Por exemplo: eu que nunca toquei e não sou canhota em nada, sempre peguei espontaneamente numa viola ao contrário (terei sido uma Joan Baez noutra encarnação e não sei).
Oiço música todos os dias, em todas as salas da minha casa há sempre pelo menos uma música a tocar e este ano a minha filha foi aprender viola clássica. Temos um trato de ela me ensinar. Será que vamos conseguir?

Música até os bichinhos gostam!

Blog Widget by LinkWithin