sábado, maio 31, 2008

A crise de uns é o enriquecimento rápido de outros

E de quem é a culpa?

"Quem está a inflacionar a 'bolha' no mercado de petróleo? O principal culpado é o FED [banco central americano] ao reduzir a taxa de juro dos seus títulos em 325 pontos base [= 3,25 pontos percentuais] para uma taxa real negativa de -2% após ajustamento pela taxa de inflação [dos EUA] e ao expandir a oferta monetária no país em 16,5% desde há um ano atrás, num esforço desesperado para parar o declínio do sector bancário americano, que entretanto se vai afundando [por causa da crise do mercado habitacional e na sub-prime].
Ao empurrar as taxas de juro para terreno tão nitidamente negativo, o FED encoraja a especulação nos mercados de commodities e empurra também o dólar para baixo [face ao Euro, p.ex.], o que, por sua vez, está a empurrar para cima o preço em dólares das matérias primas, tais como o petróleo bruto e o ouro."

in SirChartsAlot, 28/Maio/2008

Querem ver como os "investidores institucionais" fazem especulação com o petróleo? É assim...

O blog Econbrowser explica tudo direitinho numa entrada de 17 de maio passado. Daí respigamos apenas a primeira parte para a traduzir para português mas aconselhamos a leitura do texto completo clicando aqui.

Aí se diz o seguinte:

"Como é que a especulação pode estar a contribuir para as mais recentes alterações dos preços do petróleo.

Uma importante tendência recente na gestão dos fundos de pensões e similares é o aumento do uso de dólares para o investimento na especulação com as matérias primas [commodities]. Talvez a forma mais simples de o fazer é comprar, digamos, um contrato de "futuro" de petróleo para Julho próximo. Se comprar esse contrato na sexta-feira terá a possibilidade de o petróleo lhe ser entregue efectivamente (...) algures em Julho a 126 USD/barril. Enquanto fundo de pensões ou similar você não quer receber, de facto, esse petróleo [pois não o vai 'consumir' efectivamente] e por isso, no início de Junho, você vai procurar vender esse contrato a alguém e usar a receita para comprar um contrato de "futuros" para Agosto. Se o preço do petróleo aumentar entretanto vai poder vender o contrato [de Julho] por mais que os 126 USD/barril que pagou por ele, obtendo assim um lucro. Assim, fazendo "rolar" desta forma os contratos de "futuros" a curto-prazo o seu "investimento" obterá um rendimento que acompanhará a tendência de evolução do preço do petróleo".

Nota final: claro que com este procedimento os fundos financeiros alimentam continuamente o processo e fazem subir cada vez mais os preços pois é a única maneira de continuarem a ganhar dinheiro --- aliás, muito dinheiro.

(recebido por mail)

sexta-feira, maio 30, 2008

A era dos poderes absolutos


clique na imagem para ler
Será que o professor único vai ser avaliado pelos coordenadores desses departamentos todos? Qualquer dia teremos nas escolas mais professores avaliadores do que professores. Dantes era normal não se passar a uma disciplina pela única razão de não se engraçar logo desde o início com o professor. Por vezes, no ano seguinte, com outro professor, de repente as disciplinas ganhavam interesse e nesse ano aprendia-se com facilidade o que antes parecia chato e de difícil motivação. Agora, com o professor único os alunos vão ter que penar! Se calha a vir um daqueles que se impacienta com as dúvidas dos alunos, lá tem aquela turma que o aguentar durante anos e anos e sofrer os danos da sua incapacidade comunicativa. Até agora as mudanças ditavam saltos no nosso crescimento, ganhava-se em responsabilidade cada vez que se conquistava uma nova etapa: ir para a escola sozinho pela primeira vez, apanhar transportes para a escola nova. As relações humanas eram diversas na escola, como na vida. Aprendia-se a conviver com pessoas diferentes, a se ser tolerante. Agora quer-se que os meninos fiquem limitados a só conhecerem um professor durante esse importante período de evolução e de crescimento. E que estejam anos a fio encerrados na mesma escola, a ver as mesmas pessoas todos os dias, a crescer sempre no mesmo ambiente para o bem e para o mal. Poderá um só professor ser uma espécie de homem dos sete instrumentos e estar vocacionado para dar todas essas disciplinas? Os alunos aprenderão um bocadinho de cada coisa e saberão muito pouco de uma coisa só. Chamam a isto melhorar o ensino?

quinta-feira, maio 29, 2008

Prevêm-se para breve alterações ao novo acordo ortográfico

KAOS

"Não fiz, não faço e não façarei!"

Cavaco Silva
(oiça com os seus próprios ouvidos)

Se o presidente não sabe falar português, adapte-se a língua portuguesa ao seu linguajar!

terça-feira, maio 27, 2008

Poema da Maiakovski

Fiz ranger as folhas de jornal
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes
E logo de cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora
Perseguindo-me até em casa


Nesses últimos vinte anos
Nada de novo há no rugir das tempestades
Não estamos alegres, é certo
Mas também porque razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado.
As ameaças e as guerras
Havemos de atravessá-las, rompê-las ao meio
Cortando-as como uma quilha corta as ondas


Tradução: Emilio Carrera Guerra
(dedicado a André Freire, politólogo do jornal Público)

segunda-feira, maio 26, 2008

Aniversário do Mestre KAOS

Original KAOS

Faz hoje anos o grande mestre da caricatura digital blogosférica: KAOS.
Para além de ser um artista excelente, os seus textos de análise política são de uma pertinência e de uma coerência sublime. A liberdade de expressão é a sua bandeira e, como não se deixa comprometer por quem quer que seja que lhe queira impôr uma côr ou uma linha política, ele é absolutamente um livre pensador! Da direita à esquerda, do centro moderado à extrema esquerda, seja ministro ou sindicalista, todos os que pisam o risco (e como pisam o risco!), já sabem que o Kaos não os poupa e que imediatamente vão fazer parte da enorme galeria de corruptos, mentirosos, vendidos, vira-casacas, traidores, engenheiros de obras feitas, anti-democráticos, fanáticos ou fascistas d'aquém e d'além mar.

Como em certos casos é mesmo verdade que uma imagem vale por mil palavras, aqui vos deixo com uma das últimas imagens do Kaos, a qual serve bem de exemplo ao que acabei de dizer sobre a sua mestria e sobre as figuras retratadas.

Um grande abraço de parabéns ao Kaos que, para além de tudo, é uma pessoa excelente, um grande amigo e o melhor dos companheiros!

domingo, maio 25, 2008

Pais às ordens do Ministério da Educação e dos Conselhos Executivos?


Criação do Conselho Geral Transitório
Submetido por admin a Quarta, 05/07/2008 - 09:38.


Administração e gestão escolar


O Conselho Geral Transitório tem incumbências especiais, nomeadamente a de eleger o director, no caso em que já tenha cessado o mandato da direcção executiva e esta opte pela eleição do director


Conselho Geral Transitório
DESPACHO INTERNO >> Aqui

O Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de Abril aprovou o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, consagrando, em sede de disposições transitórias, a existência de um Conselho Geral Transitório com a especial incumbência de elaborar e aprovar o regulamento interno, preparar as eleições para o Conselho Geral assim que aprovado o regulamento interno e eleger o director, no caso em que já tenha cessado o mandato da direcção executiva e esta opte pela eleição do director, nos termos do n.º 4 do artigo 63.º do referido Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de Abril, e ainda não esteja eleito o Conselho Geral.


No n.º 1 do artigo 62.º, ficou igualmente estabelecido que os procedimentos necessários à eleição e designação do Conselho Geral Transitório são desencadeados até trinta dias úteis após a entrada em vigor do mesmo diploma. Considerando, no entanto, a conveniência de facultar aos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas um prazo mais alargado para o efeito, tal como acordado no Memorando de Entendimento celebrado com as organizações representativas do pessoal docente no dia 12 de Abril de 2008, determina-se o seguinte:


O disposto no n.º 1 do artigo 62.º do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de Abril deve estar cumprido, impreterivelmente, até 30 de Setembro de 2008.


Lisboa, 30 de Abril de 2008.


Pela MINISTRA DA EDUCAÇÃO

O Secretário de Estado Adjunto e da Educação


Jorge Miguel de Melo Viana Pedreira


Posto isto, imaginem um presidente de uma associação de pais de uma das escolas do agrupamento ouvir em tom intimista da boca da presidente do CE: "já leu sobre o Conselho Geral Transitório?" a que este responde: "Ainda estou a estudar o documento da municipalização do ensino".

Daí a um bocado uma chamada telefónica: "tem aqui uma convocatória para um conselho pedagógico".

Chiça, que é demais: ultimamente é o quarto conselho pedagógico e uma assembleia de agrupamento e mesmo assim ainda foi preciso queixar-nos por não termos sido convocados para um onde se ia falar da avaliação dos professores! Com tantas reuniões e legislações já pareço um professor!

Agora é o secretário da educação, em nome da ministra que nos vem dar ordens e estabelecer prazos: "impreterivelmente" tem que estar o trabalho todo feito até 30 de Setembro. E há escolas que já agendaram a assembleia eleitoral do conselho geral transitório para o mês de Julho! Já terão dito aos representantes dos pais que em Julho têm que estar na escola?

Será que esta gente pensa que os pais, por muito empenhados que sejam em defender a escola pública e em participar no processo educativo dos filhos vão andar a toque de caixa a obedecer às ordens do Ministério da Educação? Este ano não há férias nas escolas? Aos coitados dos professores já foi dito que Julho é para pôr tudo a andar para estar pronto no início do próximo ano lectivo e que só podem marcar as férias para o mês de Agosto. E aos representantes dos pais devem estar quase a ordenar-lhes que também façam o mesmo. Só que os primeiros é o trabalho deles, cumprem ordens (ou arriscam-se a ter problemas disciplinares e lá se ia a avaliação e a progressão da carreira para as urtigas!); enquanto os outros, os representantes dos pais, não trabalham na escola, apenas estão associados para defender a escola pública e o ensino dos filhos. Findo o ano lectivo, com os filhos de férias, quem os vai obrigar a estar presente nessas reuniões?

Calculem que, depois de anos a arredarem os pais para fora dos portões da escola e a fazer tudo à sua revelia, estão agora muito preocupados que não haja pais suficientes para preencher os lugares no conselho geral transitório porque precisam deles para eleger o futuro Director e para dar seguimento ao processo! Já estou a ver os anúncios nos jornais:


Pais precisam-se!

Para preencherem vaga no Conselho Geral Transitório

da escola x do agrupamento Y


Mas se os pais nem vão às escolas para saber da vida escolar dos filhos, e se uma assembleia de uma associação de pais de uma escola de 500 e tal alunos conta apenas com a presença de 3 pais que não integram os corpos sociais... se os próprios orgãos sociais não estão presentes, apenas poucos, como esperam preencher esses lugares que a lei determina?

Mesmo que o processo vá para a frente, que os representantes dos pais, que trabalham e dispõem de pouco tempo, acabem por aparecer em número suficiente ( e já estou a imaginar a direcção do agrupamento à cata de pais avulsos nas escolas onde não estão constituídas associações de pais para virem preencher os lugares) esse conselho geral transitório continua a ser uma enorme falácia anti-democrática. Como o meu amigo Kaos bem traduz, esse conselho geral transitório é como se numa associação se criasse uma comissão instaladora para se auto-nomear para os lugares do conselho geral.

Que aliciantes irão ser dados aos pais para integrarem tais processos? Que tem tudo isto a ver com as associações de pais originariamente formadas para defender a escola pública e para zelar pela educação das crianças?

quarta-feira, maio 21, 2008

Mundo empresarial curva-se perante a cultura

Empresa lança papel higiênico literário na Espanha???

O velho hábito de ler no banheiro ganhou um componente moderno: o papel higiênico literário. A empresa espanhola Empreendedores está lançando rolos de papel especial onde aparecem impressos clássicos da literatura mundial para que o usuário vá lendo enquanto permanecer no banheiro.

O produto, vendido só através da Internet, inclui trechos de literatura clássica, teatro, poesia e até textos sagrados da Bíblia e do Budismo.

"Hemingway dizia que clássico é aquele livro que todo mundo respeita, mas ninguém lê. O que estamos fazendo é levar os livros aos banheiros, aproximando a literatura do homem", disse o dono da empresa, Raúl Camarero.

"E surge aí um conflito interessante: limpar o traseiro com uma bela obra e o dilema moral que isso representa", disse.

Da Bíblia foram escolhidos trechos do Apocalipse, do Cantar dos Cantares e dos Provérbios. Os textos sagrados budistas são O Sutra do Loto e o Livro Tibetano dos Mortos. A intenção dos sócios da companhia era incluir também trechos do Corão, mas tiveram medo da possível reação dos islâmicos.

"Tivemos medo, sim, de provocar ira e vingança. Alguns até ameaçaram sair do projeto, se insistíssemos", explicou o empresário.

Retirado daqui

Pirâmide do Capitalismo (1911)

clique para aumentar

«O capital, esse porco imundo,

esse ídolo monstruoso,

empanturrado de carne humana».

Émile Zola, Germinal

Tão simples como isso, amigo Ferroadas...

«Com a esperada "crise" nos cereais, as cabeças pensantes já têm solução para a possível falta de pão, fazem-no com farinha de batata. Que mundo este, onde os homens não conseguem solução para acabar com a fome, e, no fundo, é tão fácil, basta acabar com o capitalismo e mudar o sistema político, económico e social, de um neo-liberalismo burguês e fascizoide, para uma sociedade igualitária, socialista e revolucionária.»

Ferroadas

terça-feira, maio 20, 2008

Cão que ladra não fuma


Há que dizer-se das coisas
o somenos que elas são.
Se for um copo é um copo
se for um cão é um cão.
Mas quando o copo se parte
e quando o cão faz ão ão?
Então o copo é um caco
e um cão não passa dum cão.

Quatro cacos são um copo
quatro latidos um cão.
Mas se forem de vidraça e
logo foram janela?
Mas se forem de pirraça
e logo forem cadela?
E se o copo for rachado?
E se o cão não tiver dono?
Não é um copo é um gato
não é um cão é um chato
que nos interrompe o sono.

E se o chato não for chato
e apenas cão sem coleira?
E se o copo for de sopa?
Não é um copo é um prato
não é um cão é literato
que anda sem eira nem beira
e não ganha para a roupa.

E se o prato for de merda
e o literato de esquerda?
Parte-se o prato que é caco
mata-se o vate que é cão
e escreveremos então
parte prato sape gato
vai-te vate foge cão

Assim se chamam as coisas
pelos nomes que elas são.

Ary dos Santos

Casa onde não há pão todos ralham e todos têm razão

Imagem daqui

Está-nos a faltar o pão que o diabo amassou!

Imagem daqui

domingo, maio 18, 2008

Agrada-vos o sítio?

Alcácer do Sal

Onde se foram esconder os 100 000?

Foto daqui

Vejam aqui com os vossos próprios olhos o resultado da assinatura do memorando. Tão cedo sindicatos não poderão contar com o apoio dos que antes se manifestaram massivamente. Uns não vão porque estão demasiado ocupados a cumprir as leis contra as quais lutavam; outros porque não vêm nesta mobilização mais do que um cumprimento do calendário de festas dos sindicatos; outros porque, se já antes não contavam com os sindicatos para levar a sua luta até ao fim, agora vêm neles mais um aliado do ministério. Que sentido têm agora as palavras de ordem se foram eles que viabilizaram que o sinistro puzzle das políticas educativas continuasse inexoravelmente a ser construído peça por peça?

sexta-feira, maio 16, 2008

Se bem me lembro, fatídico fatídico foi o dia 17/Abril

Dia 17, estaremos no alto do Parque Eduardo VII para desfilarmos para o ME!
- Decorridos 69 curtos dias após a data histórica de 8 de Março;

- decorridos escassos 35 dias após o fatídico 12 de Abril;

- na brutal ressaca da percepção de que a mole imensa, agitada e colorida de 100 mil pessoas nas ruas despareceu tragada por invisível alçapão, accionado por oculta alavanca, movida por mão sinuosa e felina de alguém, vulto não menos escorregadio e "furtivo, que nos trama por trás da luz";

- num presente cinzento, em que a mobilização bateu no fundo e a apagada e a vil tristeza e o "tempo dos assassinos" estão de volta;



É hora de sairmos deste luto sofrido, é tempo de nos ressuscitarmos a nós próprios e aos outros, de voltarmos a re-acreditar em nós, na nossa união e capacidade para, livres e sem tutelas, transformarmos as coisas. Mesmo aquelas que nos parecem hoje de pedra e cal, feitas para durar mil anos, imutáveis na sua injustiça...

Está na hora de nós (os de sempre) arregaçarmos as mangas, voltarmos a limpar o lixo, os estilhaços, as feridas, os estragos feitos e voltarmos... à LUTA!

Por tudo isso dizemos: dia 17 LÁ ESTAREMOS!

quinta-feira, maio 15, 2008

Concerto na Escola de Música do Conservatório Nacional

Entretanto esta sala continua a degradar-se como um espelho da nação!

Só os verdadeiros pulhas desprezam a música!

A música, essa aliada esquecida da matemática

A pretexto de uma conferência com especialistas internacionais para debater o insucesso na disciplina de Matemática em Portugal, a Ministra da Educação veio chamar a atenção para o “passivo enorme” nesta área. Atribuídas (mais uma vez) as culpas aos professores, estando presentemente alguns milhares a receber formação contínua nesta matéria; lançado um Plano de Acção para a Matemática, aumentando a carga horária na disciplina, resta-nos prever quais serão as recomendações que resultarão de mais esta conferência.
Porventura os sucessivos responsáveis pela pasta da educação em Portugal – eles próprios fruto de uma sociedade com fraquíssima cultura musical – não têm sido sensíveis ao papel fundamental que a música pode e deve ter na formação integral do indivíduo, não só ao nível da sensibilidade estética e do desenvolvimento emocional mas também ao nível da estruturação do pensamento lógico e do raciocínio matemático/geométrico, estimulando a concentração, disciplinando a actividade de grupo, favorecendo a comunicação, a cooperação e a entreajuda – tudo isto num clima de grande criatividade e franco prazer.
No entanto, desde Pitágoras – que para além de um contributo fundamental para a Matemática e a Geometria, também estabeleceu as bases da Teoria Musical – têm vindo a comprovar-se as muito estreitas relações entre a Música e a Matemática.
Na verdade, vários estudos revelam que a maioria dos jovens que aprendem música, para além de serem alunos mais criativos em todas as áreas, também obtêm bons resultados em Matemática, sendo certo que, para alem de um papel muito positivo no ensino de crianças disléxicas e autistas, a Música é, de facto, aquela aliada que, como por encanto, leva qualquer criança a fazer a ponte entre o concreto e o abstracto, levando-a a descobrir novas formas de comunicação e linguagem e ajudando-as assim a apreender a lógica e a simbólica da Matemática.
A Educação Musical consta, de facto, do currículo da escola em Portugal desde 1971, ano da reforma de Veiga Simão que introduziu alterações significativas neste campo. No entanto, ao contrário do que sucede em muitos outros países, para lá de se iniciar já numa idade tardia, a Educação Musical tem estado confinada ao 2º Ciclo do ensino básico – no 3º Ciclo tem expressão muitíssimo limitada – e, a partir da última reforma curricular, a sua carga horária sofreu mesmo uma redução substancial de 45 m, passando a dispor apenas de 90 m semanais.
Foi feita alguma avaliação destas reformas?
Ainda a este propósito, é importante também referir que uma manifesta falta de instrumentos disponíveis nas salas de aula – e o facto de muitos dos que existem já estarem danificados – o que limita, muitas vezes, os professores a um ensino elementar da prática de flauta, impedindo, dessa forma, os alunos de adquirirem as “competências” (irrealistas) previstas para a disciplina pelo próprio Ministério da Educação.
A nível do 1º Ciclo, a recente introdução do ensino da Música, embora louvável, mais não fez do que pôr em prática um aspecto que, previsto no currículo, geralmente se não cumpria, sendo que os professores, recrutados em empresas privadas, trabalham em condições muito discutíveis.
Como se tudo isto não bastasse, mais recentemente ainda, sob a capa de uma alegada “Democratização do Ensino Artístico” o Governo decidiu acabar com o chamado regime de ensino supletivo, que permitia a frequência de disciplinas de formação especializada nos Conservatórios, a par das de formação geral numa escola à sua escolha.
Promovida pela Unesco, teve lugar em Lisboa, em 2006, a 1ª Conferência Mundial de Educação Artística, da qual resultaram orientações importantes no domínio da educação artística. A sua aplicabilidade foi debatida no ano seguinte na Conferência Nacional de Educação Artística. Que repercussões têm tido eventos como estes no ensino da Música em Portugal?
O Ministério da Educação insiste agora na avaliação dos professores mas não deveria ser o próprio Ministério a ser objecto de avaliação, entre outras coisas, pela sua manifesta desatenção relativamente ao ensino da Música?
Ainda vamos a tempo de investir numa formação musical de qualidade desde o jardim de infância, da qual a Matemática, bem como as outras áreas possam vir a beneficiar e de que possa resultar um maior equilíbrio emocional dos jovens.
Sigamos então as tão apregoadas “boas práticas”: sigamos o exemplo da Finlândia onde os pais podem mandar os filhos para escolas de música patrocinadas pelo estado desde tenra idade; sigamos o exemplo da própria Venezuela (retratado numa reportagem transmitida na televisão há dias), onde a fundação «El Sistema» recorre à música para reabilitar, ensinar e proteger crianças de meios desfavorecidos, prevenindo comportamentos criminosos...!
Leibniz (filósofo e matemático alemão) afirmou: Musica est exercitium arithmeticae occultum nescientis se numerare animi (A música é o exercício oculto de matemática do espírito que não se apercebe que calcula).
Os fracos resultados dos estudantes portugueses na disciplina de matemática estarão, seguramente, na proporção exacta do desprezo que tem sido dado ao ensino da Música na Escola Pública.

Isabel Guerreiro
Professora de Educação Musical do Ensino Público
Monte Estoril

quarta-feira, maio 14, 2008

Que outros erros ainda teremos que sofrer?


Prélude à Mégalopolis
Album Mégalopolis <../disco/pmgpls2.htm>, 1972

Cette histoire
Commence dans vingt ans
Quand nos enfants auront vingt ans
Et que l'Orient et l'Occident
Respireront le même oxyde
Sous un soleil Celluloïd
Et que la vie sera splendide
Entre les Océans d'acide
Et les Florides de ciment...
Regardez bien,Mégalopolis
Trente millions d'humains
Perdus dans la fumée
Falaises de béton sur fleuves d'immondices
Artères cicatrices au ciel ensanglanté
Où les hélicoptères de l'Hélico-Police
Sont les stations-service de notre liberté...

Herbert Pagani

De que erro ainda estamos a sofrer?

Imagem daqui (ver texto)

Errro de Português [Oswald de Andrade]

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
.

terça-feira, maio 13, 2008

Santa Fé!

Não é em Fátima, mas podia ser!

Procura emprego? Também eles!

Recebo mails da NET-Empregos que me dizem ter emprego para mim: Assunto – Ofertas de Emprego para fulana de tal. Ao princípio ainda ia ver, agora a maior parte das vezes, francamente, nem abro.
Hoje abri, só a pretexto de escrever este post. O destaque era para os cursos de formação: “Invista em Si, Invista no Seu Futuro”, dizia. Ou seja a minha oportunidade de emprego era o emprego deles, que dão a formação. E eu pagava. Mas isto não é para arranjar emprego? Então como querem que antes de arranjar emprego ganhe dinheiro para lhes pagar esses cursos?
A escolha que me dão é esta: ou torno-me num professional da rede com o curso superior de internet e comércio electrónico; ou entro num curso New BCC English e passo a ser mais um dos 60 milhões de alunos em 17 países. Porreiro, pá, digo eu, e volto a fechar o mail. Este pode ir já direitinho para a lixeira, porque ofertas de emprego destas são lixo.

Claro que na secção de publicidade vem o créditozinho fácil e rápido, em 48 horas já a malta tem o dinheiro na conta e está metido em mais dívidas ainda antes de ter arranjado emprego. E apanhando-se com o carcanhol já se pode ir direitinho à maior loja online à procura dos saldos e promoções prometidos.
Enquanto me lembrar deste mail, vão todos direitinhos para a lixeira. Ou será que vou já fazer uma denúncia de SPAM?

segunda-feira, maio 12, 2008

Ando com vontade de sapar!

Por que será?

Os blogues são uns organismos esquisitos. Há um dia em que se está sem assunto e faz-se um post sobre a primeira coisa que nos vem à cabeça porque já é tão tarde e já se deu tantas voltas que não há tempo… nem cabeça para mais.

Outras vezes o assunto parece sério e urgente. Ter todas as possibilidades de gerar polémica e discussão. Está na ordem do dia, não é pessoal, toca a todos.

Mas depois os comentários vêm desmentir a escala de importância atribuída a uns e outros.

O mesmo acontece com blogues que se visitam ocasionalmente: uns falam de uma trivialidade qualquer que se passou com aquela pessoa, um estado de alma ou uma ida jantar fora: olha-se para os comentários e tem 25, 40. Costumo pensar: ena esta pessoa tem muitos amigos que visitam diariamente o seu blogue, vão lá como que marcar o ponto, dizer bom dia, boa noite, bom Domingo, mandar um abraço; outros contam o seu dia, o seu estado de alma em sintonia. Todos somados dá uma data de comentários.

Outros falam de assuntos da vida do país, falam de política, de justiça, comentam notícias do dia ou evocam a arte e a cultura. Comentários: muito pouco. Um ou outro igualmente interessante e consciente.

Por que será que sempre que aqui coloco um post sobre a União Europeia ninguém diz nada?


domingo, maio 11, 2008

O nosso futuro à Irlanda pertence!

KAOS


Campanha para o referendo ao Tratado de Lisboa começa na Irlanda (Euronews)

"Yes to Lisbon" - Sim a Lisboa - é o que dizem os empresários da Irlanda. Apoiados por Pat Cox, antigo presidente do Parlamento Europeu, lançaram esta segunda-feira uma campanha a favor do "Sim" no referendo ao Tratado de Lisboa.O referendo realizar-se-á no próximo dia 12 de Junho.
E o único partido que apela ao "não" é o Sinn Fein, de Gerry Adams. Argumenta que o Tratado de Lisboa retira aos pequenos países, como a Irlanda, o direito de realizar um referendo sobre políticas europeias, antes de, eventualmente, as vetar. Gerry Adams diz recusar que lhe retirem esse direito. "A ideia ultrapassa-me!", afirma.
Mas o que mais preocupa o governo é que apenas cinco por cento da população se considera informada sobre o Tratado de Lisboa e o que ele implica, segundo uma sondagem recente. E há mesmo quem não saiba que ele se realiza: "Não, na realidade, nunca ouvi falar" é uma frase que pode mesmo ser repetida por 28% da população, que diz sem sequer saber que vai haver um referendo sobre o Tratado de Lisboa.
A Irlanda é o único país que é constitucionalmente obrigado a referendar o texto.

Por cá Cavaco Silva já deu o OK. Por todos os países da Europa o processo foi rápido e eficaz, sem referendos nem grandes explicações às populações do que está em causa com a assinatura deste Tratado.
Resta agora o povo irlandês, único que vai ser ouvido sobre este assunto, porque a constituição irlandesa assim obriga. O futuro dos povos europeus está nas suas mãos mas, pelos vistos, a ele também ninguém informou da importância deste Tratado.
Agora vai começar a campanha em força. Calculo a propaganda pró-SIM que se vai fazer, os dinheiros europeus que se vão gastar para apoiar essa campanha... Apenas um partido é contra a assinatura, com consciência de que a Irlanda vai perder a sua autonomia de poder escolher se as políticas emanadas pela União Europeia convêm ou não ao povo irlandês. Talvez a última oportunidade de exercerem a Democracia.
Em países como o nosso, a assinatura deste Tratado à revelia da consulta pública e da possibilidade de se discutirem as vantagens e desvantagens deste Tratado é já um passo de gigantes em direcção ao fim da Democracia.
Que podemos nós fazer? Poderão os blogues ajudar a passar a palavra pelos blogues dos irlandeses apelando a cada um para que passe a palavra e não permita que este modelo de União Europeia possa vingar, em nome da Democracia e da Autonomia dos povos europeus?





sábado, maio 10, 2008

Educação para a cidadania da obediência cega ou da revolta?

Um destes dias a minha filha ligou-me da escola dizendo que estava a fazer tempo para a aula de apoio do Inglês e que ia ao bar comer qualquer coisa. Os alunos saem às 13h15 e os que têm apoio ficam à espera até às 13h45 e saem às 14h30. Como a minha filha vem sempre almoçar a casa, nesse dia ela leva algum dinheiro para comer qualquer coisa nesse intervalo para se aguentar até sair da aula.

Daí a bocado volta a tocar o telemóvel. Era ela nervosíssima e principalmente irritada porque eram quase horas da aula e ela numa fila do bar a ver os professores a passarem-lhe à frente.

Naquela escola há muita subserviência e escassas regras de democracia. Como querem ensinar a cidadania se os adultos envolvidos no processo educativo, sejam eles auxiliares, professores ou mesmo pais, subvertem essas regras de convívio usufruindo da sua posição superior. Disse-me que as auxiliares do bar atendiam os professores com toda a parcimónia e a eles, alunos, os mandava esperar e estar calados na fila até os senhores professores serem todos atendidos e despachados.

Não tinha conseguido comer e tinha que ir para a aula. Queria protestar. Calmamente disse-lhe que a escola tinha livro de reclamações, se ela o queria usar. Na altura concordou. Mas depois desligou, teve que ir para a aula. Estava quase a chorar de raiva, percebia-se pela voz.

Pouco tempo depois voltou a ligar-me: estava no bar à espera de uma tosta. Tinha dito à professora. E ela tinha-a deixado sair da aula para ir ao bar comer. Ficou mais apaziguada com os professores.

Às 14h30 fui buscá-la, vinha formosa e mais segura. Pelo caminho falámos no episódio e ambas concordámos como era injusto, que cada um deve ter a sua vez e ser respeitado e que ninguém nos deve passar à frente pois perante a necessidade de comer todos somos iguais.

Pode-se abrir uma excepção e atender primeiro um professor que está com pressa porque vai entrar para uma aula. Mas não se deve fazer disso uma norma e permitir que as crianças passem um intervalo inteiro numa fila e que acabem por ir para a aula sem comer. Depois vêem-se queixar que os meninos vão para as aulas sem comer porque os pais não os obrigam a tomar o pequeno-almoço em casa nem lhes mandam um lanche para a escola.

Lá dentro da escola os alunos são tratados como os menos importantes. Já houve Invernos em que a minha filha se queixava que estava frio na sala de aula e que a professora punha o aquecedor virado para si e não para a turma. Não existe por lá nenhuma sala destinada ao convívio dos alunos e cá fora o próprio Agrupamento reconhece que nas áreas exteriores há poucos espaços abrigados. Chegam a abrigar-se da chuva debaixo de umas mesas de ping-pong que há num recreio. As empregadas gritam-lhes que não podem estar nos corredores no intervalo e empurram-nos porta fora fechando a porta à chave.

Sim, naquela escola os alunos andam ao desabrigo, embora esteja numa zona predominantemente de média-alta burguesia. Daquelas em que a maioria dos pais nem vai à escola, são as carrinhas de ATL que levam e trazem as crianças, salvo algumas excepções de avós reformados que se ocupam deles e algumas mães ou irmãos mais velhos que estão por ali por perto.

Aqui, os exemplos de cidadania que vêm em caixotes e em peças separadas da união europeia vão servir às mil maravilhas para preencher a lacuna da falta de cidadania. Vão dizer aos nossos filhos que são cidadãos europeus e, como tal devem obedecer às leis europeias sem as contestar, aliás ninguém lhes vai falar em contestações, coisas como o Maio de 68 estarão abolidos dos programas de História, se for pela vontade do senhor Sarkozy.

Na escola continuaram a estar ausentes os verdadeiros valores e os exemplos éticos da cidadania, que aliás serão ainda mais afastados com a aplicação da lei da gestão e autonomia. Na escola irá funcionar a grande pirâmide bilderberg em que entes de mente obscurecida pela sede do poder e do dinheiro, através de fios invisivéis, mas cada vez mais descarados, enviarão as leis a aplicar na escola que por sua vez serão dadas, pelos ministérios dos governos em conluio, aos directores das escolas, que as farão cumprir aos professores titulares, que exigirão que os outros professores as cumpram dentro das suas salas, vigiando o seu trabalho a pretexto do seu desempenho ser avaliado, que por sua vez as ministrarão em forma de conteúdos aos alunos, nossos filhos.

Os alunos sofrem as consequências, estão na base da pirâmide, não contam como indivíduos mas sim como cidadãos habituados a não ter direitos logo a partir da idade escolar e a calar as trapaças do bar, a suportar e a obedecer à hierarquia. Como não há-de isto gerar a revolta dos jovens?

Ler sobre a Obediência

sexta-feira, maio 09, 2008

Felizmente para a senhora ministra há coisas mais importantes do que a saúde dos nossos filhos

‘‘Os pobres estão mais expostos aos riscos do amianto,
porque são os que utilizam telhas e caixas d’água de fibras de cimento’’
(veja aqui os riscos do Amianto)

Sim, infelizmente na escola dos meus filhos também existe um ginásio cujo tecto é feito de placas da Lusalite, contendo amianto. Sim, infelizmente fomos informados numa Assembleia de Agrupamento que a nossa escola é uma das 59% das escolas que o estudo do seu ministério refere. Sim, infelizmente a presidenta, que já se comporta como uma autêntica directora, lembrou-se que era o momento de abordar os representantes das associações de pais pedindo-lhes que levassem este problema para reuniões com a DREL e com a Divisão de Educação aqui do concelho. Infelizmente, chegou à conclusão que as associações de pais lhe serviam para alguma coisa: fazer pressão junto das entidades responsáveis para não ter que ser ela a tratar deste assunto pouco agradável. Infelizmente ia jurar que a senhora presidenta já sabia disto há muito tempo mas estava caladinha que nem um rato, pior: que nem uma ministra da educação. Infelizmente, comecei hoje logo pela manhã a ouvir a voz da ministra, num tom de voz absolutamente varrido pela estupidez. A tarada da sinistra, compenetrada do seu papel enquanto cúmplice participante da tramóia europeia, ficou uma fera de ser abordada com aquele assunto tão miserabilista, trazido para ali para um acontecimento tão importante em que um bando de paus mandados da União Europeia iam ouvir as instruções para aplicarem nas nossas escolas o plano diabólico da Cidadania. Por isso, tão convicta da sua missão, se abespinhou toda, esganiçando-se diante da jornalista que lhe perguntava o que tinha a dizer do relatório apresentado pelo seu ministério onde se referia a percentagem de estabelecimentos do ensino público onde as crianças são diariamente expostas aos efeitos cancerígenos do amianto. Mas, infelizmente, a ministra não quis comentar esta maleita. Infelizmente estava mais interessada em acompanhar os trabalhos da importantíssima conferência onde se ia tratar da introdução da disciplina da Cidadania nas escolas portuguesas de acordo com as exigências da União Europeia. Por isso não pude deixar de trazer para aqui a experiência dos espanhóis, nuestros hermanos para o bem e para o mal, o testemunho de um grupo de professores preocupados com a substituição no seu país da disciplina de Ética pela nova disciplina de Educação para a Cidadania, por directiva da União Europeia. Infelizmente é esta União Europeia que nos querem impingir! E ainda para mais com a agravante de sinistras placas de amianto dos anos 70 a pairar sobre a cabeça dos nossos filhos. Eis a vossa noção de futuro! Que ninharia é a saúde dos nossos filhos comparada com a vossa missão destrutiva! Em breve as nossas escolas também estarão minadas pelo cancro da vossa ideia de cidadania. O amianto dará cabo da saúde dos nossos filhos enquanto a vossa noção de cidadania lhes dará cabo da humanidade que ainda lhes resta.
(notícia da TSF para ler e ouvir aqui)

Noções de cidadania de acordo com a União Europeia


A Destruição da Educação em Espanha

Intervenção feita, por um delegado espanhol,

na Conferência Operária Europeia

pelo “Não” ao Tratado de Lisboa

(realizada em Paris, a 2 e 3 de Fevereiro de 2008)

Companheiros de toda a Europa, o colectivo de professores de

Trabalhadores e Jovens pela República (TJR), constituído em

Madrid, decidiu contribuir com esta comunicação à

Conferência Operária Europeia para dar a conhecer aos

companheiros a situação específica da educação em Espanha,

reflexo das directivas rumo à privatização que nos chegam de

Bruxelas.

A principal consequência da adaptação do ensino, a todos os

níveis, às necessidades imediatas do mercado (necessidades da

sociedade, como lhes chamam, eufemisticamente) tem sido a

sua destruturação, também a todos os níveis, cujos detalhes

passaremos a expor.

A privatização dos ensinos infantil, primário e secundário

(quer dizer, os ciclos da educação obrigatória em Espanha)

surge determinada por um modelo de acordos, que consiste no

financiamento público de centros privados, quer sejam

creches, colégios ou institutos. A recentemente aprovada Lei

Orgânica da Educação (LOE), que regula estes subsídios,

possibilita e incentiva o desvio de fundos públicos para centros

privados, ao entender que o Ensino já não é um serviço

público, mas um serviço de interesse geral, cuja

responsabilidade já não recai exclusiva nem principalmente

sobre o Estado. É tão grave e alargado o processo de

privatização da escolaridade obrigatória no nosso país que,

para dar apenas um exemplo, na Comunidade de Madrid,

governada pelo sector mais reaccionário do Partido Popular,

das novas vagas oferecidas no ensino secundário para o ano

lectivo de 2007/2008, só uma quarta parte corresponde a

centros públicos, e os outros três quartos pertencem a centros

privados e semi-privados (quer dizer, privados financiados

com fundos públicos). O colectivo de professores de TJR

iniciou diversas campanhas em defesa da Educação pública,

científica, laica e de qualidade, e entre elas encontra-se, como

eixo central, a exigência da revogação da LOE, que se focaliza

na privatização do ensino e permite aberrações como a que

ocorre na Comunidade de Madrid que acabámos de expor.

Submeter o Ensino secundário às necessidades mais imediatas

de um mercado em contínua flutuação leva à destruição da sua

estrutura e à redução dos seus conteúdos. Deste modo, as

disciplinas tradicionalmente fortes (Física, Química, Biologia,

Geologia, Matemática, Geografia, História, Língua, Literatura,

Filosofia) vêem os seus conteúdos limitados, reduzem-se

sistematicamente os seus horários lectivos e a sua importância

dentro do plano de estudos. Assim, por exemplo, as disciplinas

de Língua e Literatura, tradicionalmente separadas, convertem-

se numa só disciplina, o que implica necessariamente a

redução dos seus conteúdos. O caso da Física e da Química

ainda é mais dramático, pois convertem-se em matérias

facultativas da opção científico-tecnológica do bacharelato.

Em troca, surge uma nova disciplina, obrigatória para todos os

ramos do bacharelato, denominada “Ciências para o Mundo

Contemporâneo”, na qual se ensinará aos alunos,

entre outras coisas, “o uso racional dos

medicamentos”, “os estilos de vida saudáveis”,

“as catástrofes naturais”, Internet, ADSL,

telefones portáteis, GPS, etc., em detrimento dos

conteúdos próprios de duas ciências fortes como

são a Física e a Química.

Igualmente, perante a insistência da União

Europeia, aparece no Ensino secundário uma

nova disciplina denominada “Educação para a

Cidadania”, cujo único objectivo é a doutrinação

ideológica dos alunos pois, como se se tratasse

de um catecismo laico, pretende exaltar os

supostos valores da Constituição Espanhola e da

União Europeia, afastando toda a possibilidade

de analisar criticamente esses ditos valores.

Como exemplo, e de acordo com o objectivo

desta disciplina, há a acrescentar que

recentemente os institutos receberam, do

Ministério da Defesa, CD-Roms nos quais se

incentiva os departamentos a incluir no

programa da referida disciplina um tema onde se

fale das bondades do nosso exército nas suas

missões de paz no estrangeiro, sob as ordens do

mandato dos EUA, camuflados por detrás da

ONU ou da NATO. Nesta nova disciplina, como

na novela de Orwell (1984), a guerra é a paz. É a

forma crua encontrada pelo governo de obter

novos soldados que morram ou que matem – no

Líbano, no Afeganistão ou no Kosovo – para

fazer frente às graves dificuldades de

recrutamento que enfrenta a profissionalização

do Exército. O aparecimento desta nova

disciplina surgiu em detrimento da antiga

disciplina de Ética, cujo papel no ensino

secundário será meramente testemunhal, e da

antiga disciplina de Filosofia que, por um lado,

vai ver reduzido o número de horas dentro do

bacharelato e, por outro lado, vai ver os seus

conteúdos seriamente reduzidos, pois

desaparecem todos os temas relacionados com a

metafísica e a filosofia da ciência, ficando

apenas aqueles temas que se referem à filosofia

política, e – mais a mais – orientando-se para

uma possível legitimação acrítica da ordem

existente. O colectivo de professores de TJR

iniciou uma campanha em defesa da Filosofia e

da Ética, considerando estas disciplinas como

necessárias para a formação crítica dos alunos

enquanto cidadãos independentes e autónomos.

quinta-feira, maio 08, 2008

Aurora Borealis

Passou por aqui uma Aurora Borealis?

Talking Heads - Road To Nowhere

Hoje sinto-me assim...

Fenómenos magnéticos do terceiro grau

Imagem daqui

Um dia destes fui para pagar no supermercado com o cartão multibanco e nada. A menina da caixa passou o cartão umas quantas vezes mas não conseguiu a leitura. Por mero acaso tinha dinheiro que chegasse para pagar a conta e assim foi. Ficámos com a ideia de que o mal era da maquineta do supermercado.

Entretanto tentei levantar dinheiro e dava a informação de "cartão inválido". Experimentei o da minha mãe que costuma andar comigo mas o mesmo aconteceu. Depois foi a vez de tentar com o cartão de outro banco: pediu o código, fez tudo normalmente mas quando chegou a altura de tirar o dinheiro eu anulei a operação, ficando convencida que estava tudo normal. Usei então o da minha mãe porque a ideia era tirar dinheiro para lhe dar. Tudo decorreu na normalidade mas quando devia sair a quantia pedida, apareceu a informação "cartão inválido" e a indicação de que por razões de segurança o cartão ficaria retido: um a menos!

Resumido e abreviando: todos os cartões magnéticos que estavam na minha carteira ficaram desmagnetizados vá-se lá saber porquê. Pior, continuo a descobrir outras coisas desmagnetizadas que estavam perto: a minha pen deixou de poder ser lida, não acende a luz, está morta! Tudo o que lé estava se foi para um lugar ainda mais fantástico do que aquele para onde vai a água do mar na maré baixa.

Ainda estou para ver o que mais vou descobrir: receio por uns cartões do seguro de saúde da família quase toda que também lá estão na carteira.

Normalmente apanho choques eléctricos em tudo o que é coisa: portas dos carros, fios de ligar o computador, fogões eléctricos, até já me aconteceu fazer faísca ao tocar num bébé. Mas uma destas ainda não me tinha acontecido.

Dizem as pessoas com quem vou falando ou que já lhes aconteceu, ou que já ouviram dizer que andar de metro pode provocar milagres destes, ou mesmo que existem certas entradas de lojas onde a carga magnética pode apagar tudo o que de magnético por lá passa.

Mas eu não faço ideia onde isto terá acontecido: até já pus a hipóteses de ter passado um O.V.N.I. por cima da minha cabeça. O que quer dizer que pode voltar a acontecer não se podendo evitar.

Dou por mim a pensar: se o fenómeno fez isto aos cartões, o que terá feito à minha pessoa?

Os efeitos visíveis, ou antes, "sentíveis" foi a perda de tempo que tem sido ir aos bancos resolver estes assuntos. Grandes secas em filas e explicações, preenchimentos de papelada e débitos nas contas. E sabe-se lá se no dia que transpuser a porta de um qualquer banco não levo com outra descarga magnética que deita outra vez tudo a perder?

Meus amigos, fica o aviso: pelo sim pelo não muito cuidado com os novos campos magnéticos. Eles não matam mas moem. Pelo menos é esse o efeito imediato!




Curiosidade:

Magneto dos X-Man tem a capacidade de criar campos magnéticos extremamente potentes. Desde que esses campos magnéticos sejam produzidos por correntes elétricas, podemos nos aproximar, com certa expressão, dos valores dos campos criados por ele numa situação de combate. Assim, para simplificar, vamos supor que seu interior é um grande circuito elétrico solenóide (bobina). A energia magnética armazenada em um solenóide é dada por: U = ½ (u0 n2AL) I2
Onde U é a energia, u0 é uma constante igual a 4*3,14159265359 x 10-7 N/A2, n é o número de bobinas no solenóide, A é a área transversal, do solenóide, L é o comprimento do solenóide, e I é a atual geração do campo magnético. Vamos supor que Magneto seja internamente composto por um solenóide de 1000 voltas, com uma área transversal, de 0.01m² e tem cerca de 2m de comprimento.
Agora supomos que ele usa esse tipo de energia para levantar um automóvel 1.000 kg a 10 metros do chão, aumentando o seu potencial energético num montante U = mgh = (1000 kg) (10m/s²) (10m) = 100000 J.
Associando este valor à primeira equação, temos que, a fim de conservar a energia no seu campo magnético, Magneto deve gerar uma corrente de cerca de 2900 Amperes. E isso pode não ser tão bom para seu coração - assumindo que ele tem um.
(daqui)

quarta-feira, maio 07, 2008

Há sempre alguém que resiste. Há sempre alguém que diz NÃO!


Pedido de demissão entregue ao Presidente da
Assembleia do Agrupamento Vertical de Escolas de Azeitão

Vai para três anos que, culminando um processo
democrático amplamente participado, tomou posse este
Conselho Executivo.
Assumimos, então, o compromisso de 'cumprir com
lealdade' as funções que nos eram confiadas, funções
que decorriam de um quadro legislativo bem diverso do
actual.
Neste exercício, democratizámos as relações
inter-pares, gerámos expectativas e esperanças,
fomentámos a iniciativa e a criatividade, quisemos
aprofundar a
relação pedagógica, libertando os professores de
tarefas menores, para benefício dos alunos.
Respeitando as pessoas e dignificando a Escola.
Porém, as regras mudaram a meio do jogo. É agora bem
diferente enquadramento legal que regula a nossa
acção.
Uma incontinência legislativa inexplicável minou e
desvirtuou os compromissos que assumíramos: não nos
propusemos asfixiar os professores em tarefas
burocráticas sem sentido, alheias ao objecto da sua
missão; não nos propusemos fragilizar o estatuto dos
profissionais da educação; não nos propusemos
submergir os docentes em relatórios, planos,
projectos, registos, sem que daí resultassem vantagens
ou benefícios para os alunos; nem nos propusemos
liquidar o espaço de participação democrática na
escola.
Com a actual publicação do Dec. Lei nº 75/2008
suprime-se tudo o que de
dinâmico, criativo e participado existia na gestão das
escolas.
A opção por um órgão unipessoal - o director, a sua
selecção num colégio eleitoral restrito, as nomeações
dos responsáveis pelos cargos de gestão intermédia
pelo director, são medidas que não têm em conta os
princípios de uma gestão assente na separação de
poderes entre os vários órgãos. Este diploma potencia
riscos de autocracia e não reconhece o primado da
pedagogia e do científico face ao administrativo.
Encerra uma lógica economicista e empresarial adversa
à verdadeira missão da escola.
Não valoriza nem reconhece a diversidade de opiniões e
a consequente construção de consensos como motores
privilegiados da mudança e da promoção de uma escola
de qualidade.
Não permite que a instituição escolar se constitua
como um espaço privilegiado de experiências de
cidadania.
Em suma, passados 34 anos sobre o 25 de Abril, o
modelo democrático de gestão chegou ao fim.
E aos órgãos democraticamente eleitos, convertidos em
comissão liquidatária, é 'encomendada' a tarefa de,
negando a sua própria
natureza, abrirem caminho a um ciclo de autoridade não
sufragada, de centralismo, e até de
governamentalização da vida das escolas.
Por considerar que o novo modelo de gestão atenta
contra valores e princípios que sempre defendi, e por
não querer associar-me à sua implementação, eu, Maria
Leonor Caldeira Duarte, apresento o pedido de
demissão do cargo de Vice-presidente do Conselho
Executivo do Agrupamento Vertical de Escolas de
Azeitão.

Com os melhores cumprimentos


Azeitão, 28 de Abril de 2008


Maria Leonor Duarte
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