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quinta-feira, agosto 28, 2008

Bom senso e bom gosto

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- Se eu ordenasse a um general que voasse de flor em flor como as borboletas, ou que escrevesse uma tragédia, ou que se transformasse em gaivota e se o general não executasse a ordem recebida, de quem seria a culpa: minha ou dele?
- Era Vossa - respondeu firmemente o principezinho.
- Pois era. Só se pode exigir a uma pessoa o que essa pessoa pode dar - prosseguiu o rei. - A autoridade baseia-se, antes de mais, no bom senso. Se um rei ordenar ao seu povo que se deite ao mar, ele revolta-se. Eu, eu tenho o direito de exigir obediência porque as minhas ordens são sensatas.

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(in O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry)

sábado, maio 10, 2008

Educação para a cidadania da obediência cega ou da revolta?

Um destes dias a minha filha ligou-me da escola dizendo que estava a fazer tempo para a aula de apoio do Inglês e que ia ao bar comer qualquer coisa. Os alunos saem às 13h15 e os que têm apoio ficam à espera até às 13h45 e saem às 14h30. Como a minha filha vem sempre almoçar a casa, nesse dia ela leva algum dinheiro para comer qualquer coisa nesse intervalo para se aguentar até sair da aula.

Daí a bocado volta a tocar o telemóvel. Era ela nervosíssima e principalmente irritada porque eram quase horas da aula e ela numa fila do bar a ver os professores a passarem-lhe à frente.

Naquela escola há muita subserviência e escassas regras de democracia. Como querem ensinar a cidadania se os adultos envolvidos no processo educativo, sejam eles auxiliares, professores ou mesmo pais, subvertem essas regras de convívio usufruindo da sua posição superior. Disse-me que as auxiliares do bar atendiam os professores com toda a parcimónia e a eles, alunos, os mandava esperar e estar calados na fila até os senhores professores serem todos atendidos e despachados.

Não tinha conseguido comer e tinha que ir para a aula. Queria protestar. Calmamente disse-lhe que a escola tinha livro de reclamações, se ela o queria usar. Na altura concordou. Mas depois desligou, teve que ir para a aula. Estava quase a chorar de raiva, percebia-se pela voz.

Pouco tempo depois voltou a ligar-me: estava no bar à espera de uma tosta. Tinha dito à professora. E ela tinha-a deixado sair da aula para ir ao bar comer. Ficou mais apaziguada com os professores.

Às 14h30 fui buscá-la, vinha formosa e mais segura. Pelo caminho falámos no episódio e ambas concordámos como era injusto, que cada um deve ter a sua vez e ser respeitado e que ninguém nos deve passar à frente pois perante a necessidade de comer todos somos iguais.

Pode-se abrir uma excepção e atender primeiro um professor que está com pressa porque vai entrar para uma aula. Mas não se deve fazer disso uma norma e permitir que as crianças passem um intervalo inteiro numa fila e que acabem por ir para a aula sem comer. Depois vêem-se queixar que os meninos vão para as aulas sem comer porque os pais não os obrigam a tomar o pequeno-almoço em casa nem lhes mandam um lanche para a escola.

Lá dentro da escola os alunos são tratados como os menos importantes. Já houve Invernos em que a minha filha se queixava que estava frio na sala de aula e que a professora punha o aquecedor virado para si e não para a turma. Não existe por lá nenhuma sala destinada ao convívio dos alunos e cá fora o próprio Agrupamento reconhece que nas áreas exteriores há poucos espaços abrigados. Chegam a abrigar-se da chuva debaixo de umas mesas de ping-pong que há num recreio. As empregadas gritam-lhes que não podem estar nos corredores no intervalo e empurram-nos porta fora fechando a porta à chave.

Sim, naquela escola os alunos andam ao desabrigo, embora esteja numa zona predominantemente de média-alta burguesia. Daquelas em que a maioria dos pais nem vai à escola, são as carrinhas de ATL que levam e trazem as crianças, salvo algumas excepções de avós reformados que se ocupam deles e algumas mães ou irmãos mais velhos que estão por ali por perto.

Aqui, os exemplos de cidadania que vêm em caixotes e em peças separadas da união europeia vão servir às mil maravilhas para preencher a lacuna da falta de cidadania. Vão dizer aos nossos filhos que são cidadãos europeus e, como tal devem obedecer às leis europeias sem as contestar, aliás ninguém lhes vai falar em contestações, coisas como o Maio de 68 estarão abolidos dos programas de História, se for pela vontade do senhor Sarkozy.

Na escola continuaram a estar ausentes os verdadeiros valores e os exemplos éticos da cidadania, que aliás serão ainda mais afastados com a aplicação da lei da gestão e autonomia. Na escola irá funcionar a grande pirâmide bilderberg em que entes de mente obscurecida pela sede do poder e do dinheiro, através de fios invisivéis, mas cada vez mais descarados, enviarão as leis a aplicar na escola que por sua vez serão dadas, pelos ministérios dos governos em conluio, aos directores das escolas, que as farão cumprir aos professores titulares, que exigirão que os outros professores as cumpram dentro das suas salas, vigiando o seu trabalho a pretexto do seu desempenho ser avaliado, que por sua vez as ministrarão em forma de conteúdos aos alunos, nossos filhos.

Os alunos sofrem as consequências, estão na base da pirâmide, não contam como indivíduos mas sim como cidadãos habituados a não ter direitos logo a partir da idade escolar e a calar as trapaças do bar, a suportar e a obedecer à hierarquia. Como não há-de isto gerar a revolta dos jovens?

Ler sobre a Obediência

quarta-feira, abril 30, 2008

Devemos obediência a leis insensatas?


«A autoridade baseia-se, antes do mais no bom senso.
Se um rei ordenar ao seu povo que se deite ao mar, ele revolta-se.
Eu, eu tenho o direito de exigir obediência
porque as minhas ordens são sensatas.»


(in O Principezinho, X, A. de Saint-Exupéry)

Ler aqui respostas e objecções à Desobediência Civil

domingo, abril 22, 2007

"Deputados de cú"

A maioria do grupo parlamentar do PS é constituída pelos chamados "deputados de cú". Ora para se ser um "deputado de cú" não basta ter a respectiva cara. Também é preciso obedecer cegamente a uma disciplina de voto e agir como um cú aberto a toda e qualquer lei emanada pelo governo quer se concorde com ela quer não. Além disso o chamado "deputado de cú", dá o respectivo mais 8 euros (dantes eram tostões, e até chegaram a ser "marcelos" no tempo do outro senhor, quando eram um pedaço de lata branca e levezinha que, de uma forma bem mais realista, ilustrava a insignificância da nossa moeda) para continuar com as bordas bem assentes na bancada parlamentar que ocupam. Como eu ia dizendo, esses senhores deputados dessa natureza tão sui generismente cuzampeira, dão tudo o que têm para continuar com o real cú bem assente na Assembleia da República e por isso, apesar de terem a força do mandato que uma maioria dada pelo voto do povo lhes conferiu, como não se querem arriscar a perder o assento para o realíssimo, eles deixam passar toda a casta das mais abjectas leis que o governo lhes dá a aprovar. Como têm cú, têm medo de serem corridos e que os seus lugares sejam dados a outros que levantem menos problemas. Por isso permanecem caladinhos e de cuzinhos bem apertados cada vez que o "senhor engenheiro" sobe ao púlpito para auto-elogiar a forma expedicta como o seu governo vai encaminhando o país para o cú da Europa. E no final de cada sessão parlamentar ainda o aplaudem cu movidos.
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