quarta-feira, janeiro 31, 2007

Se o Soclates vem pla cá...

... adeus que nós vamos pla lá!

«O acto sexual é para ter filhos»

Agora que temos novo referendo sobre a IVG aí vai o poema de Natália Correia para recordarmos...

«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.

A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:

Já que o coito - diz Morgado -

tem como fim cristalino,

preciso e imaculado

fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão

sexual petisco manduca,

temos na procriação

prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,

lógica é a conclusão

de que o viril instrumento

só usou - parca ração! -

uma vez. E se a função

faz o órgão - diz o ditado -

consumada essa excepção,

ficou capado o Morgado.

( Natália Correia - 3 de Abril de 1982)

Recebido por mail

Gentileza escutas telefónicas "Telepafunciomovel"

Ei! Chignês! Quegues mãozinhas? Mãozinhas!
Sou pgimeigo ministgo de Pogtugal, pois.

Sim paga negociag covogsco, chinegneses.
Ah, tá bem... já compgagam Pogtugal?

Falem aqui com o senhog ministgo dos negócios estgangeigos Luís Amado...
O quê?!!! Dá agzag?

Pergunta da noite:

O que seria do negócio da China sem nós?

terça-feira, janeiro 30, 2007

Nova Iorque contra a guerra do Iraque...

Nova Iorque, 27/01/2007

Até o Professor Marcelo...

Vendem-se galos de Barcelos...


- E agora, José, a quem vendemos os galitos?
- Olha, Aníbal, se quiseres podes ficar com os meus que eu cedo-tos bem baratinhos!
- E se eu te fizesse antes uma OPA?
- Ai sim, faz faz, vamos os dois unirmo-nos, criarmos uma multi... mas não nacional!

- Na Indía!

- Não, na China.

- Pronto, na Índia... e na China, temos que ter ambição!
- Não achas que são galos de Barcelos a mais?
- Tens razão, temos que estudar melhor esta parte do negócio.
- Quem quer o galo?
- Quem compra o galo?
- Olh'ó desconto!
- Está em promoção!





segunda-feira, janeiro 29, 2007

Balanço de Actividades

Participei no outro fim de semana num encontro em defesa da escola pública na qualidade de encarregada de educação e também como ex-professora provisória (2 anos de experiência a leccionar um horário completo mais 5 horas extraordinárias). Participei também como alguém que acompanhou todo o processo da luta pelo não pagamento de propinas no ensino superior e que, depois de 10 anos ausente, retomou o curso que estava a meio e concluiu a licenciatura já numa fase em que se pagava propinas mas não se viam quaisquer melhoramentos.

Que professores encontrei lá, nesse encontro, a defender o ensino público? Apenas professores aposentados ou reformados. Foi com alguma tristeza que constatei que eram estes que davam a cara a defender o que outros deviam estar a defender. Houve muitos no activo que eram para estar presentes e no fim não apareceram. Diz-se que cada vez há mais gente que não se quer envolver nestas lutas. Quando acordarem será talvez tarde demais!

Este fim de semana fui a uma discussão sobre o Plano Baker organizada por um pequeno partido. Desta vez estavam lá mais alguns jovens a participar e encontrei por lá várias pessoas que como eu não eram militantes mas que também acreditam que é na discussão dos problemas que se torna possível encontrar saídas para eles.

Amanhã irei gravar a uma rádio um texto em defesa do SIM no referendo da Interrupção Voluntária da Gravidez porque acho uma farsa que se pretenda deixar tudo como está e que uma lei caduca possa continuar a incriminar mulheres que em momentos difíceis das suas vidas escolheram optar por essa solução.

Como vêem, faço o que posso para me manter activa. O blog tem andado um pouco abandonado, quase só servindo de suporte para lançar estes desafios à participação. Gostaria de ter tempo para escrever um conto para pôr no Conto Livre, mas confesso que tenho andado sem inspiração para voos mais artísticos.

O que me custa mais disto tudo é não ter visitado tanto os vossos blogs quanto gostaria. Mas os meus dias começam bem cedo e as minhas noites prolongam-se muito mais do que seria aconselhável para a minha saúde. Há alturas em que basta sentar-me um pouco depois do jantar para cair instantaneamente no sono dos justos.

Peço-vos pois alguma paciência em relação à minha pessoa, que nem sempre sabe gerir da melhor forma as suas presenças e ausências. Saibam que quando às 2:40 a.m. dou por mim a sentir que o tempo não me rendeu porque não vos visitei, fica sempre uma sensação de vazio que só as poucas horas de sono conseguem dissipar.

Desejo-vos a todos uma boa semana!

domingo, janeiro 28, 2007

A Cows Parade da Câmara Municipal de Lisboa

A corrupção alastra-se qual doença das vacas loucas
Salve-se a cidade destes seres ruminantes
devoradores dos dinheiros públicos

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Só embarca quem quer...

Naufrágio do Bolama: Cavaco Pôncio Pilatos

Cavaco Pôncio Pilatos
lava as mãos na própria água que meteu
quando era 1º. Ministro


Joaquim Piló, do Sindicato Livre dos Pescadores, esperava mais e diz que o Presidente da República “não pode lavar as mãos como Pôncio Pilatos”.

“Acho que era dever do Sr. Presidente da República fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para trazer o navio ao cimo da água, para saber o que aconteceu e se morreram todas as pessoas naquele dia. Temos dúvidas se morreram todos”, afirma Joaquim Piló.

Fonte: Renascença
http://www.rr.pt/InformacaoDetalhe.aspx?AreaId=23&SubAreaId=79&ContentId=194722

Petição TLEBS já foi entregue. Experiência pode vir a ser suspensa nos próximos dias

Congratulo-me pelo sucesso da Petição contra a experiência TLEBS!
Reproduzo aqui na íntegra o mail confirmativo da entrega da petição e dos seus efeitos imediatos:

Meus caros,

A petição contra a experiência TLEBS foi hoje entregue ao dr. Jaime Gama, Presidente da AR, à Dra Suzana Toscano, assessora para a Educação da Casa Civil do Presidente da República , à recepcionista da Residência Oficial do Senhor Primeiro-ministro (não estava ninguém disponível para receber a petição...) e ao Senhor Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Dr. Jorge Pedreira.

Foi-nos transmitido pelo sr. Secretário de Estado que a decisão de suspender a experiência pedagógica e retirar a TLEBS das escolas estará já tomada e que a sua publicação em Portaria estará por dias. A ser assim, pode ser uma vitória em toda a linha, no respeitante ao que pedimos na alinea a) da Petição: A suspensão imediata da implementação da experiência pedagógica TLEBS e da legislação que lhe deu origem e a regula: Portarias n.º 1488/2004, de 24 de Dezembro e n.º 1147/2005, de 8 de Novembro e demais legislação aplicável;

As 8.132 assinaturas da petição terão surtido efeito!

Há no entanto que aguardar pela publicação da dita Portaria em Diário da República, nos próximos dias, ao que nos foi dito.

Ficam ainda pendentes as alineas b) e c) da Petição.

Penso que podemos ter motivos para festejar, a breve prazo.
Obrigado a todos, mais uma vez.

Abraços
José Nunes

p.s.: a entrega da Petição foi objecto de reportagem pela TVI, SIC e LUSA. Penso que passam esta noite nos telejornais das 20H

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Ciclo de Debates: PARTICIPA!

Partido Operário de Unidade Socialista

Secção Portuguesa da IVª INTERNACIONAL

Local:
Sede do POUS

Rua de Santo António da Glória, nº 52 B, cave C, 1250 – 217 Lisboa

O POUS vai organizar um ciclo de debates sobre temas cruciais sobre o que se passa no mundo e, nomeadamente, no movimento dos trabalhadores.

O primeiro debate, sobre o chamado Plano Baker, realiza-se no próximo dia 27 de Janeiro.

Participa e traz outro amigo também!...

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1º. Debate (27 de Janeiro, às 16 h):

A política do imperialismo, expressa no Relatório Baker

Trata-se de um documento elaborado por uma Comissão constituída por senadores do Congresso dos EUA, tanto do Partido Democrata como do Partido Republicano.

Esse relatório apresenta uma análise de toda a política externa dos EUA – sujeita a dificuldades crescentes e a uma grande incerteza, sobretudo na intervenção militar no Iraque – e conclui com a proposta de uma estratégia para a continuação dos objectivos definidos pela Administração americana presidida por Georges Bush.

A sua análise permite-nos responder a importantes questões:

- Tem algum destes 2 partidos – o Democrata ou o Republicano – uma saída para estabilizar a situação no Iraque?

- Que repercussões está a ter a guerra no Iraque na vida interna dos EUA?

- Precisa o imperialismo americano de um apoio e comprometimento activos dos governos dos outros países, em particular dos da União Europeia?

- Que consequências tem esta guerra para a vida de todos nós?

- Quem poderá abrir uma saída de paz?


TLEBS: alteração à entrega da petição e debate na RTP-n

Transcrevo na íntegra o mail que me foi enviado pelo primeiro subscritor por conter alterações ao horário da entrega da petição e outras informações úteis para quem deseja compreender por que ainda há quem defenda a TLEBS!

«Caríssimos,

A petição vai ser entregue pessoalmente ao senhor Presidente da Assembleia da República.
Assim sendo, houve um ligeiro ajuste no horário previsto: a entrega na A.R. será feita às 10H da manhã.

A "volta" completa será:

26/01/2006 - Entrega da Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS
10H00 - Senhor Presidente da Assembleia da República, Dr. Jaime Gama, pessoalmente - Palácio de S. Bento
11H00 - Senhor Presidente da República - Palácio de Belém
12H50 - Senhor Primeiro-ministro - Residência Oficial do Primeiro-ministro
14H00 - Senhora Ministra da Educação - Ministério da Educação

Estamos agora com 8055 assinaturas.
Esta noite há debate sobre a TLEBS, na RTP-N, às 23H. Convidados: Professora Maria Alzira Seixo e Dr. João Costa*

Abraços
JN

* Acaba de ser revelado que o Dr. João Costa, um dos dois nomeados pelo Ministério para a Comissão de Revisão da TLEBS é o consultor cientifíco de uma Gramática que já inclui a TLEBS, editada pela Lisboa Editora, onde surge com o nome "artístico" de João M. Marques da Costa. Tem portanto interesse económico no que vai avaliar. Brilhante, no mínimo... Sem esquecer que é também marido de uma das co-autoras da TLEBS, conforme explicou brilhantemente o Professor João Andrade Peres, no artigo do Expresso, de sábado passado (online em http://ciberduvidas.sapo.pt/controversias.php?rid=604)

link para a capa: http://www.lisboaeditora.pt/catalogo/biblio/gifs/02677.gif
link para a página da editora:
http://www.lisboaeditora.pt/ficha.asp?id=2677 »

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Não à TLEBS!

Eu já assinei. E vocês?
A Petição vai ser entregue amanhã , quinta-feira, dia 25-01-2007, às Entidades destinatárias. Vai ser requerido o respectivo debate parlamentar na A.R.

Leia aqui o comunicado enviado à Lusa e outros orgãos de comunicação social, a propósito da entrega da petição:

Comunicado de Imprensa
Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS - http://www.ipetitions.com/petition/contratlebs

Cascais, 24/01/2007

Venho, na qualidade de 1º Subscritor da Petição supra mencionada, comunicar que:

A Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS irá ser entregue amanhã, dia 25-01-2007, às Entidades destinatárias ou a quem por elas nomeadas, de acordo com o horário abaixo:

11H00 - Senhor Presidente da República, Palácio de Belém
11H50 - Senhor Presidente da Assembleia da República, Palácio de S. Bento, requerendo o respectivo debate parlamentar.
12H50 - Senhor Primeiro-ministro, Residência Oficial do Primeiro-ministro
14H00 - Senhora Ministra da Educação, Ministério da Educação

A Petição tem já mais de 8.000 assinaturas e ficará disponível para assinatura até às primeiras horas de quinta-feira, dia 25.01.2007, em http://www.ipetitions.com/petition/contratlebs

A petição, iniciativa de um conjunto de pais, entrou on-line no passado dia 14.12.2006 e pede a suspensão imediata da experiência pedagógica TLEBS - Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário.

A TLEBS é um conteúdo experimental, introduzido de modo obrigatório e generalizado no Ensino Básico e Secundário, que carece de validação cientifica e pedagógica, que encerra erros científicos graves e usa os alunos como cobaias de validação.

O Ministério da Educação já veio dizer que a experiência é para manter até 2009 e que 2007 e 2008 serão anos de "revisão". Entretanto a TLEBS continua nas salas de aula e os alunos continuarão a ser avaliados pelo que sabem da nova Terminologia.

As Portarias TLEBS estão em vigor, não foram suspensas. O ponto 4 da Portaria nº 1147/2005 de 8 de Novembro, que alarga a experiência TLEBS a todo o universo de escolas do Ensino Básico mantém os seus efeitos.

A TLEBS, como qualquer conteúdo experimental no Ensino Básico e Secundário, levanta sérias dúvidas quanto à sua constitucionalidade. Direitos consagrados na Constituição podem estar a ser violados, nomeadamente no tocante à igualdade de oportunidades na aprendizagem: estas crianças têm o direito a terem uma educação válida e validada; entendo que o erro cientifico na Escolaridade Obrigatória pode ser inconstitucional. A TLEBS tem erros científicos graves, já provados pelo Professor Catedrático João Andrade Peres - ver em http://jperes.no.sapo.pt/peres_elementos_tlebs.htm

A petição pede também "O fim das experiências pedagógicas não autorizadas em crianças": em Janeiro de 2007, um governo português, democraticamente eleito, faz uso de uma lei do "Estado Novo", assinada por Salazar e Thomaz em 1967 (o DL 47 587 de 10-3-67), ainda em vigor, para validar o direito a não ter que pedir autorização aos pais e encarregados de educação para que os seus filhos integrem experiências baseadas em conteúdos experimentais - como a TLEBS - na Escolaridade Obrigatória.

A petição pede ainda
"Um Ensino de qualidade, científica e pedagogicamente válido e validado ".

Foram 28 os Professores Catedráticos que subscreveram a Petição, dos quais 4 são Catedráticos de Linguística, as pessoas que em Portugal mais sabem da matéria em questão: os Professores Catedráticos Elisabete Ranchhod, da Universidade de Lisboa, João Andrade Peres, da Universidade de Lisboa, Jorge Morais Barbosa, da Universidade de Coimbra e Decano dos Linguistas em exercício na Universidade Portuguesa, Maria Raquel Delgado-Martins, da Universidade de Lisboa.

A Petição está on-line em http://www.ipetitions.com/petition/contratlebs


José Nunes
1º Subscritor da Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS on-line em http://www.ipetitions.com/petition/contratlebs





domingo, janeiro 21, 2007

No Bravery

James Blunt

sábado, janeiro 20, 2007

Subtilezas da privatização do Ensino Público


As expectativas e a realidade

«No ano lectivo 2000/2001 trabalhei em Odeceixe, no Algarve, onde os professores do segundo ciclo completavam o seu horário dando aulas das expressões no primeiro ciclo.

Pensei que a organização das escolas – no modelo dos Agrupamentos – pudesse ser um caminho para generalizar esta prática de gestão dos recursos.

Afinal em vez disto temos a privatização do ensino das disciplinas correspondentes às áreas de expressão, da música e do inglês. »

F. C.

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Já repararam como, subtilmente disciplinas que deviam ser curriculares, como o Inglês, a Educação Física, a Música, passaram a ser um "oferta" que a Escola deve conceder aos alunos de 1º. Ciclo, "pacote" que os alunos (os encarregados de educação) podem aceitar na íntegra ou recusar na sua totalidade? Por que não se reclamou que essas importantes diciplinas fizessem parte integrante das disciplinas curriculares?E notaram como as empresas que "fornecem" esse ensino são já empresas privadas? Nesta passagem deram-se conta em que medida o Estado se foi subtilmente descartando dessa responsabilidade passando-a para as Autarquias e que coube a estas o papel de contratarem esse serviço a empresas privadas?
Claro que, quando algo corre mal, os vários poderes implicados neste processo, empurram uns para os outros as responsabilidades: se não há professores, a culpa é das câmaras; estas dizem que a empresa privada contratada é a responsável; se o problema é de segurança, as Câmaras dizem não ter nada com isso, que a Escola é responsável por assegurar essa parte e os Conselhos Executivos acusam a Drel de não contratar funcionários suficientes. Os pais acusam os professores, os professores acusam as escolas, as escolas as câmaras, as câmaras o ministério, o ministério acusa os professores, as escolas, as câmaras, o orçamento, a crise... A culpa passa a ser de todas em geral mas de nenhuma em particular, todas se demitem de assumir as responsabilidades e os problemas vão-se arrastando insolúveis e não sem consequências.

Nesta privatização, posta em prática no 1º. Ciclo este ano lectivo, que passou quase despercebida à opinião pública, pode ser uma discreta espécie de tubo de ensaio às novas políticas de desmantelamento por parte do Estado e consequente privatização do ensino público. Este é o modelo, o programa a executar no seio da União Europeia. Não somos o único país a quem essas normas atingem. Estamos juntos a sofrer um processo de desresponsabilização dos Estados dos direitos mais básicos alcançados pelos cidadãos. O direito à Educação corre o risco de se tornar desigual para os que podem pagar os custos da privatização e os que terão que se conformar com a precária oferta de um serviço público desmantelado, cada vez mais reduzido e insuficiente. A união contra o desmantelamento e a privatização, em defesa do ensino público deverá pois ser um objectivo conjunto dos cidadãos das nações europeias; cada nação terá entretanto que se organizar em movimentos de cidadãos que, representando as entidades implicadas no processo educativo (alunos, pais, professores, conselhos executivos), se organizará no sentido de reclamar junto dos orgão de decisão o direito ao Ensino Público.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Convocatória

A todos os interessados no processo educativo:

Convocatória para a reunião organizada pela Comissão em Defesa da Escola Pública, a realizar a 20 de Janeiro, pelas 16 horas, na Escola EB1 Sofia de Carvalho, em Algés

No passado dia 28 de Dezembro, realizou-se uma reunião da Comissão de Defesa da Escola Pública com professores dos concelhos de Oeiras e de Lisboa, ligados ao primeiro ciclo do Ensino básico e ainda um docente do Ensino superior.

Todas as intervenções mostraram as dificuldades crescentes na vida dos professores e das escolas, em consequência da aplicação das políticas do Governo, num quadro de desregulamentação – no qual cada Conselho Executivo é senhor de plenos poderes.

Na reunião foram constatadas as consequências deste processo, em termos de sucesso escolar e educativo. Foram também dadas informações sobre as condições criadas na generalidade das escolas – em que existe actualmente um clima de medo e de individualismo, levando a que se torne dominante o alheamento ou a dificuldade crescente da realização de reuniões para reflectir, debater, criticar e fazer propostas, como um modo de cada professor poder ter uma postura interventiva na vida da escola, na sua vida profissional, na sociedade.

E, entretanto, o Ministério da Educação continua a “negociar” com as direcções sindicais a forma de “regulamentar” o veneno contido no “ECD”, imposto à revelia dos professores e das suas organizações.

Estas conclusões levaram a que fosse aflorado o papel das diferentes direcções sindicais e a proliferação de organizações sindicais dos professores.

Concluiu-se ser cada vez mais necessário partilhar as dificuldades sentidas com os outros colegas, pois afinal todos estamos confrontados aos mesmos problemas. E, assim, quebrar o quadro do isolamento.

No final da reunião, foram tomadas as seguintes decisões:

- publicação de um novo Boletim desta Comissão, com o relato das intervenções;

- organizar um Encontro nacional em Defesa do Ensino Público, perspectivado para o final do segundo período lectivo;

- preparar uma nova delegação aos deputados do PS da Comissão de Educação da Assembleia da República;

- realizar uma nova reunião para acertar estas iniciativas, no dia 20 de Janeiro, às 16 horas, em Algés (na Escola EB1 Sofia de Carvalho, em Algés).

Pel’A Comissão

quarta-feira, janeiro 17, 2007

It's a shame Oh it's a shame It's a shame...

KAOSVá à merda, Mr. Bush!

JP Simões e o Quinteto Tati

Quinteto Tati

Mais um disco imperdível com a participação de JP Simões
Excelente video!

terça-feira, janeiro 16, 2007

Altamente recomendável

Copyright 2006
Edições Valentim de Carvalho
(Ouvir aqui na página de JP Simões)
(Ouvir entrevista na TSF 16/01/2007, Programa "Pessoal... e transmissível)

A Flexissegurança fede


Dizer “desemprego” tem um pendor “revolucionário”,
por isso há quem prefira dizer “mobilidade de emprego”
(ideia formulada nenhures no Prós e Contras)

A Flexissegurança tem o peso das palavras do Admirável Mundo Novo. Passou neste país, em forma de notícia, como uma brisa passageira que deixou todo o ar fétido. Quando o discurso é sobre o emprego – e o desemprego – ele vira-se inevitavelmente contra quem vem defender a “mobilidade”, revelando-se afinal como um dos principais calcanhares de Aquiles das políticas de inspiração neo-liberalista. A grande contradição do sistema anunciado é ele usar uma estratégia que visando facilitar a troca do emprego certo pelo incerto, enuncia a fórmula da ... segurança... flexível.

Quem assegurará a segurança que resulta da flexibilidade? Flexissegurança não é mais do que uma segurança flexível ou seja, umas vezes haverá emprego outras vezes não. Como pode a segurança do emprego tornar-se numa coisa flexível? Ou há segurança ou não há. Ou há emprego estável ou não há segurança.

A tentação de o empresário tornar o seu negócio mais lucrativo pela simples “mobilidade” de muitos dos trabalhadores dos quadros da empresa para fora; a desvalorização dos ordenados dos que lá ficam sem a perspectiva de progredir na carreira, a ter que trabalhar mais, pelos outros que se foram, à espera de serem os próximos e a ver o ordenado a decrescer todos os meses; o desinvestimento em formação contratando-se pessoas com escassas qualificações para poder pagar-lhes menos; finalmente, o sonho de banir todos os direitos do trabalhador. Melhor: a vontade de suprimir o próprio “trabalhador”.

A ideia é sermos todos empresários. O Estado deixar de nos dar a retoma dos nossos impostos pagos a horas e só podermos a partir daí contar com a nossa possibilidade de comprar uma conta bancária, de arcar com uma seguradora que tome conta das reformas que amealharmos. Mas aonde estão as economias dos portugueses que faz essa gente julgar que enriquecerão à custa delas? Onde está esse emprego que empregará a mão-de- obra de todos esses supostos modernos modelos de trabalhadores free lancers? Que garantias lhes são dadas de que se se tornarem flexíveis encontrarão trabalho? Se até agora se tem assistido a empresários que não pagam os salários, os subsídios, as horas extraordinárias que muitos deles devem aos seus trabalhadores, como confiar que cuidarão para que o trabalhador "flexível" subsista nos momentos de não-emprego.

Os dinheiros do Estado não serão jamais gastos em benefício do cidadão, antes serão canalizados o mais possível para apoiar essas grandes empresas que acabam sempre por achar que os seus trabalhadores não são suficientemente produtivos, as mesmas que nunca acham os seus lucros suficientemente lucrativos. Querem que o cidadão que passou a vida a descontar para o Estado abra mão dessa dívida para com ele e passe a entregar o seu salário na mão de empresas privadas cujo único motivo é aumentar os lucros. Mas também querem que o Estado apoie as suas empresas e lhes conceda benefícios. Afinal quem quer realmente mamar no Estado?

Os empregados em situação precária (ou seja todos, por esta ordem de ideias), os desempregados, todos os que vêem os seus direitos a desaparecer, os reformados que toda a vida descontaram e que têm agora uma reforma ridícula, aqueles que vêm o seu poder de compra diminuir, como vão estar preparados para arcar com os custos de uma saúde e de uma educação privadas? Como vão abrir a tal conta bancária que lhes acena poder assegurar um dia o seu futuro? Como vão comprar o seu próprio seguro, iniciar o seu próprio negócio, pagar ainda mais pela sua própria saúde e educação?

O Estado falido pelas sucessivas más gestões, pretende aliviar a carga da sua responsabilidade. O buraco é tão grande que as despesas se tornam na batata quente que o Estado, aliviado, atira para a mão dos privados. Este sector recolhe o bolo, reparte-o, joga o seu dinheiro na bolsa, anuncia a crise no seu país, corre a investir num país onde o trabalho é ainda mais precário, evoca a competitividade e a concorrência global, aumenta a fasquia do lucro, baixa os salários, põe os lucros a render e despede mais trabalhadores. Normalmente estas são as empresas "de sucesso" que conseguem quase sempre reduplicar os seus lucros cada ano que passa.


segunda-feira, janeiro 15, 2007

Referendo ao Aborto: Absolutamente pelo SIM com consciência

Sou contra o aborto. Hoje em dia há tantas formas de prevenir uma gravidez…Mas acredito firmemente que uma mulher só recorre ao aborto em último caso. Sou absolutamente pela despenalização das mulheres que fazem abortos numa situação desesperada. E não conheço mulheres que façam abortos de ânimo leve. Quais são afinal os motivos de força maior que podem levar uma mulher a fazer um aborto?

Por exemplo o desemprego. Imagine-se uma mulher independente, que tem uma relação estável e que fica grávida. Ambos consideram então a hipótese de levar esse relacionamento para a frente, juntar economias e ter essa criança. Eis que no auge da felicidade um deles perde o emprego, é despedido, acontece muito por aí… Decidem inevitavelmente que essa criança não pode mais nascer. A situação para eles não é propícia a crianças.

Outra: imagine-se uma jovem a quem os pais por preconceito não querem que ela tome a pílula. Consideram-na ainda uma criança que tem que se manter virgem para a idade de casar. Mas ela já não é virgem. Conheceu o amor num estudante lá da universidade, tudo foi muito rápido, começaram a namorar e o namoro pediu sexo. Nem houve tempo de se prevenirem, nesse dia que tanto desejavam, ele mostrou-lhe um teste de SIDA e nem pensavam que era assim tão fácil, que há quem engravide só com o cheiro. Agora ela está grávida: ambos estudam, não têm dinheiro, nem coragem de contar para ninguém da família que possa ajudar. Não se lembram de ninguém que ajudasse. Ambos têm mais do que 18 anos mas ainda dependem dos pais. Os amigos colectam-se para realizarem o aborto. Eles agora são a sua família.

Mais: A mulher está sentindo alterações estranhas. Ela sabe que está entrando na menopausa. O sexo já não é tão frequente, às vezes acontece. A pílula estava deixando a mulher inchada, irritadiça, com problemas graves de circulação. O médico aconselhou a deixar de tomar. Um dia o sexo rejuvenesceu-a, o período desapareceu e ela pensou que era o fim, a hora era chegada. A mulher consulta então o seu médico e ele manda fazer um teste de gravidez. Está grávida. A mulher nem quer acreditar: eu, com idade para ser avó, que vou ser avó, estou grávida?!!! A mulher não quer ter mais filhos, agora ela já só pensa em ter netos. O aborto é a sua solução legítima.

Agora esta: Parecia estarem mesmo apaixonados. Até já falavam em casamento. Amaram-se livremente, ela ficou grávida. Quando o homem soube reagiu mal. Ela percebeu que afinal ele não queria esse filho. E ela quereria? A mulher pensou em ficar sozinha carregando o seu filho na barriga. Todas a s suas amigas mais íntimas condenaram a situação e se afastaram. A mulher começou a sentir na sua solidão que não desejava ter esse filho. Ela estava agora mais preocupada em manter o seu emprego e nem sequer tinha contrato. Uma gravidez assim, em pleno estágio, não ia cair bem lá na empresa. A sua vida só iria perder: o homem, o trabalho, a casa que estava a ser paga e que sem emprego não haveria meio de continuar a pagar. Tudo por causa daquela gravidez não desejada. A mulher deixou o homem e foi fazer um aborto.

Muitas outras situações poderiam ser usadas como prova de que mesmo os que não concordam com o aborto, não podem deixar de votar sim por todas essas mulheres que num momento difícil das suas vidas não encontram outra solução para além dessa.

Desejo que todas as mulheres decidam na sua consciência quando lhes é inevitável fazer um aborto. Só elas sabem o quanto lhes custa fazê-lo.

Desejo que todas as pessoas que vão decidir pelos outros sobre a questão do aborto possam por um momento pensar nas razões que podem ter as mulheres que escolhem essa opção.

Desejo que os meus impostos sejam gastos com as pessoas que de facto precisam de ajuda. Normal seria de facto que parte dos impostos que todos pagamos fossem usados para ajudar essas mulheres nesse passo difícil das suas vidas em vez de serem desbaratados nas contas absurdas dos telemóveis dos funcionários do estado, nos seus opíparos almoços e jantares em nossa triste representação, por exemplo.

Desejo que os médicos saibam ter formação e tacto para dialogar com essas mulheres e se informar dos seus motivos, tratando-as com o devido respeito. Quem sabe algumas delas só precisam de algum apoio para ter essa criança. Ou que muitas sofrem como se fossem perder um filho para sempre. Ou não.

Só as mulheres poderão decidir, com ou sem o apoio dos seus companheiros. Melhor seria poderem sempre contar com ele, o que nem sempre acontece.

Não existem mulheres presas por causa de terem feito um aborto, dizem, mas existem mulheres que devem dinheiro ao advogado que as defendeu perante a Justiça e outras que carregam o peso da acusação. Uma mulher já diminuída pela situação de ter que sofrer no seu corpo uma intervenção que nunca irá esquecer, não pode nem deve ser humilhada ao ter que se justificar publicamente num tribunal cujo objectivo será apenas o de acusá-la por um crime. A mulher que fez um aborto pode estar infeliz mas não é uma criminosa.

A realização de um aborto não é um crime mas sim um acto médico praticável até uma determinada fase que os médicos estudaram. Eles sabem até quando aquilo ali ainda não é uma criança. Quantos desses médicos que batem no peito e que dizem não concordar que o aborto seja despenalizado e realizado nos hospitais estatais não colaboraram já com parteiras que fazem abortos clandestinos, realizando ecografias ilegalmente e às escondidas dentro do hospital civil onde trabalham para ganharem a sua parte no negócio? Para eles o aborto não é uma questão de consciência mas sim de dinheiro livre de impostos que entra pela porta do cavalo.

Eu não tenho dúvidas em votar SIM porque sou mulher e não acredito que as mulheres substituam os meios contraceptivos pelo recurso ao aborto com a mesma leveza com que recorrem à pílula do dia seguinte só por passar a ser legal.

Eu abomino todos os que votarem NÃO para manter o dogma. Que aqueles que nunca cometeram um erro nas suas vidas atirem a primeira pedra, eis uma mensagem humanista essencial tornada afinal absurda por uma religião que se organiza em todas as paróquias para induzir os crentes a votarem NÃO com o mero intuito de condenar mulheres que ousaram decidir sobre o seu corpo e a sua vida. Esta é a igreja que preferiu ver os jovens a contraírem SIDA em castigo pelos seus pecados do que aconselhá-los a usar preservativo.

Sou pela Vida, pela Liberdade, pela Escolha Individual.

Sou pelas Crianças desejadas, pela Segurança, pelo Emprego.

Sou pela Ciência médica, pela Higiene, pela Qualidade de Vida.

Sou pelo Apoio Estatal, pela Ajuda Psicológica, pelo Planeamento Familiar.

Sou pelo Aborto usado como último recurso.

Sou absolutamente pelo SIM consciente.

Por tudo isso

Voto SIM!

sábado, janeiro 13, 2007

... de olhos e de córneas muito abertas


«Ainda procuro um camelo que vi na estrada a puxar uma carroça, mas a imagem passou-me como se o passado tivesse ali ficado naquela foto que não fiz.» Luíz Carvalho, Coordenador-Geral de Fotografia do EXPRESSO

Ao ler o Expresso On Line, deparei-me com um artigo chamado A angústia do fotógrafo antes de disparar sobre a Índia pobre e moderna e eis que tenho a sorte de encontrar mais um brilhante comentário do Arrebenta, o qual não resisti a incluir aqui no Pafuncio. Por que é que eu gosto tanto dos textos do Arrebenta? Porque o seu humor é rápido e certeiro como o disparo do fotógrafo mas com a vantagem de raramente falhar algum camelo.

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Comentário:

Arrebenta++

A Procissão das Córneas

«A caminho da Índia, com a sua ridícula Maria atrás, Aníbal não se esqueceu de incluir Leonor Beleza, e a Fundação Champalimaud, como alguém diria, duas coisas que cheiram mal, numa só alma. Por Leonor Beleza tenho o desprezo e a total frieza que me merece uma criatura que conseguiu revelar o desprezo e a total frieza por todos os seus concidadãos, e por alguns, em especial, que não referirei, mas que neste texto pairam, como mera sombra.

Lançou-se o tal Coio Champalimaud sobre o negócio dos Olhos, Optometria e sacos azuis afins. Tal nada teria a ver com a Índia, não fosse a Índia um dos melhores produtores de artigos de cirurgia óptica, e é aqui que duas coisas que, só por si, já fediam, ainda mais parecerem feder.

Todavia, como nas fábulas, e como Borges diria, ainda nos falecia a terceira: uma córnea, no mercado negro, pode chegar a valer 1 000 000 de Euros. Dinheiro, e, portanto, vai B.E.S. e B.C.P, para que cofres haja onde se guardem as muitas notas. Apenas faltaria alguém com a frieza e o desprezo cego para poder capitalizar esses recursos, e pelas ruas das muitas calcutás indianas o que mais sobra são crianças a morrer de fome, de fome e olhos abertos, melhor falando, de acordo com o "business" de olhos e de córneas muito abertas.»

Janeiro 13, 2007 1:25

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Ensaios da Flexissegurança

Despedidos sem aviso e impedidos de entrar
Trabalhadores do Rivoli «surpreendidos» com o fim dos postos de trabalho
Portugal Diário 2007/01/11 | 12:33 || Sara Marques (Leia aqui)

Ainda e sempre Saddam Hussein

Por cada 1 que tomba nascem mais de 100...

Mais de cem Saddams descobertos na Índia

«George Bush pode enforcar um Saddam Hussein, mas vamos criar um exército de Saddam Husseins»

2007/01/11 | 23:52 Portugal Diário (leia mais aqui)

quinta-feira, janeiro 11, 2007

A Lua está à venda

Miro-Les Eschelles en Roue De Fue Traversant

Recebeu por herança: um lugar na Lua

E ele que sempre esperara que lhe calhasse um lugar ao sol…

Ainda pensou: será que fica no lado negro ou no outro?

Tornara-se finalmente proprietário

A partir de agora tinha um objectivo

A sua vida passaria a se organizar no sentido

De chegar lá

Para afirmar o seu direito à propriedade

Jogou intensivamente no jogo do bicho

Mas nunca por lá encontrou aquela recompensa

Que lhe asseguraria um lugar na estação espacial

Como viajar?

Como atingir o satélite sem dispor de meios?

Hipotecando a sua propriedade lunar

Contraiu mais um empréstimo – perdido por um, perdido por mil!

Que lhe veio a permitir comprar um bilhete de ida

No programa “Férias do Futuro”

Poderia assim alcançar, em 2040,

o único terreno que pela primeira vez possuiu

ou havia de vir a possuir

afinal para quê bilhete de volta

se naquele tempo lá

para ele já não haveria retorno?

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Negócios da Índia

Time

Tisana 134

«O que pode representar perder ou ganhar tempo?
Acha que isso é possível?

Acha que o tempo pode outra coisa que não seja perder-se?»
(Ana Hatherly,
351 Tisanas)

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Pensamento negro da noite

O que pensar da invenção e do sucesso de vendas do papel higiénico preto lançado,
salvo erro, nos EUA?

Cada vez mais a humanidade gosta de viver na ilusão e prefere ignorar a merda que está a fazer

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Choque Tecnológico

Protótipo do enxerto do video de Elsa Raposo
com as escutas telefónicas da Casa Pia
com os buracos orçamentais do Banco de Portugal
com o sangue que escorreu depois da boca do Saddam Hussein

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Era uma vez um país...

Era uma vez um país onde todos queriam mamar mas que nenhum queria governar. Sucessivos Ministros foram-se sucedendo mas nenhum ficou, todos desmamaram mas continuaram a mamar no país fora do país. Um dia veio um candidatar-se e disse neste país onde todos os homens mentem todos os políticos dizem as verdades. Ninguém acreditou e todos votaram nele. Eu não. O Ministro tornou-se mais ministro do que nunca. Um verdadeiro executivo para melhor gerir o tratamento da saúde aos desempregados e ao resto do país. Criou novas políticas de deseducação, de insegurança social e de desemprego, tudo em nome da União. Por lá o mesmo se desfazia. Encomendou todos os estudos no estrangeiro para que a crise de gerisse de fora para dentro e não se correr o risco de dar dinheiro aos nossos. A União era uma senhora insaciável ninfomaníaca que nos fodia a torto e a direito mas sem a qual todos achávamos que não se podia viver. Eu não. Mas nós portugueses masoquistas e amorosos só queríamos essa mulher viciosa nem que fosse por apenas mais um Natal. Vivendo na perdição dessa paixão era preciso pagar a factura e empenhávamo-nos empenhavamo-nos enredando-nos cada vez mais na teia do consumo que nos urdia. Atordoados mas infelizes apaixonados mas miseráveis rendíamo-nos aos encantos da feiticeira que nos surripiava e secava tudo de nosso. Por fim, áridos e derrotados, queríamos por fim descansar, deixarmo-nos levar pelas iniciativas firmes de um governo determinado em nos conduzir a uma ruína mais absoluta. Com eficácia o tal ministro ganhador por maioria nos vinha conduzindo mais competentemente à nossa própria perdição. Era a vertigem de um país que importava: futebol por apito dourado, crianças protegidas por pedófilos protegidos, juízes condenadores de pistas em vez dos criminosos, lobbies gays, putas colunáveis, colunáveis putas, pessoas ilustres de filmes pornográficos e de telenovelas, estilistas usando peles de marta, martas usando peles de puta, ginásios para enrabadores e enrabados em cura de emagrecimento para tirar as rugas e retocar a cosmética, spas spas e mais spas.Desespero. O país nunca deixara de meter água mas agora era uma coisa por demais. O povo já não se podia enrolar nas dunas porque não havia dunas. A erosão estava tomando conta do país como a desilusão. E para os jovens o futuro era um porco do Bes interessar-se por eles. Os mais atentos à situação passaram a ser surfistas mas muitos partiram o porco dos ovos de ouro e não tinha lá nada senão papel que se gastou num ápice. Outros iam para polícias, outros para ladrões, outros para fora, outros para dentro. Os que deviam estar dentro estavam fora e vice versa. As ruas encheram-se de gente sem abrigo. Andrajosos, piolhentos e famintos tinham sido em tempos donos de empresas prósperas diziam elas. Outras multinacionais surgiram. Duas opas se encontraram num caminho estreito e comeram-se uma à outra. O presidente do banco nacional disse que assim não havia mais dinheiro e que era preciso vender o país. Mas com tantos países que havia à venda ninguém se interessou pela oferta, em rebaja. Ainda havemos de pagar muito dinheiro para nos ficarem com ele. E o pior ainda está para vir disse ela.

Viva a Maria da Fonte!


As Sete Mulheres do Minho


José Afonso



quarta-feira, janeiro 03, 2007

Uma das 351 Tisanas da Ana Hatherly

http://caladinha.blogia.com/upload/221104.jpg

«Era uma vez uma habitação em que todas as paredes eram portas. Os visitantes vinham de longe para percorrê-la porque, dizia-se, quem entrasse nela podia ver finalmente o prodígio rápido, não o prodígio lento de todos os dias de que só nos apercebemos no momento da morte. Os visitantes eram levados cegamente de porta em porta através da maior escuridão. Terminada a visita alguns concluíam só o desnecessário dura excessivamente. Mas um dia um visitante exclamou como tudo é parecido.» ( Tisana 88)

"O melhor do mundo são as crianças!" (FPessoa)

A associação "Abraço" recebeu 30 meninos com HIV.

Necessita de roupa para rapariga (qualquer idade) e para rapaz dos 6 aos 14 anos.

Se quiserem colaborar por favor contactem:

Maria José Magalhães
Telef.: 217997500 - (Associação "Abraço")
223756655 - VILA NOVA DE GAIA - PORTUGAL
800225115 - LINHA AZUL

(Apelo recebido por mail)

terça-feira, janeiro 02, 2007

Um Ano de KAOS

Seria imperdoável não prestar aqui uma justíssima homenagem ao Kaos. Achei que esta mereceria ser urdida com uma certa disponibilidade que ultimamente não tenho podido ter. Agora, de volta à “alegre casinha”, mortas as saudades, é mais que tempo de trazer até aqui aquele que considero o blog português de 2006. Claro que esta avaliação é suspeitíssima, aliás como qualquer avaliação feita por uma pessoa. Quase nem me fica bem, pensarão outros, mas esses para mim não contam. Até por eu ter muito timidamente participado no blog do Kaos, só por isso, já poderia não me ficar muito bem o louvor ao blog, mas para quê falsas modéstias se isso para mim foi uma honra? E se me inibo de lá participar mais vezes é porque tenho receio de tocar uma obra cada vez mais genial a adequar imagens criativas e humorísticas a textos que objectivamente captam a realidade política do quotidiano. O Kaos basta-se a si próprio no que diz respeito a criatividade e à livre-expressão da sua visão do mundo. Trabalha demais e mais trabalharia ainda se mais horas tivesse o dia. Entrega-se ao blog, dedica-se às suas imagens apaixonadamente, procura estar informado e a sua subjectividade objectiva facilita-lhe a selecção dos temas do dia a dia e a sua versão original dos acontecimentos e suas relações . Os textos do Kaos alcançam sagazmente a essência dos problemas quando é caso disso; outros textos seus vão já divergindo para o terreno literário, como é o caso da novela das quintas-feiras; em ambos os estilos o percurso evolutivo é assinalável!

Optei por incluir aqui uma das primeiras montagens, se não a primeira, não porque seja uma imagem da excelente qualidade, com a dimensão das que o Kaos alcançou entretanto, mas apenas por ser das primeiras.

Estávamos em plena era pré-cavaquista I e o texto fala por si. O que é curioso é notar como partindo de uma das escassíssimas revelações de Cavaco quanto ao seu conceito de PR (função de treinador; governo como equipa)

Às vezes a equipa não é má, mas precisa de um novo treinador

o Kaos exerce a sua ironia aceitando de bom grado esse papel que Cavaco adequa à figura do PR. Dá-nos muito geito que assim seja. Pois quantas vezes não exercemos nós essa catárse insultando os políticos, chamando-lhes nomes como os adeptos do futebol fazem ao árbitro? Convocando-se o universo do futebol num tempo de Apitos Dourados A não é igual a B? B igual a C? E por aí fora…

Para nossa desgraça Cavaco Silva foi eleito. E estamos cá para ver até quando se manterá cada macaco no seu galho.

Fica pois aqui registada a devida homenagem ao WEHAVEKAOSINTHEGARDEN, um pouco tardia mas deveras sincera e justa. Que o ano de 2007 lhe seja propício! Por ele e por nós que somos cada vez mais a adorá-lo!

Voltando à 'Vaca Fria'

Conhecer a escrita do Arrebenta a partir de Voando na "BRA", com José Sócrates e Elsa Raposo

«Eu sei que isto não é a melhor maneira de começar o ano, mas venho cheio de "lag" às costas, os fusos horários todos trocados e meia hora de sono e cima. Adiante. Confesso que sempre achei que havia, em José Sócrates, muito de Elsa Raposo: a mesma quantidade de base nas bochechas, a mesma face sem barba, a mesma voz de saltos altos, o mesmo cabelo, sempre a tentar mudar de cor, mas a ficar na mesma, o mesmo ardor carinhoso em abrir as coxas para receber um homem novo. Há muita comutatividade nisto: se A=B, logo B=A, e imensa transividade: se A=B, e B=C, então A também terá de ser igual a C. Logo, sendo Sócrates igual a Elsa Raposo, então também será igual a Bocarra Guimarães, que, por sua vez, sendo igual a Francisco José Viegas, também é igual a Clara Pinto na Rata, igual a Saramago, a Pacheco Pereira, a Diana Andringa, a Cláudio Ramos, e a Pinto da Costa, logo, abreviando se A=Z, então, percorremos, numa só penachada, o alfabeto inteiro do Cocó Nacional.» (Arrebenta)

A todos os que ainda não conhecem a escrita do Arrebenta, a Grande Mother dos Braganzzzzza Mother's, recomenda-se a leitura na íntegra deste texto, o qual servirá perfeitamente para ilustrar a qualidade de uma escrita hiper-realista fantástica, aliás praticada nos seus textos quase diários, tão bem capazes de traduzir a leque de conceitos (i)morais que nos suscita uma certa vida social portuguesa dos nossos dias. Partindo de uma associação de ideias muito possível na mente de cada um, e aplicando-lhe as simples regras que fazem com que somemos 2+2, o texto procede a uma soma e segue que percorre de A-Z personagens já conhecidas de outros textos, as quais na realidade têm contribuído para o estado de desmoralização da nação.
Esperem-se momentos de narração hilariantes em que o cómico de situação e o grotesco porno se aliam a uma capacidade narrativa fílmica na sucessão vertiginosa de peripécias narradas com personagens reconhecidamente reais. A reprodução de diálogos inverosímeis entre estas e um narrador real que inverosivelmente esteve presente na acção, é a fórmula da pura ficcão que tudo torna afinal verosímil. Dito de outra maneira: na ficção em que se tornou o nosso país, já tudo parece ser possível.


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