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sexta-feira, outubro 17, 2008

Prémios Ideias Fixas 2008

A todos os meus visitantes que quiserem votar no Pafúncio, podem fazê-lo AQUI:

O amigo Sá Morais lançou a ideia no seu Ideias Fixas e muito me enterneceu ter-se lembrado de lá colocar o meu mui humilde blogue que tão desprezado anda nestes últimos dias.

Já agora explico por que anda o Pafúncio tão desleixado: a acção sobrepôs-se uma vez mais à imobilidade, e o Pafúncio não é homem de acção, ele é até meio aburguesado. Já sabem que sou de ondas. Ora passo horas diante do computador a teclar ninharias; ora saio para a rua para me meter em muitas coisas ao mesmo tempo: uma associação de pais em final de mandato, a ter que apresentar as papeladas em ordem; uma campanha para a eleição para um novo mandato; duas comissões, duas árduas tarefas - a defesa da escola pública/a ruptura com a União Europeia; uma passagem atribulada pelo Movimento Associativo dos Pais (MAP), reuniões atrás de reuniões, aulas de Tai Chi e Chi Kung (ainda muito insipiente, movendo-me em tentativas e imitações), blogues colectivos, filhos e cadilhos, panelas e fundilhos. E hoje surgiu um telefonema que promete que vem por aí muito trabalhinho pela frente, daquele de queimar as pestanas (não, não arranjei emprego, eu apenas sei meter-me em trabalhos!). Um dia eu crio um B.D.I. (Blogue Devidamente Identificado) e lá coloco a boca no trombone sobre todas estas coisas da esfera privada que só vou dizendo aqui por meias palavras.

Suspeito que o Pafúncio vai passar um mau bocado, deixado por sua própria conta e risco, sem assiduidade nem brio.

Altas horas passo por aqui e apenas vos deixo a todos um abraço sem prazo de validade e a partilha de um video daquele músico que me é muito querido e a quem sempre recorro quando fico sem palavras.

Até já!







sábado, julho 05, 2008

Ai ai

Ai eu ando tão sem inspiração para este Pafúncio que ontem tive mesmo que recorrer ao Chico, como sempre faço nos momentos de maior crise de inspiração. Assim como o Camões recorria às suas ninfas, também eu me contento em evocar a presença do Chico Buarque porque me sinto logo melhor. Desta feita veio acompanhado do Caetano dos tempos em que era o moço baiano, espécie ancestral de oi bicho a bancar o despojado. O Caetano faz-me lembrar aquela nova geração que andou por aí a praticar o budismo em plena sociedade de consumo. Comprando acessórios da Nike made in Indochina para entrar em nirvana numa espécie de onanismo transcendental. Depois abandonavam a aula de yôga ayuvérdico sentindo-se mais leves no corpo musculado moldado por acessos de individualismo e auto-contemplação. Lá fora prosseguia a falta de paz universal, mas eles seguiam em paz consigo mesmos - e com a Nike - sentindo-se evoluir acima da espécie.

Tenho mais um gato. Dá para acreditar? Nem vos contei a história...
Um gato minúsculo entrou para o motor do carro e a família partiu de volta. O gato não se queixou na viagem de apavorado. Mas depois do jantar aproximando do carro já dava para ouvir os miados que outros já tinha ouvido, como provava o leite deixado por baixo.
Os miados eram muitos e sonoros, a operação de salvamento começou mas nada de gato. Depois de muitas tentativas localizou-se o animal e a heroína prontificou-se a deitar-se por debaixo da viatura de blusa ainda branca.
Finalmente apanhou-lhe as pata, começando a puxar lentamente mas sem largar. O parto deu-o à luz: minúsculo, para aí um mês e pouco. Onde era branco estava preto do óleo. Assustadíssimo só acalmou conta o peito, bebé que era.
Claro que as crianças não abdicaram dele, já era seu. E lá foi mais um parar a casa. Uma ayuvérdica diz que é a nossa energia que atrai os gatos. Também as melgas!
Depois de removidos todos os carrapatos das orelhas fez-se guerra química ao pulguedo e desparasitou-se o animal. Está agora quase o dobro do que era e oatrevido já se relaciona com os outros bichos, inclusivamente com o cão negro que lhe determinou a viagem imprevista de Alcácer a Lisboa. Este gato conquistou-nos, já não sabemos viver sem ele. Cada coisa que faz faz um intervalo e vai comer. Tem barriga redonda, como se tivesse engolido uma bola de ténis. Mas é esticadote de patas. Tem orelhas grandes como as que os chineses gostam, sinal de boa sorte. O sobrevivente podia ter ficado estraçalhado ou cair na auto-estrada. Mas agarrou-se com unhas e dentes e começou novo destino. Não tarda nada voltará à sua terra natal, de férias.

Adorei hoje andar a visitar alguns blogues. Estava mesmo para passar a noite hoje a fazer visitas, mas estava a ficar tipo chata a deixar comentários de meio metro e então apeteceu-me vir aqui dizer-vos coisas à toa.

Sabem quando se reencontra uma pessoa daquelas a quem não dizemos "então tudo bem?"

Volta Chico, lá se foi de novo a inspiração!

Ah! E as crianças estão de férias! Ah, e ontem subimos ao Castelo de São Jorge! Ah, e hoje houve uma revolução no meu quintal! (Ai se todos estivessem fazendo revoluções nem que fosse nos seus quintalinhos!). Tanta coisa para vos contar e chega à noite e é este cansaço. Merecem mesmo que eu vá de féria rapidamente.

Custa tanto mandar abater um cão velho e cego que foi atropelado e que dura. Mas hoje abateram-se três árvores velhas e não custou nada vê-las caídas. Será por não terem olhinhos?






sexta-feira, setembro 07, 2007

A Corrente da Amizade

A Corrente da Amizade consiste em que cada pessoa escolhida indique mais dez blogues com o objectivo de agradecer a gentileza que tiveram de compartilhar connosco as suas artes, pensamentos e um pouco da sua vida. Depois de escolhidos os participantes, devemos fazer uma visita ao blog de cada um e deixar um comentário avisando da corrente. Aqui ficam 10 blogues de amigos bem queridos :

O Wehavekaosinthegarden primeiro porque considero o Kaos genial por tudo e mais alguma coisa.

O “Outminder” porque o Outsider apesar de andar ausente foi durante muito tempo um visitante assíduo do Pafúncio e uma excelente pessoa que nem mesmo na sua ausência deixou de dar o seu apoio num momento bem difícil da minha vida pessoal;

O “As Vicentinas de Bragança” porque o Arrebenta é para mim uma espécie de guru da blogosfera e porque as nossas intuições face à realidade são irmãs gémeas completamente desprovidas de uma moral cristã hipócrita e causadora de muitos dos males da nação (ex: parece que o António Calvário é bicha -- frase emblemática que traduz toda a realidade portuguesa). Além disso partilhamos uma paixão comum: Fernando Pessoa;

O Que Conversa! porque a Renda de Bilros é uma doçura de pessoa, que escreve poemas que eu gosto e uma excelente colaboradora no Conto Livre. Além disso tem uma paciência infinita para visitar o Pafúncio mesmo quando este anda desinspirado;

O Rei dos Leittões porque o João Rato é um amigo sempre presente e também encontrámos uma paixão comum que evocamos a toda a hora: José Mário Branco;

O A Sinistra Ministra porque a Moriae é uma amiga sempre pronta a ir à luta;

O Florzinha de Estufa porque a TC é uma amiga de peso que tem o dom de fazer florir tudo à sua volta e de tornar a blogosfera num lugar mais colorido e perfumado onde é possível apaziguar as almas cansadas de tantas politiquices e trafulhices;

O Oficina Cultural porque o Luiz Carlos Reis (saravá, Luiz Carlos!) tem muito bom gosto e sabe ser aquele amigo silencioso de quem não precisamos de muitas palavras para sabermos que está presente;

O A Braganzónia, porque a Porca da Vila também aparece sempre quando é preciso receber algum alento para continuar;

O Apanha Moscas porque o Luikki é daquelas pessoas que não papam grupos e que certamente não arredam pé quando for mesmo preciso dar a cara e ir à luta.

E cedi a esta corrente (ÚLTIMA VEZ!) porque acredito que é possível conservar um amigo no coração toda a vida mesmo sem o ver ou mesmo conhecer pessoalmente;

Porque acredito que há cumplicidades preciosas do outro lado do mundo que nunca nos chegam a olhar nos olhos, a todo este cordão da amizade dedico um poema de um amigo muito querido que nunca conheci: o Chico Buarque.

Cordão

Ninguém
Ninguém vai me segurar
Ninguém há de me fechar
As portas do coração
Ninguém
Ninguém vai me sujeitar
A trancar no peito a minha paixão

Eu não
Eu não vou desesperar
Eu não vou renunciar
Fugir
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir

Ninguém
Ninguém vai me ver sofrer
Ninguém vai me surpreender
Na noite da solidão
Pois quem
Tiver nada pra perder
Vai formar comigo o imenso cordão

E então
Quero ver o vendaval
Quero ver o carnaval
Sair
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Enquanto eu puder cantar
Alguém vai ter que me ouvir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder seguir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir

domingo, julho 15, 2007

O que faz de nós "pessoas aturdidas"?

Tirada daqui

UM TEMPO QUE PASSOU

Chico Buarque - Sérgio Godinho

Vou

uma vez mais
correr atrás
de todo o meu tempo perdido
quem sabe, está guardado
num relógio escondido por quem
nem avalia o tempo que tem
Ou
alguém o achou
examinou
julgou um tempo sem sentido
quem sabe foi usado
e está arrependido o ladrão
que andou vivendo com o meu quinhão
Ou dorme num arquivo
um pedaço de vida
a vida, a vida que eu não gozei
eu não respirei
eu não existia
Mas eu estava vivo

vivo, vivo
o tempo escorreu
o tempo era meu
e apenas queria
haver de volta cada minuto
que passou sem mim
Sim
encontro em fim
iguais a mim
outras pessoas aturdidas
descubro que são muitas
as horas dessas vidas que estão
tavez postas em grande leilão
São
mais de um milhão uma legião
um carrilhão de horas vivas
quem sabe, dobram juntas
as dores colectivas, quiçá
no canto mais pungente que há
Ou dançam numa torre
as nossas sobrevidas
vidas, vidas
a se encontrar
a se combinar em vidas futuras

Enquanto o vinho corre, corre, corre
morrem de rir
mas morrem de rir
naquelas alturas
pois sabem que não volta jamais
um tempo que passou

terça-feira, abril 10, 2007

Esse poema é um desenho mágico

Chico Buarque : Construção
Letra e música: Chico Buarque
In: 1971



Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

JP Simões - Vi e gostei!

Ontem acordei ao som de JP Simões. Era uma gravação ao vivo, para a Sic Notícias apresentar, como apresentou, ao longo desse dia. Vi de manhã, vi à noite e voltei a acordar de um leve sono, para o ouvir pela madrugada. E sim, eu sou de paixões assim arrebatadas pelos músicos que realmente me caem no gosto. Tenho paixão por Chico Buarque e, não posso deixar de ver com bom grado alguém do meu país a seguir-lhe as passadas. Nem é bem isso, porque não me parece que a personalidade se fique pela cópia, é mais uma influência forte confessada, uma muito boa influência, a meu ver. Não é a única. JP revela-se um excelente intérprete de José Mário Branco, outra das minhas velhas paixões, que mais do que nunca não pode ser esquecida. E tem outra coisa: JP não se coíbe de colher uma influência declarada da música brasileira, que eu tanto gosto, que tão bem lhe assenta. Quanto ao seu percurso, tenho gostado de tudo onde tem tocado: Pop Dell Arte, Belle Chaise, Quinteto Tati, Wordsong, e agora a solo.

“Gosto não é critério de vida!” – afirmou-me um dia um dos melhores professores que tive. Era, é, de facto um bom professor, um mestre capaz de formular mais perguntas do que respostas e de transmitir o conhecimento, e que conhecimento, das culturas clássicas. E tenho pena que ele tenha certa razão quando diz que não é critério de vida, mas nunca consegui concordar com ele totalmente porque a minha experiência de vida diz-me o contrário. Há vezes em que o gosto é critério e o uso e o abuso dessa minha intuição não me tem deixado mal, antes pelo contrário. Bom seria que pudéssemos exercer mais vezes e sobre mais coisas esse qualitativo critério de vida mas, pelo menos exerçamo-lo nas artes que aí ninguém no-lo pode tolher.

Nunca fui daquelas pessoas que apuram o seu gosto num sentido, o tipo de amantes da arte muito selectivos e compartimentados. Pessoas que dizem só gostar de X ou de Y, deste ou daquele género musical. Costumam dizer que tudo o mais não presta, obstinando-se em conhecer tudo e saber tudo sobre determinado artista. Fecham-se ao conhecimento de outros artistas, só têm ouvidos para o que já conhecem e decretaram ser o melhor.

Normalmente tenho os ouvidos e o coração bem abertos a tudo o que aparece. Ou gosto logo, muitas vezes sem fazer a mínima ideia de quem é o artista, ou não gosto nada e está o caso arrumado, neste caso dificilmente venho a gostar. Mas há coisas que são imediatas e às vezes basta uma voz, uma forma de cantar, para me encantar. Foi o caso de JP Simões: ouvir, ver e gostar. E, quanto mais vejo e oiço, mais gosto. Por isso ontem vi repetidamente as poucas músicas que gravou e soube-me sempre a pouco porque conheço bem todo o disco e queria ter ouvido todas as músicas. E, pela sua presença, cada vez sinto mais vontade de o poder ver ao vivo, o que ainda só aconteceu uma vez, no CCB, integrando o projecto Wordsong/Al Berto.

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