A paranóia nas escolas parece estar se generalizando. Até os contínuos, seguranças ou lá o que é o homem se passam dos carretos sem mais nem menos. Aqueles gritos que deu aos miúdos pareciam jorros de palavras ríspidas a esbofetearem incontrolavelmente os alunos. Aquilo não foi um caso pontual, aquilo não aconteceu por acaso. Já não é a primeira vez que me acontece estar ali de passagem e acontecerem coisas deste tipo. Aliás é raro o dia em que entro na escola que não acontece qualquer coisa absurda e chocante. Que ambiente terrível para as crianças crescerem! Alguns em casa têm “famílias destruturadas” e além disso ainda têm a escola destruturada, as relações humanas destruturadas, um futuro destruturado à sua frente.
Durante todo o dia pensei na violência. De como a violência gera violência e da excessiva e desmedida falta de bom senso que reina nas escolas. O homem ao que parece é segurança e não tem um pingo de boa vontade a lidar com os miúdos. Não os respeita minimamente, não sabe conversar com eles, trata-os ao repelão. Apenas cumpre ordens rígidas de um Conselho Executivo cumpridor e desorienta-se sempre que se depara com uma nova situação. Ninguém o tinha avisado que àquela hora iam chegar grupos de alunos ao portão querendo sair. A falta de comunicação sempre foi apanágio desta escola e faz-se notar nas piores alturas. Sempre que é precisa a comunicação falha e de um lado da escola uns dão umas ordens e outros só têm instruções para cumprir o seu inverso. Naquele caso os miúdos não fizeram nada que justificasse uma reacção daquelas. Não tinham mais aulas, queriam sair. Se alguns não podem, outros há que têm autorização para ir almoçar a casa. Mas o homem não teve nada disso em consideração, actuou como um polícia burro incapaz de pensar pela sua própria cabeça, que se obstina a cumprir ordens por mais absurdas que elas sejam. Será hoje este um mal geral dentro das escolas?