Mostrar mensagens com a etiqueta Agenda de Lisboa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Agenda de Lisboa. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, maio 05, 2010

APELO À PARTICIPAÇÃO NA MARCHA IBÉRICA CONTRA A CRISE

DIA 5/MAIO, 18H, LARGO DE S. DOMINGOS (FRENTE À GINJINHA DO ROSSIO), LISBOA

DIA 6/MAIO, 18H, PRAÇA DA LIBERDADE, PORTO

Concentração
Marcha ibérica contra o capital e a guerra

É claro para todos que a “crise” do capital financeiro está a ser transferida para os trabalhadores e povos europeus.

Em Portugal, querem que a paguemos com:

  • Um desemprego de 10.3%
  • Um deficit público que nos onera, a cada um, em € 1332
  • Um PEC recheado de restrições e sacrifícios para trabalhadores e pobres, poupando os rendimentos dos grupos financeiros

O capitalismo global, inseguro, desenvolve guerras para controlar as rotas do petróleo, do gás e do ópio e quer que paguemos com:

  • Gastos directos com a defesa que, em Portugal, custam a cada um de nós, € 228, (+ 15.8% que em 2009)
  • E exige a presença de 263 militares no Afeganistão, pagos com a redução dos nossos rendimentos.

É tempo de se construir a unidade de acção entre os trabalhadores e os povos de toda a Europa, contra o capitalismo e a guerra. O momento da presidência espanhola da UE é uma boa altura para nos manifestarmos em conjunto.

Em Lisboa (5 de Maio) e no Porto (6 de Maio), a PAGAN vai organizar concentrações contra o capital e a guerra, como parte de uma Marcha que, partindo de várias cidades ibéricas chegará a Madrid no dia 14.

Apelamos a todos os que sejam contra a guerra, o desemprego e outros sacrifícios para enriquecer os capitalistas que marquem presença em Lisboa.

sexta-feira, abril 10, 2009

Sempre achei que andar em Lisboa a reparar era uma deambulação altamente surrealista. Em Lisboa já me aconteceu de tudo. Até uma vez numa noite num passeio ao miradouro da Graça para mostrar a um amigo açoreano e nós todos na conversa na esplanada a beber uns copos, de repentemente aparecem os bombeiros e as sirenes e tudo aos saltos por cima das mesas. Cães raivosos, Teresas Guilherme e seus muchachos numa mesa aos berros e eu a pensar são cães da droga, vêm ao cheiro. Os bombeiros cercam os cães ,a gente paga a conta e vem-se embora para o velho Volkswagen a rir e a dizer que aquilo era mesmo muito surrealista, aliviados alguns… outra vez foi aquela da pensão, em que se entra por uma rua, sobem-se um ou dois pisos e sai-se pelo outro lado. Na brincadeira fizemos o nosso amigo, toino, suspeitar que íamos pernoitar na pensão, arranjar UM quarto para os 3. Depois, quando ele já estava à toa, saímos pelo outro lado e ficámos à espera que ele se decidisse a continuar a subir. O que nós gozámos com ele por ali fora. Tantas histórias pelos miradouros, tocadelas e conversas até às quinhentas. Andávamos sempre a rir, como às vezes aqui em certos blogues.

Mas agora, que já não habito em Lisboa, é muito raro lá ir. Hoje porém aconteceu ir, já estava decidido que lá íamos em passeio de férias de Páscoa para sairmos todos um pouco do mundo um pouco virtual que artificiosamente criamos em casa. Mas eis que esse lado do real que é andar por Lisboa, mais uma vez se revela surreal, mais do que o virtual.

Andar por Lisboa a vaguear é sempre uma alucinação; uma viagem de eléctrico por Alfama é um filme decadente, kitsch, surreal, contraditório, destrutivo, fantástico. No bairro alto as paredes das casas estão cobertas de grafitis, tudo tem mau aspecto no exterior e depois aquele contraste do interior dos barzinhos e de certos restaurantes cuidados, modernos. As montras das lojas são completamente surreais e certos muros, certos pormenores, a mistura com as adegas típicas e as casas de fados, as toalhas surradas nos estendais, o tipo todo tatuado à porta da sinistra loja das tatuagens, tudo aquilo underground e também o povo falando de janela para janela nas surreais janelas das casas grafitadas.

Ali há uma certa margem de uma certa maneira que não é organizada. Lisboa é um pouco a expressão do kaótico.


Hoje andei por lugares onde em caso de um terramoto acontecer não ficaria pedra sobre pedra. Vale a pena visitar lugares assim e mostrá-los aos nossos filhos, para memória futura. Quem sabe quanto tempo ainda vai durar essa ruína. Lisboa precisava de ser arranjada a sério, em conjunto, numa espécie de plano para preservar o que ainda está de pé. Obra para fazer no nosso país não falta, mas a construção até agora dava mais dinheiro. Tanto edifício degradado que com a crise vai ganhar novos motivos para continuar ao desmazelo. Se acontece alguma coisa aquilo ali desaparece tudo em escombros. Adeus Lisboa de outras eras...

O tempo ficou cinzento, com vento agreste nos miradouros, os melhores testemunhos da imponência da cidade… ao longe, mas pode esse olhar distanciar-se quando já experimentou a estranheza do pormenor e da diversidade que se passa ali em baixo naquela cidade louca? É nos pormenores é que Lisboa é surrealista, as imagens desenrolam-se como num filme e o estranho ressalta e se impõe, único e irrepetível.

Como já viram, eu adoro Lisboa e tenho imensa pena de que não seja mais estimada e preservada. Já os meus filhos a vêm com maior distância e não lhes agrada muito a parte da decadência. Preferem voltar para o ninho, para o sofá e para os outros mundos virtuais que em nossas casas permitimos, ainda o que mais valeu foi os passeios nos eléctricos, novos e antigos. Conseguimos vir numa dessas viagens sentados à velha janela de madeira, aberta, de um desses eléctricos antigos a ver mais um filme. Antes, à ida para lá foi uma estrangeira a filmar todo o percurso apenas colocando o aparelho fora da janela, o que já de si deve depois se revelar um pouco surrealista. Pelo menos restarão um dia essas imagens e para meu uso exclusivo as que conservo na retina.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Das teses à praxis

Image Hosted by ImageShack.us
Kaótica

Este fim de semana estive praticamente sem internet. Estava tão lenta a abrir fosse o que fosse que depressa desisti e me entreguei a outros passatempos. Tinha levado comigo as teses para o Congresso do PCP, não porque seja do partido - se fosse provavelmente teria lá estado - mas porque acho interessante conhecer as actuais propostas do maior partido de esquerda, já que o PS actualmente não conta (já contou?). Concentrei-me mais na leitura de certas partes que me interessavam mais, por exemplo saber como encara o PCP a União Europeia e que desafios lança à restante esquerda no sentido de realizar uma unidade contra estas políticas do capitalismo global que atentam contra os direitos conquistados ao longo de séculos pelos trabalhadores.

No que respeita à União Europeia, as teses detectam a peçonha, apontando a tendência capitalista que a UE assume e impõe como regra geral. As teses referem que a UE já há mais de duas décadas que põe em prática o plano neoliberalista em sintonia com o imperialismo americano e com a globalização, primeiro desmatelando metodicamente os recursos nacionais e, mais recentemente, com a Estratégia de Lisboa e a sua agenda, disprover os serviços públicos e privatizá-los, entre outras artimanhas que desprotegem os mais desfavorecidos, em favor de uns quantos. Vamos ver como na prática se propõe o PCP a denunciar as nefastas estratégias da UE, levando os trabalhadores a unirem-se contra as suas consequências. Pelo menos já se ouve falar da possibilidade de ruptura (conf. 2.1.8.2. das teses).

Já no que respeita à abertura ao diálogo com outras forças políticas de esquerda, e mesmo "progressistas", existem contradições: nas teses lança-se o êngodo (ver 1.3.27. e 1.3.28), mas depois deita-se tudo a perder na falta de tacto (deliberada?) como se (des)considera essas outras forças, mais afastando do que unindo, o que faz com que na prática a divisão da esquerda volte à estaca zero, o que no momento é muito grave pois é uma forma de deixar que tudo fique na mesma, cada esquerda impotente a lutar no seu quintal, de costas viradas.

Já a luta dos professores é um exemplo. Conseguiram unir-se na luta pelas mesmas causas (mesmo se a avaliação é a causa que mais os une, embora muitos não se apercebam que o que está aqui em jogo é a escola pública e o perigo que os professores correm arrastados na sua destruição). Mas serão só os professores que lutam pelos seus direitos? E as outras classes profissionais, todas afrontadas por estas políticas? Por que não unir as suas lutas numa mesma luta? Com a força da manifestação de 100 000 de 8 de Março, agora reforçada, não tinha sido a altura certa para unir essa força à dos outros trabalhadores, antes da aprovação do código do trabalho? Por que foram os professores logo a seguir desmobilizados pelos próprios sindicatos através do fatídico memorando de entendimento com o ME, para não deixar cair a ministra nem o governo. Por que é que os sindicatos não convocam agora uma greve geral nacional? Ou uma mobilização geral dos trabalhadores de todos os sectores? Não será a luta dos professores comum à dos restantes trabalhadores e cidadãos? Se o momento é de mobilização, por que não fazer já uma mobilização unida, contra as políticas preconizadas pela Agenda de Lisboa da UE, contra a forma como os Estados optam por salvar os que nas suas negociatas inconsequentes provocaram a crise em lugar de proteger os trabalhadores, cujo trabalho gera a riqueza das nações. Ou a riqueza já não precisa dos trabalhadores para ser gerada, bastando-lhe as operações obscuras executadas pelo capital financeiro onde não há trabalho, nem dinheiro, nem impostos, onde tudo é virtual ou falso, como num jogo de Monopólio.

Blog Widget by LinkWithin