
Lisboa, AR, Manifestação de 12 de Julho
Frente à Assembleia estavam só estes estudantes da fotografia. Tinham estado a pintar o cartaz até às 6:00 h da matina. Valeu a pena? Se valeu: reparem que só eles lá estavam a pedir a retirada, a defender o Ensino Superior Público alertando para essas leis que por aí vêm, o RJIES. Outros pedem a morte lenta do adiamento. Adiar a discussão de uma lei que não serve às nossas universidades é consenti-la. Exigir menos que a retirada não é nada. Porque será que só estes o dizem claramente?
Esta chusma de manifs vem apenas dar razão aos que nos querem fazer acreditar que as manifs são tantas que já se tornaram corriqueiras. Manifs que fazem as pessoas faltarem ao trabalho e amedrontarem-se com a avaliação que lhes vão fazer um dia dessas faltas. Em breve todos serão facilmente catalogáveis e será fácil pô-los a todos entre a espada e a parede, na lista negra. Instruções: limpar a função pública dos últimos resistentes. Limpá-la! Isto são instruções que podem vir mais de cima, sempre de mais alto, muito para lá da Democracia.
Quantos ainda virão à próxima manif convocada? Para a semana há mais, duas, parece. Cada vez menos: as férias, os medos, os cansaços. Mas virão ainda assim muitos. Há sempre resistentes. Apesar das férias, apesar dos medos ou dos cansaços.
Na próxima vez que uma manif seja uma espécie de falso alarme, não deixem de ir ainda assim até lá. Em breve dissipar-se-á, não se assustem que é mesmo assim. Desobedeçam, não vão para casa. Metam-se em todos os cafés, tascas e pastelarias, bebam um copo e falem muito. Falem de todas as coisas de que vos fazem falar. Digam uns aos outros tudo o que foram levados a pensar. Riam-se das imagens, riam-se do ridículo, riam-se de todos os que vos fazem rir. Falem muito de coisas sérias, porque coisas muito sérias estão neste momento a acontecer nas nossas costas, nas altas esferas dos senhores do mundo. Troquem ideias, falem de tudo, tudo o que vos fizer falar. Mas não vão logo para casa. Resistam e ousem exigir a retirada de tudo o que não sirva à nação, porque um dos objectivos desta trama é destruí-la.