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terça-feira, fevereiro 05, 2008

Sistema planetário deste mundo de cá

Fumamos no nosso pequeno mundo

Onde nenhuma ASAE se pode imiscuir

Onde nenhum governo nos diz o que não fazer

Onde nenhum decreto nos vem multar



Cada vez mais importante este nosso

muito nosso pequeno mundo nosso

Onde conseguimos ser ainda um pouco livres

Onde somos ainda um pouco nós



Aqui só fazemos o que nos apetece

só entra quem realmente acolhemos

não manda directiva europeia que não queremos

e quem mais ordena é o povo que somos

domingo, janeiro 27, 2008

Aula Livre!

Simplesmente... (Renda de Bilros)

É bonito pegar num livro e ler

pegar num lápis e escrever...

é bonita a escola.


mas mais fantástico ainda

é correr portão fora

ao toque da campainha

pegar numa bola

seguir os amigos

desatar aos gritos

pelo descampado

em dia de sol crescente,

mostrar uns truques

fazer umas fintas,

dar um abraço,

ensaiar novo passe,

cheio de classe,

é assim bonito

aprender a ser!

Essa é a minha grande pena: hoje, em nome da segurança, estamos a privar os nossos filhos dessa aprendizagem tão salutar que se faz na rua. Chamaste ao teu poema "simplesmente..." e lembraste-me um tempo em que tudo parecia ser assim, simples (seria? ou era falta de informação? e nesse tempo já existiria a pedofilia, os crimes da Casa Pia, só que ninguém sabia?).

Eu talvez lhe tivesse chamado "Liberdade"... Hoje, em nome da segurança temos cameras ocultas nas escolas a controlar os alunos; vigiamos as suas conversas na internet; protegemo-los o mais possível da rua... todos os dias ouvimos notícias de raptos insolúveis. Que mundo é o nosso? Que mundo será o deles? Que confiança poderão ter em nós quando descobrirem que os próprios pais os controlam e vigiam às escondidas? BIG BROTHER IS WATCHING YOU! (BIG MOTHER! BIG FATHER!)
O poema, como sempre magnífico: simples e no entanto tão complexo! Aconselho a leitura de todos os teus poemas!

Ontem apeteceu-me transcrever aqui o teu poema e o comentário que deixei no teu blog. Entretanto começou a rubrica "O Mundo Perfeito" e fui deitar-me no sofá a ver -- aquilo dura cerca de cinco minutos, se tanto -- só que adormeci instantaneamente e já não fiz mais nada. De vez em quando é preciso parar!

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Dia Mundial da Liberdade

Liberdade - Sérgio Godinho

Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente

e a sede de uma espera só se estanca na torrente

e a sede de uma espera só se estanca na torrente

Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada

Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão

habitação

saúde, educação

Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir

quando pertencer ao povo o que o povo produzir

domingo, dezembro 02, 2007

Não te deixes murchar!


Letra para um Hino


É possível falar sem um nó na garganta
É possível amar sem que venham proibir
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.


É possível andar sem olhar para o chão
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetecer dizer não grita comigo: Não.


É possível viver de outro modo.
É possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.


Manuel Alegre, O canto e as Armas


terça-feira, outubro 02, 2007

Ao desabrigo

Hoje houve a primeira reunião da Associação de Pais, a última desta direcção. Terminou o seu mandato com um saldo positivo. Fez “a obra”. A obra foi um telheiro que resultou da boa vontade dos pais que compraram t-shirts e com o moscovita contributo de mecenas que lá estavam hoje representados, para sabermos que existem. Um dia em que esteja pouco vento e alguma chuva havemos de agradecer a parte que nos coube da obra que sobrou para o exterior. Todos os dias há pais que deixam os seus filhos à porta da escola ainda fechada. Têm horários. Todos os dias são muitos os pais que esperam pelos seus filhos desabrigados. São tantos que duvido que vão caber debaixo daquele telheiro. Também esse telheiro não foi feito a pensar neles … Mas já as crianças para quem ele foi feito, essas continuarão do lado de fora da escola, empurrando-se debaixo do telheiro ou continuando a abrigar-se nos prédios. Andarão à chuva e ao vento, como sempre andaram, porque a escola está fechada. Os pais destes meninos cada vez têm horários de trabalho mais flexíveis e ainda nem está aplicada a flexigurança. Será que a flexigurança vai trazer um melhor abrigo para os nossos filhos? E o abrigo? Como deixá-los à porta da escola arcando com toda a responsabilidade pelo que lhes acontecer naquele entretanto. Eis que o portão abre e eles entram para a escola. Continuarão sem abrigo até às salas de aula onde chegarão ensopados mas estarão mais fortes no Inverno. Aí ficam mais horas do que lhes convém porque todos os pais têm horários flexíveis. Muitos pais pensam: como tudo seria mais fácil se ficassem na escola até à hora deles sairem do trabalho… e nem se lembram quando eram crianças e queriam brincar, correr, pular, sonhar. Os pais já perderam os sonhos, só têm realidade e pouco tempo. De vez em quando um lembra-se de que uma criança é uma criança, não pode ter só regras senão perde a noção da liberdade. Mas eles próprios já não sabem o que isso é. Têm que cumprir as regras do seu trabalho, senão há sempre quem lhes cobice os empregos e esteja pronto a vender a sua força de trabalho mais barata. Dizem que as Actividades de Enriquecimento Curricular este ano estão a funcionar melhor. Mas eu fui ao caderno de Inglês do meu filhos e li apenas “Sumário: Regras.” O meu filho já teve o seu horário lectivo, já cumpriu as regras do refeitório, e aquilo a que menos aspira depois disso é cumprir mais regras. A professora do ano passado era tão boa professora. Porque trocaram de empresa? Por ser mais barato? As crianças precisam de actividade física e artística, precisam de extravasar de tantas regras. Como podem crianças numa idade tão física ficar todo o dia encerradas numa sala de aula e ainda mais com regras? Para que se preparam estas crianças? Todos ficamos felizes com a formação profissional, mas perguntamos: têm empregos para dar a essas crianças depois? Ou formarão apenas uma massa amorfa de gente inculta a quem não dão préstimo? Crianças destas serão os pais dessas outras crianças que continuarão à chuva debaixo do telheiro à espera que a escola abra.Terão empregos precários e inflexibilidade de horários. Qual será então "a obra"? Quantos deles virão ainda à reunião?

sábado, junho 16, 2007

O Juiz Dura Lex Sed Lex - Da Natureza das Coisas


Já que trouxe para aqui este assunto, quero dar-lhe continuidade:

“É da natureza das coisas que a simples existência de uma manifestação de militares põe em causa a disciplina castrense”, lê-se ainda no texto, que considera igualmente que os militares desrespeitaram o disposto no Regulamento de Disciplina Militar (RDM) por não cumprirem uma ordem das “autoridades policiais e da administração pública”.

“Bastaria a sua participação fardada numa manifestação para o seu comportamento integrar a previsão legal”, de desrespeito da lei, considera a sentença.

O juiz justificou a recusa da providência cautelar com o risco da “perda da disciplina militar”, se se esgotarem “todos os meios contenciosos de impugnação” antes de “a questão ser decidida” pelos tribunais.

“A pena nunca poderia ser cumprida porque haveria sempre a hipótese de a impugnar invocando uma qualquer nulidade”, argumentou, considerando que essa seria “uma solução inaceitável”.

“Se a aplicação da pena disciplinar tiver de esperar pela decisão de uma acção que ainda não foi interposta, é a disciplina que fica posta em causa”, defende ainda o juiz.

Ler mais aqui e aqui.


Conforme eu já tinha dito, estes militares, por serem militares -- o mesmo aconteceu há pouco com as duras penas aplicadas ao sargento Luís Gomes (ver números da petição online
aqui)-- mas dizia eu, estes militares cumprem penas, os seus actos são punidos por Lei para que sirvam de exemplo. Os militares, a polícia e outras forças de autoridade, devem, segundo a lei castreense, acatar as leis, e calar o seu protesto contra a perda de direitos profissionais, o seu castigo serve de exemplo ao resto do povo; mas estes têm dirigentes sindicais que dão a cara por eles e se revoltam publicamente; outros camaradas mobilizam-se para os defender. O juiz recusou a providência cautelar em nome da disciplina e constitui Lei a sua interpretação de o que é uma "manifestação" e de o que é um "passeio de descontentamento". A partir de agora, quem organize uma passeata com os amigos está a fazer uma manifestação. Manifestações e passeatas, tudo no mesmo saco porque o senhor juiz assim o diz. E militares não estão autorizados a participar em manifestações, logo as passeatas são proibidas. Os militares são assalariados, e como tal têm que poder lutar pelos seus direitos; mais que não seja, devem ter o direito à livre circulação pela cidade e a exercer a sua liberdade de expressão. Afinal os militares vivem ou não numa democracia? Não foi a democracia o rumo que o 25 de Abril tomou? Que democracia é esta que usa a lei para punir os que pacificamente protestam enquanto deixa à solta os pedófilos, os corruptos e os bandidos? Que democracia é esta em que quanto mais bandido mais poder se alcança? Em que os militares, alguns que até participaram na revolução, não se podem unir, nem passear o seu descontentamento -- e nós, podemos?
É sabido que a democracia feneceu no próprio dia em que foi conquistada por causa dessa mesma diciplina militar. Porque não desobedeceu Salgueiro Maia quando viu que o poder era entregue a Spínola? Em vez de a deixar nas mãos do povo, foi ali mesmo entregue a um outro ditador, ao nosso coroné marcelento e colonislista, o cabecilha da maioria silenciosa (não vos dá arrepios, todo esse clima fascizante?). Em 1975 já andava tudo a segurar a revolução com unhas e dentes e os rastejantes a minar, a minar, a estender os tentáculos, para agora tomarem tudo. No jogo sujo da democracia, vejam quantas regras do jogo foram entretanto alteradas, observem hoje a que batotas estamos todos sujeitos por lei neste país de marinheiros detidos, neste país de pedófilos à solta. Como podemos não manifestar o nosso descontentamento?

segunda-feira, maio 21, 2007

É a Pátria que está em causa

Imagem retirada daqui

Depois da liberdade desaparecer, resta um país, mas já não há pátria
Chateaubriand , François
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