Mostrar mensagens com a etiqueta poesia satírica. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta poesia satírica. Mostrar todas as mensagens

domingo, abril 22, 2007

Matéria Poética I: Cancioneiro Joco-Marcelino de Natália Correia VII

O Ambidextro

Da marcelíada o variegado herói,
nova gesta alfacinha o arrebata:
das ruas escalavradas se condói
e de enfermeiro da urbe veste a bata.
-----------------------------------------------
Noite fora, coluna massacrada,
olho ávido posto na eleição,
padre-operário da Lisboa esburacada
junta Marcelo gravilha e alcatrão.
-----------------------------------------------

Com uma das mãos, caritativo estro!
das ruas tapa os hórridos buracos;
com a outra, o maroto do ambidextro
esburaca o PSD para o pôr em cacos.
-----------------------------------------------
Arrepia-se Aníbal com o embuçado
tingido de escarlate Pimpinelo
e contra a mascarada solta um brado:
- Fora com o gajo que ele é foice e Marcelo!

segunda-feira, abril 16, 2007

Matéria Poética I: Cancioneiro Joco-Marcelino de Natália Correia VI

O Carochinha
---------------------------------------------------------------------
Dos voos de Marcelo, o transformista,
em doméstico dom repousa a asa:
farto de andar ao trapo e ser fadista
torna-se modelar dona de casa.
---------------------------------------------------------------------
Na modéstia exemplar dessa roupeta
- Ó eleitoral, virtuosa esfalfadeira
de ser dono da casa lisboeta! -
vai Marcelo às mercas na Ribeira.
---------------------------------------------------------------------
enche a dispensa, lava a roupa é cozinheiro,
cose a meia, faz tricot, varre a casinha.
Por fim, põe-se à janela e diz faceiro:
Quem quer, quem quer casar com a carochinha?

terça-feira, março 27, 2007

Matéria Poética I: Cancioneiro Joco-Marcelino de Natália Correia V


Marcelo até de Almeida
---------------------------------------------------------
Da cartola ofícios piedosos
tira Marcelo que em humilde mística,
do papagaio os bicos dolorosos
para carregar o lixo, mortifica.
---------------------------------------------------------
Vencendo o asco que ao menino bem
da vil lixeira o tremedal provoca,
vomita, mas a estrela de Belém
para à Câmara o guiar Marcelo invoca.
---------------------------------------------------------
Chorando pérolas amargas no chiqueiro
num andar aos papéis que não tem fim,
a Santo António da Lisboa milagreiro
Marcelo oferece o derreado rim.
---------------------------------------------------------
E em pungente epopeia camarária
do martírio fazendo nova Eneida,
proclama em santidade proletária:
não me chamem Marcelo, eu sou Almeida.

quarta-feira, março 07, 2007

Matéria Poética I: Cancioneiro Joco-Marcelino de Natália Correia III


O Fado do Coveiro
------------------------------------------------
Das artes mágicas campeão audaz
Tira Marcelo da manga outra faceta:
Por su dama Lisboa, o Galaaz
Faz-se à viela e ginga à lisboeta.
------------------------------------------------
Calça à boca de sino e cachené
Ao marialva senil metendo inveja,
Fidalgo edil que canta para a ralé
O faduncho finório gargareja.
------------------------------------------------
Estremece Aníbal com o pardal fadista
Que aquilo é treino para o último regalo:
Escaqueirar o reinado cavaquista
E sobre a tumba, por fim, cantar de galo.
------------------------------------------------
Blog Widget by LinkWithin