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quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Eis um post que eu gostaria de ter feito e que acrescento...

A Origem do Mundo - Gustave Courbet

Pornografia é o quê?



Um irmão meu, antes do 25 de Abril de 74 (antes de 74 quer dizer no tempo do fascismo), foi multado pela polícia dos costumes, por ter sido apanhado a dar um beijo à namorada, no jardim público. O filme já está de volta. A regulação do gosto e dos costumes pela cartilha moralista-religiosa veio para ficar.

Etiquetas: corrupção, ideologias, palhaçadas

Depois da censura às micro-imagens de mulheres desnudas no Magalhães do Carnaval de Estarreja a polícia de Braga apreendeu vários exemplares de um livro de pintura que na capa reproduzia um quadro de o pintor Gustave Courbet, por sinal exposto no Museu D'Orsay em Paris, por considerarem a imagem pornográfica, posteriormente rectificado por constituir um "perigo contra a ordem pública".

Esqueceram-se da pornografia que interessa combater; aquela que o crime compensa; a de se pagar uma multa de 5 mil euros por um crime provado de corrupção na forma tentada, na ordem dos 200 mil euros.

Fernando

in coerências


… até porque todos os dias se ouvem notícias obscenas de coisas reais que acontecem e que lixam com F bem grande a vida de muitos trabalhadores e das suas famílias, mas ninguém detém essa gente!


E também porque ninguém se lembra de fiscalizar e questionar esses negócios instituídos da mais pútrida pornografia: por todo o lado deparamos com esses anúncios de gente oferecendo sexo explícito nos jornais, nas revistas, na televisão, na internet, por todo o lado um convite mediatizado à mais mediática das prostituições, com chulos de intermédio como empresas de publicidade, fotógrafos, tipógrafos, e senhores dos jornais e da televisão, gente como o Pinto Balsemão e outros patrões que vivem inclusive da indústria do sexo (quanto ganharão no final essas mulheres?)…


... que maior pornografia quando um ministro vende lá fora a nossa força de trabalho equiparando-nos aos chineses e garantindo ainda melhores preços...


… e porque a mentira também é pornográfica como a estrutura do sistema capitalista, as sociedades secretas e os grupos de interesse e de pressão que negoceiam em escandalosos tráficos de influência o nosso futuro em tom de deboche, como se não fosse o presente e o futuro de pessoas de carne e osso que estão irremediavelmente a comprometer e a endividar.


Como se a atitude de certos dirigentes sindicais não fosse pornográfica quando mais facilmente pedem o bodo para os pobres à Igreja do que conduzem as massas a exigir em conjunto os seus direitos à permanência e à dignidade do trabalho e a defender os seus direitos anteriormente conquistados.


Courbet apenas pintou o corpo de uma mulher tal como ele é, sem castração moral, sem qualquer tipo de pudor, recriando-o como A Origem do Mundo. Mas na cabeça dos polícias apenas surge a identificação com o filme pornográfico visto ao serão, com as fotos das revistas e jornais, imaginando assim a menina da televisão que aparece a convidar para uma cambalhota. Para um polícia aquilo é muito real para ser um quadro. Courbet, o realista deve rejubilar se pode ver a cena lá onde está o seu espírito. Mas nós aqui sobre a terra só nos lembramos dos episódios dos Magalhães e daquela mulher horrorosa da DREN e das mentiras do Sócrates, da falta de cultura e de senso desta governação que nos vem assombrando, dos episódios caricatos a sucederem-se. E lá no fundo do nosso pensamento colectivo sentimos uma espécie de ameaça a minar, um bafiento cinzentismo a penetrar como um bolor antigo e a corroer toda uma sociedade.








quarta-feira, abril 04, 2007

Retrato do país das meias tintas

Costumo dizer que se ainda alguma das chamadas "conquistas de Abril" nos resta como tábua de salvação, ela é sem dúvida a da liberdade de expressão. Pelo menos por enquanto ainda se pode falar e, nem sequer se paga imposto. Claro que as pessoas, principalmente depois que Portugal entrou para a CEE (actualmente degenerada em União Europeia), de repente descobriram que tinham poder de compra, nem que fosse à custa do endividamento, e que pagar lhes dava um certo poder. Por isso passámos a preferir pagar para falarmos uns com os outros, optando por usar os telemóveis e os SMS's e por nos comunicarmos pela Internet, serviços que nos permitem "falar" até não poder mais e cuja publicidade enganadora nos cria a sensação de que temos toda a liberdade do mundo de passarmos horas e horas a comunicarmos por um preço irrisório. Banimos das nossas vidas o prazer de nos encontrarmos com os amigos nas mesas de café para, olhos nos olhos, concordarmos como este país está uma choldra. Cada vez esses momentos são mais raros e chega até a haver casos em que, quando as pessoas se encontram corpo a corpo, ficam assim meio à toa sem saberem o que dizerem umas às outras. Como se lhes faltasse o suporte, como se o telemóvel funcionasse como uma espécie de cigarro desbloqueador de inibições. Ao telemóvel, pelo computador, blá blá blá, palavra puxa palavra, conversas ininterruptas; cara a cara, então tudo bem? Tudo bem. E está tudo dito, adeus que se faz tarde, logo ligo-te. Xau. Foi o que ganhámos com este estado de choque tecnológico.
Voltando à questão inicial da nossa liberdade de expressão: será que ela existe realmente ou tornou-se deveras virtual? Pois ao que parece mesmo as palavras mais fortes tendem a modificar-se. Ouviram hoje aquela do Carvalho da Silva a apelar à "greve generalizada"? Mas afinal o que é isso de "greve generalizada"? Será uma greve de generais? Ou uma espécie de senha para se referir ao que em tempos se exprimia claramente por "Greve Geral" e que passa agora a assumir esta forma velada? Será realmente liberdade de expressão não chamarmos os bois pelos nomes? Somos assim tão púdicos e preconceituosos em nomear formas de luta meritoriamente conquistadas e tememos reivindicar publicamente o nosso direito ao trabalho, à saúde, à educação digna e de qualidade? E tão debochados que acham por bem nos oferecerem declaradamente a possibilidade de excluir da factura as nossas pequenas perversões voyeristas, acenando-nos com uma publicidade pulha e cúmplice, mais pornográfica que toda a pornografia alguma vez vista às escondidas.
Somos um povo mentiroso e cobarde por natureza. Capazes de enganarmo-nos até a nós próprios e nem isso admitimos. Temos medo de assumirmos seja o que for, muito menos qualquer tipo de compromisso, de tomar uma posição clara, de lutarmos pelos nossos direitos. Preferimos perdê-los calados e carpirmos depois, quando já for tarde demais. Gostamos mais de viver atolados na mentira do que admitir que nos enganámos. Daí esta maioria parlamentar. Daí este governo. Daí este primeiro-ministro com as suas crescentes sondagens. Daí um fraco em Belém. Daí este país burlesco e grotesco que mete dó.
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