
Uma estrada cabe
dentro de minha pasta.
Uma estrada e sua poeira.
Um edifício fino
Um educandário
três pontes
mil touros
dormem em minha pasta.
De asas estou largo:
comprei a pasta
porque nela um importado parou
que me dará férias ao avião.
Encerrei na pasta
uma fauna e uma flora:
basta abrir o zíper
e um papagaio alarda anedotas,
um canário coça-me os ouvidos,
uma andiroba atira-me um galho...
Eu como florestas,
eu bebo andorinhas.
Almoço de folhas,
sobremesa de penas.
Cabe não perder a pasta
(como certos peixes)
nos remansos de meus sábados.