quinta-feira, julho 31, 2008

Férias Portuguesas 1

Um pára-vento, uma cadeira Benfica, uma geleira com bejecas e umas chanatas havaianas.
Que mais se pode querer da vida?

Férias Portuguesas 2

Amor e uma cabana?

Férias Portuguesas 3

Algures na costa portuguesa:
- Aquilo é que foi coooortir, meu!

Férias Portuguesas 4

Praia da Torre:
- Que vergonha não ter ido de férias!|

quarta-feira, julho 30, 2008

Ler não é maçada


Já há alguns meses que não lia para os meus filhos. Houve um tempo em que lhes lia sempre, todas as noites antes de dormirem, mesmo em bebés. Entretanto ambos aprenderam a ler e houve quem dissesse que era altura de serem eles a ler os seus próprios livros, se tivessem quem lhes lesse podia dar-lhes a preguiça. Por isso chegou a uma altura em que lhes deixei de ler e eles começaram a fazer as suas leituras. Mas agora que estamos de férias apeteceu-me voltar a ler-lhes um livro. Porque desta forma partilhamos os três o momento da leitura. Trouxe comigo um daqueles que lhes comprei mas que eles não pegaram, talvez por ser um pouco grande. E todas as noites lhes tenho lido um capítulo, às vezes dois a pedido (uns são maiores que outros e a pressa e a vontade deles em saber mais um pouco da história também são grandes).

O livro que lhes estou a ler é este.

Entretanto foi para mim agradavelmente surpreendente que a minha filha tivesse lido rapidamente, logo nos primeiros dias aqui de férias, um livro que lhes li em tempos, do Pepetela.

Fiquei com a certeza de que a experiência da leitura acaba sempre por dar os seus frutos quando a semente é lançada no momento certo, ou seja desde logo.

Prémio Camões 2008 - João Ubaldo Ribeiro

terça-feira, julho 29, 2008

Força aí, galera!

Imagem daqui

Tive um professor na faculdade que contou que foi ao Brasil e não percebia nada do que se dizia na rua. Para mim isso é toleima, mas para ele “galera” não era senão aquele velho barco.

Pelo menos era um bom professor universitário, punha-nos a pensar primeiro pela nossa cabeça e só depois exibia a sua teoria. Mandava-nos ler os textos A e advertia-nos contra as ideias feitas dos textos B. Confrontava-nos com os poemas e depois discutiam-se as “teorias” de cada um que quisesse entrar no debate. Mas de português do Brasil não sabia nada, ou fingia que não sabia, por sua conveniência.

Claro que quando contava a história ele sabia muito bem de que galera se falava, a história era apenas um exempla para desconsiderar a língua popular e a cultura do Brasil. Os professores de teoria da literatura deviam ser menos virados para as literaturas europeias e conhecer um pouco mais as literaturas latino-hispano-americanas. E se estão a dar aulas a alunos dos Estudos Portugueses deviam obrigatoriamente ter um bom conhecimento de Literaturas Africanas. Mas o que lá vai, lá vai. Até se compreende, já que a sua formação era nitidamente nos anglo-saxónicos e na literatura norte-americana. Quanto à literatura portuguesa era dos cheios de gostos exclusivos e de preconceitos: não me lembro de ter dito claramente que apreciava este ou outro autor português, mas havia uma catrefada deles (a maior parte) que eram desqualificados até mais não. Importa dizer que Jorge de Sena foi discutido, e também matéria de teste um poema, complicado de saber quem diz o quê, como e de que género, do Ricardo Reis. Este foi uma pedra no sapato de muito boa gente… Provavelmente se tivesse prosseguido os estudos tentaria um mestrado em Teoria da Literatura para continuar com este professor, mas achei que não precisava assim tanto de buscar desesperadamente uma teoria para a Literatura. E ainda para mais ele afirmava que nenhum livro alguma vez pôde mudar o mundo. Eu não concordo.

Preferi deixar rolar a língua e não ocultar saber de que galera se fala.


segunda-feira, julho 28, 2008

Dedicado ao Presidente Lula recentemente passado aqui pelo Alentejo

Por estar de férias...

Começo a sentir-me out depois de uma semana dando pouca atenção às notícias.
Pelo menos não me tenho sentido desinformada.

sábado, julho 26, 2008

SOCRATEAR

Retirado daqui
(clique para aumentar)

o Novipretoguês

Língua Portuguesa é “activo fundamental” (Cavaco Silva)
(ler aqui)

É um facto que eu nunca vou escrever “facto” como se de um fato se tratasse. De facto não é porque de repente um grupo de mentecaptos de fato se lembre de alterar a grafia da Língua Portuguesa que faz com que milhões de pessoas no mundo passem a escrever como eles querem que se passe a escrever. Claro que têm a faca e o queijo na mão para impor a norma: criem-se correctores ortográficos informáticos, espalhem-se pelo mundo lusófono professores amestrados no novo acordo, mandem-se escrever em todos os jornais a Novilíngua. Encontrarão ainda a resistência dos que sabem escrever em bom Português, aqui, no Maputo, no Rio, em Cabo Verde, por toda a parte esses se recusarão a escrever como eles querem. E dos que não hesitarão em começar desde já a pôr a nu o resultado prático deste acordo ortográfico.


A minha pátria é a Língua Portuguesa, disse Pessoa. No curso de Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses, conheci e li autores de todos esses países lusófonos. Se quis melhor conhecer a alma dos cabo verdianos tive que aprender um pouco de crioulo (infelizmente muito pouco). Se todos nos entendemos com mais ou menos variantes, porquê uniformizar o que se quer diverso, criativo? Quer-se criar uma língua una, miscelânea das variantes, que derivaram em línguas autónomas, originais. Não é uma norma artificial, pela imposição de mudanças na grafia, que altera uma língua. A grafia nunca foi coincidente com a oralidade, esta sempre caminhou à frente. As palavras têm um modo de dizer que escapam à grafia, a língua sobrevive sempre por aí, por muitos atentados que façam à grafia. Mas a aprendizagem da língua é formadora, porque as palavras passam a trazer consigo o peso da sua história. A maior parte das pessoas aprende apenas o que lhe ensinam na escola: mal ou bem aprendem a escrever, ou seja, o uso do código. Mas por detrás de cada palavra há uma origem, cuja evolução determinou a forma como se escreve. Criar de repente uma norma, a partir da colagem das variantes, vem impor um corte demasiado artificial. Uma coisa é simplificar uma letra dupla, ou retirar um assento que caiu em desuso por não alterar a forma de dizer a palavra. Agora uniformizar grafias retirando às palavras os seus traços distintivos, isso é castrá-las. Mesmo oralmente eu digo "de facto" soletrando o "c", de uma forma diferente como digo "fato". E no entanto entendo que os brasileiros não o façam. Eu compreendo-os a eles, eles certamente me hã-de compreender também, quer oralmente, quer por escrito.

No próximo ano "letivo" quem irá leccionar?

Em breve vamos ter aí uma geração de engenheiros que saberá escrever correctamente em Novipretoguês, apta a comunicar com os seus parceiros e a negociar com eles, para bom entendedor meia palavra basta. Educados nesse suporte linguístico basicamente artificial (e artificioso), terão cada vez menos ligação com a língua dos seus avós. Despojados do ensino, os clássicos da literatura serão em breve antepassados dos dinossauros escolásticos que já são para a maioria dos alunos portugueses. E já não estou a falar das Cantigas nem do Gil Vicente, refiro-me a obras de há um, dois séculos, Eça, Pessoa, todos os que foram mestres a usar a língua para exprimirem o seu pensamento. Este último viria mesmo a recusar-se a abandonar a grafia do “y”, imposta por um outro acordo, por lhe lembrar o pescoço do cysne. Por isso continuou a escrever como bem lhe apeteceu.
Pergunto-me se alguma vez o Saramago e o Lobo Antunes vão permitir em vida que editem a sua obra em Novipretoguês… Pergunto-me se os Estados vão dar subsídios aos lobbies editoriais que para aí se vão fortalecendo para “traduzirem” as suas obras para Novipretoguês…

O processo de formação dos crioulos é em tudo semelhante, excepto que nasceu da oralidade. Com a necessidade de os colonialistas negociarem com os povos colonizados, simplificaram a sua língua, tipo: eu branco, eu mandar. Tu obedecer. Isto para mais facilmente se fazerem entender. Com o advento da Globalização é agora a língua de origem, o Português que mais se deverá modificar e adaptar às mudanças.
Esta nova língua que querem engendrar é um crioulo artificialmente criado para facilitar negociatas. Mudaram-nos o dinheiro, mudaram-nos os hábitos, querem-nos agora mudar a Língua. Somos um povo cada vez mais aculturado pelas exigências da globalização. A verdadeira globalização não é este desrespeito pelas características que definem os povos. Esta globalização é o capitalismo a minar tudo, a destruir tudo à sua volta.

quarta-feira, julho 23, 2008

Raul Seixas - Metamorfose Ambulante

Do que ter aquela velha velha velha opinião formada sobre tudo

Fanática por praia

Imagem daqui

A praia hoje estava diferente. O mar estava com ondas cavas, grandes massas de água que vão cavando a areia provocando um desnível entre o mar e a terra. Fartei-me de desabar declives de areia, como fazia quando era miúda. Como o mar não estava de feição para se ir a banhos, caminhámos pela praia até não haver ninguém. Afinal lá muito ao longe havia um casal talvez acasalando. Como diz o Abrunhosa: e tu e eu que é que vamos fazer? - Talvez foder. Talvez foder. Estavam no seu direito e em plena liberdade, com céu, terra e mar como seu testemunho. Quem havia de desejar melhor casamento?
Meia volta volver, afinal tínhamos andado um bom bocado e ensinado às crianças que não se deve interromper casais namorando e também como lidar com a decepção: chegar à praia no primeiro dia de férias e não poder tomar banho... Qual é a primeira reacção de uma criança? A decepção. Por isso havia que lidar com a decepção e tornar o momento divertido. O passeio à beira mar afastou a tempestade. Se fossem os românticos ficavam logo com a alma em sobressalto como o mar, a prever a tragédia do fosso que se está a criar entre o mar e a terra, colocando o seu espírito em comunhão com a natureza. Connosco não foi assim, andar a pé foi um exercício revigorante. Há que enfrentar os contratempos, eis o que se aprende com a idade... e com os contratempos. Aquilo nem sequer era uma tempestade. Adoro ver o mar revoltado. Mas é só porque não sou pescadora. No entanto, como diz Amos Oz, para não cedermos a fanatismos temos sempre que nos saber colocar no lugar do outro e saber ver todas as partes.
O fanatismo, quanto a mim começa muitas das vezes por uma simples teimosia intelectual, do tipo: não gosto de amarelo, só gosto de azul ou verde. Pois eu gosto de canários amarelos e não gosto de sindicalistas amarelos. Mas há pessoas que formam uma série de pré-conceitos, segundo os quais se regem e apoiando-se neles como numa tábua de salvação dizem para a esquerda e para a direita: gosto disto, aquilo não presta. Não gosto disto, só gosto de aquilo. Só gosto disto e só isto é que é bom. E, limitando o seu próprio horizonte de expectativas, é como se pusessem uma espécie de palas que não lhes permite apreciar muitas outras coisas para além do seu estreito campo de visão. Geralmente estas pessoas aparecem aos olhos dos outros como sendo pessoas muito seguras de si, muito cheias de convicções, muito determinadas e com objectivos muito concretos. A meu ver não passam de potenciais fanáticos.


terça-feira, julho 22, 2008

Férias Férias Férias Férias Férias... e boas recordações

Fonte da Telha, Jantar Blogosférico IV

Pois, finalmente zarpei! Lisboa ficou para trás das costas. Ainda agora cheguei e já me dei conta que trouxe roupa a mais. E gatos a mais. Fiz mais uma partida de arromba - carro cheio - vou enumerar: um cão grande numa caixa de viagem, uma gata laranja num transportador, uma Bimbi aos pés do lugar do morto, uma piscina de encher no lugar do morto, computador, algumas pastas de papelada para digerir. Parecia um filme cómico. Auto-estrada aí vai ela que se faz tarde e eis o destino: aqui sinto-me em casa porque de facto estou em casa. Ah, esqueci-me de dizer que trouxe a frigideira dos crepes... mas venho cheia de boas intenções de fazer dieta . Não digo que vá perder 10 kg em 15 dias como a tia Júlia Pinheiro, mas eu também não quero ficar assim... como ela. Vejam lá que trouxe comigo alguém que por sua vez trazia a LUX! As coisas que eu fiquei a saber. Não julguem que não é uma revista interessante: uma olhadela nas fotos e ficamos a saber quem são os meia dúzia de betos fatelas que se andam por aí a pavonear fingindo que não é gente como eles que são os responsáveis por esta m..... ter chegado a este estado deplorável. Olho-os e não os invejo: são tão foleiros! Podiam cobrir-se de oiro e pedras preciosas da cabeça aos pés e ainda assim lhes restava os cerebrozinhos para lhes denunciar a pequenez do espírito!
Amanhã já nem me lembro dessa gente... a não ser que tropece em algum na praia, mais vale cagar um pé todo!

segunda-feira, julho 21, 2008

Arranja-me um emprego - Sérgio Godinho

Mas para ter férias é preciso ter emprego
espera aí que já lá chego...

Intervenção da CDEP

Imagem Kaótica

Está a ser publicado no blogue da Comissão de Defesa da Escola Pública (CDEP) o Boletim resultante do Encontro de 19/Abril (leia aqui)

Aconselha-se a sua leitura a quem se preocupa com o Ensino
e/ou a quem o Ensino preocupa.

domingo, julho 20, 2008

TPC de Férias


Henry David Thoreau, A Desobediência Civil (Civil Disobedience, 1849), Antígona, 1987, p.64


“Quando o súbdito nega obediência
e quando o funcionário
se recusa a aplicar as leis injustas
ou simplesmente se demite,
está consumada a Revolução”

Homem do Quilate de Henry David Thoreau ( 1817 – 1862 )

«A desobediência civil já trouxe relevantes resultados há tempos atrás.
Para citar os mais óbvios ficaria com Mahatma Gandhi e Luther King.

Todos os atos políticos de Gandhi foram baseados em princípios de desobediência civil e não- violência. Gandhi teve acesso às ideias de desobediência civil através Leon Tolstoi um cristão libertário que por sua vez bebeu na fonte daquele que foi provavelmente o pai da "desobediência civil", David Thoreau.

Thoreau morava em uma cabana numa floresta de Massachusetts nos EUA, e certo dia encontrou um guarda que lhe cobrou impostos e inclusive ofereceu dinheiro emprestado para que o imposto fosse pago. Thoreau ficou desconcertado com a situação pois já morava há dois anos na cabana e só estava indo para a cidade para consertar o sapato. E recusou-se a pagar o imposto pois, por princípio, recusava-se a dar dinheiro para o Estado uma vez que discordava da política deste e também não queria ajudar a financiar a guerra que era travada contra o México.

Ficou uma noite preso até ter a fiança - e os impostos - pagos por sua tia. Quando saiu da prisão escreveu o texto "A relação do indivíduo com o Estado", que mais tarde foi publicado como "Resistência ao Governo Civil", para finalmente ser conhecido como "Desobediência Civil" .» (urgente ler o texto de Thoreau)

Retirado daqui

e daqui

sexta-feira, julho 18, 2008

quarta-feira, julho 16, 2008

Limpezas e Empecilhos

O Pafúncio

Em casa, limpezas de cima abaixo, tipo tirar tudo de um quarto, limpar e pôr tudo lá outra vez. Ontem tirei tudo, hoje a senhora que trabalha aqui em casa limpou e agora não consigo fazer a parte final de lá encafuar tudo o que ficou de fora. Olho o quarto quase vazio e desejo que assim continuasse. Tantas coisas que acumulamos e depois não nos conseguimos livrar delas, perseguem-nos pela vida fora como empecilhos que queremos conservar.

Tive necessidade de não o fazer hoje, apetecia-me estar aqui no computador, como quando não se pode e se tem outras coisas para fazer. O Inverno todo, e mesmo durante a Primavera, o caos foi-se instaurando aqui em casa: livros empilhados, papelada pelas cadeiras, coisas sem sentido que foram ficando por arrumar, enfim uma desorganização de todo o tamanho, pó e pelos de animais. É que as noites passadas sucessivamente no teclado traduzem-se em desordem aqui no espaço físico. E quando se olha à volta e se toma consciência disso, é que se mede as consequências.

De volta ao computador começo por ver os mails e o tempo vai passando de assunto em assunto. Há sempre coisas para fazer e o tempo nunca chega para tudo.

De repente, de um modo quase aleatório, intuitivo, resolvo arrumar com um assunto: a associação de pais entra declaradamente em férias. Durante as férias haverá no entanto muita informação a organizar, que se quer organizada.

Como bem diz uma amiga, sem organização não se faz nada.

Entretanto o Pafúncio foi-se reduzindo à sua inactividade burguesa. Está de mãos e pés atados, com a crise, resta-lhe ficar quietinho à espera que passe o mau tempo. Aquilo lá para os Estados Unidos não está nada bem. Como abana por todos os lados o grande pilar do capitalismo global… Se estoira vai chover merda em Moscovo! Como bom Pafúncio que é, de brandos costumes, o melhor é não dar muito nas vistas e, já que não pode assobiar para o lado fingindo que não é nada com ele, pelo menos não se mete em politiquices não vá isto ainda dar a volta e ele estar posicionado do lado dos vencidos. Ainda se lembra quando teve que arranjar um cravo à pressa. Quem lhe dera a ele que a política não se viesse meter com ele, que a crise não lhe fizesse resvalar o lucro para o abismo, poder sentir-se seguro, sem medo de violências, para se poder entregar aos prazeres da vida. Felizmente está quase a ir de férias, este Pafúncio, onde se poderá esquecer de todas as dificuldades e aliviar o stress acumulado. Haverá alguém que o mereça tanto como ele?

segunda-feira, julho 14, 2008

Salutar ressaca

Algés, 12/Julho/2008

Obrigada a todos. Não pensem que ando pesarosa. A morte às vezes pode ser uma libertação e não podemos ser egoístas e querer que as pessoas durem para nosso conforto. Temos que as deixar desprenderem-se do corpo que já não lhes serve. Que admitir que a sua energia se funde e se dilui. E principalmente não as esquecer nunca. Ficam os efeitos da sua passagem nos que os conheceram e sempre se há-de falar naqueles cuja passagem por este mundo só contribuiu para tornar o mundo melhor, tenham ou não deixado obra produzida.

Ontem voltei a ter a certeza que a internet e os blogues valem a pena porque as pessoas existem. Não fazia muito sentido a Kaótica ser uma cartelista (ver O Cartel) mas fez todo o sentido que a Kaótica viesse a conhecer a Brit com. Vieram de longe para juntos partilharmos o concerto do Neil Young e do Ben Harper. Mais duas excelentes pessoas conhecidas através da blogosfera. De todas as que conheci por esta via ainda não sofri qualquer decepção, apenas a boa nova de existir tão boa gente.

Grande concerto deu o Neil Young! Até saltarem as cordas da guitarra, entrega total até ao limite. The good old ones! Muito bom o concerto do Ben Harper, que ali está para durar como um dos melhores dos novos. Pena que não tenha voltado ao palco no final. Para nos deixar com água na boca?

Hoje a ressaca física é monumental. Atribuo-a à falta de ir aos treinos. Tudo requer o seu endurance! O mal é ficar parado. Ainda bem que sexta feira há a IV Farra Blogosférica.

sábado, julho 12, 2008

Parabéns para sempre

(1932-2007)

Tu de saias. As coisas que já se faziam às crianças no teu tempo. Nunca te conheci assim e sempre te conheci assim, pelas fotografias que atravessaram o tempo. Quem te vê assim pode julgar que eras uma menina, mas não eras, vieste a ser o meu pai. Se fosses vivo fazias hoje 76 anos. Estás sempre presente na minha memória. Nunca gostei de colher flores mas depois que partiste tenho sacrificado muitas, tenho-as ali todas secas menos a última rosa que havia no jardim. Colhi-a para ti e parece que ganhou mais vida junto do teu retrato. Naquele retrato estás a achar graça aos teus netos e essa é uma das maiores penas que eu tenho, que não os possas ver crescer e que eles não possam já usufruir da tua pessoa. Por muita que seja a memória, a morte torna sempre a ausência irremediável. O atordoamento dos que ficam vai passando com os dias mas a consciência vai-se agudizando. É o teu segundo aniversário em que não te posso abraçar e no entanto ainda te sinto tão próximo, sempre presente em mim. Parabéns para sempre.

sexta-feira, julho 11, 2008

Húmos na Ópera, outros em casa

Não sei se lá teria estado o Jorge de Sena, como queria acreditar o Eduardo Lourenço. Apenas senti um odor a terra húmida, não sei vindo de que Baixa ali no São Carlos, que se entranhou vinda ninguém sabe de onde, depois que o Saramago falou no Húmus do Raúl Brandão, uma das próximas homenagens que a Fundação José Saramago está a promover, verbo padrasto, ingrato vocábulo, como bem assinalou Saramago, quando se trata de evocar os homens e as suas obras. A obra de Jorge de Sena foi evocada e o autor convocado. Quanto a mim gostaria ter podido ouvir mais poesias e menos palavras.

O primeiro foi o relato mais vivo, o de Jorge Fazenda Lourenço, que nos contou que andou a mexer na papelada e trouxe para nos ler uma declaração pública feita pelo Jorge de Sena na Guarda. Textos A.

Os outros: António Mega Ferreira e Vítor Aguiar e Silva falaram no homem e na obra, na sua faceta camoniana, na relação com a pátria e evocaram textos e homens, lendo textos escritos a propósito deste regresso. Textos B.
Quanto ao ministro disse que ajudava no que pudesse, e que viesse o homem e o espólio que por cá se havia de arranjar os meios. Ainda bem que o senhor ministro é alto, imagino que em certas fotos poderá ficar como que a comer as flores.
O Saramago também não ficou contente privado de ver as pessoas na plateia por causa das mesmas flores. Esteve para tirá-las dali para fora mas não passou de um impulso contido que depois nos contou, como se todos nós tívessemos as nossas fraquezas e pudéssemos compreender. Mas eu também acho que é difícil a tarefa de desmanchar o que outros construíram. Por isso se conteve no seu gesto, afirmando-o como uma não-afirmação. Já não sei quem disse que não pode regressar quem já cá está, mas talvez tenha sido Saramago, patrono do evento, a propósito de Jorge de Sena. Abandonou o palco levando consigo um outro ramo de flores. Para Pilar.
Às vezes temos que ficar calados e quietos e ouvir o que outros têm para dizer. E ficar a aprender o que outros ganharam com as suas experiências, o que aprenderam de tanto procurar. Chama-se isso transmissão de cultura. Pega-se é contagioso, mas não é uma doença, é um apetite. Como uma sala de ópera começar de repente a cheirar a terra molhada.

quarta-feira, julho 09, 2008

Nas vastas águas...

Imagem daqui
Nas vastas águas que as remadas medem.
tranquila a noite está adormecida.
Deslisa o barco, sem que se conheça
que o espaço ou tempo existe noutra vida,
em que os barcos naufragam, e nas praias
há cascos arruinados que apodrecem,
a desfazer-se ao sol, ao vento, à chuva,
e cujos nomes se não vêem já.
Ao que singrando vai, a noite esconde o nome.

Jorge de Sena
Agosto 1967 in Visão Perpétua

Jorge de Sena. Um regresso

Dia 10 de Julho, pelas 21.30 Horas,
no Teatro Nacional de São Carlos


Programa:

- Leitura de poemas por Jorge Vaz de Carvalho
- Recital de piano por António Rosado
- Leitura de depoimento de Mécia de Sena
- Intervenções de Eduardo Lourenço, Vítor Aguiar e Silva, Jorge Fazenda Lourenço, António Mega Ferreira e José Saramago
- Encerrará a sessão o Ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro

Entrada livre, condicionada pela lotação da sala

Fundação José Saramago

Fundação José Saramago

Avenida Almirante Gago Coutinho, 121
1700-029 Lisboa
info.pt@josesaramago.org
Tel. - (+351) 21 8161767
http://www.josesaramago.org/fundacao.htm


Declaração de Princípios

Fundação José Saramago

Os objectivos da Fundação José Saramago, nesta data criada, estão enunciados com toda a clareza nas disposições estatutárias pelas quais deverá reger-se. Não têm, portanto, que ser repetidos aqui. Contudo, pareceu-me apropriado, na circunstância, expressar de modo pessoal umas quantas vontades (ou desejos) que em nada contradizem os referidos objectivos, antes os poderão enquadrar num todo harmonioso e familiarmente reconhecível. Não me dou como exemplo a ninguém, porém, revendo a minha vida, distingo, ora firme, ora trémula, uma linha contínua de passos que não projectei, mas que, de maneira consciente ou não tanto, me fizeram perceber que nenhuma outra poderia servir-me, ao mesmo tempo que se me ia tornando cada vez mais claro que uma das minhas obrigações vitais seria servi-la eu a ela. Ter conhecido Pilar, viver ao seu lado, só viria confirmar-me que tal direcção era a correcta, tanto para o escritor como para o homem. A direcção dos grandes valores, sim, mas também a direcção das pequenas e comuns acções que deles decorrem no quotidiano e que lhes darão a melhor validez das experiência adquiridas e das aprendizagens que não cessam. O paradoxo da existência humana está em morrer-se em cada dia um pouco mais, mas que esse dia é, também, uma herança de vida legada ao futuro, que o futuro, longo ou breve seja ele, deverá assumir e fazer frutificar. Nem por vocação, nem por opção nasceu a Fundação José Saramago para contemplar o umbigo do autor.

Sendo assim, entre a vontade e o desejo, eis as minhas propostas:

a) Que a Fundação José Saramago assuma, nas suas actividades, como norma de conduta, tanto na letra como no espírito, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em Nova Iorque no dia 10 de Dezembro de 1948.

b) Que todas as acções da Fundação José Saramago sejam orientadas à luz deste documento que, embora longe da perfeição, é, ainda assim, para quem se decidir a aplicá-lo nas diversas práticas e necessidades da vida, como uma bússola, a qual, mesmo não sabendo traçar o caminho, sempre aponta o Norte.

c) Que à Fundação José Saramago mereçam atenção particular os problemas do meio ambiente e do aquecimento global do planeta, os quais atingiram níveis de tal gravidade que já ameaçam escapar às intervenções correctivas que começam a esboçar-se no mundo.


Bem sei que, por si só, a Fundação José Saramago não poderá resolver nenhum destes problemas, mas deverá trabalhar como se para isso tivesse nascido.


Como se vê, não vos peço muito, peço-vos tudo.

Lisboa, 29 de Junho de 2007.

José Saramago

http://www.josesaramago.org/dec_principios.htm

ver também o Blogue da Fundação José Saramago

terça-feira, julho 08, 2008

Plano tecnológico de bolso

Porreiro, papá!

Leia aqui

como tornar o seu filho num aluno brilhante
com a simples compra de uma calculadora.
Simplex, não acha?

E se formos a ver bem todos ganham: ganha o seu filho uma nota melhor do que merece, ganha você que tem um filho superdotado e não sabia, ganham os professores que passam a poder usufruir de uma melhor avaliação, ganha a ministra da educação que vai poder afiançar nas televisões que o sucesso dos alunos aumenta a olhos vistos, ganha o governo Sócrates que já pode ir fazer um brilharete apresentando as estatísticas da educação à UE, ganha a UE que já pode argumentar que as suas políticas educativas são as melhores pois até em Portugal causam bons resultados, ganham os fabricantes de máquinas de calcular cujas vendas vão aumentar de vento em popa.

domingo, julho 06, 2008

Petição em Prol das Crianças Vítimas de Crimes Sexuais

imagem Kaos

Petição do Silêncio

"Faz hoje 2 meses que A Petição em Prol das Crianças Vítimas de Crimes Sexuais foi entregue no Palácio de Belém, sem que o Exmo. Presidente da República Portuguesa Aníbal Cavaco Silva tenha comunicado seja o que for, nem sequer a recepção da Petição, nem que a mesma iria ser objecto de análise, nada, rigorosamente nada. Também o pedido de audiência, remetido em Janeiro, continua sem resposta quase 7 meses depois. É assim que o Presidente escuta os cidadãos? É assim que o Presidente se mostra receptível às acções dos cidadãos? É assim que o Presidente demonstra o seu interesse nas questões relacionadas com as crianças, particularmente as que são vítimas de abuso sexual?... Aníbal Cavaco Silva, preso numa agenda política, demonstra ser mais um presidente "para Inglês ver". Shame on you Mr. President, Shame on you."


thebraganzamothers


(Des)horas de Luta

Ó pobre Portugal, mandado por todos, ludíbrio das gentes,
triste nação já saqueada do que possuías no Oriente
para «ganhares» a dinastia brigantina
e agora ameaçada de perderes a África
para conservares os teus reis «liberais» e forasteiros!

Eles que não tinham nas veias sangue português,
não coravam de vender a nação...


(Oliveira Martins - Portugal Contemporâneo)


FINIS PATRIAE *

(A Mocidade das Escolas)

É negra a terra, é negra a noite, é negro o luar.
Na escuridão, ouvi! há sombras a falar:

Falam as escolas em ruínas:

A alma da infância é um passarinho;
Gorjeia o ninho e a escola chora:
Na infância cai a noite; e o ninho
Tem sobre as plúmulas d'arminho
A aurora.

A alma da infância é flor mimosa;
A escola é triste e a flor vermelha:
Na escola paira a c'ruja odiosa,
E sobre o cálice da rosa
A abelha.

Tu fazes, Pátria, as almas cegas,
Prendendo a infância num covil.
Aves não cantam nas adegas;
Se a infância é flor, porque lhe negas
Abril?!

Guerra Junqueiro
(in Patria, 1890))

* O Finis Patriae foi escrito a propósito da afonta sofrida por Portugal aquando do Ultimatum (1890) mas muito do seu conteúdo continua a fazer sentido no Portugal dos nossos dias, afrontado pelos nossos governantes e pelas directivas europeias que os governam a eles. Aconselho a sua leitura integral.

sábado, julho 05, 2008

Depois do exame de Matemática...

... TPC de férias


Ai ai

Ai eu ando tão sem inspiração para este Pafúncio que ontem tive mesmo que recorrer ao Chico, como sempre faço nos momentos de maior crise de inspiração. Assim como o Camões recorria às suas ninfas, também eu me contento em evocar a presença do Chico Buarque porque me sinto logo melhor. Desta feita veio acompanhado do Caetano dos tempos em que era o moço baiano, espécie ancestral de oi bicho a bancar o despojado. O Caetano faz-me lembrar aquela nova geração que andou por aí a praticar o budismo em plena sociedade de consumo. Comprando acessórios da Nike made in Indochina para entrar em nirvana numa espécie de onanismo transcendental. Depois abandonavam a aula de yôga ayuvérdico sentindo-se mais leves no corpo musculado moldado por acessos de individualismo e auto-contemplação. Lá fora prosseguia a falta de paz universal, mas eles seguiam em paz consigo mesmos - e com a Nike - sentindo-se evoluir acima da espécie.

Tenho mais um gato. Dá para acreditar? Nem vos contei a história...
Um gato minúsculo entrou para o motor do carro e a família partiu de volta. O gato não se queixou na viagem de apavorado. Mas depois do jantar aproximando do carro já dava para ouvir os miados que outros já tinha ouvido, como provava o leite deixado por baixo.
Os miados eram muitos e sonoros, a operação de salvamento começou mas nada de gato. Depois de muitas tentativas localizou-se o animal e a heroína prontificou-se a deitar-se por debaixo da viatura de blusa ainda branca.
Finalmente apanhou-lhe as pata, começando a puxar lentamente mas sem largar. O parto deu-o à luz: minúsculo, para aí um mês e pouco. Onde era branco estava preto do óleo. Assustadíssimo só acalmou conta o peito, bebé que era.
Claro que as crianças não abdicaram dele, já era seu. E lá foi mais um parar a casa. Uma ayuvérdica diz que é a nossa energia que atrai os gatos. Também as melgas!
Depois de removidos todos os carrapatos das orelhas fez-se guerra química ao pulguedo e desparasitou-se o animal. Está agora quase o dobro do que era e oatrevido já se relaciona com os outros bichos, inclusivamente com o cão negro que lhe determinou a viagem imprevista de Alcácer a Lisboa. Este gato conquistou-nos, já não sabemos viver sem ele. Cada coisa que faz faz um intervalo e vai comer. Tem barriga redonda, como se tivesse engolido uma bola de ténis. Mas é esticadote de patas. Tem orelhas grandes como as que os chineses gostam, sinal de boa sorte. O sobrevivente podia ter ficado estraçalhado ou cair na auto-estrada. Mas agarrou-se com unhas e dentes e começou novo destino. Não tarda nada voltará à sua terra natal, de férias.

Adorei hoje andar a visitar alguns blogues. Estava mesmo para passar a noite hoje a fazer visitas, mas estava a ficar tipo chata a deixar comentários de meio metro e então apeteceu-me vir aqui dizer-vos coisas à toa.

Sabem quando se reencontra uma pessoa daquelas a quem não dizemos "então tudo bem?"

Volta Chico, lá se foi de novo a inspiração!

Ah! E as crianças estão de férias! Ah, e ontem subimos ao Castelo de São Jorge! Ah, e hoje houve uma revolução no meu quintal! (Ai se todos estivessem fazendo revoluções nem que fosse nos seus quintalinhos!). Tanta coisa para vos contar e chega à noite e é este cansaço. Merecem mesmo que eu vá de féria rapidamente.

Custa tanto mandar abater um cão velho e cego que foi atropelado e que dura. Mas hoje abateram-se três árvores velhas e não custou nada vê-las caídas. Será por não terem olhinhos?






sexta-feira, julho 04, 2008

quarta-feira, julho 02, 2008

terça-feira, julho 01, 2008

O Menino d'Oiro de Bilderberg

inédito KAOS

Menino D’Oiro


O meu menino é d’oiro
D’oiro finório
Não façam caso que é meritório
O meu menino é d’oiro
D’oiro engenheiro
Hão-de levá-lo no petroleiro

Venham altos comissários
Pousar de mansinho
Por sobre os flancos
Do meu menino, do meu menino
Do meu menino, do meu menino

Venham comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino qu’é um nhónhó

Quantos sonhos ligeiros
p'ra teu sossego
Menino avaro não tenhas medo
Onde fores no teu sonho
não vou contigo
Menino de oiro meu inimigo

Venham ó bilderbergs
Ventos do poder
Que o meu menino
Vai obedecer
Venham comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino qu’é um tótó

Inspirado no Zeca

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