Mostrar mensagens com a etiqueta poemas das altas da madrugada. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta poemas das altas da madrugada. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, outubro 25, 2010

Descoberta - Sebastião da Gama



Descoberta, de Sebastião da Gama, in Poemas de Bibe, por Mário Viegas e Manuela de Freitas

quinta-feira, março 20, 2008

Podemos acreditar no elogio da sobriedade de um bêbado?

Timeline (1865 - 1939)

William Butler Yeats

A Drunken Man's Praise of Sobriety

Come swish around, my pretty punk,
And keep me dancing still
That I may stay a sober man
Although I drink my fill.

Sobriety is a jewel
That I do much adore;
And therefore keep me dancing
Though drunkards lie and snore.
O mind your feet, O mind your feet,
Keep dancing like a wave,
And under every dancer
A dead man in his grave.
No ups and downs, my pretty,
A mermaid, not a punk;
A drunkard is a dead man,
And all dead men are drunk.

sábado, janeiro 12, 2008

Poemas das altas da madrugada

imagem daqui

Reticências

Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na acção.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre…
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir…
Produtos românticos, nós todos…
E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada.
Assim se faz a literatura…
Santos Deuses, assim até se faz a vida!
Os outros também são românticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregão como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia política,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,
A tua voz chega-me como uma chamada a parte nenhuma, como o silêncio da vida…
Olho dos papéis que estou pensando em arrumar para a janela,
Por onde não vi a vendedeira que ouvi por ela,
E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafísica.
Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar,
Fitei de frente todos os destinos pela distracção de ouvir apregoando,
E o meu cansaço é um barco velho que apodrece na praia deserta,
E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema…
Como um deus, não arrumei nem uma coisa nem outra…

Álvaro de Campos

Blog Widget by LinkWithin