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quinta-feira, fevereiro 12, 2009

PORTUGAL = SAL E AZAR


Luís Reis Torgal*

Luís Reis Torgal

Professor Catedrático Aposentado de História Contemporânea da Universidade e Coimbra

VALE TUDO…!?

Sou historiador. Todavia, aprecio particularmente a ficção e não me preocupo que o teatro, o cinema ou a literatura criem “estórias” que, de forma assumida, alterem a história, para a interrogarem ou a criticarem.

Assim sucedeu, por exemplo, com o Cabaret da Santa, do companhia Teatrão, de Coimbra, numa co-produção luso-brasileira. Ali se evoca de forma humorística, entre o teatro brechtiano e a revista à portuguesa, vista à maneira brasileira, a chegada dos portugueses e de D. João VI ao Brasil e muito mais coisas, numa sucessão talvez excessiva (verdadeira rapsódia de cenas e de músicas), em interacção com o público, que se sente ora seduzido ora “enganado”, mas sempre entusiasmado.

Sobre Salazar, vi, já em posterior apresentação televisiva, Deus, Pátria e Maria, encenada, há alguns anos, no Teatro Maria Matos, da autoria de Maria do Céu Ricardo e com excelente interpretação de Márcia Breia. Mais recentemente, assisti a Férias grandes com Salazar, cujo original foi escrito pelo espanhol Manuel Martínez Mediero, apresentada pelo Teatro Nacional D. Maria II no pequeno Teatro da Politécnica.. E vi mesmo, sem me chocar, Salazar, The Musical, encenada no Teatro Villaret pelo inglês John Mowat. Independentemente de ter gostado ou não dessas peças, o certo é que se tratava também de ficção, estando bem definidos os planos da História e da “estória”, sem haver qualquer confusão.

O mesmo não se pode dizer desta Vida Privada de Salazar, apresentada em horário nobre pela SIC. A vida íntima consistia, nesta apresentação de pretensões históricas, sem nenhuma qualidade, em conduzir o espectador a passar da visão de um “Salazar austero” para um “Salazar licencioso”, onde tudo é permitido, desde que encha os olhos de um público estranhamente à espera da última tirada do “Chefe”, que governou este país, em ditadura, durante cerca de quarenta anos. Clara Ferreira Alves, num seu artigo do Expresso, em 21 de Março de 2007, dizia ironicamente: “Salazar é que está a dar”. E a cineasta Maria Medeiros, numa entrevista ao Jornal de Letras, em Junho de 2008, afirmou com desânimo: “Quando vou a Portugal choca-me a catadupa de livros, séries e produtos à volta de Salazar. Parece-me um absurdo. Nos outros países não há uma nostalgia assim de um ditador. Romantiza-se um período, ocultando o horror da tortura e da guerra”.

Na verdade, vale tudo, para que o produto se venda. Seja a Vida Privada de Salazar ou alguns livros que editores sérios deveriam ter vergonha de lançar no mercado, seja o concurso Grandes Portugueses, da nossa oficialíssima RTP, com a colaboração de muitos intelectuais da nossa praça, que colocou no pódio do “maior português de todos os tempos”… António de Oliveira Salazar!

Enfim, não é de admirar que, neste panorama — que nem sequer é apenas português —, se destruam a cultura, a indústria e o comércio nacionais, surja um desemprego nunca visto e se caia numa das maiores crises de sempre, com escândalos públicos e privados que todos os dias nos batem à porta. E ninguém parece lembrar-se que o fascismo surgiu de crises idênticas da democracia política e, sobretudo, de crises da democracia social e da ética, que alguns evocam só em momentos de puro oportunismo.

De resto, vale tudo…! Mesmo tudo!? Espero que, ao menos, nos reste um pouco de vergonha, de inteligência e de esperança para mudar o “sistema”, aprofundando a Democracia numa visão verdadeiramente Política e Social. Mas, para isso, é necessário uma outra Cultura. Esta é mesmo a hora da Cultura ou… a hora da incultura e do desespero.

Publicado in Diário de Coimbra, 11 de Fevereiro de 2009, Quarta-Feira, p. 9.

terça-feira, agosto 05, 2008

Fez ontem 40 anos que o Salazar caíu da cadeira...

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Imagem Kaos

... vamos ficar à espera que a história se repita com ou sem cadeira?

domingo, agosto 03, 2008

Faz hoje 40 anos que Salazar caiu da cadeira...

(imprensa da época) - retirado daqui

... hoje persistimos (e resistimos) no país salazarento a que voltámos!

sexta-feira, abril 25, 2008

Frases inspiradoras

Uma utopia é uma possibilidade que pode efectivar-se no momento em que forem removidas as circunstâncias provisórias que obstam à sua realização.
(Robert Musil)

sexta-feira, junho 22, 2007

Mummy on the road: One more king cake de perdigotos salazarentos

Acabei agora mesmo de ouvir a Grande Múmia de Boliqueime anunciando aos emigras dos States que "Portugal é hoje um país de oportunidades". Lá se voltou o homem a engasgar com o king cake, ele queria era dizer: Portugal é hoje um país de oportunistas. Ou então era mesmo a vender a sua banha da cobra, ao estilo do vendedor que tantas vezes vi na Feira da Ladra. Mais um que merecia ingressar nas novas oportunidades: para presidente não tem grande jeito mas para vender pentes e esticadores no Martim Moniz é um engenheiro. Por mim, se eu mandasse, punha-o a ele mais ao Narana Coissoró por esses restaurantes indianos fora: Qué frô? Qué frô?, -- e em indiano.
Mas do melhor que lhe tenho ouvido foi quando lhe pediram para dizer qualquer coisa sobre a cimeira da União Europeia: a receita indicada foi que se pusesse os intervenientes a meia ração: pouca comida, só umas sandes, nada de bebidas e muito trabalho para atingirem bem depressinha os objectivos. Mas que lindo discurso salazarento, até parecia que se estava a dirigir ao povinho de Portugal e não aos senhores comissários da UE: a tua política é o trabalhinho, porreirinho da Silva, é só porrada e mau viver. (Ó Múmia, não vês que te enganaste no discurso?) Esse era aquele que tinhas na manga, reservado para quando a Ferreira Leite for a princesa que tencionas coroar para gerir com mão de ferro (outra dama de ferro velho?) o reino das trevas que congeminas para Portugal, o tal discurso da austeridadezinha rígida para cumprir o programa de festas da bruaca que, qual mito do eterno retorno, volta sempre a assombrar o povo português nas épocas mais salazarentas.
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