terça-feira, outubro 31, 2006

O Chico Buarque já cá canta!

A banda

Chico Buarque/1966


Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Tinha um ano de idade quando saiu A Banda mas lembro-me como se fosse hoje de a ouvir a passar no rádio. O Chico Buarque faz e sempre fará parte do meu imaginário e da minha realidade. Ele é tudo de bom. Quando sinto que vou ficar deprimida eu ponho o Chico a tocar e tudo volta a fazer sentido. Vi-o nos anos setenta (?) na Festa do Ávante; vi-o nos anos oitenta no Campo Pequeno e agora só já penso no momento em que o vou rever no Coliseu de Lisboa. Vi ontem imagens daquele "minino" cantando no seu primeiro espectáculo em Portugal, no Porto e já mal consigo esperar pelo dia em que o vou ver ao vivo. Começou a contagem decrescente! Viva Chico!



Leia você também a manchete que fez parar Dona Dondoca

Entre uma máquina de roupa e a mudança do caixote dos gatos, Dona Dondoca pespegou-se a olhar as manchetes do jornal diário. E não pôde deixar de se espantar. Olha se eu tenho botado a boca no trombone, já esta manchete não seria de hoje, mas de há dois anos atrás, boquiabriu-se ela para dentro. Pois então não foi mesmo ela que nessa altura ligou para a então presidenta da associação de pais perguntando que era aquilo de pedirem uma resma de papel por aluno, se era para abrir uma fotocopiadora! A mulher de lá achou melhor fingir que achava realmente, nem sabia de nada, que ia se informar mas que entretanto não seria talvez obrigatório. Tanto que ela meteu os pés pelas mãos telefonicamente falando. E foi também quando a escola básica se integrou de tal forma naquele agrupamento que foi viver para lá… funderam-se as duas, pensava Dona Dondoca já longe da notícia em si. Foi aí que o conselho executivo dessa escola pediu aos pais que pagassem um X de inscrição. Naquela altura Dona Dondoca pagou mas desconfiou da inconstitucionalidade do pagamento: pois se a lei de Bases do Sistema Educativo diz que “o ensino básico é gratuito”!, admirou-se. Foi quando a escola lhes quis vender à viva força as t-shirts com o logótipo que tinham sobrado do ano anterior, emitindo uma espécie de comunicado que impunha o uso – e a consequente compra – das ditas para a prática da educação física. Já nesse tempo Dona Dondoca tinha dito que ela não as ia comprar e as mães mais temerosas, ouvindo isto se esganiçaram a avisá-la lá no portão da escola que era obrigatório, sim senhora, que tinham visto num papel da escola… Grande plano de Dona Dondoca associando que também ela já tinha visto Deus em gravuras e nem por isso passara a acreditar mais nele.

E agora isto, esta manchete ocupando meia página do jornal e ela pensando se era mais fácil acreditar na realidade que os jornais mostram ou na realidade que se desenrola na frente dos nossos olhos.
Quem teria acreditado nas palavras de Dona Dondoca se ela na altura tivesse dito àquela gente toda que aquilo era um escândalo inadmissível, caso para manchete de jornal. Alguém teria feito fé em Dona Dondoca? Nem quando ela avisou que, em pleno ano da Obesidade Infantil, quando os estudiosos já alertavam que as nossas crianças, devido à alimentação que hoje praticam, teriam uma esperança de vida inferior à da nossa geração, ninguém ligou; enquanto isso no bar da escola dos filhos de Dona Dondoca, e dos outros filhos, se explorava descaradamente um negócio de batatas fritas e salgados de pacote. A carrinha descarregava lá grandes provisões que desapareciam vendidas desenfreadamente em cada intervalo a crianças que se atropelavam ávidas por consumir aqueles pacotes.
Dona Dondoca também reconheceu o negócio do aluguer dos cacifos. Onde chegaram já os princípios do utilizador pagador…! Esteve mesmo para entrar nessa, pois sua filha, não sendo nem um burro, nem um doutor, mesmo assim ela anda carregada de livros.
Dona Dondoca fica a pensar que há por aí muitos senhores e senhoras que só serão economicamente viáveis quando os nossos filhos forem para a escola de cartão magnético, o qual automaticamente irá sacando da nossa conta bancária, já de si electrónica, todos os passos que debitarem pela escola.
Se já é isto na escola pública, imagina só quando os privados lhe deitarem as manápulas e começarem eles a praticar o ensino cash para ver quem faz da escola o maior lucro, foi o último pensamento de Dona Dondoca antes do transporte na música do Chico.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Dona Dondoca pasma face à fantochada que uma certa sociedade faz dos mais básicos mecanismos democráticos

Dona Dondoca nem sempre só faz aquilo que quer. E naquele fim de tarde não lhe apetecia nada deixar a família no jardim para prosseguir na sua cruzada em nome da Justiça Social e da Boa Educação. No entanto, era o dia D, o dia da Assembleia Eleitoral da Associação de Pais e Encarregados de Educação da tal escola dos seus filhos. Recebeu uma chamada que, caso não tenha sido escutada, ela não revelará porque numa novela o efeito de suspenso fica sempre bem. Quem não ler este episódio da Vida Política de Dona Dondoca, julgará ter perdido alguma coisa mas na verdade não estará perdendo nada.
A reunião estava concorrida do ponto de vista do tamanho da sala. Havia questões de rotina a tratar: renovar a associação, parar a quota anual, ou seja pôr a escrita em dia para quem viesse a pegar na batata quente não começar logo de mãos a abanar. A lista A foi a primeira a vender o seu peixe. Tinham cada uma meia hora acordada para a “campanha eleitoral” mas a lista A alongou-se e o seu peixe já estava podre. O discurso era idêntico ao do ano passado. Coisas demais tinham ficado para ser feitas. Quando achou que era demais mostrou-o abandonando a sala e ficou de fora a esperar o fim. Começou então a falar um senhor. Ficou surpresa: não foi uma senhora a falar como esperava, quem era ali o bem falante era o candidato a presidente da assembleia, Aquele era afinal o candidato da lista B à Presidência da Assembleia, enquanto que a A apresentava o presidente do executivo (mas Dona Dondoca alguma vez viu outro a dar a cara?). O senhor B frisou bem que ali reinava um espírito de equipa e fez com que todos os candidatos se apresentassem publicamente, mencionando sua habilitações profissionais e trabalho associativo. Passou então a apresentar os objectivos, dando prioridade à segurança das crianças.
Claro que isso era música para os ouvidos apoquentados de Dona Dondoca. O seu coração já tinha escolhido. Mesmo que a lista A ganhasse e os seus 10 euros fossem entregues de mão beijada à aranha presidenta da escola, pelo menos ela ganharia o direito a estar presente nas reuniões e de continuar enviando as suas preocupações para o mail da associação como associada que tem do que se queixar. Já outra mãe mais radical dizia publicamente: eu pago os 10 euros e inscrevo-me, mas se a lista A ganhar quero que rasguem a minha proposta e podem até ficar com o dinheiro, mas não quero o meu nome lá! Curiosamente, no final da eleição mais anti-democrática que foi dado assistir a Dona Dondoca, essa mãe foi acusada de atitudes anti-democráticas, mas afinal, se as teve, e teve, ela apenas estava agindo de acordo com o que o desfecho merecia.

Votou-se. A eleição era para ser até às 20:30h, mas como ninguém mais aparecia, e para o clima não se tornar pesado, as duas listas acordaram abrir a urna antes da hora e apressar aquilo tudo contando logo os votos. Dona Dondoca tinha ido à casa de banho e, quando voltou à sala, nem queria acreditar: ainda não eram horas do fecho e já a lista A tinha ganho por… 1 voto! Alguns começam então desesperadamente a falar ao telemóvel para apressar quem era para vir e não tinha chegado ou para outros, como saber? Alguém aventa: se chegar gente para votar até às 20:30h, tem o direito de ainda votar. Dona Dondoca achava aquilo tudo um absurdo porque para ela, aberta a caixa de Pandora, só havia uma solução: anular a votação.
Três pessoas chegaram ainda… e votaram! À hora do fecho contaram-se mais esses 3 votos; ao mesmo tempo chegava mais uma votante chamada de urgência, segundos atrasada para votar. Três votos contados e, em vez de se anular aquilo tudo, pois já toda a gente ou discutia ou se ria, chegou-se a um empate. Muito se riu Dona Dondoca com o manejo da democracia numa escola situada no conselho onde mais licenciados existem por metro quadrado! Tsss, tsss, tsss!!!
E ela ainda por lá disse que pior do que o tempo perdido é as pessoas ficarem ainda mais fartas e desacreditadas nestas fantochadas; depois já ninguém as convence a usar os mecanismos que a Democracia coloca ao seu dispor!

***Saiba qual o resultado final desta votação*** Não perca os próximos episódios***
***Dê os seus palpites para o resultado final*** Habilite-se a mais prémios***


segunda-feira, outubro 23, 2006

Perdoem-me que boa-fé não me falta!

Perdão fiscal à banca

As Finanças perdoaram à banca o IRS e o IRC que o sector devia ter entregue nos cofres do Estado, a titulo de retenção na fonte, sobre os juros pagos a investidores em obrigações emitidas a partir de sucursais financeiras no exterior, avança hoje o Jornal de Negócios.

O perdão fiscal incide não só sobre o passado, mas também sobre os rendimentos de todas as emissões obrigacionistas que ocorram até 31 de Dezembro de 2006. Só a partir de Janeiro de 2007 é que o cumprimento da Lei passa a ser exigido. A justificação das Finanças para esta situação é que os bancos agiram de boa-fé quando não fizeram as referidas retenções.

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Exmo. Senhor Ministro das Finanças

Sou uma pessoa com muito boa-fé. E como não tenho pais ricos, gostaria de pedir a vocelência que me perdoasse o pagamento do IRS de agora em diante. Melhor ainda: se fosse possível perdoarem-me todos os pagamentos que tenho vindo a fazer a vocelências de há uns aninhos a esta parte, pensei eu de que, talvez assim, se vocelências me devolvessem todo o cacau que vos tenho pago com os juros devidos, talvez eu também conseguisse assim arranjar um American Express e tornar-me igual àquele senhor Berardo que só faz aquilo que quer.
Assinado: Contribuinte nº. 164588396





Será que aqui o professor vai como aluno?

Cavaco Silva visita Budapeste, palco de festas e protestos

Lisboa, 21 Out (Lusa) - O presidente português, Cavaco Silva, chega domingo a Budapeste para participar das cerimônias do 50º aniversário da revolução popular húngara de 1956, que acontecem ao mesmo tempo em que a cidade é palco de violentas manifestações contra o primeiro-ministro socialista húngaro, Ferenc Gyurcsany.


Na véspera das cerimônias da revolta húngara que aconteceu há 50 anos, esmagada 15 dias depois de seu início por policiais soviéticos, a simbólica praça Kossuth, ao lado do Parlamento, em Budapeste, tem o aspecto de campo selvagem, com tendas e fogueiras a céu aberto e o que restou da grama está coberto por resquícios dos motins.


A direita do país, que ameaçou boicotar as cerimônias oficiais, exige a demissão do primeiro-ministro, desde que este admitiu, em 17 de setembro, ter mentido quanto ao seu programa de rigor econômico para ser reeleito, em abril deste ano.


A confissão provocou três semanas de manifestações e três noites de motins que fizeram mais de 250 feridos, os piores na Hungria desde o fim do comunismo, em 1989, bem como apelos repetidos da direita para a demissão do chefe do governo.

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sábado, outubro 21, 2006

Há por ai um Blog que também É TEU


Existe um novo blog por ai. Chama-se “Página em Brancohttp://1kualker.blogspot.com e, embora não saibas também é teu. É um blog comunitário, ou seja qualquer um lá pode colocar aquilo que desejar. Tanto o User Name (1kualker) como a Password (123456) estão visíveis e disponíveis para permitir a todos o acesso. Todos os posts, ficarão assinados por um tal “Unknown”, e se desejares que saibam quem colocou o post, terás de assinar por baixo, se não o desejares ninguém saberá quem o fez. É uma página em branco aberta a tudo e a todos. Usa-a quando e conforme quiseres. Ali, pode haver de tudo, menos censura. Aproveita, também é teu..
(usurpado do KAOS)

'Bora lá?!

sexta-feira, outubro 20, 2006

Assim não Blinko!

Filoctetes

Desapareceu o Blinkar e com ele todos os vossos links! Já não é a primeira vez que isto acontece ao Pafúncio. Até que esteja tudo em ordem vou andar por outros sítios a fazer outras coisas e, se um dia passar por aqui, pode ser que continue como se nada fosse. Não posso perder tempo com problemas técnicos que não sei resolver. Ouvi dizer que havia para aí um blog novo onde cada um é livre de pôr o que quiser, quando quiser. Convém-me! Gosto da filosofia. Gostava de vos encontrar por lá também! Parece que será para breve! Entretanto talvez vá ao teatro!

quinta-feira, outubro 19, 2006

Não foi a Dona Dondoca que escreveu esta carta, mas podia ter sido!

ENEMIES OF OUR DAILY BREAD


Esta carta foi direccionada ao


Banco BES, porém devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser
direccionada a todas as instituições financeiras.

CARTA ABERTA AO BES

Exmos. Senhores Administradores do BES

Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa
mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. Rua, ou pela existência
do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro
desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.

Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários,
pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia,
mecânico, tabacaria, frutaria, etc.).

Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador.
Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que
serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar
investimentos.
Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de
combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do
produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.

Que tal?

Pois, ontem saí do meu BES com a certeza que os senhores concordariam com
tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza
deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão.
O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de
embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço.
Além disso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por
guardar pão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com
muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.

Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que
ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os
senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o
preço de mercado pelo pão.

Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem
cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa
de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao
pão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar.
Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui
obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse
possível, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta".

Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta,
essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da
padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir
a padaria.

Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como
"Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos
cobravam "por fora", o que era devido.
Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem
escrúpulos.

Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro".
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores
cobraram-me uma taxa de 1 EUR.
Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR "para a manutenção da
conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da
rua".
A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre - uma
taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu
utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo.
Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quente".

Mas, os senhores são insaciáveis.

A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou
informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os
senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive
nas instalações do v/. Banco.

Por favor, esclareçam-me uma dúvida:

até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me
respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço
bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é
muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do
negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem
muito e nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente
coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal.
Sei disso.
Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/.
negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que
não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais
elevados.

Sei que são legais.

Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis,
tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos
depois para cobrar da mesma forma.

Vitor Pinheiro

(Recebido por mail)

CONTRA AS USINAS DE ÁLCOOL NO PANTANAL!

A MORTE DE FRANSELMO NÃO PODE TER SIDO EM VÃO! (CONTRA AS USINAS DE ÁLCOOL NO PANTANAL!) Gomercindo Clovis Garcia Rodrigues*

De novo volta à baila no meu querido Mato Grosso do Sul, a questão das usinas de álcool no Pantanal... E volta de forma “sorrateira”, “escondida” num projeto de lei, o 152/2006 de autoria, como não poderia deixar de ser, do ainda Deputado Estadual Dagoberto Nogueira, eleito, infelizmente, em minha opinião, Deputado Federal, com tramitação incrivelmente rápida na Assembléia Legislativa do MS.

O obscuro projeto, exatamente para tentar esconder seus verdadeiros objetivos, traz uma “redação concisa” que, aparentemente, não diz nada e que pode passar despercebido para a maioria da população e, até, para a mídia local e nacional.

Diz a redação do “projeto de lei”:

Altera a Lei nº328, de 25 de fevereiro de 1.982.

Art.1º - Fica suprimido o art.4º da Lei nº328, de 25 de fevereiro de 1.982, renumerando os demais.x

Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.” (Destaquei)

Para entender os verdadeiros “objetivos” de dito projeto, que, pelo que sei, está em fase avançada de tramitação na Assembléia Legislativa do Mato Grosso do Sul, vou relembrar um já falecido professor de Direito Penal do meu Curso de Direito na UFAC: “olha o título! Olha o título!”, quando a gente ficava sem saber onde “encaixar” determinada conduta ilícita.

Olhando o “título” – e ressalte-se que “título” aqui tem sentido diferente daquele comum no Código Penal, mas é usado de forma exemplificativa, porque cabível - do projeto, tem-se que ele “altera a Lei nº 328/1982” do Mato Grosso do Sul. E o que diz o “título” daquela lei: Dispõe sobre a Proteção Ambiental do Pantanal Sul-Mato-Grossense.

Então, temos que o objetivo maior da Lei nº 328/1982 é o de promover a proteção ambiental do Pantanal sul-mato-grossense, do que, qualquer alteração em tal lei, pode ter por caráter obscuro – e aqui está o meu entendimento quanto ao “Projeto de Lei nº 152/2006” – exatamente desfigurar a lei, torná-la apenas “objeto decorativo”, porque descaracterizada a sua finalidade maior.

Quando o malsinado “Projeto de Lei nº 152/2006” fala em “suprimir” o art. 4º da Lei nº 328/1982 ele quer dizer que está suprimindo o seguinte:

“Art. 4º - Fica proibida a ampliação da capacidade instalada das destilarias de álcool ou usinas de açúcar de que trata o artigo 1º, que já se achem instaladas e em operação na data da publicação desta Lei.”

Ou seja, como se vê, busca criar facilidades para a ampliação da “capacidade instalada” das destilarias que já existiam em 1982. E tais “facilidades” podem ser nocivas?

Claro que sim, e aqui está a ruptura com o objetivo maior da Lei nº 328/1982, pois todos sabemos que por mais que tenha avançado a pesquisa, a ciência, a tecnologia, não conseguiram fazer com que a produção de álcool não gere vinhoto, que pode ser de 12 a 15 litros de vinhoto, ou restilo, por litro de álcool. Na “justificativa” de seu malsinado “Projeto de Lei” o Deputado Dagoberto Nogueira diz que:

“Muito se argumenta sobre o efeito poluidor do vinhoto ou restilo que é o resíduo aquoso do processo de fermentação da garapa, e seu risco potencial para o Pantanal. Este resíduo, rico em nutrientes e matéria orgânica, ao contrário do que ocorria em muitas usinas à época da aprovação da Lei 328 de 1982, em apreço, é hoje reutilizado integralmente nas lavouras, melhorando a composição orgânica do solo e substituindo boa parte dos adubos que teriam que ser esparramados.”

O que o Deputado não diz, nem pode dizer, é que até ser utilizado, e não necessariamente “integralmente”, o vinhoto, que sai do processo produtivo muito quente (em torno de 100º graus), tem de ficar “armazenado” em lagoas, para resfriamento e para a eliminação de resíduos de álcool. Aqui está o risco. Uma “lagoa de armazenamento” de vinhoto pode se romper, pode transbordar se atingida por grandes chuvas e, em caso de acidentes dessa monta – que não é raro e há, inclusive, exemplos recentes! – todo o vinhoto é canalizado para os cursos d’água e, neste caso, como é extremamente poluente (desoxigena a água!) pode causar uma situação irreversível para o Pantanal, dada a sua fragilidade.

Aqui, então, o “Projeto de Lei nº 152/2006” DESFIGURA e DESTRÓI a Lei nº 328/1982, este o seu “caráter obscuro”, escondido de todos, tratado “a sete chaves” até mesmo, pelo que tenho acompanhado, por boa parte dos Deputados Estaduais do Mato Grosso do Sul.

Volto agora ao “título”, mas, ao título deste escrito: a morte de Franselmo não pode ter sido em vão! Não é possível que o sacrifício de um dedicado ambientalista do Mato Grosso do Sul, que chamou a atenção do mundo, possa ser “esquecida” de forma tão torpe pelos ilustres Deputados Estaduais do Mato Grosso do Sul.

Franselmo, como tantos outros que lutaram por um mundo melhor, mais humano, menos “desastrado”, menos destruído, com garantia de sobrevivência para as gerações futuras, para os nossos filhos e netos não pode ser esquecido. Sua morte trágica, seu protesto com a única forma que encontrou à época para chamar a atenção para uma situação de extrema gravidade não podem ser esquecidos e destruídos por uma redação simplória que, aparentemente não diz nada, mas que, no fundo, DESTRÓI TUDO: “Fica suprimido o art.4º da Lei nº328, de 25 de fevereiro de 1.982...”

Suprime o artigo e tira o “espírito da lei”. É como o poema de Eduardo Alves, “No Caminho, com Maiakovski”:

“...

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

...”


Agora é hora de falarmos... porque depois será tarde de mais...

para que a vida e a morte de FRANSELMO não tenham sido em vão!

Em defesa do Pantanal, do meio ambiente e da vida!

Tenho dito!

*Gomercindo Clovis Garcia Rodrigues é matogrossense do sul (Caracol 1959), formado em Agronomia (UFMS/Dourados – 1982) e Advogado militanteem Rio Branco - AC (OAB/AC 1997), formado pela UFAC (fev/1998), ambientalista, amigo de Chico Mendes, com quem trabalhou, membro do Comitê Chico Mendes e autor de “Caminhando na Floresta”. Foi, como estudante de Agronomia em Dourados e vice-presidente do DCE-UFMS, membro da Campanha em Defesa do Pantanal que resultou na Lei nº 328/1982.

(enviado por Cláudia Girelli)

quarta-feira, outubro 18, 2006

Fenómenos do nosso entroncamento IV

Marciano Mendes: o nosso bonequinho do Menu infantil do MacDonalde

domingo, outubro 15, 2006

Fenómenos do nosso entroncamento I




Eficaz, Potente, Infalível

Não, não estou falando de um homem

A mim parece-me que este insecticida é mesmo eficaz e potente

Será que ele é mesmo infalível com os melgas dos nossos políticos?

Tomara!

quinta-feira, outubro 12, 2006

Dona Dondoca, mas isto afinal é uma saga ou uma novela?

O que estavas à espera Dona Dondoca? Claro que já começaste a sofrer as consequências dos teus actos. Julgavas o quê? Que não ias sofrer represálias?

Lembras-te da outra vez quando perdeste o médico de família. Não te calaste, foste para lá reclamar dos serviços, das desinformações, das injustiças… Que saudades daqueles médicos a sério, que seguiam durante anos toda a história familiar porque esses sim, eram médicos de toda a família! Dessa vez ficaste sem médico de família – uns têm, outros não! E não foste só tu a sofrer as consequências dos teus actos: todo o teu agregado perdeu o médico de família.

E agora tornas a te admirar de ser a tua filha a sofrer as consequências?

A escola emitiu uma circular a avisar que não se podia comer no refeitório comida trazida de casa, a não ser casos pontuais devidamente prescritos pelo médico. A tua filha sofre de alergias respiratórias e não se alimentava bem com a comida fornecida pela escola. Dois dias come em casa, os outros três pode levar comida e nem é preciso aquecer nem lavar, ela apenas quer ter uma mesa e uma cadeira para se sentar. A escola, enorme, ganhou um prémio de Agrupamento mas não tem nem sequer uma sala para os alunos. E então ela entregou a declaração médica mas quando chegou ao refeitório nem assim a deixaram lá ficar. Uma funcionária responsável disse pelo telefone a Dona Dondoca que o papel do médico não tinha sido aprovado (!). Como é que uma declaração médica recebe a desaprovação de uma funcionária de refeitório? Ela disse que o médico tinha que discriminar tudo, quais os alimentos, que alergias, etc. etc. e Dona Dondoca disse-lhe que não ia de forma alguma voltar a incomodar o médico com esse assunto, achando tudo aquilo absurdo, kafkiano. A funcionária disse-lhe para aguardar e deixou-a pendurada ao telemóvel durante os dez minutos seguintes. Claro que ela depois ainda falou muito tempo para a Drel, contando toda a história e querendo saber o que fazer. Foi ela própria a sugerir assinar um termo de responsabilidade pela comida que a sua filha leva para comer na escola. Da Drel disseram-lhe que, se mesmo depois disso todos os seus esforços falhassem e continuassem a pôr entraves, então que fizesse uma exposição para a Drel. Eu tenho para mim que Dona Dondoca ainda acaba por levar toda a família à falência se continua a gastar assim nesses telefonemas para os telefones fixos das várias instituições que ela tem que contactar se quiser levar a sua saga às últimas consequências. Naquele momento ela soube, ela sentiu que iam sempre exigir mais um papel, mais uma formalidade e enquanto isso sua filha ia continuar a comer na rua. Ela disse-lhe: “Mãe, mas eu não gosto nada de comer na rua”, e já tem vergonha de ir ao refeitório saber se pode lá ficar.

Prepara-te Dona Dondoca, prepara-te a ti e aos teus pois se insistires em levar as tuas lutas para a frente, vais andar empandeirada e no fim ainda te vais dar mal, ai vais vais.

Esta novela está ficando séria, não está mesmo?

quarta-feira, outubro 11, 2006

Dona Dondoca não pode parar!

http://www.marxists.org/subject/art/visual_arts/painting/exhibits/muralists/angustia.jpg

Dona Dondoca não passou bem. Tomou duas valerianas para se acalmar mas antes ainda escreveu estes mails que me autorizou a pôr aqui. Diz que é para todo o mundo saber. Mas, aqui para nós eu acho que isso vai ficar muito àquem dos seus desejos! Pela minha parte faço o que posso para não romper a cadeia! Cá vai:

«Comunicação urgente à Associação de Pais e Encarregados de Educação»

«Exmos. Senhores

Tenho recebido e consultado regularmente as informações que a Associação me tem enviado por meio de correio electrónico, o que quero desde já agradecer.

Não compareci à Reunião Geral porque deixei de acreditar na eficácia de mecanismos associativos desta natureza. Mas esta minha atitude não significa que eu me tenha deixado de preocupar com a educação dos meus filhos.

Pelo contrário, a minha preocupação com a sua educação e com a sua integridade física tem vindo a crescer. É por este motivo que venho num gesto desesperado alertar todos os pais e associados para uma questão que não foi nem está de forma alguma resolvida, mas antes agravada. A todos procuro sensibilizar por não ser a única que tenho os filhos nesta escola e saber que se hoje foi o meu, amanhã o mesmo poderá acontecer aos vossos. Infelizmente as negociações entre o Conselho Executivo e a Associação de Pais e Encarregados de Educação, não se revelaram capazes de impedir que situações graves continuassem a ocorrer em termos de segurança escolar.

Hoje, dia 10 de Outubro, fui buscar a minha filha do 5º. Ano às 16:15h.; fiquei a ver de longe, de dentro do carro, a facilidade com que saiu do portão e ninguém viu, nem lhe pediu o cartão da escola, no qual consta que não está autorizada a sair sozinha. Na verdade, ninguém a viu sair da escola.

Às 17:00h, voltei à escola para buscar o meu filho que inexplicavelmente termina àquela hora as Actividades de Enriquecimento Curricular que, por lei, deviam durar até às 17:30h. Não me lembrei que, não tendo ainda professor de música, a escola lhe muda o horário por sua alta recriação e sem avisar os pais, passando ele a sair uma hora mais cedo. Não me lembrei porque ninguém me informou oficialmente que passaria a ser desta forma, ao contrário do que diz o Regulamento que obriga a escola a participar ao encarregado de educação tudo o que venha alterar o normal funcionamento das aulas. Todas as crianças saíram da escola, menos o meu filho. Foi procurado pela escola mas ninguém sabia, ninguém tinha visto. Fui ficando bastante nervosa, inquieta, a imaginar os piores cenários, dada a falta de segurança da escola. O tempo ia passando e nada do Nuno. Telefonei ao meu marido na esperança que o tivesse ido buscar mas ele estava retido no trânsito e também ficou preocupadíssimo, como devem calcular. Entretanto, eu desesperava com os funcionários da escola que iam aparecendo e que diziam coisas como: que era ele o responsável, ou que não lhes era possível controlar as saídas à hora da saída das crianças todas e da entrada das carrinhas de ATL (!), ou que não tinham sido os únicos a estar na entrada…

Quando já ia ligar para a polícia, o Nuno apareceu vindo algures de fora da escola, já passava das 17:30h. Como é possível que crianças de oito anos andem fora da escola? Disseram-me que a escola só se responsabiliza até às 17:00h, mas ele a essa hora já não estava na escola. E ninguém sabia de nada. Ninguém o tinha visto. Que segurança é esta?

Felizmente não tinha acontecido nada ao Nuno, mas podia ter acontecido. Ele ficou mais cedo sem aulas, estava com um colega novo que mora ali perto e a ama foi buscá-lo à escola e levou os dois para casa dele. Eu não conheço a ama, nem o Bernardo, nem os pais do Bernardo porque ele é novo na escola, jamais poderia imaginar que era isso que estava a acontecer. O Nuno chegou sozinho e sem perceber muito bem por que todos estavam assim exaltados e nervosos. Mas havia quem dissesse que era ele o responsável (!) Tinha estado em casa do amigo e para ele isso era uma coisa boa. Disse-me que tinha avisado a pessoa que estava na altura no portão que ia sair com alguém e que o senhor tinha dito que sim com a cabeça, provavelmente sem prestar a devida atenção ao caso. Quando saiu não avisou a pessoa que o substituiu, nem deixou um aviso. Na minha opinião nem sequer devia ter deixado a criança passar o portão sem ver com quem ia. Foi isso que disseram aos pais que ia acontecer quando a escola do 1º. Ciclo foi integrada nesta escola mas na verdade nunca houve qualquer cuidado especial com as crianças desse ciclo e desta idade.

Os senhores, como representantes dos Pais têm agora duas opções face a este caso exemplar que se passou hoje com o meu filho: ou ignoram a ocorrência e, em consciência continuam a aguardar impassíveis que algo de grave venha a acontecer com os nossos filhos; ou pressionam o conselho executivo da escola para tomar providências para que situações desta gravidade nunca mais voltem a acontecer.

Rogo a V.Exas que esta minha comunicação seja lida na próxima reunião pública da Associação para que os pais presentes possam ficar informados do ocorrido. E coloco-a desde já à V. disposição, permitindo-lhes que a enviarem ao Conselho Executivo, à Drel, à Câmara, enfim a quaisquer entidades responsáveis pela segurança escolar dos nossos filhos.


Agradeço a atenção dispensada a este assunto.


Atentamente

Pede deferimento

Dona Dondoca»

terça-feira, outubro 10, 2006

Dedicado à Coreia do Norte (North Korea), USA, Israel, India, Irão, Portugal, ...

Dona Dondoca: " Minhas fontes preferidas são a vizinha e a rádio."

A tímida determinação do Kremlin em investigar morte de Anna Politkovskaia

O silêncio do Kremlin em torno da morte de Anna Politkovskaia foi quebrado esta tarde em meia dúzia de linhas de um comunicado oficial. Segundo o texto, Vladimir Putin terá garantido por telefone a George Bush que irá realizar uma investigação objectiva ao sucedido.
Palavras que não contém a dureza das críticas ao Kremlin, à porta da antiga casa de Politkovskaia no centro de Moscovo.

Para uma vizinha, "se o povo não defender os jornalistas, mais profission

ais serão mortos, o governo no poder é corrupto e tem sempre medo da verdade. Foi a verdade que quiseram assassinar quando mataram Anna Politkovskaia".
A jornalista tinha sido baleada no Sábado, no elevador de sua casa, por um indivíduo que não foi identificado. Para os colegas e amigos trata-se de um assassínio com motivações políticas.


A jornalista era uma das vozes mais críticas de Putin, não tendo hesitado no passado em denunciar os abusos do regime, nomeadamente na região da separatista da Chechénia. Nas ruas de Moscovo os cartazes denunciam em tom de palavra de ordem: "O Kremlin matou a liberdade de expressão".

http://www.euronews.net/create_html.php?page=detail_info&article=384226&lng=6

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Irã culpa EUA por teste Nuclear da Coréia do Norte
"O teste nuclear da Coréia do Norte foi uma reação às ameaças e humilhação dos EUA".

A rádio acusou Washington de usar dois pesos e duas medidas na questão da não-proliferação nuclear, destacando sua atitude em relação a Israel e à Índia. A Índia testou uma bomba nuclear e, recentemente, o presidente George W. Bush propôs um acordo de cooperação atômica a Nova Délhi, enquanto é amplamente assumido que Israel tem centenas dessas armas e Washington nunca falou em aplicar sanções contra o Estado judeu.

Numa mensagem indireta à Organização das Nações Unidas (ONU), que considera medidas contra o programa nuclear iraniano, a rádio disse que o Conselho de Segurança da ONU não deveria punir a Coréia do Norte, mas, sim, desarmar os arsenais nucleares das grandes potências.

"Ao invés de impor amplas sanções à Coréia do Norte (...) seria melhor se o Conselho de Segurança adotasse uma sábia decisão e buscasse a plena implementação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Ou seja, ele deveria buscar o desarmamento de países que possuem atualmente armas nucleares, criando assim condições para que os signatários sejam capazes de usar energia nuclear para fins pacíficos", argumentou a rádio.

O Irã é signatário do TNP e acusa potências ocidentais de estarem tentando negar a ele o direito estabelecido no tratado de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos.

http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/mundo/2550501-2551000/2550939/2550939_1.xml


segunda-feira, outubro 09, 2006

Solidariedade com os Professores da Secção 22 (Oaxaca, México)


APELO À SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL

COM OS PROFESSORES DA SECÇÃO 22

DO SINDICATO NACIONAL DA EDUCAÇÃO

E COM O POVO DE OAXACA (MÉXICO)

O movimento dos professores da Secção 22 do Sindicato Nacional da Educação e do povo de Oaxaca, encontra-se numa situação terrível.

O Secretario de Gobernación (ministro do Interior), com a assinatura de todos os governadores dos partidos do PRI, PAN e PRD, apela ao presidente Fox a “agir, no estrito respeito pela lei, contra todas as tentativas de desestabilização que, pela via directa, pretendam prejudicar a ordem constitucional” – quer dizer, apela ao governo federal para que utilize a força contra este movimento.

Os patrões, os representantes da Igreja, os media e alguns presidentes de câmara e deputados locais de todos os partidos apelam igualmente ao Governo para que envie uma força de intervenção para o Estado de Oaxaca.

O movimento de greve dos 70 000 professores do Estado de Oaxaca teve início a 22 de Maio último, tendo por base uma reivindicação salarial dos professores da Secção 22 do SNTE. Eles exigiam que o conjunto dos salários fosse reequilibrado de modo a atingir o mesmo nível para todos, em todas as circunscrições do Estado de Oaxaca. A 14 de Junho, o governo de Ulises Ruiz Ortiz ordenou um ataque brutal contra os piquetes de greve instalados pelos professores no centro da cidade de Oaxaca. Mas os professores obrigaram as forças da Polícia a bater em retirada, após cinco horas de confrontos.

Como resposta, as comunas, os sindicatos, os bairros e seus habitantes e as organizações camponesas e indígenas puseram de pé a Assembleia Popular de Oaxaca (APPO), a qual fez apelo a cinco grandes manifestações centrais e, com a participação decisiva dos professores, edificou barricadas por toda a cidade, reforçadas em particular durante a noite. Os professores e a população constituíram-se em tribunal político, cujo veredicto foi o de dar satisfação à queixa comum: “É preciso que o governador Ulises Ruiz se vá!” Os professores e a APPO ocuparam as sedes dos três poderes de Estado (executivo, judicial e legislativo), assim como os locais das rádios privadas e a cadeia da televisão provincial.

O governador, incapaz de lançar um ataque massivo contra os professores e a população, utilizou métodos próprios de gangsters, enviando indivíduos armados com pistolas para atirar contra aqueles que se encontravam nas barricadas e nas manifestações. Quatro pessoas encontraram a morte nestas circunstâncias e houve dezenas de feridos. Quatro pessoas foram detidas, entre elas Elangelio Mendoza Gonzalez, antigo secretário-geral da Secção 22 do SNTE-CNTE.

Actualmente, por decisão da Assembleia-Geral da Secção 22 do SNTE e dos representantes da APPO, 5000 professores, trabalhadores da saúde, camponeses, etc., marcham sobra a cidade do México, para darem a conhecer o seu protesto na capital do país.

Eles deverão percorrer mais de 500 km (do sul para o norte do país, atravessando a cadeia de montanhas de Sierra Madre Occidental, cheia de desníveis e com fortes variações de temperatura - Nota do Tradutor). Eles terão também que fazer face às agressões do Estado. Pelo seu lado, o Secretario de Gobernación convocou para uma reunião “todos os sectores interessados em encontrar uma solução para o problema de Oaxaca”, para a próxima 4ª feira (11 de Outubro - Nota da Redacção). Ao mesmo tempo, ele declara que “chegámos ao limite em Oaxaca”, e ameaça enviar 10 000 polícias federais. No mesmo momento em que escrevemos estas linhas, vários helicópteros da marinha patrulham os céus de Oaxaca. O assalto da polícia pode saldar-se por um banho de sangue. Os professores e a população estão prontos a resistir. Eles querem viver em paz, querem que a democracia seja respeitada, que a vontade da maioria seja ouvida: que Ulises Ruiz, o governador, se vá.

Eis porque lançamos um apelo aos sindicatos do mundo inteiro, em particular aos sindicatos de professores, para que se dirijam a Carlos Abascal Carranza (Secretario de Gobernación) e a Vicente Fox (presidente dos Estados Unidos Mexicanos) para lhes dizer:

Ø Não à repressão contra os professores e a população do Estado de Oaxaca (México)!

Ø Satisfação da exigência fundamental do movimento: que o governador Ulises Ruiz seja demitido das suas funções!

Primeiros signatários do Apelo à Solidariedade Internacional:

Professor Ezequiel Carreño Rosales, secretário de organização da Secção 22 do SNTE-CNTE; prof. Fernando Mendoza Perez, membro da instância de coordenação nacional da Secção 22 do SNTE-CNTE; Augusto Fernando Reyes Medina, membro do Comité executivo da Secção 22 do SNTE-CNTE; professor Luiz Vasquez Villalobos, delegado do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade nacional autónoma do México (STUNAM); Javier Brena Alfaro, delegado sindical do STUNAM; Gustavo Grajales, presidente da Caixa de poupança da Secção 40 do SNTE-CNTE; Misael Palma Lopez, membro da Secção 7 do SNTE (Chiapas); Russel Aguilar Brindis, membro do comité de luta das escolas secundárias técnicas, secção 7 do SNTE (Chiapas); Humberto Martinez Bizuela, professor do Instituto Politécnico nacional; Armando Pasos Cabrera, membro do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Universidade Autónoma metropolitana (SITUAM); Gema Lopez Limon, professora da Universidade Autónoma da Baixa Califórnia.

Enviar mensagens para:

Vicente Fox Quesada, Presidente dos Estados Unidos Mexicanos: vicente.fox.quesada@presidencia.gob.mx

Carlos Abascal, Secretario de Gobernación:

segob@rtn.net.mx

Cópia para: Fernando Mendoza Perez, membro da instância de coordenação nacional da Secção 22 do SNTE-CNTE:

Alborotador_oax@hotmail.com

domingo, outubro 08, 2006

Pinocadas

Cruzada contra a corrupção

Vida Política de Dona Dondoca - VI Episódio

Dona Dondoca não deixou de comparecer no encontro de um partido que não é o dela e que poucos conhecem para se discutir a ex- U.R.S.S. A primeira coisa que estranhou ouvir foi que as massas foram expropriadas do poder político. Perguntou: mas, mesmo na U.R.S.S. alguma vez as massas detiveram realmente o poder político?
É que Dona Dondoca não é uma pessoa muito estudiosa, é até um pouco ignorante, por exemplo não gosta nada de ler livros de instruções e coisas dessas. E depois faz assim perguntas dessas, não é por maldade, é mesmo de quem quer saber… E nem é que Dona Dondoca não acredite no poder das massas, só que ela acha que “massas” é assim uma coisa muito geral, muito pouco concreta, como as massas da cozinha que tanto podem ser esparguete como espirais ou talharim… E por isso ela nem consegue imaginar as massas deambulando pelos ministérios como ministros, até porque não caberiam todas lá. De o que Dona Dondoca desconfia sempre é que há sempre uns poucos que estão prontos a ocupar esses lugares, em representação das tais massas e esses, mais cedo ou mais tarde estão a abotoar-se eles mesmos, como faziam os que lá estavam antes.
Ela ficou a saber em que descambou a Revolução Russa, um longo e metódico processo que viria a resultar na desindustrialização, privatização e desmantelamento da propriedade estatal e que hoje em dia cinco dos homens mais ricos do mundo são russos. Ela ouvindo aquelas coisas e sempre a lembrar-se do Triunfo dos Porcos (Animal Farm) e também do seu pequeno país onde uma pequena revolução também descambou em algo semelhante: desindustrialização metódica, privatizações e vendas de património e muito poucos muito endinheirados a mexer os cordelinhos.
Eis que surgiu a questão de como tudo isso aconteceu: como um país que parecia próspero, que chegou a ser a segunda grande potência mundial, chegou a esse desmembramento, a um salve-se quem puder no meio de tanta corrupção, máfia, droga e prostituição. E não deixou de achar interessante ouvir que hoje grandes nomes de economistas teóricos de tendência neo-liberalista, se debruçam sobre o caso da ex-U.R.S.S. não sabendo explicar o como e o porquê do capitalismo não se desenvolver por lá. Mas então, pensou Dona Dondoca, se todas essas coisas existem: redes de droga e prostituição, máfias e miséria de um povo que se vê obrigado a emigrar para países quase miseráveis como o nosso, então é porque o capitalismo pegou mesmo por lá! E quando se disse que o socialismo falhou por lá porque quando for para não falhar tem que chegar em simultâneo a todos os países, Dona Dondoca ainda advertiu que era preciso ter cuidado para não querer impor o socialismo a quem não o queira, não se vá fazer como o idiota do Bush que quer impingir à força o seu modelo pseudo-democrático ao mundo árabe, insistindo em não entender que por ali não o querem comprar.
Dona Dondoca falou demais e a reunião teve que se desdobrar em duas, por falta de tempo. A próxima ainda vai acontecer. E Dona Dondoca ficou interessada em saber mais. Veio de lá visivelmente interessada, vejam lá, em ler uns excertos de A Revolução Traída, de Trotsky. Ai, ai esta Dona Dondoca que não se enxerga, devia estar a limpar a marquise como a primeira dama e, em vez disso, anda metida nestas politiquices. Não tens emenda, Dona Dondoca? Vai mas é para casa coser meias e fazer o jantar, ó m’lher!

Será que vai?

sábado, outubro 07, 2006

Vida Política de Dona Dondoca - V Episódio

Graças aos reis que já não existem por aqui, Dona Dondoca pôde finalmente deixar os tais assuntos para trás. Só que uma dona de casa nunca tem descanso. Claro que ela pouco parou com limpezas e arrumações.
No feriado ainda saiu um pouco para a rua mas presenciou uma cena que a deixou melancólica: um pescador estava a ser reanimado por ter caído no meio da rua e ele não escapou à morte mesmo ali. Ficou lá uma quantidade de tempo embrulhado, jazendo numa esquina enquanto familiares e amigos chorosos iam chegando. Apenas um episódio trágico desses bastou para preencher o seu dia de desencanto. Mais uma vez se sentiu afrontada pela aguda consciência da morte súbita. Quem lhe dera morrer assim rápido mas não agora…

Caiu morta no sofá deixando o computador ligado e só mais tarde acordou para a vida e não parecia ser tarde. Mas estava esgotada.

Claro que na manhã seguinte não houve toques que a despertassem. Tarde e a más horas resolveu então fazer da hora boa e então preguiçou a valer. As crianças falharam a escola, a desordem instaurou-se, toda a família escapou nesse dia à rotina. Mas o dia havia de ser duro de trabalho. Não mais parou a não ser à noite e Dona Dondoca, resistia sempre mais um pouco antes de acabar altas horas no sofá e só já sonâmbula encontrava a cama.

Será que Dona Dondoca mesmo assim se atormentou com sentimentos de culpa por as crianças terem faltado à escola?

Será que o pérfido director de turma vai justificar as faltas?

Irá Dona Dondoca resistir até ao fim do fim de semana?


E os assuntos pendentes com a DREL, acredita ela que receberá uma resposta?

Saiba as respostas a estas e outras questões no próximo episódio

DONA DONDOCA E A EXTINTA U.R.S.S

quinta-feira, outubro 05, 2006

Gerir a Raiva I - Terapia de Meter tudo ao Barulho

Por vezes, quando se tem um mau dia e precisamos de o descarregar em alguém, não o faça em alguém seu conhecido. Descarregue em alguém que NÃO conheça.
Estava sentado à minha secretária, quando me lembrei de um telefonema que
tinha de fazer. Encontrei o número e marquei-o.
Respondeu um homem que
disse: "Está?"
Educadamente respondi-lhe: "Estou! Sou o Luís Alves. Posso falar com a Sra.
Ana Marques, por favor?"
Ficou com uma voz transtornada e gritou-me aos ouvidos:
"Vê lá se arranjas a
m**** do número certo, ó filho da p***!" e desligou o telefone.
Nem queria acreditar que alguém pudesse ser tão mal educado por causa de uma
coisa destas. Quando consegui ligar à Ana, reparei que tinha acidentalmente transposto os dois últimos dígitos. Decidi voltar a ligar para o número "errado" e, quando o mesmo tipo atendeu, gritei-lhe: "És um grande parvalhão!" e desliguei. Escrevi o número dele juntamente com a palavra "parvalhão" e guardei-o.
De vez em quando, sempre que tinha umas contas chatas para pagar ou um dia
mesmo mau, telefonava-lhe e gritava-lhe: "És um parvalhão!" Isso animava-me.
Quando surgiu a identificação de chamadas, pensei que o meu terapêutico
telefonema do "parvalhão" iria acabar. Por isso, liguei-lhe e disse: "Boa tarde. Daqui fala da PT. Estamos a ligar-lhe para saber se conhece o nosso serviço de identificação de chamadas!" Ele disse "NÃO!" e bateu o telefone. De seguida liguei-lhe, e disse: "É porque és um parvalhão!"

(Continua) Recebido por mail

Gerir a Raiva II

Uma vez, estava no parque do Centro Comercial e, quando me preparava para
estacionar num lugar livre, um tipo num BMW cortou-me o caminho e estacionou no lugar que eu tinha estado à espera que vagasse. Buzinei-lhe e disse-lhe que estava ali primeiro à espera daquele lugar, mas ele ignorou-me.
Reparei que tinha um letreiro "Vende-se" no vidro de trás do carro, e tomei
nota do número de telefone que lá estava.
Uns dias mais tarde, depois de ligar ao primeiro parvalhão, pensei que era
melhor telefonar também para o parvalhão do BMW.
Perguntei-lhe: "É o senhor que tem um BMW preto à venda?"
"Sim", disse ele.
"E onde é que o posso ver?", perguntei.
"Pode vir vê-lo a minha casa, aqui na Rua da Descobertas, Nº 36. É uma casa
amarela e o carro está estacionado mesmo à frente."
"E o senhor chama-se?..." perguntei.
"O meu nome é Alberto Palma", disse ele.
"E a que horas está disponível para mostrar o carro?"
"Estou em casa todos os dias depois das cinco."
"Ouça, Alberto, posso dizer-lhe uma coisa?"
"Diga!"
"És um grande parvalhão!", e desliguei o telefone. Agora, sempre que tinha
um problema, tinha dois "parvalhões" a quem telefonar.
Tive, então, uma ideia. Telefonei ao parvalhão Nº 1.
"Está?"
"És um parvalhão!" (mas não desliguei)
"Ainda estás aí?" ele perguntou.
"Sim", disse-lhe.
"Deixa de me telefonar!" gritou.
"Impede-me", disse eu.
"Quem és tu?" perguntou.
"Chamo-me Alberto Palma", respondi.
"Ah sim? E onde é que moras?"
"Moro na Rua da Descobertas, Nº 36, tenho o meu BM preto mesmo em frente, ó parvalhão. Porquê?”
"Vou já aí, Alberto. É melhor começares a rezar", disse ele.
"Estou mesmo cheio de medo de ti, ó parvalhão!" e desliguei.

A seguir, liguei ao parvalhão Nº 2.
"Está?"
"Olá, parvalhão!", disse eu.
Ele gritou-me: "Se descubro quem tu és..."
"Fazes o quê?" perguntei-lhe.
"Parto-te a tromba!" disse ele.
E eu disse-lhe: "Olha, parvalhão, vais ter essa oportunidade. Vou agora aí a
tua casa, e já vais ver."
Desliguei e telefonei à Polícia, dizendo que morava na Rua da Descobertas,
Nº36 e que ia agora para casa matar o meu namorado gay.
Depois liguei para as cadeias de TV e falei-lhes sobre a guerra de gangs que
se estava a desenrolar nesse momento na Rua da Descobertas.
Peguei no meu carro e fui para a Rua da Descobertas. Cheguei a tempo de ver
dois parvalhões a matarem-se à pancada em frente de seis viaturas da polícia
e uma série de repórteres de TV.
Já me sinto muito melhor.


Gerir a raiva sempre funciona.


Recebido por mail

Vida Política de Dona Dondoca - IV Episódio

Primeiro dia glorioso de Dona Dondoca

Dona Dondoca teve a maior das surpresas quando, ao consultar a sua caixa de entrada, encontrou duas mensagens de resposta da CMO, ambas com o estatuto de URGENTES. Na primeira explicava-se em pormenor todo o desenrolar da participação da câmara no processo. As colocações foram confiadas a “entidades especializadas (…) que asseguram a contratação, colocação e formação” dos professores (Dona Dondoca esperou que não por esta ordem). Essas “entidades especializadas” não conseguiu colocar todos os professores, tendo feito progressos na segunda semana de aulas (!). Seguindo de perto o texto, a câmara verificou que “a colocação de professores continua a efectivar-se a bom ritmo” (!), sendo o caso desta escola uma excepção.
Tanto desemprego e não acham um professor de Música? – pensou Dona Dondoca
Quanto às questões de segurança, a sua falta deve-se, segundo escreveu a doutora de lá, a “falta de recursos humanos (…) cuja colocação é da responsabilidade do Ministério da Educação”.
Mas como pode uma escola dita tão segura, onde nem os pais podem entrar - não vão a ser pais-bomba - por questões de segurança, e agora vem alegar que não há segurança!, admirou-se Dona Dondoca.
Mais emprego desperdiçado, disse de si para si. A ver se não me esqueço de escrever para lá a avisar que precisam contratar mais funcionários para estas coisas não acontecerem.
Dona Dondoca abriu o segundo mail. Vinha em nome de um doutor mas afinal era assinado pela mesma doutora.
Bem, doutores não faltam por lá, pensou ela, é o que dá: muitos doutores e pouca gente a trabalhar!, concluiu.
Este outro mail anunciava que “o Ministério da Educação se encontra a efectuar alguns cortes na colocação de auxiliares (…) o que deixa as escolas em sérias dificuldades para assegurar uma adequada vigilância dos intervalos antes, entre e depois das actividades de enriquecimento curricular”.
Terá sido esta a razão pela qual retiraram o intervalo às crianças? Mas o ano passado funcionava, ou pelo a escola nunca se queixou disso. Dona Dondoca não pôde deixar de sorrir lembrando-se daquela mãe que ligou para a escola e perguntou à presidente do conselho directivo onde tinham ido roubar os 15 minutos que faltavam. Pois se antes saiam às 17:15h, já contra todos os depachos do ministério, que legislavam que as aulas teriam que terminar às 17:30h, e a escola fixara a fasquia para as 17:15h, como é que agora só duram até às 17:00h.
Até com o tempo fazem malabarismos!, foi o desabafo de Dondoca, "Tão pequeninos e já lhes começam a roubar nos tempos livres!", voltou ela à carga.
A câmara explica esta atitude da Escola com as mesmas questões de segurança e de falta de vigilância e remetem a indagação para junto do Agrupamento de Escolas, “a entidade mais bem colocada para a informar”. Mas como é que todo um agrupamento se reduz assim a “entidade”? “Entidade não vem de “ente”, que é um ser? Já alguém viu por aí um agrupamento a prestar esclarecimentos a alguém? E “agrupamento”, não vem de “grupo”? Tudo leva a crer que sim, que é um “grande grupo”, pensou ela na gíria local dos seus saudosos 15 anos, quando nada destas coisas a apoquentavam. Agora era ela a mãe…
Dona Dondoca anotou: contactar escola logo que passar o feriado, mas por mail, com anexos e tudo, que eu sou Dondoca mas adoro as novas tecnologias quando funcionam bem.
Afincou-se a escrever um derradeiro mail para a DREL, Direcção Regional de Educação de Lisboa, para quem tem a felicidade de nunca ter ouvido falar nela. Voltou a contar toda a história, agora com um outro espírito de síntese, já mais desenferrujada para se explicar. Agora a questão era se esses “malabarismos com o tempo” eram afinal legais, se estavam de acordo com o tal do despacho 12591/06 (II série) de 16 de Junho de 2006 e, caso não estejam, quem poderá ser o responsável pelo seu não cumprimento.

Será que Dona Dondoca vai ter uma pausa merecida graças aos reis terem acabado há 100 anos atrás?
Será que depois do feriado ela vai encontrar mais respostas urgentes na sua caixa de entrada?
E o que estará ela a pensar em relação ao seu filho ter voltado a vaguear livre pela escola, mais uma vez sem professor de música.
Irá ela recordar através de um longo fash back os seus tempos de estudante em que bom mesmo era não haver uma aula para ficar despreocupadamente na brincadeira?
E porque terá havido notícia da presidente do conselho executivo andar pelas salas a gritar meio treslocada enquanto entrega papelinhos pouco educados, incitando (e insultando) todos os pais que não pagaram o refeitório de Outubro?
Saiba o que a indispõe nos próximos episódio
A Volta do Correio Electrónico de Dona Dondoca

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