"Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão."
A acção (o que fazemos, como o fazemos) pode transformar a realidade. O pensamento permite-nos compreender a realidade e traçar caminhos para intervir nela. E o discurso (as palavras que usamos para comunicar com os outros) é o resultado dessas duas coisas: acção e pensamento.
Por José Mário Branco
Para tentar compreender a realidade concreta, o pensamento é obrigado a deslocar-se para o campo dos conceitos abstractos; de u
ma soma de factos particulares, tentamos extrair regras e relações gerais. Mas esta relação da abstracção com a realidade não é directa nem automática; não é garantia de rigor e, muito menos, de compreensão por parte dos outros. Neste processo podemos separar-nos facilmente da realidade se não formos aferindo o pensamento pelos factos objectivos que são o seu ponto de partida. Essa aferição tem de ser feita por outros meios, que não o pensamento abstracto - meios práticos (a nossa actuação), meios discursivos (a comunicação que é validada pelos seus dois lados, emissor e receptor) e meios éticos (que aferem o que dizemos pelo que fazemos, num sistema de valores). A importância do segundo destes aspectos, a comunicação, é muito fácil de identificar, pela negativa, na experiência dos grupos revolucionários em Portugal. Com ele se re
laciona a tendência para se pensar que toda a realidade corresponde à ideia que dela se faz, e concluir que basta enunciar regras gerais, palavras de ordem, meras construções mentais, para transmitir aos outros a sua pertinência e a sua justeza. É uma tendência de contornos esquizóides, na medida em que favorece a criação de pequenos mundos fechados e sectários. Quantas vezes nos acontece partilhar as mesmas ideias com outras pessoas e, no entanto, não haver entendimento entre nós, porque as palavras que usamos para definir essas ideias se tornam um obstáculo?
Uma vez, em 1975, durante o processo revolucionário a que os brasileiros chamam Revolução dos Cravos, um amigo meu, revolucionário comunista, foi desenvolver e organizar a luta política em Trás-os-Montes (interior nordeste de Portugal) onde, pensava-se, as pessoas estavam muito dominadas pelas ideias reaccionárias dos padres e dos caciques ex-fascistas. Foi para a região e, numa tasca de aldeia, pôs-se à conversa com trabalhadores do campo que ali estavam a beber e a conviver. Foi conversando sobre a vida “em geral” e lentamente, à medida que iam estando de acordo sobre as ideias simples (democracia, liberdade, justiça social para acabar com diferenças entre pobres e ricos), ele ia explicando “os nomes dos bois”: isto é o socialismo, aquilo é o comunismo, aqueloutro é a revolução, etc. No fim da conversa, um velhote virou-se para ele, e disse: “Essas coisas que nos explica são importantes; eu concordo com elas, concordo que a nossa sociedade devia ser assim… Mas há uma coisa que não entendo… Porque é que, a coisas tão bonitas, você dá nomes tão feios?” Para ele, os “nomes feios” eram as palavras “socialismo”, “comunism
o”, “revolução”. O que os separava não eram as ideias, as convicções, as aspirações para a sociedade, mas sim os nomes dados a essas coisas.
As palavras acima referidas, que para mim, correspondem ao interesse profundo das classes proletárias, foram (e continuam a ser) muito deturpadas pela propaganda dos senhores do sistema, que não querem que haja essas mudanças na sociedade, e também pelos erros e os crimes cometidos em nome dessas ideias.
A luta contra a propaganda do sistema é inevitável, faz parte da luta de classes. A propaganda do sistema só se pode combater com um contínuo trabalho de esclarecimento e educação política: libertar o espírito crítico das pessoas, encontrando palavras comuns para as ideias comuns. Mas esta contrapropaganda revolucionária de nada valerá se se limitar a uma luta de palavras contra palavras. Ela só ganha sentido na criação de factos objectivos - acção política - que façam a ponte entre a abstracção e a concretude, entre a subjectividade e a objectividade, entre o modelo e a prática.
O episódio do meu amigo em Trás-os-Montes mostra que não basta explicar as coisas verbalmente: os nossos interlocutores estão sempre, quer queiramos quer não, a relacionar qualquer disc
urso com a realidade factual da vida. Se cada um de nós não o fizer também, em vez de uma abstracção capaz de criar ideias novas mobilizadoras, caímos no enunciado vazio de “cartilhas” ideológicas extraídas e afirmadas a partir de uma aplicação mecânica dos dados da história política e da experiência própria. Isso nada tem a ver com a ferramenta crítica que Marx nos legou para nos ajudar a compreender a sociedade e a intervir na sua transformação.
Temos de ser capazes de provar aos outros, na prática, que os nossos actos e os nossos métodos de actuação estão de acordo com os grandes princípios que defendemos. Temos de mostrar que existe, desde já, nos nossos actos concretos, a capacidade de realizar - agora - algo que enunciamos como projecto. Isso depende dos métodos que utilizamos na acção. Os meus actos políticos não consistem na t
ransformação que proponho (p.ex. a revolução socialista). Os meus actos políticos são a forma de relacionamento e o processo de luta que utilizo: eles é que constituem, no presente e em si mesmos, o modelo social que preconizo no meu projecto revolucionário.
E aqui intervêm, também, o que chamo “meios éticos”, que enquadram a nossa acção num sistema de valores. Os activistas da revolução não conseguirão resultados palpáveis se não forem fazendo, na sua vida pessoal, aquela revolução a que aspiram para todos. Porque as palavras não são mais do que uma representação do mundo, material ou subjectivo. A acção (o que fazemos, como o fazemos) é que pode realmente transformar a realidade. O pensamento permite-nos compreender (tentar compreender) a realidade e traçar caminhos para intervir nela. E o discurso, sendo essencial para comunicar com os outros, é o resultado dessas duas coisas: acção e pensamento.
A luta pela democracia tem de ser uma escola de democracia; a luta pelo socialismo tem de ser uma escola de socialismo; a luta pelo comunismo tem de ser uma escola de comunismo; e a luta pela transformação revolucionária da sociedade tem de ser, em si mesma, uma transformação de cada um dos indivíduos que a desejam, uma espécie de antecipação dessa sociedade nova por que lutamos, até que este processo consiga atingir uma massa crítica de indivíduos capazes de tomarem nas suas mãos essa transformação. Tal não será possível enquanto houver, em nós, contradições entre estes três aspectos – acção, pensamento e discurso – porque as pessoas, com toda a razão, desconfiarão das nossas palavras e não se juntarão a nós.
Mas há ainda outro aspecto curioso suscitado pelo debate que provocam estas e outras temáticas: de que serve debater ideias se as ideias debatidas não forem postas à prova por quem debate? Tanta história, tantos livros, tantos jornais e revistas, tantas discussões - a grande acumulação das ideias sobre a experiência -, de que podem valer se não forem, todas e cada uma delas, confirmadas ou infirmadas numa prática presente? Muitas vezes, o debate de ideias, condição indispensável da mudança, é feito de tal modo que não passa de uma fuga à acção política, o que é conseguido através da falácia de considerar que esse debate é, em si mesmo, acção política. Seja por academismo, seja por que se tiram de vez em quando umas horas para “debater”, este tipo de debate ocorre sem qualquer confronto dialéctico com a prática, com a acção, com a luta de classes.
Um revolucionário devia abster-se de defender ou atacar uma ideia sem produzir argumentos alicerçados na sua acção prática.
Imagem em destaque tirada pelo fotógrafo Luís Pavão.
Situação: O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga.
Ano 1978: O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.
Ano 2008: A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a porta da escola.
Situação: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas.
Ano 1978: Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos. Ano 2008: A escola é encerrada. A SIC proclama o mês anti-violência escolar, O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura-Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.
Situação: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas.
Ano 1978: Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais. Ano 2008: Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.
Situação: O Luis parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este. Ano 1978: O Luis tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.
Ano 2008: Prendem o pai do Luís por maus tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.
Situação: O Zézinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar.
Ano 1978: Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr. Ano 2008: A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zézinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.
Situação: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado "chocolate" ao outro.
Ano 1978: Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. Amanhã são colegas. Ano 2008: A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.
Situação: Tens que fazer uma viagem.
Ano 1978: Viajas num avião de TAP, dão-te de comer, convidam-te a beber seja o que for, tudo servido por hospedeiras de bordo espectaculares, num banco que cabem dois como tu. Ano 2008: Entras no avião a apertar o cinto nas calças, que te obrigaram a tirar no controle. Enfiam-te num banco onde tens de respirar fundo para entrar e espetas o cotovelo na boca do passageiro ao lado e se tiveres sede o hospedeiro maricas apresenta-te um menu de bebidas com os preços inflacionados 150%, só porque sim. E não protestes muito pois quando aterrares enfiam-te o dedo mais gordo do mundo pelo cú acima para ver se trazes drogas. Situação: Chega o Outono
Ano 1978: Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno. Não se passa nada.
Ano 2008: Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e caganeira.
Situação: O fim das férias. Ano 1978: Depois de passar 15 dias com a família atrelada numa caravana puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, Terminam as férias. No dia seguinte vais trabalhar e ponto final. Ano 2008: Depois de voltar de Cancún de uma viagem com tudo pago, Terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e caganeira.
Es cruel Meteste a tua filha num bordel Enforcaste o caniche com cordel Es cruel Es tarado Pintaste o sexo cor de rebuçado No circo tu serias um achado Es tarado Es um porco imundo Quando queres vais até ao fundo Nao sei onde vais parar Es ignóbil Não sei qual é que é o teu movil Es um reciclado de Chernobil Es ignóbil Es vaidoso Meteste uma pompom na tua franja Sabes que ainda o dia e uma criança Es vaidoso Es um porco imundo Quando queres vais até ao fundo Não sei onde vais parar (Solo) Es obtuso Lavas a tua tromba com água do Luso O teu nariz é como um parafuso Es tarado Es obsceno Os teus olhos destilam veneno Encharcas-te com vinho do Reno Es cruel Es um porco imundo Quando queres vais até ao fundo Não sei onde vais parar (Solo de guitarra) Es um porco imundo Quando queres vais até ao fundo Não sei onde vais parar Não sei onde vais parar
- E agora, José, a quem vendemos os galitos? - Olha, Aníbal, se quiseres podes ficar com os meus que eu cedo-tos bem baratinhos! - E se eu te fizesse antes uma OPA? - Ai sim, faz faz, vamos os dois unirmo-nos, criarmos uma multi... mas não nacional!
- Na Indía!
- Não, na China.
- Pronto, na Índia... e na China, temos que ter ambição! - Não achas que são galos de Barcelos a mais? - Tens razão, temos que estudar melhor esta parte do negócio. - Quem quer o galo? - Quem compra o galo? - Olh'ó desconto! - Está em promoção!
Todos os dias o Pafúncio é a página em branco que ouso preencher. Janela para outras janelas, porta para outras portas, vaga para outras vagas, outras ondas. Por vezes perco-me completamente, volto atrás ou deixo-me fluir. Descobertas e tormentas, cais vários onde ancoro e me deixo ficar a fruir. Ilhas, pequenas maravilhas que me vêm visitar e que revisito. Um turbilhão de mar e um vazio por vezes de não saber como dizer tudo o que é preciso dizer. Crises de tempestade. Encalhe. Naufrágio. Sobrevivo à custa de persistência de ir dizendo qualquer coisa que importe a alguém. E que essa coisa dita possa desencadear uma coisa feita.
Uma utopia é uma possibilidade que pode efectivar-se no momento em que forem removidas as circunstâncias provisórias que obstam à sua realização. (Robert Musil)
BONECAS DE ATAÚRO (TIMOR): 11/Fev, Coimbra; 12/Fev, Lisboa (embaixada Timor-Leste)
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