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terça-feira, abril 22, 2008

Tudo se rege pela mesma bitola

(clique na imagem para aumentar)

Na reunião intercalar do 2º. período a minha filha foi considerada exemplar no que diz respeito a comportamento nas aulas.
Na reunião do director de turma com os pais de final de 2º. período os pais foram metidos numa sala de aula e lá estiveram em reunião durante mais de duas horas (vingança?!) Às tantas o professor até se enganou e disse "no final da aula, digo...". Claro que a questão do "dá-me já o telemóvel!" veio à baila, embora um pai tenha logo dito que não lhe tinha nunca constado que havia naquela escola problemas com telemóveis. Tive oportunidade de sugerir que os professores da turma se reunissem no início dos anos lectivos e determinassem formas de agir comuns em relação aos telemóveis na sala de aula, para não haver discrepâncias. Resposta ríspida do senhor: "os professores não são formatados!", como quem diz "lá vem esta mãe dizer-me a mim que sou professor o que os professores devem de fazer ou deixar de fazer!"
Durante a "aula" passou a folha-mapa do registo dos comportamentos. O da minha filha estava limpo, os da maioria da turma, nem por isso.
As aulas recomeçaram e sondei a minha filha se os comportamentos tinham melhorado após os pais terem certamente advertido os filhos depois do puxão de orelhas que eles mesmos levaram. Resposta dela: "ainda se estão a portar pior". Chego até a pensar se os pais não os terão incentivado a fazer choldra para pôr à prova a eficácia do sistema (não acreditem! os pais em geral pensam pouco nestas coisas, salvo alguns Albinos mais congeminosos, que em tudo vêm um lance para firmar o pezinho no degrau, quanto mais testarem o sistema...).
Ainda hoje estive a transcrever apontamentos meus tirados na assembleia de agrupamento e lá constava: "nas reuniões dos directores de turma com os pais há que fazer a ligação entre os comportamentos e o aproveitamento da turma". Só não diz como fazê-lo, ou seja, ao mesmo tempo existem as sinistras recomendações para os professores subirem os níveis de aproveitamento das turmas a bem da sua própria avaliação. Existem aqui duas directivas inconciliáveis: punir os alunos no seu aproveitamento pelo mau comportamento; mas seja lá como for subir os níveis de aproveitamento em 5% (se for em 10%, melhor para o professor, logo será mais bem avaliado - este parâmetro da avaliação dos alunos pesa 6,6%- nas fichas de avaliação do desempenho dos docentes!). Ou seja por muito mal que os alunos se continuem a portar, há que aumentar os números do sucesso escolar para dar conta à OCDE e à UE de como a educação no nosso país vai de vento em popa, doa a quem doer.
Depois foi o episódio do teste de inglês: no dia do teste portaram-se pessimamente ao ponto de a minha filha dizer que só conseguiu fazer para aí 5 mn de teste, o resto foi esbanjo. De tal forma que a professora carregou com a turma para a aula seguinte, que por sinal era com o director de turma. "Então e fizeram lá o teste?", perguntei. Disse-me que mesmo lá não tinha corrido nada bem, continuavam a portar-se mal. Chegou a uma altura retiram os teste e não se fez a composição. Moral da história: nem uma, nem dois professores (e um director de turma) conseguiram pôr uma turma de crianças de 11 anos a fazer o teste de inglês disciplinadamente até ao final. Como é que isto é possível? A minha filha que tem dificuldades no inglês tinha recuperado e estava prestes a ser tirada do apoio. Recebeu o teste e teve FRACO! Mas eu não me admirei nem um pouco, depois de saber da confusão que ela me descreveu.
Na tal "aula", digo, reunião com o DT quiseram responsabilizar os pais pelos comportamentos dos filhos dentro da escola. Eu mais uma vez falei para dizer que não era possível pedir isso aos pais. Os pais podiam fazer o seu papel de educadores fora da escola, mas lá DENTRO quem tem que fazer isso são as pessoas que efectivamente lá estão presentes. Ainda para mais naquela escola onde os pais sempre foram mal vistos e arredados da vida escolar. Nessa altura o DT, que por vezes é extremamente teimoso e mal-educado, atropelou todo o tempo o que eu estava a dizer, não me deixando expressar diante dos outros pais (será que a teimosia da ministra já se lhe pegou?).
Sei que a turma tem sido ameaçada de castigos sempre adiados (o tal método que nunca resulta e do qual os alunos se passam a rir pela repetitividade e ineficácia) mas ultimamente parece que foi a própria senhora directora, digo presidenta (por enquanto mas já com todo o perfil!), que ultimou que se houvessem mais queixas daquela turma, podia ser suspensa por 2 ou 3 dias.
Será talvez por isso, para prepararem terreno e se salvaguardarem caso se decidam por uma suspensão exemplar - agora gosta-se muito dos castigos exemplares -, que hoje recebi pela primeira vez na vida uma carta dirigida à minha filha (mas curiosamente o texto dirigia-se-me sem nunca o explicitar) dizendo que se distraía muito nas aulas e que conversava constantemente com os colegas, prestando pouca atenção às aulas e continuando a desobedecer aos inúmeros pedidos dos professores para se calar (por que no te callas? por que no te callas? por que no te callas?). No final dizia para ter uma conversa com a aluna de modo a tentar modificar as atitudes pouco sociais de grupo.
Claro que tive uma conversa com ela. Justificou-se dizendo que de facto tem conversado um pouco nas aulas de música (do tal DT) porque está ao pé de uma amiga... e depois, já revoltada (está marcadamente a entrar na fase da pré-adolescência!) disse: "eu devia era ter-me portado mal logo desde pequena para vocês agora não estranharem!"
Entretanto este ano já a mudaram vezes sem conta de lugar: funciona mais ou menos assim: quando está a dar certo, mudam-na de lugar e, como é sossegada, põe-na junto dos alunos que se portam pior para apaziguar os ânimos; resultado: passado pouco tempo começa a queixar-se que lhe estragam o material, mexem-lhe nas coisas dela e estragam-nas e não se sente bem acompanhada na carteira (antes só!). Dá ideia que estas mudanças resultam de pedidos de outros pais, do tipo: "por favor, senhor professor, tire a minha filha/o meu filho de ao pé do .... ou da ..." e lá vai o DT baralhar e tornar a dar as cartas. Curiosamente parece que sempre para pior, como no ano passado com os grupos. Quando os grupos ficaram bem, veio uma professora e voltou a pôr tudo mal. Como querem alguns professores ensinar se não aprendem com os próprios erros?
Irei falar com o senhor, se me deixar falar. É que supostamente o horário de atendimento aos pais seria para falar com os pais e os ouvir. Mas afinal ali tudo parece assemelhar-se ao Dia D, em que os professores julgaram que iam ser ouvidos e acabaram por lhes vender alguma coisa que não queriam comprar. Será que os sindicatos dos professores também já têm formação em técnicas de Marketing?

domingo, março 30, 2008

Quem ensinou os alunos a fazer abaixo-assinados?



Abaixo-Assinado (#11): queremos a professora de português fora da escola:

Destinatário: Estudantes

Nós queremos que a professora Maria Inês pare de dar aula na nossa escola(CEU CIDADE DUTRA),porque ja vai fazer 2 anos que ela ensina a mesma lição! Se ela não sair não entraremos mais na sala de aula, quando for aula dela!!! Obrigado(a)!

Dados adicionais:

Encontrei este abaixo-assinado por mero acaso no meio de tantos outros sob o tema da Educação. Fiquei a pensar que se fala muito pouco dos alunos quando se debate o Ensino e a Escola Pública. Chega-se a pensar que a escola só é feita de professores do Ministério da Educação. Chega um dia em que o ME apaga a luz e bate com a porta e o que restam são professores ao Deus-dará. Então e nos alunos, não se fala? Que opinião terão eles sobre as suas aulas? Que terão eles a dizer em relação aos professores, ao modo como funciona a escola, sobre as matérias que aprendem e da forma como querem que eles as aprendam. Já alguém se lembrou de perguntar aos alunos como quereriam eles que fosse a escola, o que gostariam de saber, de aprender a fazer, que interesses têm, se é que os têm.
Se o Pafúncio fosse um blogue muito visitados, já sei que teria aqui muitos professores dizendo em uníssono que o desinteresse é total e absoluto, que os pais são os que menos querem saber desde que os filhos vão passando, que já se matam a trabalhar e não querem ser amas secas nem palhaços de circo. Têm toda a razão, mas hoje, não sei porquê estou farta de professores. Farta de escutar sempre as mesmas queixas e depois vir a saber que toda a casta de decretos ministeriais ridículos e absurdos acabaram afinal por entrar nas escolas, sendo postos em prática por esses mesmos professores que sairam à rua justamente indignados a 8 de Março.
Desculpem, meus amigos, dizer que estou farta de professores. Estive a consultar a lista dos meus amigos e a maior parte deles são professores, não vi lá na lista um único ministro, um único deputado, nenhum provedor, nem bastonários. Mas tenho dois filhos na escola pública e estou habituada a deparar com as situações caricatas que de lá vêm. Por enquanto ainda os pais se vão dando conta mas já se anuncia o dia em que tudo estará sobre controlo. Os pais julgam que vão estar mais presentes mas como estão enganados. Na pior das hipóteses, terão lá representando-os algum Albino Almeida que lá estará para negociar a melhor forma de tirar proveito disso para si e para os seus. Se os pais não se organizarem em Associações de Pais que realmente se preocupem com a educação e com o estado do ensino, se não forem eles mesmos a se organizarem e a encontrar meios de poderem questionar os Conselhos Executivos do que se passa nas escolas, eles nunca vão saber realmente porque da parte dos professores ninguém virá alertá-los. O único veículo de comunicação ainda são os alunos. Não aqueles que nada dizem ou que sempre respondem que está tudo bem. Mas sim os chamados alunos problemáticos, aqueles que problematizam o ensino, que dizem que não gostam daquela escola, daquela professora, que sentem que estão a perder o seu tempo, que a escola é um lugar inóspito, que reclamam que os professores não os ouvem, que são caretas, que não se interessam por nada que venha da sua geração, dos seus gostos, dos seus interesses. Os pais pouco podem fazer em relação a isso, a não ser que se unam exigindo uma maior qualidade. Verdade seja dita que muitos professores já dão tudo por tudo mas, caros professores, quantos dos vossos colegas são assim, como essa professora que em dois anos deu sempre as mesmas aulas. Quantos conhecem assim, sem criatividade, sem empenho, sem psicologia, sem informação, sem conversa, sem capacidade de relacionar os acontecimentos, sem humor, sem capacidade crítica.
Que mau momento eu fui escolher para atacar os professores! Olhem que não é geral, é mesmo muito particular, como esse abaixo-assinado feito em relação a uma pessoa em particular, devidamente identificada. Não me levem a mal, mas de entre os meus amigos professores já ouvi tantos falar de gente assim que se move nas escolas. Coitados dos alunos!
Depois do video da miúda histérica que queria o telemóvel, andam todos a atacar alunos e pais (já antes os pais se tinham convertido na vítima preferencial, logo a seguir à Ministra e seus muchachos). Agora todos se voltam contra os alunos como se de um bando de delinquentes se tratasse. Todos virão defender que as crianças precisarão de ser contidas, disciplinadas, vigiadas e até mesmo policiadas. Adivinho que isso vai fazer um grande favor ao governo pois lhe dará os pretextos necessários para converter o que restar da escola pública (aquela que entretanto continuar sem ser total ou parcialmente privatizada), em grandes presídios de futuros trabalhadores precários instruídos de acordo com as exigências dos mercados económicos.

terça-feira, março 25, 2008

Abandono escolar dos pais não abona a favor dos filhos


Na escola dos meus filhos existe um professor que vai ser avaliado porque ele é contratado e a senhora ministra determinou que os contratados começariam este ano logo a ser sujeitos ao novo modelo de avaliação, aquela coisa complicada que para aí apareceu cuja estrutura já foi comparada aos mapas das linhas dos metropolitanos.

O professor é ainda novo e empenhado em apresentar um bom trabalho, além de que este projecto que ele fez, é o projecto em que ele está a trabalhar no seu seminário lá da faculdade.

O tema do projecto tem a ver com segurança na Internet e procura chegar a resultados partindo de inquéritos feitos aos alunos das turmas e aos seus encarregados de educação. Imagine-se um professor que para saber o que os jovens hoje procuram na Internet e também o que eles lá encontram, se traveste virtualmente numa menininha pré-adolescente. Criando uma nova identidade verosímil ele entra nos chats, nos Hi5s, estabelecendo contactos com outras pessoas. Logo o professor chega à conclusão que uma menina daquelas é uma presa fácil, recebendo convites para encontros nada virtuais e sendo assediada por meio de linguagens ou mesmo imagens obscenas.

Entretanto, o mesmo professor ouve um seu aluno falar-lhe de sites onde se ensina a fazer todo o tipo de explosivos caseiros e de um outro onde se ensina a cometer suicídio. O professor fica inseguro, alarmado, receando pelo equílibrio desse seu aluno, porque se preocupa com ele.

No seu projecto está previsto fazer também inquéritos aos pais. Afinal o resultado do estudo é para eles, são eles os principais interessados em salvaguardar e orientar os seus filhos. Mas o que acontece na realidade é que os pais não aparecem para preencher os inquéritos: estes estão disponíveis até na Internet ou mesmo na escola, mas os pais não os solicitam. O resultado é que agora o professor tem mais inquéritos de alunos do que de encarregados de educação. O interessante seria ter a correspondência entre o que uns fazem e entre o que os outros pensam que os seus filhos fazem, quando estão na Internet. Os dados saem pois desequilibrados, sobrando filhos para tão poucos pais. No entanto o professor prossegue o seu trabalho, adaptando-o às circunstâncias: em cada 5 alunos inquiridos, 1 admite já ter tido encontros com pessoas que conheceu através da Internet. Resultados dos pais: nenhum pai ou encarregado de educação tem conhecimento que os seus filhos já se tenham encontrado com pessoas que conheceram via Internet!

Estamos nitidamente perante um grave caso de falta de comunicação entre as gerações. O que é incentivado pelo local onde são colocados em casa os computadores: muitos destes jovens usam a Internet dentro dos seus quartos, sozinhos, sem a presença ou o interesse de qualquer familiar.

Também os professores se sentem sozinhos, abandonados à sua sorte nesta difícil tarefa de ensinar. Procuram a ajuda dos pais mas estes estão alheados, demasiado ocupados pelas suas próprias vidas, com muito pouco tempo para disponibilizar com educação dos seus filhos, com diminuta disponibilidade, grande cansaço e muita falta de atenção e de paciência. O facto dos filhos passarem tempo ocupados na Internet é para eles um descanso: como eles estão em casa, no quarto, pensam que estão quietos, a salvo, e que ali nada lhes poderá acontecer.

Entretanto o professor não sabe mais como alertar os pais para os perigos da Internet. Faz sessões de esclarecimento, apresenta os resultados mas ninguém o ouve, ou apenas muito poucos. Esses lhe agradecem o seu empenho e louvam o seu desempenho, mas são demasiadamente poucos os que o fazem. A maioria nem quer saber. Alguns preferem mesmo nem saber.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Agora são os pais que têm as costas largas?

Exemplo de escola com uma excelente posição no ranking: receita menos professores/mais alunos

No A Sinistra Ministra recomenda-se a leitura do texto completo (site do SPGL) e transcreve-se uma parte deixada como apelo a pais e Encarregados de Educação, que passo a transcrever:

«Violência é não saberem viver em comunidade, é o safanão, o pontapé e a bofetada como resposta habitual, o palavrão (dos pesados…) como linguagem única, a ameaça constante, o nenhum interesse pelo que se passa dentro da sala, a provocação gratuita ("bata-me, vá lá, não me diga que não é capaz de me bater? Ai que medinho que eu tenho de si…", isto ouvi eu de um aluno quando a pobre da professora apenas lhe perguntou por que tinha chegado tarde…)

Violência é a demissão dos pais do seu papel de educadores - e depois queixam-se nas reuniões de que "os professores não ensinam nada".

(...)

Cada vez os pais têm menos tempo para os filhos e, por isso, cada vez mais os filhos são educados pelos colegas e pela televisão (pelos jogos, pelos filmes, etc.). Não têm regras, não conhecem limites, simples palavras como "obrigada", "desculpe", "se faz favor" são-lhes mais estranhas do que um discurso em Chinês - e há quem chame a isto liberdade.

Mas a isto chama-se violência. Aquela que não conta para os estudos "científicos", mas aquela da qual um dia, de repente, rompe a violência a sério.» (Alice Vieira)

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O meu comentário ao excerto da Alice Vieira, como educadora, como mãe e ex-professora provisória só pode ser este:

Tudo isto é a pura das verdades, mas não devem ser os pais indicados como os únicos culpados desta situação: eles próprios estão enredados num sistema que não lhes deixa tempo para educar os filhos. Cada vez mais os horários de trabalho exigem-se flexíveis e pais e professores estão pouco seguros nos empregos. As escolas e os ATL's acolhem as crianças durante muitas horas, impondo-lhes regras sucessivas para os conter e no final do dia todos estão cansados de regras, cansados até para conversar e brincar. Os nossos filhos protegem-se à sua maneira deste modus vivendi, fogem da realidade, alheiam-se, isolam-se e tentam compensar a atenção que não lhes prestam. Dão largas à sua imaginação nas imagens da televisão e nas dos jogos electrónicos. Na escola encontram sinais de violência e se são diferentes são marginalizados do grupo. O espírito do grupo é ser o maior, e não o melhor. O importante é ser “melhor” que os outros, no pior dos sentidos e dominar exibindo-se para “ser popular”, nem que seja pela má-criação. “Ser popular” é tudo o que desejam. Cada criança tenta sobreviver aos próprios grupos, temendo-os. Imaginem uma criança normal, bem-educada, chegar a um trabalho de grupo e um colega dizer-lhe sem mais nem menos: "sai daqui que cheiras a cú", como pode esta criança cooperar com gente assim? A culpa é dos pais? Mas os pais não estão ali para se dar conta, aquilo passa-se na sala de aula, na escola. Os professores também são educadores e medidores, ou se não são, deviam ser. Relegar todas as culpas para os pais é uma atitude tão atroz como a da ministra quando lançou todas as culpas nos professores. Pais e professores só têm a perder estar de costas voltadas.

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