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quarta-feira, março 18, 2009

Velhos poemas de poetas

"Canção de Batalha" (1)

"Que durmam, muito embora, os pálidos amantes,
Que andaram contemplando a Lua branca e fria...
Levantai-vos, heróis, e despertai, gigantes!
Já canta pelo azul sereno a cotovia E
já rasga o arado as terras fumegantes...



Entra-nos pelo peito em borbotões joviais
Este sangue de luz que a madrugada entorna!
Poetas, que somos nós? Ferreiros d'arsenais;
É bater, é bater com alma na bigorna
As estrofes de bronze, as lanças e os punhais!

Acendei a fornalha enorme – a Inspiração.
Dai-lhe lenha, – a Verdade, a Justiça, o Direito
E harmonia e pureza, e febre e indignação;
E p'ra que a lavareda irrompa, abri o peito
E atirai ao braseiro, ardendo, o coração!

Há-de-nos devorar, talvez, o incêndio; embora!
O poeta é como o sol: o fogo que ele encerra
É quem espalha a luz nessa amplidão sonora...
Queimemo-nos a nós, iluminando a terra!
Somos lava, e a lava é quem produz a aurora!"

(1) Guerra Junqueiro, "Canção de Batalha", in Poesias Dispersas, Porto, Livraria Chardron, de Lello & Irmão – Editores Lda., 1920.

http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/letras/ensaio51.htm

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