terça-feira, abril 04, 2006

Poesia da Não-Burguesia

O Burguês e a Menina, 1931
óleo sobre cartão
78,5 63 cm
Centro de Arte Moderna
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal.

VERDADEIRA LITANIA PARA OS TEMPOS DA REVOLUÇÃO

- de Natália Correia

Burgueses somos nós todos
Ó literatos
Burgueses somos nós todos
Ratos e gatos

Mário Cesariny


Mário nós não somos todos burgueses
Os gatos e os ratos, se quiseres,
Os literatos esses são franceses
E todos soletramos malmequeres.
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Da vida o verbo intransitivo
Não é burguês é ruim;
E eu que nas nuvens vivo
Nuvens! O que direi de mim?
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Burguês é esse menino extraordinário
Que nasce todos os anos em Belém
E a poesia se não diz isto Mário
É burguesa também.
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Burguês é o carro funerário.
Os mortos são naturalmente comunistas.
Nós não somos burgueses Mário
O que nós somos todos é sebastianistas.

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