sábado, maio 06, 2006

Fidel Podre de Rico num Rico Mundo Podre

"Nuestro pueblo heroico ha luchado 44 años desde una pequeña isla del Caribe a pocas millas de la más poderosa potencia imperial que ha conocido la humanidad. Con ello ha escrito una página sin precedentes en la historia. Nunca el mundo vio tan desigual lucha." (Fidel Castro, discurso do 1º de Maio de 2003, em La Habana).
No entanto, como consequência da queda do comunismo e o demoronamento da URSS, Cuba acabou isolada, tendo este isolamento acarretado diversos problemas econômicos, particularmente visíveis na escassez de produtos na ilha, que são racionados e limitados aos bens essenciais.
Todavia, o regime de Fidel foi bem sucedido em uma diversidade de aspectos, por exemplo na construção de um sistema de saúde de boa qualidade, mesmo para o padrão dos países ricos, e na manutenção de uma cultura nacional rica e exótica, que de outra forma poderia ter sido enfraquecida. Em reconhecimento a seus esforços, Fidel Castro foi o primeiro
chefe de Estado a receber a medalha da "Saúde para todos" da OMS, em 12 de abril de 1988.
En 2000, após meio século de castrismo, as taxas oficiais cubanas melhoraram tanto para a alfabetização (96%) como para a mortalidade infantil (0,9%). Segundo as estatísticas da
UNESCO, a taxa de instrução de base em Cuba é uma das mais elevadas da América Latina. O PNB por habitante, no entanto, tornou-se medíocre e coloca Cuba entre os países pobres ou relativamente pobres, embora alguns estudos apontem para o início de uma lenta recuperação económica do país.
O seu regime é considerado, actualmente, um dos últimos redutos de inspiração comunista no mundo, embora alguns analistas políticos prevejam e observem já uma maior abertura do país ao exterior.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Fidel_Castro)

Uma vez estive em Cuba, como quem entra numa máquina do tempo transportado aos anos 70. A arquitectura levou-me mais atrás, aos tempos coloniais, pela imagem da sua ruína. Em Cuba há uma inexplicável felicidade no ar. Senti logo que havia mais alegria naquela visível falta de recursos que em toda a suposta felicidade que eu podia experimentar de estar ali na condição de turista com hotel, transporte e dólares. Mesmo o desejo de ter ali não é rancoroso. Se se conseguir umas calças de ganga americanas, um perfume francês, uma pastilha elástica, melhor ainda. Belas mulheres morenas acompanhantes por uma noite de tísicos alemães branquelas, por um bom jantar, pelo convite à dança de uma música que nem os modos desençongados e descoordenados dos alemães conseguem tirar do ritmo. De fora eu sentia mais tristeza por elas do que elas que mesmo assim se divertiam. Na falta de transportes públicos ou preferindo tudo a entrar nos velhos autocarros atascados de gente suada daquele clima pesado de humidade insular, dava-se e apanhava-se boleia de bicicleta, caminhava-se a pé pelo ar morno, difícil de respirar. As cores quentes tornavam o azul do céu numa cor quente. Os mujitos davam um alívio temporário e a seguir provocavam novas ondas de calor . Bons serviços de saúde. Gente civilizada, humana, informada, fluente. "Taxistas" nos seus desgastados carros particulares fazendo biscates mais rentáveis em dólares do que o seu salário de ex-professores universitários. Um povo a viver de expedientes para aceder aos dólares, o dinheiro que vale e que tudo compra. Candonga. Muita candonga. Um povo a fazer pela vida. Um povo que reconhece que lhe falta muita coisa mas com a consciência que têm acesso ao mais importante. Saúde. Educação. Orgulho na resistência ao capitalismo. Um povo que sabe o que custa a independência, que sofre o embargo aprendendo a ser feliz com o muito pouco que o estado lhe oferece e que as nossas democracias neo-liberalistas dizem não ter dinheiro para pagar: saúde, educação, investigação, cultura. Gostariam de poder andar com roupas de marca. Gostariam de poder ir ver com os seus próprios olhos como é o mundo fora da ilha. E no entanto, sem isso, são felizes. Vê-se que são felizes daquele sol e daquela bandeira que acenam de não pertencer mais ao imperialismo americano. Vê-se que se orgulham de ser cubanos, o que nos há-de soar muito estanho, a nós portugueses.
Em Cuba há quem tenha bons carros, quem ande na última moda, quem não tenha que esperar pelas senhas mensais na fila da cantina estatal. São os filhos do poder. E afinal Fidel é rico. Podre de rico. Uma espécie de comunista rico inadmissível para o mundo ocidental “desenvolvido”. Dinheiro. Muito dinheiro. Será essa a fórmula que encontrou para ser respeitado no mundo e para ser intocável até mesmo pelos podres poderes do imperialismo americano? Será Fidel uma espécie de banqueiro anarquista pessoano? Terá ele aprendido a viver de expedientes para se impôr num mundo onde o poder do dinheiro impera?

1 comentário:

Arrebenta disse...

Parece que andamos com ideias muito próximas... ainda hoje estava a pensar neste para a Kaos Parade...

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