- Ou aceita o prémio com grande pompa e circunstância, veste a roupa da estilista x, faz imediatamente uma plástica, sai a beijar-mãos e a lamber-pés e aparece na Caras e na Caras Notícias sorridente ao lado de todo o tipo de canalhas;
- Ou não aceita o prémio e diz que não quer e que nem para isso está, como o Luandino Vieira fez e corre o risco de dizerem que estar vivo é o contrário de estar morto;
- Ou faz como o Luís Miguel Cintra e aceita o prémio ainda que isso não o faça sentir distinto dos outros mas, pelo contrário, para o partilhar com todos que trabalharam ao seu lado e que em conjunto o fizeram ganhar este prémio. Até aqui, belas palavras, belos sentimentos para dizer -- e reafirmar -- que o prémio não contempla um indivíduo, mas um colectivo; mas também para aproveitar a cerimónia e o protocolo para a leitura pública de um belo discurso escrito, pleno de intencionalidade discursiva que Luís Miguel Cintra escreveu para se orgulhar da sua profissão de actor, da sua possibilidade enquanto tal de continuar pela vida, tal como a criança, a brincar e a fazer do Teatro uma arte séria, que deve ser levada a sério. Cintra disse algo como: muito mal está um Estado que precisa de um prémio privado para se lembrar do Teatro, atirando assim a sua bofetada sem luva na tromba dos cortadores de subsídios ao teatro.
Procurei o belo discurso de Luís Miguel Cintra na Net. Apenas encontrei frases isoladas que mostram o lado cor-de-rosa da aceitação do prémio Pessoa. É o que querem que fique dele. Mas continuo a recordar as imagens rápidas do telejornal, a atitude sóbria do actor lendo o seu discurso frente aos senhores do poder: as caras enfiadas de Cavaco Silva e de Pinto Balsemão obrigados ali a ouvir frente a frente o que ele lhes quis dizer: quem manda agora é o dinheiro mesmo que mate a criação! -- assim, sem floreados, sem subserviências, com dignidade. E a terem que lhe bater palmas no fim. Serão estes os que vão aparecer na Caras?
- Ou não aceita o prémio e diz que não quer e que nem para isso está, como o Luandino Vieira fez e corre o risco de dizerem que estar vivo é o contrário de estar morto;
- Ou faz como o Luís Miguel Cintra e aceita o prémio ainda que isso não o faça sentir distinto dos outros mas, pelo contrário, para o partilhar com todos que trabalharam ao seu lado e que em conjunto o fizeram ganhar este prémio. Até aqui, belas palavras, belos sentimentos para dizer -- e reafirmar -- que o prémio não contempla um indivíduo, mas um colectivo; mas também para aproveitar a cerimónia e o protocolo para a leitura pública de um belo discurso escrito, pleno de intencionalidade discursiva que Luís Miguel Cintra escreveu para se orgulhar da sua profissão de actor, da sua possibilidade enquanto tal de continuar pela vida, tal como a criança, a brincar e a fazer do Teatro uma arte séria, que deve ser levada a sério. Cintra disse algo como: muito mal está um Estado que precisa de um prémio privado para se lembrar do Teatro, atirando assim a sua bofetada sem luva na tromba dos cortadores de subsídios ao teatro.
Procurei o belo discurso de Luís Miguel Cintra na Net. Apenas encontrei frases isoladas que mostram o lado cor-de-rosa da aceitação do prémio Pessoa. É o que querem que fique dele. Mas continuo a recordar as imagens rápidas do telejornal, a atitude sóbria do actor lendo o seu discurso frente aos senhores do poder: as caras enfiadas de Cavaco Silva e de Pinto Balsemão obrigados ali a ouvir frente a frente o que ele lhes quis dizer: quem manda agora é o dinheiro mesmo que mate a criação! -- assim, sem floreados, sem subserviências, com dignidade. E a terem que lhe bater palmas no fim. Serão estes os que vão aparecer na Caras?
Eu que já não via uma atitude digna neste país há tanto tempo, ainda fui capaz de me comover!
1 comentário:
Olha Kaotica, não sei. Eu ACHO que aceitava e agradecia a toda a gente que conheço, até a ti e ao Kaos.
Agora a sério: quanto ao Luandino Vieira, o que ele disse, quando o encontraram foi que um prémio não deve ser entregue a um autor mas sim a uma obra desse autor. E, se pensarmos bem faz sentido. Para alguns umm prémio faz sentido, para outros não.Para mim, neste momento faria,porque lançaria a minha carreira, mas não te sei responder se o faria daqui a 30 anos quando esta estivesse consolidada. Enfim...é isto.
bjs
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