Operário, 1936, Francisco Rebolo
óleo s/tela, 73x64 cm
A Johnson Controls, um dos líderes mundiais no fornecimento de sistemas interiores de automóveis, electrónicos e baterias, justifica o encerramento de duas das três fábricas que possui em Portugal com «por haver um excesso de produção de espumas na Península Ibérica», contou António Branco. http://tsf.sapo.pt/online/economia/interior.asp?id_artigo=TSF173856
Chegámos ao momento em que um trabalhador é preso por ter cão e preso por não ter. Pedem-lhe uma maior produtividade e depois lançam-no no desemprego alegando excesso de produção. Continuo a achar que o mal não é do trabalhador mas sim da gestão. Se uma multinacional americana tem várias fábricas espalhadas pela Europa, tem que as gerir em conjunto para não permitir que situações destas possam acabar por acontecer. Uma empresa não devia poder fechar aqui para abrir ou ampliar noutro local; ou reduzia realmente a produtividade – e, implicitamente os lucros – ou não lhe devia ser permitido deixar atrás todo um rasto de destruição social, pessoas sem perspectiva de emprego, com graves problemas sociais e até mesmo de subsistência. A empresa propõe agora reutilizar os trabalhadores desempregados noutras fábricas fora de Portugal. E lá vai o Zé portuga de mala de cartão aviada ser outra vez emigrante. Para alguns será talvez uma sorte, verem-se livres deste país padrasto. Mas outros serão mesmo conduzidos ao desemprego vitalício, com as idades que apresentam depois de uma vida de trabalho dedicada a aumentar a produtividade da sua fábrica…
Um enredo de produtividade excessiva foi a história que a empresa contou. E António Branco veio contar-nos essa história. E é isso mesmo que este escândalo do encerramento de mais duas unidades fabris vai ser para quem ouve a notícia: mais uma história triste de aumento do desemprego que contamos uns aos outros, sem nos apercebermos realmente como a classe operária está em vias de extinção.
E pensar que ainda há partidos de esquerda que falam no poder da classe operária como se ela ainda existisse e pudesse constituir uma força. Ela é ainda uma força de trabalho que só se parasse totalmente é que ia mostrar o seu poder. Mas é apenas uma no meio de muitas outras que podem entrar em processo de extinção assim que deixarem de ser tão rentáveis como agradaria aos seus donos. Hoje em dia a classe operária são todos os trabalhadores que se sentem ameaçados pelo modelo neo-liberal do vale tudo para aumentar os lucros (não, como antes, para impedir que a empresa falisse). A classe operária são também os desempregados, todos estes desempregados sempre a aumentar, este lixo que o capital mastiga e cospe desenfreando-se em excessos de produtividade e desejos de maiores lucros.
Chegámos ao momento em que um trabalhador é preso por ter cão e preso por não ter. Pedem-lhe uma maior produtividade e depois lançam-no no desemprego alegando excesso de produção. Continuo a achar que o mal não é do trabalhador mas sim da gestão. Se uma multinacional americana tem várias fábricas espalhadas pela Europa, tem que as gerir em conjunto para não permitir que situações destas possam acabar por acontecer. Uma empresa não devia poder fechar aqui para abrir ou ampliar noutro local; ou reduzia realmente a produtividade – e, implicitamente os lucros – ou não lhe devia ser permitido deixar atrás todo um rasto de destruição social, pessoas sem perspectiva de emprego, com graves problemas sociais e até mesmo de subsistência. A empresa propõe agora reutilizar os trabalhadores desempregados noutras fábricas fora de Portugal. E lá vai o Zé portuga de mala de cartão aviada ser outra vez emigrante. Para alguns será talvez uma sorte, verem-se livres deste país padrasto. Mas outros serão mesmo conduzidos ao desemprego vitalício, com as idades que apresentam depois de uma vida de trabalho dedicada a aumentar a produtividade da sua fábrica…
Um enredo de produtividade excessiva foi a história que a empresa contou. E António Branco veio contar-nos essa história. E é isso mesmo que este escândalo do encerramento de mais duas unidades fabris vai ser para quem ouve a notícia: mais uma história triste de aumento do desemprego que contamos uns aos outros, sem nos apercebermos realmente como a classe operária está em vias de extinção.
E pensar que ainda há partidos de esquerda que falam no poder da classe operária como se ela ainda existisse e pudesse constituir uma força. Ela é ainda uma força de trabalho que só se parasse totalmente é que ia mostrar o seu poder. Mas é apenas uma no meio de muitas outras que podem entrar em processo de extinção assim que deixarem de ser tão rentáveis como agradaria aos seus donos. Hoje em dia a classe operária são todos os trabalhadores que se sentem ameaçados pelo modelo neo-liberal do vale tudo para aumentar os lucros (não, como antes, para impedir que a empresa falisse). A classe operária são também os desempregados, todos estes desempregados sempre a aumentar, este lixo que o capital mastiga e cospe desenfreando-se em excessos de produtividade e desejos de maiores lucros.
E no entanto até eu acho que é preciso reduzir a produtividade e o consumo; mas creio que isso em nada resolve o problema global em que se colocou a economia se não se baixar também a fasquia do lucro. Mas alguém consegue imaginar uma economia cujo objectivo seja baixar os lucros?
Face a essa impossibilidade, o equilibrio só será restabelecido quando os trabalhadores, apoiados massivamente pelos desempregados que nada têm a perder, se recusarem massivamente a trabalhar para esses senhores sem que a sua força de trabalho seja revalorizada. Quando os trabalhadores compreenderem que sem trabalho não há produção, logo não há lucro, logo não há economia, o trabalho alcançará o seu justo valor e o sistema produtivo terá necessariamente que sofrer os devidos reajustamentos para que as relações produtivas se tornem um dia mais justas .
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