sexta-feira, dezembro 01, 2006

Paletes de lixo e boa vontade

Ontem, a leitura de um blog amigo, despertou em mim a vontade de fazer finalmente um post que estava há muito para fazer.

Moro no concelho de Oeiras, numa das freguesias que não votou em Isaltino Morais para presidente da câmara. Claro que isso traz consequências nefastas à freguesia que, em vez de filha, passou a ser tratada como enteada.

A minha rua e as ruas circundantes foram minadas de novos lugares de estacionamento pago. Todos os dias se vêem carros bloqueados prontos a pagar o tributo. Por todo o lado surgiram as slot machines da Parques Tejo, donde todos os dias são recolhidos os nossos euros. Devem ter custado uma nota, essas caixas electrónicas que tanta vontade dão de sabotar. Mas o povo daqui é reconhecidamente “de brandos costumes” e as ditas cujas lá continuam boas de saúde e implacáveis a cumprir a sua tarefa, quer se venha fazer uma compra, quer se esteja todo o dia a trabalhar num cabeleireiro: leva tudo por medida grande! Tudo isto só me faz lembrar Nottingham, não faltando para tal nem mesmo o xerife…

Entretanto o dinheiro amealhado vai para onde? É usado em benefício de quê? Essas empresas camarárias usam e abusam de taxar as nossas ruas mas será que contribuem em alguma coisa para melhorar a qualidade de vida dos munícipes?

É aqui que entra a questão do lixo. Há dinheiro para colocar uma caixa em cada esquina, várias caixas numa mesma rua mas para contentores de separação de lixo não há dinheiro. O mais próximo da minha casa fica a cerca de dois quarteirões, o que torna obsoletos os separadores domésticos que a junta distribuiu a quem os foi lá buscar. Separa-se o lixo em casa, mas depois não há onde o pôr separado, só os antigos contentores cinzentos onde o lixo é colocado indiscriminadamente. Convenhamos que é preciso ter uma boa dose de boa vontade para andar dois quarteirões com o lixo separado às costas. Ainda hoje coloquei dentro do meu carro um saco enorme com plásticos e latas, um saco com papéis e outro cheio de garrafas e boiões, e fui levá-lo a Linda-a-Velha, a uma rua onde existem vários separadores por quarteirão. Quantos munícipes farão esta peregrinação?

É que aqui no concelho, nesta e noutras coisas, pratica-se cada vez mais a máxima de inspiração bancária: “uns têm, outros, não!”

E a maioria da população que não tem condições para separar o lixo ainda se arrisca a ser vista pelas suas crianças como um anti-herói, pois se não separa o lixo como no anúncio da televisão!

Por este andar, o mais certo é, quando formos velho, irmos acabar no “Velhão”, pois as nossas crianças terão certamente uma consciência ecológica em tudo diferente da nossa e não nos perdoarão o espectáculo triste de tanto desperdício!

2 comentários:

Outsider disse...

Olá Kaotica. O teu amigo fica muito feliz por ter inspirado um post teu. Realmente é lamentável que não haja um ecoponto perto de tua casa. É óbvio que não pode haver um ecoponto à porta de cada família, mas 2 quarteirões é demais. Para poupares espaço e trabalho podes juntar todos os resíduos recicláveis num saco grande e separá-los quando chegares ao ecoponto. É claro que os miudos gostam de ver tudo separado logo em casa, mas se os levares ao ecoponto e os puseres a separar lá, vais ver que eles se divertem. Principalmente a colocar o vidro... :)
Beijos e bom fim de semana.

Kaotica disse...

Eu nisso do vidro sou muito egoista. O vidro sou eu que gosto de mandar e ouvir estilhaçar lá em baixo, contra o que já lá está. Imagino sempre que um político está lá escondido por ser muito corrupto! As crianças já têm muito com que se divertir.
Bjos e bom fim de semana para vocês também!

Blog Widget by LinkWithin