quinta-feira, fevereiro 22, 2007

JP Simões - Vi e gostei!

Ontem acordei ao som de JP Simões. Era uma gravação ao vivo, para a Sic Notícias apresentar, como apresentou, ao longo desse dia. Vi de manhã, vi à noite e voltei a acordar de um leve sono, para o ouvir pela madrugada. E sim, eu sou de paixões assim arrebatadas pelos músicos que realmente me caem no gosto. Tenho paixão por Chico Buarque e, não posso deixar de ver com bom grado alguém do meu país a seguir-lhe as passadas. Nem é bem isso, porque não me parece que a personalidade se fique pela cópia, é mais uma influência forte confessada, uma muito boa influência, a meu ver. Não é a única. JP revela-se um excelente intérprete de José Mário Branco, outra das minhas velhas paixões, que mais do que nunca não pode ser esquecida. E tem outra coisa: JP não se coíbe de colher uma influência declarada da música brasileira, que eu tanto gosto, que tão bem lhe assenta. Quanto ao seu percurso, tenho gostado de tudo onde tem tocado: Pop Dell Arte, Belle Chaise, Quinteto Tati, Wordsong, e agora a solo.

“Gosto não é critério de vida!” – afirmou-me um dia um dos melhores professores que tive. Era, é, de facto um bom professor, um mestre capaz de formular mais perguntas do que respostas e de transmitir o conhecimento, e que conhecimento, das culturas clássicas. E tenho pena que ele tenha certa razão quando diz que não é critério de vida, mas nunca consegui concordar com ele totalmente porque a minha experiência de vida diz-me o contrário. Há vezes em que o gosto é critério e o uso e o abuso dessa minha intuição não me tem deixado mal, antes pelo contrário. Bom seria que pudéssemos exercer mais vezes e sobre mais coisas esse qualitativo critério de vida mas, pelo menos exerçamo-lo nas artes que aí ninguém no-lo pode tolher.

Nunca fui daquelas pessoas que apuram o seu gosto num sentido, o tipo de amantes da arte muito selectivos e compartimentados. Pessoas que dizem só gostar de X ou de Y, deste ou daquele género musical. Costumam dizer que tudo o mais não presta, obstinando-se em conhecer tudo e saber tudo sobre determinado artista. Fecham-se ao conhecimento de outros artistas, só têm ouvidos para o que já conhecem e decretaram ser o melhor.

Normalmente tenho os ouvidos e o coração bem abertos a tudo o que aparece. Ou gosto logo, muitas vezes sem fazer a mínima ideia de quem é o artista, ou não gosto nada e está o caso arrumado, neste caso dificilmente venho a gostar. Mas há coisas que são imediatas e às vezes basta uma voz, uma forma de cantar, para me encantar. Foi o caso de JP Simões: ouvir, ver e gostar. E, quanto mais vejo e oiço, mais gosto. Por isso ontem vi repetidamente as poucas músicas que gravou e soube-me sempre a pouco porque conheço bem todo o disco e queria ter ouvido todas as músicas. E, pela sua presença, cada vez sinto mais vontade de o poder ver ao vivo, o que ainda só aconteceu uma vez, no CCB, integrando o projecto Wordsong/Al Berto.

Sem comentários:

Blog Widget by LinkWithin