“Gosto não é critério de vida!” – afirmou-me um dia um dos melhores professores que tive. Era, é, de facto um bom professor, um mestre capaz de formular mais perguntas do que respostas e de transmitir o conhecimento, e que conhecimento, das culturas clássicas. E tenho pena que ele tenha certa razão quando diz que não é critério de vida, mas nunca consegui concordar com ele totalmente porque a minha experiência de vida diz-me o contrário. Há vezes em que o gosto é critério e o uso e o abuso dessa minha intuição não me tem deixado mal, antes pelo contrário. Bom seria que pudéssemos exercer mais vezes e sobre mais coisas esse qualitativo critério de vida mas, pelo menos exerçamo-lo nas artes que aí ninguém no-lo pode tolher.
Nunca fui daquelas pessoas que apuram o seu gosto num sentido, o tipo de amantes da arte muito selectivos e compartimentados. Pessoas que dizem só gostar de X ou de Y, deste ou daquele género musical. Costumam dizer que tudo o mais não presta, obstinando-se em conhecer tudo e saber tudo sobre determinado artista. Fecham-se ao conhecimento de outros artistas, só têm ouvidos para o que já conhecem e decretaram ser o melhor.
Normalmente tenho os ouvidos e o coração bem abertos a tudo o que aparece. Ou gosto logo, muitas vezes sem fazer a mínima ideia de quem é o artista, ou não gosto nada e está o caso arrumado, neste caso dificilmente venho a gostar. Mas há coisas que são imediatas e às vezes basta uma voz, uma forma de cantar, para me encantar. Foi o caso de JP Simões: ouvir, ver e gostar. E, quanto mais vejo e oiço, mais gosto. Por isso ontem vi repetidamente as poucas músicas que gravou e soube-me sempre a pouco porque conheço bem todo o disco e queria ter ouvido todas as músicas. E, pela sua presença, cada vez sinto mais vontade de o poder ver ao vivo, o que ainda só aconteceu uma vez, no CCB, integrando o projecto Wordsong/Al Berto.
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