sexta-feira, maio 18, 2007

Que Animal Farm?


Tudo começa quando um velho porco, o Velho Major, sonha que libertará os animais da escravidão em que vivem, e comunica aos outros o seu sonho. Passados três dias o Major morre, mas a revolução que iniciara na cabeça dos animais acabará por se concretizar com a expulsão do Sr Jones (dono da quinta) e libertação de todos os animais da escravidão.Da revolução nascem sete mandamentos, redigidos pelos porcos (considerados os mais inteligentes), que passam a reger a vida na quinta:


1º- Tudo o que anda sobre dois pés é inimigo

2º- Tudo o que anda sobre quatro pés, ou asas, é amigo

3º- Nenhum animal usará roupas

4º- Nenhum animal dormirá numa cama

5º- Nenhum animal beberá álcool

6º- Nenhum animal matará outro animal

7º- Todos os animais são iguais


A contínua alteração dos mandamentos culmina no último mandamento, frase que ficará na história como marca de toda a alegoria de Orwel:


"Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que outros"...

(Resumo retirado daqui)

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Tenho chegado ultimamente à conclusão pelos textos que tenho lido sobre o livro de Orwell, Animal Farm, de que o que tem importado a uma certa critica é, como se costuma dizer, "dar o pai à criança". E isto porque se resume a história de uma forma mais ou menos subjectiva para então se traçar longas considerações sobre a clássica atribuição dos papéis, através de fórmulas: Velho Major=Marx; Bola de Neve (Snowball)=Trotsky; Napoleão=Estaline; etc. etc.
A mim, parece-me redutor; como se o perigo dos totalitarismos e das ditaduras ou dos pequenos autoritarismos estivesse confinado àquele período histórico... Enquanto uma certa crítica nos tenta pôr palas nos olhos para que continuemos a seguir apenas por esse caminho para nos consolidar mais profundamente a ideia de que os comunistas todos foram uns papões estalinistas. Quem se consegue manter livre delas pode ter uma visão mais alargada no tempo e no espaço desta fábula alegórica. Olhemos à nossa volta, atentemo-nos ao que ainda resta de um telejornal -- eles, os porcos, estão por toda a parte e até já modificaram alguns dos nossos mandamentos mais sagrados. Por exemplo, onde estava



O ensino deve ser gratuito

alguém veio e modificou até ficar

O ensino deve ser tendencialmente gratuito


Então o que tem isto de diferente da alteração dos mandamentos que os amnésicos animais da quinta foram esquecendo? Não estará esta fábula política tão actual quanto eu desejo aqui provar? Em que é que aqueles porcos foram mais ou menos porcos do que os nossos actuais? Permitam-me:

Todos os porcos são porcos mas alguns porcos são ainda mais porcos do que outros porcos por continuarem a ser tão porcos como eles foram!

6 comentários:

Luiz Carlos Reis disse...

Enredo filosófico. Contos de uma fábula mais que perfeita.
Abraços e bom final de semana!

Pata Negra disse...

Porcos é comigo! Pela real e legítima autoridade prefiro chamar-lhes leitões. Pela chique evolução da linguagem, sou apologista de que se escreva com dois tês - Leittões. Eu mesmo, o Rei dos Leittões!

Kaotica disse...

Luiz Carlos Reis

Olá. Que bom é ver-te por aqui. Se se refere à fábula do Orwell, essa sim está perfeita na forma como dá conta dessa corrupção do poder de todos os tempos. Quanto à fábula cá da terra, essa está cada vez mais canastrona.
Abraço

Kaotica disse...

João Rato

Meu caro amigo Rato com focinho de leittão: eu aqui referia-me mesmo aos porcos que têm vindo a deturpar as nossas leis modificando-as para pior ainda do que eram antes.
Abraço!

Jorge P. Guedes disse...

De acordo e apenas ouso acrescentar: São ainda mais porcos porque nada souberam aprender com a porcaria de outros porcos.

Um abraço

Kaotica disse...

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Adoro quando vêm aqui dizer ainda mais do que eu digo!
Abraço

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