quinta-feira, setembro 27, 2007

Dar o dito por não dito


Vocês não podem dizer aquilo que eu disse
disse e desdisse
e tornou a dizer mais uma vez.

Quem ousou tornar público o que era para ser informal?

Assinámos a nossa sentença de morte.


Estamos perdoados vamos seguir em frente
se não pode ser assim como foi dito
como será como desdito?
Podemos escolher?
Entre o que talvez possa vir a acontecer

e esse que diz que era melhor que não fosse.


Veja bem nós temos que defender
o que nos sustenta aqui nesta casa

quando não assim for deixo de apoiar quem apoio e quem m'apoia.
Estar dentro é melhor do que estar fora.

E agora meus senhores estou atrasado pra a reunião com dois senhores.

Sim senhor mas repare que continuamos a querer
o que antes queríamos
pode ser ou não?
Torna-se urgente antes que tudo desapareça como o resto

Se diz que somos nós a decidir por que não se compromete?

Um rabo preso, um rosto de duas caras, isto é política, meus senhores.


Bem vêem que não posso decidir sozinho
e temo que ninguém esteja para isso lá no meu quintal

Parece que o António Calvário é bicha.

Mas ninguém se atreve a dizê-lo
com certeza e em voz alta.


Por isso meus senhores
vejam lá como se comportam

e para a próxima tratem de não dizer o que eu disse

que eu também dou o dito pelo não dito do alto do meu poleiro.

Passemos a agendar os novos atrasamentos.

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