Uma estrada cabe
dentro de minha pasta.
Uma estrada e sua poeira.
Um edifício fino
Um educandário
três pontes
mil touros
dormem em minha pasta.
De asas estou largo:
comprei a pasta
porque nela um importado parou
que me dará férias ao avião.
Encerrei na pasta
uma fauna e uma flora:
basta abrir o zíper
e um papagaio alarda anedotas,
um canário coça-me os ouvidos,
uma andiroba atira-me um galho...
Eu como florestas,
eu bebo andorinhas.
Almoço de folhas,
sobremesa de penas.
Cabe não perder a pasta
(como certos peixes)
nos remansos de meus sábados.
4 comentários:
Poema maravilhoso! Métrica e sinergia perfeitas!
Emocionou-me o alento!
Abraço!
Tomaríamos nós que as palavras saíssem assim da boca deles, nesse caso, era porque eles tinham estados de poesia e, consequentemente, dificilmente seriam assim.
Mas mesmo assim, não deixa de ser bonito por versos na boca dessa gente!
Abraço
luiz carlos reis
Encontrei-o, não o conhecia. Mas também me apaixonei pelo seu estilo original. Ainda bem que gostaste!
Vou ver se tem coisa nova lá no teu blog, se te deu mesmo alento!
Abraço
joão rato
Um bom poeta põe o poema até na boca do diabo!
Abraços!
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