"Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão."
terça-feira, outubro 02, 2007
Ao desabrigo
Hoje houve a primeira reunião da Associação de Pais, a última desta direcção. Terminou o seu mandato com um saldo positivo. Fez “a obra”. A obra foi um telheiro que resultou da boa vontade dos pais que compraram t-shirts e com o moscovita contributo de mecenas que lá estavam hoje representados, para sabermos que existem. Um dia em que esteja pouco vento e alguma chuva havemos de agradecer a parte que nos coube da obra que sobrou para o exterior. Todos os dias há pais que deixam os seus filhos à porta da escola ainda fechada. Têm horários. Todos os dias são muitos os pais que esperam pelos seus filhos desabrigados. São tantos que duvido que vão caber debaixo daquele telheiro. Também esse telheiro não foi feito a pensar neles … Mas já as crianças para quem ele foi feito, essas continuarão do lado de fora da escola, empurrando-se debaixo do telheiro ou continuando a abrigar-se nos prédios. Andarão à chuva e ao vento, como sempre andaram, porque a escola está fechada. Os pais destes meninos cada vez têm horários de trabalho mais flexíveis e ainda nem está aplicada a flexigurança. Será que a flexigurança vai trazer um melhor abrigo para os nossos filhos? E o abrigo? Como deixá-los à porta da escola arcando com toda a responsabilidade pelo que lhes acontecer naquele entretanto. Eis que o portão abre e eles entram para a escola. Continuarão sem abrigo até às salas de aula onde chegarão ensopados mas estarão mais fortes no Inverno. Aí ficam mais horas do que lhes convém porque todos os pais têm horários flexíveis. Muitos pais pensam: como tudo seria mais fácil se ficassem na escola até à hora deles sairem do trabalho… e nem se lembram quando eram crianças e queriam brincar, correr, pular, sonhar. Os pais já perderam os sonhos, só têm realidade e pouco tempo. De vez em quando um lembra-se de que uma criança é uma criança, não pode ter só regras senão perde a noção da liberdade. Mas eles próprios já não sabem o que isso é. Têm que cumprir as regras do seu trabalho, senão há sempre quem lhes cobice os empregos e esteja pronto a vender a sua força de trabalho mais barata. Dizem que as Actividades de Enriquecimento Curricular este ano estão a funcionar melhor. Mas eu fui ao caderno de Inglês do meu filhos e li apenas “Sumário: Regras.” O meu filho já teve o seu horário lectivo, já cumpriu as regras do refeitório, e aquilo a que menos aspira depois disso é cumprir mais regras. A professora do ano passado era tão boa professora. Porque trocaram de empresa? Por ser mais barato? As crianças precisam de actividade física e artística, precisam de extravasar de tantas regras. Como podem crianças numa idade tão física ficar todo o dia encerradas numa sala de aula e ainda mais com regras? Para que se preparam estas crianças? Todos ficamos felizes com a formação profissional, mas perguntamos: têm empregos para dar a essas crianças depois? Ou formarão apenas uma massa amorfa de gente inculta a quem não dão préstimo? Crianças destas serão os pais dessas outras crianças que continuarão à chuva debaixo do telheiro à espera que a escola abra.Terão empregos precários e inflexibilidade de horários. Qual será então "a obra"? Quantos deles virão ainda à reunião?
E esses aí debaixo de um guarda-chuva tão sorridentes...
Fazemos das crianças ainda mais tontas do que são? As regras não são iguais para um são convívio em todas as circunstâncias? Já não lhes deram regras no ano passado? à força de passarmos a vida em repetições, eles não ligam nada... ai aqueles tempos sem tempo para estar dentro da Escola com tempo para fazer alongar o tempo pelas tardes de Verão e pelas noites de Inverno...ai o tempo de andar pelos campos à saída da Escola no meio do centeio e a beber a água das fontes no meio das brincadeiras inacabáveis ai o pião e a corda e o ringue e a macaca... outros tempos pois são ... eram tempos maus , pois eram... mas eu ainda tenho estas recordações... que dirão estas crianças daqui por cinquenta anos??? são capazes de se lembrar das regras? E de as não cumprir... Mas sobre isto já sabes a minha opinião... Beijinhos.
Apesar de sempre ter sido criada na capital (arredores) vê tu que também conservo recordações de ir pelos campos a pé a ver as rãs nos charcos. Esses sítios verdes, onde em Maio crescia a espiga e a papoila, estão hoje minados de construção graças ao tio Isaltino e seus muchachos. Ainda ontem falávamos aqui entre nós da simplicidade de uma AEC que pusesse as crianças ao ar livre a praticar jogos tradicionais ou a jogar jogos didáticos num ginásio. Haverá alguém no ministério que pense nas crianças? Não terão filhos?
Todos os dias o Pafúncio é a página em branco que ouso preencher. Janela para outras janelas, porta para outras portas, vaga para outras vagas, outras ondas. Por vezes perco-me completamente, volto atrás ou deixo-me fluir. Descobertas e tormentas, cais vários onde ancoro e me deixo ficar a fruir. Ilhas, pequenas maravilhas que me vêm visitar e que revisito. Um turbilhão de mar e um vazio por vezes de não saber como dizer tudo o que é preciso dizer. Crises de tempestade. Encalhe. Naufrágio. Sobrevivo à custa de persistência de ir dizendo qualquer coisa que importe a alguém. E que essa coisa dita possa desencadear uma coisa feita.
Uma utopia é uma possibilidade que pode efectivar-se no momento em que forem removidas as circunstâncias provisórias que obstam à sua realização. (Robert Musil)
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3 comentários:
E esses aí debaixo de um guarda-chuva tão sorridentes...
Fazemos das crianças ainda mais tontas do que são? As regras não são iguais para um são convívio em todas as circunstâncias? Já não lhes deram regras no ano passado? à força de passarmos a vida em repetições, eles não ligam nada... ai aqueles tempos sem tempo para estar dentro da Escola com tempo para fazer alongar o tempo pelas tardes de Verão e pelas noites de Inverno...ai o tempo de andar pelos campos à saída da Escola no meio do centeio e a beber a água das fontes no meio das brincadeiras inacabáveis ai o pião e a corda e o ringue e a macaca... outros tempos pois são ... eram tempos maus , pois eram... mas eu ainda tenho estas recordações... que dirão estas crianças daqui por cinquenta anos??? são capazes de se lembrar das regras? E de as não cumprir... Mas sobre isto já sabes a minha opinião...
Beijinhos.
Renda
Apesar de sempre ter sido criada na capital (arredores) vê tu que também conservo recordações de ir pelos campos a pé a ver as rãs nos charcos. Esses sítios verdes, onde em Maio crescia a espiga e a papoila, estão hoje minados de construção graças ao tio Isaltino e seus muchachos. Ainda ontem falávamos aqui entre nós da simplicidade de uma AEC que pusesse as crianças ao ar livre a praticar jogos tradicionais ou a jogar jogos didáticos num ginásio. Haverá alguém no ministério que pense nas crianças? Não terão filhos?
Um abraço
é deprimente ...
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