sexta-feira, dezembro 28, 2007

Agora são os pais que têm as costas largas?

Exemplo de escola com uma excelente posição no ranking: receita menos professores/mais alunos

No A Sinistra Ministra recomenda-se a leitura do texto completo (site do SPGL) e transcreve-se uma parte deixada como apelo a pais e Encarregados de Educação, que passo a transcrever:

«Violência é não saberem viver em comunidade, é o safanão, o pontapé e a bofetada como resposta habitual, o palavrão (dos pesados…) como linguagem única, a ameaça constante, o nenhum interesse pelo que se passa dentro da sala, a provocação gratuita ("bata-me, vá lá, não me diga que não é capaz de me bater? Ai que medinho que eu tenho de si…", isto ouvi eu de um aluno quando a pobre da professora apenas lhe perguntou por que tinha chegado tarde…)

Violência é a demissão dos pais do seu papel de educadores - e depois queixam-se nas reuniões de que "os professores não ensinam nada".

(...)

Cada vez os pais têm menos tempo para os filhos e, por isso, cada vez mais os filhos são educados pelos colegas e pela televisão (pelos jogos, pelos filmes, etc.). Não têm regras, não conhecem limites, simples palavras como "obrigada", "desculpe", "se faz favor" são-lhes mais estranhas do que um discurso em Chinês - e há quem chame a isto liberdade.

Mas a isto chama-se violência. Aquela que não conta para os estudos "científicos", mas aquela da qual um dia, de repente, rompe a violência a sério.» (Alice Vieira)

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O meu comentário ao excerto da Alice Vieira, como educadora, como mãe e ex-professora provisória só pode ser este:

Tudo isto é a pura das verdades, mas não devem ser os pais indicados como os únicos culpados desta situação: eles próprios estão enredados num sistema que não lhes deixa tempo para educar os filhos. Cada vez mais os horários de trabalho exigem-se flexíveis e pais e professores estão pouco seguros nos empregos. As escolas e os ATL's acolhem as crianças durante muitas horas, impondo-lhes regras sucessivas para os conter e no final do dia todos estão cansados de regras, cansados até para conversar e brincar. Os nossos filhos protegem-se à sua maneira deste modus vivendi, fogem da realidade, alheiam-se, isolam-se e tentam compensar a atenção que não lhes prestam. Dão largas à sua imaginação nas imagens da televisão e nas dos jogos electrónicos. Na escola encontram sinais de violência e se são diferentes são marginalizados do grupo. O espírito do grupo é ser o maior, e não o melhor. O importante é ser “melhor” que os outros, no pior dos sentidos e dominar exibindo-se para “ser popular”, nem que seja pela má-criação. “Ser popular” é tudo o que desejam. Cada criança tenta sobreviver aos próprios grupos, temendo-os. Imaginem uma criança normal, bem-educada, chegar a um trabalho de grupo e um colega dizer-lhe sem mais nem menos: "sai daqui que cheiras a cú", como pode esta criança cooperar com gente assim? A culpa é dos pais? Mas os pais não estão ali para se dar conta, aquilo passa-se na sala de aula, na escola. Os professores também são educadores e medidores, ou se não são, deviam ser. Relegar todas as culpas para os pais é uma atitude tão atroz como a da ministra quando lançou todas as culpas nos professores. Pais e professores só têm a perder estar de costas voltadas.

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