Este ano a benção papal “Urbi et Orbi” fez uma espécie de levantamento de todos os males que vão pelo mundo (ver aqui). Falou do Dafur e do Afeganistão e do Iraque, das catástrofes humanitárias e bélicas e ainda do perigo que corre o equilíbrio ecológico terrestre devido à “exploração imprudente dos recursos naturais”. Aguardei mais um pouco para ver se depois de referir os males apontava o dedo às causas, mas de capitalismo desenfreado e de globalização nem uma palavra. Na sequência daquele discurso social e humanitário seria de esperar que se apresentassem as soluções, o modo como a humanidade devia proceder: a condenação do consumismo e do lucro desmedido das multinacionais, a acusação aos senhores do mundo cujas políticas económicas exploram desmedidamente os recursos naturais, dos governantes que são causadores das guerras e dos conflitos, de uma globalização que não faz senão gerar maiores desigualdades. Mas não. Cinicamente este Papa, também ele afinal um desses senhores do mundo, vem no final dizer ao rebanho que a solução para tudo isto pode ser divina e que os fiéis devem… orar, pois a salvação do mundo só se poderá obter pela oração! Ou seja, a salvação do mundo não está para a igreja católica na capacidade humana de inverter o sentido de uma marcha acelerada para a destruição da própria humanidade. Essa responsabilidade continua ad eternum a ser relegada para o plano divino enquanto cá na Terra progride o pecado capital. E, como sempre, aos pecadores prescreve-se que rezem mais, que quanto mais pecadora for a humanidade mais orações deverá fazer. Por isso quanto mais crentes formos nessa suposta solução divina menos devemos agir e mais fervorosamente devemos rezar, depositando assim os destinos do mundo na mão de Deus. Na mão de Deus que, dizem, é todo espírito e luz? Que me perdoem os crentes, pois não há maior falsidade que a religião católica!
Pedágio
Há 2 horas
1 comentário:
De Roma bem sempre o mesmo bento!
Um abraço chapinhado em água benta
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