sábado, dezembro 15, 2007

Tratado mais triste que Maastricht

Mais tristeza é o que eu sinto ao ver o povo ser passado para trás. Assistimos impávidos mas pouco serenos a este grave atentado dos governos dos estados europeus exercendo a sua soberba sobre os povos das nações. Somos arredados das malhas que tecem em conferências e cimeiras. Apenas nos chegam imagens fabricadas para não passarem disso mesmo. Muitos preferem distrair-se com a risada fácil das situações caricatas que também se passam. O povo gosta de ver aquelas personagens odientas fazerem figuras tristes diante das câmaras por que não hão-de elas fazer-lhe a vontade e ser levemente ridículas? Saltitantes governantes cometendo gaffes e deslizes, o lado cómico que lhes dá um toque humano de pequenos heróis que se prezumem por ficar numa História que eles próprios vão forjando. Aldrabões mentirosos, perigosos, nada os detem nas determinações muito mais que maquiavélicas. Aliás, Maquiavel posto ao lado na fotografia seria dos mais inofensivos congeminantes. Governates dissimulados na pressa do desespero. O vosso modelo económico é uma farsa, está DESESPERADO, ansioso por cair nas malhas da globalização que o há-de tragar. A globalização é a aranha e a vossa Europa o macho que há-de ser devorado no final da cópula. Vocês já sabem disto e são uns crápulas: querem o poder e encher os bolsos com o nosso trabalho. Encherem as mulas com os nossos produtos tradicionais proibindo o seu consumo ao comum dos mortais. A vossa gula e a vossa falta de esperança num futuro é ameaçadora para o mundo dos nossos filhos, dos nossos netos. Contemplem o mundo devastado e esgotado que o vosso rasto vai deixar. Caminham sonâmbulos na glória de mandar, arrastando-nos na vossa aventura financeira, numa rapinácia à escala global.
Mais um tratado que nos promete a falta de autonomia nas decisões políticas, um lugar subalterno na Europa, a perda de identidade dissimulada, a impossibilidade de assumir uma posição contrária às decisões da UE, a falta de qualquer tipo de segurança no emprego, na saúde, na educação dos nossos filhos. Querem educar os nossos filhos para ser lideres ou escravos (uns poucos lideres para muitos escravos!) e nós não queremos esse sistema de ensino e de profissionalização, nem nascer e morrer à beira de auto-estradas que vão para para lugar nenhum. Não queremos a desertificação que nos propõem nem ser minados pelos vossos produtos impuros e pelas vossas leis absurdas. Convosco todos os criminosos são absolvidos ou estão nos lugares de poder. Bandidos são os que nos roubam o nosso país e falsos caridosos os que nos querem levar a acreditar que estamos todos a ganhar alguma coisa com isso.
Sinto um grande asco por esses senhores do mundo que nos governam cada vez mais de cima. Tenho-lhes horror. São os tratantes que em secretismo e socretinismo aprovam os tratados que o povo não aprova, e que vêm depois mostrar aos olhos do povo as suas cerimónias assinando tratados cuja finalidade o povo desconhece por não poder ser por ele compreendida. Imaginem se o povo pudesse compreender que determinado tratado em nada o favorece, antes pelo contrário. Ousarem chamar a um tratado desses "Tratado de Lisboa" seria já uma afronta, motivo para uma movimentação popular. Um tratado que não se pode compreender porque, se fosse realmente compreendido, o povo saía logo para as ruas a dizer que não o queria. A sua aprovação sem o referendo dos povos europeus, será o derradeiro atentado dos chefes dos estados à democracia, em nome de Lisboa.
Que tramas se podem albergar num texto de 10 kg., intragável? Terá Sócrates alguma vez lido o texto do tratado? E se ele nos disser que leu e que é bom para nós, alguém mais vai acreditar em mais essa peta?

4 comentários:

Laurentina disse...

Tens que ir buscar os dois selos que la tens ...e eu vou levar este dos bogues pelo não.

beijão

rendadebilros disse...

Mas aquilo só pode ser bom ... para alguns... Não os viste tão contentinhos???
Bom fim de semana.

Pata Negra disse...

Oh kaótica, quão semelhante acho teus sentimentos aos meus quando os cotejo! Posso publicar este texto com a minha assinatura?!
Também acho que o Sócrates nunca leu o texto - esta é cruel demais para ser verdade!
Enfim, uns tratantes!
Um abraço subscrito

Blueminerva disse...

Cara Kaótica,
Os engravatados que defendem a ratificação por via parlamentar, não querem obviamente que a questão seja debatida em praça pública. O problema, é que o parlamento não tem legitimidade para ratificar o tratado, porque o parlamento foi eleito com base num programa eleitoral que previa a consulta popular (referendo) sobre o tratado. Meus amigos, é legítimo afirmar que o povo votou no Partido Socialista porque queria referendar o tratado. Porreiro pá!
Um abraço

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