Uma entrada silenciosa e despercebida na madrugada de Lisboa,
consciências felizes após longa vigília
(soma de tantas outras horas e vigílias).
Um grupo de mães e pais,
unido pela convicção de que a missão de educar,
transborda para além do próprio Lar.
A lembrança inevitável daquela alba de Abril,
em que outro grupo de homens (quase desconhecido)
corporizou a alma e a esperança de um povo,
um momento de viragem (soma de tantas outras vigílias):
uma das páginas mais belas da História da Liberdade,
para que os filhos do seu povo pudessem nascer e viver,
longe das trevas obscuras.
Quase três décadas após,
a consciência da impotência
de uma geração que sente
que a luz daquela aurora
ainda não cobre o porvir
dos que são a razão da sua existência,
consegue o milagre de reunir
Mães e Pais em Movimento.
Numa época de demissão
de descrença e traição
divisão e oportunismo,
quem são estas mães e pais?
A serviço de quem estão?
Loucos a clamar no deserto?
Tolos idealistas?
Ou gente à procura de projecção?
(também os há...)
Mulheres e homens
diferentes crenças,
profissões, personalidades
com defeitos e qualidades,
trazem ao de cimo
o melhor do seu íntimo,
o melhor das suas aptidões
numa invulgar solidariedade.
Mães e Pais em Movimento...
Abrindo portas e caminhos por entre doutos e políticos
que transformaram o jovem em objecto,
confinando-o ao ostracismo de uma vida sem projecto!
Mães e Pais em Movimento, cabeça erguida, peito aberto,
ousando pisar nas Catedrais do Saber,
unem-se aos que, dentro,
(somente os verdadeiros sacerdotes),
tentam reacender os archotes,
que iluminarão os caminhos do Saber e do Ser
daqueles que são a razão da sua existência...
Mães e Pais em Movimento
onde encontram tanto alento, tanto desprendimento?
Naquela alba de Abril,
ao beijar docemente os filhos adormecidos
as Mães e os Pais do Movimento,
num acto de Amor sem limites,
reafirmaram o juramento:
- A luz da longínqua aurora
há de lhes cobrir o porvir!
Mais do que mil discursos,
mais do que o hastear de bandeiras,
Abril da dignidade do Homem,
Abril do direito a sonhar,
renasce a todo momento,
quando um filho (razão de ser da existência )
sente que CIDADANIA É UM ACTO DE AMOR
Talvez seja este o segredo do alento dos Pais em Movimento...
Disto não faz notícia a Comunicação Social,
Os Partidos não arrecadam votos,
O Poder não obtém mais lucros.
Porque a Democracia (anémica)
Esqueceu a razão da sua existência...
Universina Coutinho - 22 de Abril de 2001
(Viagem de regresso da Assembleia Geral que elegeu Vítor Sarmento Presidente da CONFAP)
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