sábado, janeiro 05, 2008

(Aos filhos dos pais das Associações de Pais)

MAIS UMA VIGÍLIA NA MADRUGADA DE ABRIL
ou a razão do MAP

Uma entrada silenciosa e despercebida na madrugada de Lisboa,

consciências felizes após longa vigília

(soma de tantas outras horas e vigílias).

Um grupo de mães e pais,

unido pela convicção de que a missão de educar,

transborda para além do próprio Lar.

A lembrança inevitável daquela alba de Abril,

em que outro grupo de homens (quase desconhecido)

corporizou a alma e a esperança de um povo,

um momento de viragem (soma de tantas outras vigílias):

uma das páginas mais belas da História da Liberdade,

para que os filhos do seu povo pudessem nascer e viver,

longe das trevas obscuras.

Quase três décadas após,

a consciência da impotência

de uma geração que sente

que a luz daquela aurora

ainda não cobre o porvir

dos que são a razão da sua existência,

consegue o milagre de reunir

Mães e Pais em Movimento.

Numa época de demissão

de descrença e traição

divisão e oportunismo,

quem são estas mães e pais?

A serviço de quem estão?

Loucos a clamar no deserto?

Tolos idealistas?

Ou gente à procura de projecção?

(também os há...)

Mulheres e homens

diferentes crenças,

profissões, personalidades

com defeitos e qualidades,

trazem ao de cimo

o melhor do seu íntimo,

o melhor das suas aptidões

numa invulgar solidariedade.

Mães e Pais em Movimento...

Abrindo portas e caminhos por entre doutos e políticos

que transformaram o jovem em objecto,

confinando-o ao ostracismo de uma vida sem projecto!

Mães e Pais em Movimento, cabeça erguida, peito aberto,

ousando pisar nas Catedrais do Saber,

unem-se aos que, dentro,

(somente os verdadeiros sacerdotes),

tentam reacender os archotes,

que iluminarão os caminhos do Saber e do Ser

daqueles que são a razão da sua existência...

Mães e Pais em Movimento

onde encontram tanto alento, tanto desprendimento?

Naquela alba de Abril,

ao beijar docemente os filhos adormecidos

as Mães e os Pais do Movimento,

num acto de Amor sem limites,

reafirmaram o juramento:

- A luz da longínqua aurora

há de lhes cobrir o porvir!

Mais do que mil discursos,

mais do que o hastear de bandeiras,

Abril da dignidade do Homem,

Abril do direito a sonhar,

renasce a todo momento,

quando um filho (razão de ser da existência )

sente que CIDADANIA É UM ACTO DE AMOR

Talvez seja este o segredo do alento dos Pais em Movimento...

Disto não faz notícia a Comunicação Social,

Os Partidos não arrecadam votos,

O Poder não obtém mais lucros.

Porque a Democracia (anémica)

Esqueceu a razão da sua existência...

Universina Coutinho - 22 de Abril de 2001

(Viagem de regresso da Assembleia Geral que elegeu Vítor Sarmento Presidente da CONFAP)

in site da FERLAP

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