A pedido da Renda de Bilros…
"Tenho que confessar as músicas que eram especiais na minha adolescência"
Ainda antes do 25 de Abril ouvia no rádio A Banda, cantada no sotaque doce do Chico, e ficava encantada de haver música para além dos “nossos” Antónios que também passavam na altura no rádio (António Calvário, António Mourão e outros que não sendo Antónios eram tão Antónios quanto estes); isto ainda na fase a que chamamos hoje a "pré-adolescência":
http://www.youtube.com/watch?v=wFPPawLq_5Q
Podem não acreditar mas quando andava na preparatória, convidei os meus colegas para a minha festa de anos lá em casa. Juntaram-se 3 e perguntaram-me o que é que eu queria que me oferecessem. Resposta: o “Animals” dos Pink Floyd (infelizmente o meu irmão era mais velho, tinha dinheiro e, naquela altura, mandava vir de Londres os discos que por lá iam saindo, por isso eu ficava sempre com os segundos discos: ele tinha o Darkside e o Wish you were here; eu tinha o Animals. Ele tinha o A Night at the Opera; eu tinha o A Day at the Races. Ele tinha o Crime of the Century; eu tinha o Crises What Crises? – uma injustiça!) O que vale é que os ouvia depois a todos no psicadélico quarto dele, às escuras, com focos às cores e em altos berros, como convinha. Ainda hoje adoro a música dos Pink Floyd!:
http://www.youtube.com/watch?v=CydPIf3b-Mc&feature=related
Depois veio o 25 de Abril e com ele uma lufada de ar fresco na música portuguesa. Nesta fase cheguei a ouvir no Rádio Clube um Canto Livre em directo em que o Sérgio Godinho democraticamente perguntava aos que lá estavam: “Querem ouvir o Paco Bandeira? Ele está aqui para cantar para vocês” e ouvia-se a pequena multidão: “Nããããããooooo!” E o Paço Bandeira metia a viola no saco e ia para casa. Dessa época podia citar de cor, como ainda hoje as sei de cor, muitas músicas do pessoal das cantigas, mas vou dedicar este espaço musical ao Zeca Afonso porque ele foi até ao fim um dos grandes animadores e a sua mensagem está hoje bem viva e actual:
http://www.youtube.com/watch?v=2yZkC3YCU20
Como toda a gente passei pela fase romântica num tempo em que os slows ainda estavam na moda nas festas de garagem. Tive sorte: vivia numa vivenda com garagem e a festa era em minha casa. Sorte de eu ter um irmão sete anos mais velho que adorava música e que me dava a conhecer a boa música de todas as épocas. Sorte de eu, apesar de mais nova do que aquela gente toda, poder estar presente nas festas e, apesar de ser a “chavalinha nova” ser quase sempre convidada para dar um pezinho de dança, sempre com muito respeitinho por ser a mana mais nova do dono da festa. Era o tempo dos lugares comuns e esta música é um marco para essa geração onde ainda havia tempo e paciência para a arte da conquista através dos slows:
http://www.youtube.com/watch?v=IGiZWHL6wD0
Depois, em plena adolescência tive os meus momentos de revolta. Chegava a casa de cabeça cheia e queria era fechar-me no meu quarto para ninguém me partir a cabeça. Aí era inevitável a “violência”: ouvia bem alto os Ramones, os AC/DC, os Sex Pistols e agora à distância penso que era um verdadeiro bicho do mato para o pessoal lá de casa; e ainda me dava ao luxo de chamar “betinho” ao mano velho por ele continuar a ouvir boa música de todos os géneros: até os Bee Gees! Não havia eu de ser a ovelha negra da família! Havia em especial uma música que me dava vontade de partir coisas, não me perguntem porquê… mas nunca parti nada, apenas pensava nisso:
http://www.youtube.com/watch?v=BD6v-cSbrpc
Claro que pouco depois voltei a acalmar, embora continue a gostar destas coisas todas. Tive a fase do jazz, e a fase da música francesa, principalmente remexendo nos LPs antigos que havia lá por casa dos meus pais. Hoje em dia sou uma confluência de estilos e de épocas, até de música clássica eu gosto. Por isso quando me perguntam se gosto de música respondo: sim, de BOA música!:
http://www.youtube.com/watch?v=b5WVkl_f7_E
Mas às vezes dou por mim a saber de cor e a cantar as músicas que a minha filha (pré-adolescente) ouve na Rádio Cidade, algumas, muito poucas (aqui para nós: quase nenhumas!). Por isso volto sempre às MINHAS músicas:
Passo o desafio aos autores dos seguintes blogues:
3 comentários:
Ena! Isto é o que se chama polivalência músical! Eu também gosto de tudo e ouço de tudo, do rock nos seus diversos estilos ao blues, passando pelo folk e country, até à clássica, marcha tudo. Até Quim Barreiros!
Vinha com a intenção de passar o testemunho de uma corrente parecida com esta (não sei se será a mesma) que consiste em eleger as 6 músicas mais DANÇÁVEIS (um bocado complicado) da nossa juventude (como se fossemos velhos), no entanto verifico que já disseste praticamente tudo. Se quiseres sujeitares-te à tal corrente tudo bem, se não, olha, faz de conta que eu nem cá estive.
Saudações do Marreta.
Claro que aceito o desafio a seu tempo o farei.
Beijokas
Olha que maravilha... outras músicas!... outros momentos... também é maravilhoso ter um irmão mais velho... dava jeito até para estar sempre a par do último grito ...
Agora as músicas são outras, que vão ser referência para outras gerações...
Beijos.
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