«Eu sei que não é fácil falar de tudo isto a esta distância, porque passou muito tempo e vocês nem sequer tinham nascido quando a parte mais empolgante desta história aconteceu. Ainda assim, eu tentei, por achar que valia a pena e por entender que, para além da qualidade mais ou menos discutível do que fizemos e cantámos, havia os valores que nos uniam e mobilizavam e que são universais e intemporais. Era um tempo em que as pessoas não valiam por aquilo que tinham e sim por aquilo que eram e pensavam, era um tempo em que não se era avaliado pelos sinais exteriores de riqueza e de poder e sim pela força dos ideais por que cada um se batia. Havia causas e sonhos, havia princípios e afectos. E eu achei que, mesmo tendo passado já tanto tempo, devia contar-vos ou recontar-vos esta história, num tempo fugaz e competitivo em que a memória parece valer cada vez menos, empobrecendo-nos assim a cidadania e a própria democracia. Talvez vocês encontrem alguém que queira ouvir esta história, de preferência ao som da música desse tempo e das vozes que lhe deram vitalidade e alegria. Zeca Afonso e a malta das cantigas talvez mereçam essa atenção e esse interesse, já que, num tempo ainda não globalizado, ajudaram, à sua maneira, a História a acontecer, com a confiança partilhada e generosa de quem canta de olhos postos num tempo melhor.»
Assim termina este pequeno livro de José Jorge Letria, Zeca Afonso e a Malta das Cantigas, da Terramar (2004), escrito em 2002. Embora tenha apenas 70 e poucas páginas e se leia rapidamente, ele é um "testemunho vivo de um tempo em que Portugal e os Portugueses viviam privados das liberdades fundamentais". José Jorge Letria não só viveu nesse tempo como foi um dos da "malta das cantigas". Aconselho vivamente a sua leitura e a sua divulgação junto das novas gerações, nas escolas e aos nossos filhos pois bem precisados estão de ouvir estas experiências que temos a responsabilidade de lhes transmitir.
Assim termina este pequeno livro de José Jorge Letria, Zeca Afonso e a Malta das Cantigas, da Terramar (2004), escrito em 2002. Embora tenha apenas 70 e poucas páginas e se leia rapidamente, ele é um "testemunho vivo de um tempo em que Portugal e os Portugueses viviam privados das liberdades fundamentais". José Jorge Letria não só viveu nesse tempo como foi um dos da "malta das cantigas". Aconselho vivamente a sua leitura e a sua divulgação junto das novas gerações, nas escolas e aos nossos filhos pois bem precisados estão de ouvir estas experiências que temos a responsabilidade de lhes transmitir.
1 comentário:
Que saudade.
Só gente boa.
Vai preparando o estômago para o leitão!!!!
BJS
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