Na noite de 24 de Abril, agrada-me voltar a trazer para este blogue este magnífico texto escrito pelo Arrebenta. Para quem nunca o leu. Para quem o leu e nunca se cansa de o reler. Para quem NUNCA MAIS quer que um tempo tão sinistro volte a nos tolher os gestos e as palavras. 25 de Abril SEMPRE!
Porque esta é a derradeira noite das trevas. Porque esta é a noite do tempo das pessoas que ainda não podiam falar. Porque esta é a noite das sombras de quem ainda não sabia que se podia falar. Porque esta é a noite do tempo em que a escrita não era mais do que um macabro passaporte para o derradeiro exílio. Pois este é o tempo da treva, em que cada um enterrava em si próprio o sepulcro dos seus mais dolorosos pensamentos.
Este é o tempo da vigília. É a Noite. É o espaço cósmico da Memória. É o lugar de lembrar os que morriam só por sonhar. O lugar dos que passavam os dias e as noites e as noites e os dias sem luz, e afundados nas mais húmidas celas dos fracassos desta nação medieval. É o tempo em que os Portugueses eram os Iraquianos de outras décadas atrás. É o tempo em que os jovens se encerravam em cubos ardentes de campos de concentração tropicais. É o tempo em que ainda havia leis que impediam de se andar descalço nas ruas, mas permitiam que tantos descalços palmilhassem as sombras dessas mesmas ruas.
É o tempo da noite das bocas cerradas. É o tempo dos mutilados. É o tempo dos que voltaram sem olhos, e sem mãos e sem pernas. É o tempo dos sentados para sempre em cadeiras de rodas de um Regime Imóvel. É o tempo dos que enlouqueceram com o que viram. É o tempo dos que nunca regressaram. É o tempo dos que ficaram sem rasto e sem despojos. É o tempo de uma Máquina Infernal que finalmente irá tombar.
Esta noite é um tempo de nojo e de vigília. É a noite em que a Voz se erguerá ao fundo, até clamar, por entre as cinzas, por todas as cores do Universo. Esta é a maior noite da nossa memória colectiva. Esta é a noite de agradecer. E de dizer "obrigado" a todos os nossos amigos que nos permitiram, nesse tempo, escrever agora assim.
Esta é a noite de um tempo que NUNCA MAIS poderá voltar.
Obrigado.
Porque esta é a derradeira noite das trevas. Porque esta é a noite do tempo das pessoas que ainda não podiam falar. Porque esta é a noite das sombras de quem ainda não sabia que se podia falar. Porque esta é a noite do tempo em que a escrita não era mais do que um macabro passaporte para o derradeiro exílio. Pois este é o tempo da treva, em que cada um enterrava em si próprio o sepulcro dos seus mais dolorosos pensamentos.
Este é o tempo da vigília. É a Noite. É o espaço cósmico da Memória. É o lugar de lembrar os que morriam só por sonhar. O lugar dos que passavam os dias e as noites e as noites e os dias sem luz, e afundados nas mais húmidas celas dos fracassos desta nação medieval. É o tempo em que os Portugueses eram os Iraquianos de outras décadas atrás. É o tempo em que os jovens se encerravam em cubos ardentes de campos de concentração tropicais. É o tempo em que ainda havia leis que impediam de se andar descalço nas ruas, mas permitiam que tantos descalços palmilhassem as sombras dessas mesmas ruas.
É o tempo da noite das bocas cerradas. É o tempo dos mutilados. É o tempo dos que voltaram sem olhos, e sem mãos e sem pernas. É o tempo dos sentados para sempre em cadeiras de rodas de um Regime Imóvel. É o tempo dos que enlouqueceram com o que viram. É o tempo dos que nunca regressaram. É o tempo dos que ficaram sem rasto e sem despojos. É o tempo de uma Máquina Infernal que finalmente irá tombar.
Esta noite é um tempo de nojo e de vigília. É a noite em que a Voz se erguerá ao fundo, até clamar, por entre as cinzas, por todas as cores do Universo. Esta é a maior noite da nossa memória colectiva. Esta é a noite de agradecer. E de dizer "obrigado" a todos os nossos amigos que nos permitiram, nesse tempo, escrever agora assim.
Esta é a noite de um tempo que NUNCA MAIS poderá voltar.
Obrigado.
Arrebenta
1 comentário:
"foi um sonho mau que já passou"...
é preciso semear...mas não a moda cavaquista...com amor com solidariedade...com os principios que os portugueses gritaram com cravos em punho...
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