Na reunião intercalar do 2º. período a minha filha foi considerada exemplar no que diz respeito a comportamento nas aulas.
Na reunião do director de turma com os pais de final de 2º. período os pais foram metidos numa sala de aula e lá estiveram em reunião durante mais de duas horas (vingança?!) Às tantas o professor até se enganou e disse "no final da aula, digo...". Claro que a questão do "dá-me já o telemóvel!" veio à baila, embora um pai tenha logo dito que não lhe tinha nunca constado que havia naquela escola problemas com telemóveis. Tive oportunidade de sugerir que os professores da turma se reunissem no início dos anos lectivos e determinassem formas de agir comuns em relação aos telemóveis na sala de aula, para não haver discrepâncias. Resposta ríspida do senhor: "os professores não são formatados!", como quem diz "lá vem esta mãe dizer-me a mim que sou professor o que os professores devem de fazer ou deixar de fazer!"
Durante a "aula" passou a folha-mapa do registo dos comportamentos. O da minha filha estava limpo, os da maioria da turma, nem por isso.
As aulas recomeçaram e sondei a minha filha se os comportamentos tinham melhorado após os pais terem certamente advertido os filhos depois do puxão de orelhas que eles mesmos levaram. Resposta dela: "ainda se estão a portar pior". Chego até a pensar se os pais não os terão incentivado a fazer choldra para pôr à prova a eficácia do sistema (não acreditem! os pais em geral pensam pouco nestas coisas, salvo alguns Albinos mais congeminosos, que em tudo vêm um lance para firmar o pezinho no degrau, quanto mais testarem o sistema...).
Ainda hoje estive a transcrever apontamentos meus tirados na assembleia de agrupamento e lá constava: "nas reuniões dos directores de turma com os pais há que fazer a ligação entre os comportamentos e o aproveitamento da turma". Só não diz como fazê-lo, ou seja, ao mesmo tempo existem as sinistras recomendações para os professores subirem os níveis de aproveitamento das turmas a bem da sua própria avaliação. Existem aqui duas directivas inconciliáveis: punir os alunos no seu aproveitamento pelo mau comportamento; mas seja lá como for subir os níveis de aproveitamento em 5% (se for em 10%, melhor para o professor, logo será mais bem avaliado - este parâmetro da avaliação dos alunos pesa 6,6%- nas fichas de avaliação do desempenho dos docentes!). Ou seja por muito mal que os alunos se continuem a portar, há que aumentar os números do sucesso escolar para dar conta à OCDE e à UE de como a educação no nosso país vai de vento em popa, doa a quem doer.
Depois foi o episódio do teste de inglês: no dia do teste portaram-se pessimamente ao ponto de a minha filha dizer que só conseguiu fazer para aí 5 mn de teste, o resto foi esbanjo. De tal forma que a professora carregou com a turma para a aula seguinte, que por sinal era com o director de turma. "Então e fizeram lá o teste?", perguntei. Disse-me que mesmo lá não tinha corrido nada bem, continuavam a portar-se mal. Chegou a uma altura retiram os teste e não se fez a composição. Moral da história: nem uma, nem dois professores (e um director de turma) conseguiram pôr uma turma de crianças de 11 anos a fazer o teste de inglês disciplinadamente até ao final. Como é que isto é possível? A minha filha que tem dificuldades no inglês tinha recuperado e estava prestes a ser tirada do apoio. Recebeu o teste e teve FRACO! Mas eu não me admirei nem um pouco, depois de saber da confusão que ela me descreveu.
Na tal "aula", digo, reunião com o DT quiseram responsabilizar os pais pelos comportamentos dos filhos dentro da escola. Eu mais uma vez falei para dizer que não era possível pedir isso aos pais. Os pais podiam fazer o seu papel de educadores fora da escola, mas lá DENTRO quem tem que fazer isso são as pessoas que efectivamente lá estão presentes. Ainda para mais naquela escola onde os pais sempre foram mal vistos e arredados da vida escolar. Nessa altura o DT, que por vezes é extremamente teimoso e mal-educado, atropelou todo o tempo o que eu estava a dizer, não me deixando expressar diante dos outros pais (será que a teimosia da ministra já se lhe pegou?).
Sei que a turma tem sido ameaçada de castigos sempre adiados (o tal método que nunca resulta e do qual os alunos se passam a rir pela repetitividade e ineficácia) mas ultimamente parece que foi a própria senhora directora, digo presidenta (por enquanto mas já com todo o perfil!), que ultimou que se houvessem mais queixas daquela turma, podia ser suspensa por 2 ou 3 dias.
Será talvez por isso, para prepararem terreno e se salvaguardarem caso se decidam por uma suspensão exemplar - agora gosta-se muito dos castigos exemplares -, que hoje recebi pela primeira vez na vida uma carta dirigida à minha filha (mas curiosamente o texto dirigia-se-me sem nunca o explicitar) dizendo que se distraía muito nas aulas e que conversava constantemente com os colegas, prestando pouca atenção às aulas e continuando a desobedecer aos inúmeros pedidos dos professores para se calar (por que no te callas? por que no te callas? por que no te callas?). No final dizia para ter uma conversa com a aluna de modo a tentar modificar as atitudes pouco sociais de grupo.
Claro que tive uma conversa com ela. Justificou-se dizendo que de facto tem conversado um pouco nas aulas de música (do tal DT) porque está ao pé de uma amiga... e depois, já revoltada (está marcadamente a entrar na fase da pré-adolescência!) disse: "eu devia era ter-me portado mal logo desde pequena para vocês agora não estranharem!"
Entretanto este ano já a mudaram vezes sem conta de lugar: funciona mais ou menos assim: quando está a dar certo, mudam-na de lugar e, como é sossegada, põe-na junto dos alunos que se portam pior para apaziguar os ânimos; resultado: passado pouco tempo começa a queixar-se que lhe estragam o material, mexem-lhe nas coisas dela e estragam-nas e não se sente bem acompanhada na carteira (antes só!). Dá ideia que estas mudanças resultam de pedidos de outros pais, do tipo: "por favor, senhor professor, tire a minha filha/o meu filho de ao pé do .... ou da ..." e lá vai o DT baralhar e tornar a dar as cartas. Curiosamente parece que sempre para pior, como no ano passado com os grupos. Quando os grupos ficaram bem, veio uma professora e voltou a pôr tudo mal. Como querem alguns professores ensinar se não aprendem com os próprios erros?
Irei falar com o senhor, se me deixar falar. É que supostamente o horário de atendimento aos pais seria para falar com os pais e os ouvir. Mas afinal ali tudo parece assemelhar-se ao Dia D, em que os professores julgaram que iam ser ouvidos e acabaram por lhes vender alguma coisa que não queriam comprar. Será que os sindicatos dos professores também já têm formação em técnicas de Marketing?
Na reunião do director de turma com os pais de final de 2º. período os pais foram metidos numa sala de aula e lá estiveram em reunião durante mais de duas horas (vingança?!) Às tantas o professor até se enganou e disse "no final da aula, digo...". Claro que a questão do "dá-me já o telemóvel!" veio à baila, embora um pai tenha logo dito que não lhe tinha nunca constado que havia naquela escola problemas com telemóveis. Tive oportunidade de sugerir que os professores da turma se reunissem no início dos anos lectivos e determinassem formas de agir comuns em relação aos telemóveis na sala de aula, para não haver discrepâncias. Resposta ríspida do senhor: "os professores não são formatados!", como quem diz "lá vem esta mãe dizer-me a mim que sou professor o que os professores devem de fazer ou deixar de fazer!"
Durante a "aula" passou a folha-mapa do registo dos comportamentos. O da minha filha estava limpo, os da maioria da turma, nem por isso.
As aulas recomeçaram e sondei a minha filha se os comportamentos tinham melhorado após os pais terem certamente advertido os filhos depois do puxão de orelhas que eles mesmos levaram. Resposta dela: "ainda se estão a portar pior". Chego até a pensar se os pais não os terão incentivado a fazer choldra para pôr à prova a eficácia do sistema (não acreditem! os pais em geral pensam pouco nestas coisas, salvo alguns Albinos mais congeminosos, que em tudo vêm um lance para firmar o pezinho no degrau, quanto mais testarem o sistema...).
Ainda hoje estive a transcrever apontamentos meus tirados na assembleia de agrupamento e lá constava: "nas reuniões dos directores de turma com os pais há que fazer a ligação entre os comportamentos e o aproveitamento da turma". Só não diz como fazê-lo, ou seja, ao mesmo tempo existem as sinistras recomendações para os professores subirem os níveis de aproveitamento das turmas a bem da sua própria avaliação. Existem aqui duas directivas inconciliáveis: punir os alunos no seu aproveitamento pelo mau comportamento; mas seja lá como for subir os níveis de aproveitamento em 5% (se for em 10%, melhor para o professor, logo será mais bem avaliado - este parâmetro da avaliação dos alunos pesa 6,6%- nas fichas de avaliação do desempenho dos docentes!). Ou seja por muito mal que os alunos se continuem a portar, há que aumentar os números do sucesso escolar para dar conta à OCDE e à UE de como a educação no nosso país vai de vento em popa, doa a quem doer.
Depois foi o episódio do teste de inglês: no dia do teste portaram-se pessimamente ao ponto de a minha filha dizer que só conseguiu fazer para aí 5 mn de teste, o resto foi esbanjo. De tal forma que a professora carregou com a turma para a aula seguinte, que por sinal era com o director de turma. "Então e fizeram lá o teste?", perguntei. Disse-me que mesmo lá não tinha corrido nada bem, continuavam a portar-se mal. Chegou a uma altura retiram os teste e não se fez a composição. Moral da história: nem uma, nem dois professores (e um director de turma) conseguiram pôr uma turma de crianças de 11 anos a fazer o teste de inglês disciplinadamente até ao final. Como é que isto é possível? A minha filha que tem dificuldades no inglês tinha recuperado e estava prestes a ser tirada do apoio. Recebeu o teste e teve FRACO! Mas eu não me admirei nem um pouco, depois de saber da confusão que ela me descreveu.
Na tal "aula", digo, reunião com o DT quiseram responsabilizar os pais pelos comportamentos dos filhos dentro da escola. Eu mais uma vez falei para dizer que não era possível pedir isso aos pais. Os pais podiam fazer o seu papel de educadores fora da escola, mas lá DENTRO quem tem que fazer isso são as pessoas que efectivamente lá estão presentes. Ainda para mais naquela escola onde os pais sempre foram mal vistos e arredados da vida escolar. Nessa altura o DT, que por vezes é extremamente teimoso e mal-educado, atropelou todo o tempo o que eu estava a dizer, não me deixando expressar diante dos outros pais (será que a teimosia da ministra já se lhe pegou?).
Sei que a turma tem sido ameaçada de castigos sempre adiados (o tal método que nunca resulta e do qual os alunos se passam a rir pela repetitividade e ineficácia) mas ultimamente parece que foi a própria senhora directora, digo presidenta (por enquanto mas já com todo o perfil!), que ultimou que se houvessem mais queixas daquela turma, podia ser suspensa por 2 ou 3 dias.
Será talvez por isso, para prepararem terreno e se salvaguardarem caso se decidam por uma suspensão exemplar - agora gosta-se muito dos castigos exemplares -, que hoje recebi pela primeira vez na vida uma carta dirigida à minha filha (mas curiosamente o texto dirigia-se-me sem nunca o explicitar) dizendo que se distraía muito nas aulas e que conversava constantemente com os colegas, prestando pouca atenção às aulas e continuando a desobedecer aos inúmeros pedidos dos professores para se calar (por que no te callas? por que no te callas? por que no te callas?). No final dizia para ter uma conversa com a aluna de modo a tentar modificar as atitudes pouco sociais de grupo.
Claro que tive uma conversa com ela. Justificou-se dizendo que de facto tem conversado um pouco nas aulas de música (do tal DT) porque está ao pé de uma amiga... e depois, já revoltada (está marcadamente a entrar na fase da pré-adolescência!) disse: "eu devia era ter-me portado mal logo desde pequena para vocês agora não estranharem!"
Entretanto este ano já a mudaram vezes sem conta de lugar: funciona mais ou menos assim: quando está a dar certo, mudam-na de lugar e, como é sossegada, põe-na junto dos alunos que se portam pior para apaziguar os ânimos; resultado: passado pouco tempo começa a queixar-se que lhe estragam o material, mexem-lhe nas coisas dela e estragam-nas e não se sente bem acompanhada na carteira (antes só!). Dá ideia que estas mudanças resultam de pedidos de outros pais, do tipo: "por favor, senhor professor, tire a minha filha/o meu filho de ao pé do .... ou da ..." e lá vai o DT baralhar e tornar a dar as cartas. Curiosamente parece que sempre para pior, como no ano passado com os grupos. Quando os grupos ficaram bem, veio uma professora e voltou a pôr tudo mal. Como querem alguns professores ensinar se não aprendem com os próprios erros?
Irei falar com o senhor, se me deixar falar. É que supostamente o horário de atendimento aos pais seria para falar com os pais e os ouvir. Mas afinal ali tudo parece assemelhar-se ao Dia D, em que os professores julgaram que iam ser ouvidos e acabaram por lhes vender alguma coisa que não queriam comprar. Será que os sindicatos dos professores também já têm formação em técnicas de Marketing?
11 comentários:
A imagem fala por si, exelente post amiga.
BJS
Eu percebo perfeitamente a sua angústia e sensação de incomodidade.
Às vezes dá vontade de colocar os nossos filhos no ensino privado, onde as regras são outras, não é?
Mas a solução passa por uma forte vontade política em mudar estruturalmente as culturas das organizações. Difícil, mas não impossível.
Abraço!
O INSUCESSO ESCOLAR VAI ACABAR EM PORTUGAL
As reprovações nas escolas públicas vão ser gradualmente banidas e a tendência será a de que ao fim de 12 anos de escola todos os alunos possam ter o 12.º ano de escolaridade, fazendo subir com isso os índices de escolarização dos portugueses. O nível de conhecimentos adquiridos será inevitavelmente muito baixo, mas o que importa são as ESTATÍSTICAS, e assim Portugal poderá figurar "orgulhosamente" na lista de países com maior número de anos de escolaridade.
O 12.º ano vai ser em breve a escolaridade mínima obrigatória. Embora os jovens passem a sair do sistema de ensino com poucos conhecimentos académicos, pelo menos, enquanto por lá andam também não figuram nas estatísticas dos desempregados, o que também é bom para as tais ESTATÍSTICAS.
Assim, o facto de virem a exibir o certificado de habilitações do 12.º ano deixará em breve de dar qualquer indicação às entidades empregadoras relativamente às reais qualificações dos jovens que então vão sair das escolas e, em consequência, terão que ser as entidades empregadoras a testar os conhecimentos dos candidatos aos empregos que oferecerem. Não começaram já a fazê-lo há algum tempo?
Os alunos que frequentarem as escolas públicas poucas possibilidades terão de atingir os necessários conhecimentos para prosseguirem os estudos. Assim, os pais que desejem para os seus filhos um curso superior terão que começar a consciencializar-se desde já que a escola pública não será o caminho aconselhável para a preparação dos seus filhos, mesmo que sejam crianças inteligentes e interessadas. O ambiente não será o melhor para que tenham sucesso por vários motivos:
1.º) na mesma sala coexistirão muitos alunos com fracos conhecimentos, porque não havendo reprovações, não haverá necessidade de empenho, nem nos estudos, nem na assiduidade às aulas;
2.º) com o fim do ensino especial terão por colegas jovens com deficiências várias: auditivas, de comunicação e até psíquicas;
3.º) porque todos os jovens são obrigados a frequentar a escola enquanto menores, mesmo que por ela não revelem qualquer interesse, terão por colegas outros jovens que apenas por lá andam porque o sistema a isso os obriga. Alguns deles utilizam a escola, os colegas e até os professores para se divertirem, gozando-os e boicotando as aulas.
Enfim, o Ensino vai de mal a pior!
Zé da Burra o Alentejano
K.
tu tens dois filhos e sabes como eles exigem a tua atenção. E há dias em que as crianças estão particularmente sedentas de acção e reacção :)
Imagina o que estar com vinte e tal, como os teus, adoráveis, cheios de piada, de histórias, energia e também, fartos de estar encafuados em salas, substituições, cantinas, etc ...
Há pais que não aguentam o som e actividade dos filhos qdo chegam a casa e só os vêm à noite. Como queres tu que, professores, que estão com 75 crianças por dia, não se queixem e peçam ajuda aos pais para que os ajudem? Realmente, parece que o ME tem o apoio dos pais ...
Falo por mim ... se não tivesse tido uma educação rigorosa em casa nunca me teria comportado correctamente nas aulas. e olha que se nota quem tem boa educação. Mesmo tendo 200 alunos, te garanto que se nota e que depende imenso da forma como são educados em CASA.
Não sei se já te aconteceu ter aí em casa um grupo de miúdos, numa festa de anos. Se sim, como chegaste ao fim do dia? Por mais queridos e fofinhos que sejam? E inteligentes e criativos e até bem educados?
Fico triste por ler comentários como os que aqui estão ...
Querem escravos para educarem os filhos ... olhem que esses, não os ensinam por amor à arte ou por serem melhores - aturam-nos por uma questão de sobrevivência.
bolas, gosto imenso de ti ... mas não consigo calar-me.
Às vezes só o papel de pai ou mãe nos pode dar a perspectiva de que " ai que são nossos filhos e não queremos que lhes aconteça nada de mal..."
Ser professor e ser pai ou mãe ao mesmo tempo, darão o justo equilibrio entre visões.
ferroadas
Obrigada, a imagem devo agradecê-la ao Raposa Velha pois foi ele que a postou.
Um abraço
anónimo 1
Na verdade não posso pensar dessa forma e conheço outros pais que também não pensam assim: faço questão que os meus filhos sejam estejam na escola pública por convicção de que é a única realmente democrática e equitativa. É na escola pública que se irão confrontar com a realidade do país onde nasceram e onde aprenderão a conviver com toda a gente rica, pobre ou remediada. Não acredito nem um pouco na excelência das escolas privadas, embora haja excepções. Aliás quando vejo as crianças de uma escola privada a brincar num parque infantil, são as mais mal comportadas, as menos cívicas, as mais soberbas e egoístas. Não sei se é por viverem aperreadas em regras (e depois extravazam sem limites) ou se lhes inculcam logo desde pequenos que são uma elite privilegiada, sei que não revelam boa educação nem aceitação do outro, o que acho lamentável. Essa não é pois a solução. Lamento que assim pense, mas deve ter as suas razões.
anónimo 2
Tem muita razão. Para este governo tudo se resume a prestar contas à OCDE e à UE, com a benção destas. O que está mal não é a escola pública. O que a está a destruir deliberadamente são essas políticas. Um dos objectivos mais claros é a privatização da escola pública, da saúde pública, dos edifícios públicos (em França agora até os museus querem privatizar!). Considero isso um roubo descarado do que é de todos e do que custou muito a construir, mas que será fácil desmantelar se os professores, os educadores, os pais e os cidadãos em geral não se opuserem. Todos somos poucos para defender a escola pública dos ataques das políticas economicistas neo-liberais (se viu o programa Prós & Contras) há-de concordar comigo que os próprios não vêem uma saída que seja para a cobra a morder no próprio rabo que geraram. Lembo o Zeca: quando uma cobra tem sede, corta-se logo a cabeça e encosta-se bem à parede. Quais cravos! Isto agora só com uma desratização!
moriae
Eu sabia que havia de aparecer aqui alguém como tu a lamentar o meu post. Como devias ter-te apercebido ele não se dirige a professores com "P". Esses professores escolheram ser professores, abraçaram esta profissão (que não é como as outras) porque queriam ensinar crianças. Não escolheram trabalhar com contabilistas, nem com patrões, nem com generais, escolheram trabalhar com crianças. Deviam saber que a paciência é uma competência sem a qual jamais poderiam ser bons professores. Um dia terei oportunidade de te contar que logo no 1º. ano da Fac. Letras escrevi um artigo lá no jornal a dizer que para ser professor não bastava ir para pedagógicos, era preciso ter vocação. O Sebastião da Gama tem bons textos sobre isso, no seu diário. Tens que admitir que nem todos os professores que estão hoje nas escolas são... professores. É contra esses que falo. Quanto aos outros poucos pais hás-de encontrar que estejam ao seu lado como eu estou. E tu sabes disso! E que eu também não sou de me calar.
Um grande abraço, minha amiga.
anónimo 3
É verdade, ser professor e pai ao mesmo tempo é uma mais valia para entender todo o processo educativo. Mas será que não existem bons professores que não sejam pais? E será que todos os professores que têm filhos são bons professores? O que às vezes acontece é que até mesmo um pai que seja professor nem sempre é capaz de dar a melhor educação aos seus filhos. Ser professor é difícil. Ser pai/mãe também não é fácil. Fácil é exigir e ditar leis dos gabinetes para que sejam outros a cumpri-las. Sem envolvência, sem estar no terreno a sentir a realidade. Já dei aulas e não devo ter sido uma professora excelente porque falta-me muita paciência e não sei impor o conhecimento a que não o deseja. Mas há um mínimo de compreensão e de atenção ao outro; e há um muito de bom-senso que faz muita falta na escola. Como podem as pessoas conservar ou exercer o bom-senso com tanta confusão à nossa volta? Com tanta falta de tempo para as relações humanas? Os professores estão a ser oficialmente impedidos de ... ser professores. Têm que se opor. Na docência há uma ética profissional que os há-de impedir de cumprir certas leis. Há coisas que não são compatíveis nem aceitáveis e muito menos negociáveis.
Pois é ... não é simples dar azo à vocação quando se é maltratado.
Quando recordo bons tempos, parece que foi há muitas dezenas de anos.
Agora, confundem-se os maus professores com os desesperados. É claro que maus, menos bons, sempre existiram. Mas agora, na minha perspectiva, nenhum pode ser bom. e de radical que sou com esta postura, recuso-me a por os pés na escola onde me 'meteram' para dar lugares melhores às cunhas. e por azar, fui parar a um antro. Desviei-me não foi?
Bom, a educação da criança, a sua formação, são partes de um todo. O mal maior é o que circunda tido isto porque, se formos a ver, dos únicos sítios onde ainda se vê carinho, dedicação e valores, é nas casas e nas escolas. Ainda se vê porque, está a esgotar-se. E depois das escolas, as famílias. e depois?
Que não nos calemos!!!
Retribuo o grande abraço! :)
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