Fui à escola pagar as refeições do mês. A minha filha ligou-me. Tinham ido ver um teatro e não tinha mais aulas. Que sorte e eu ali dentro para a levar comigo. Dirigi-me ao portão e vários jovens fizeram o mesmo. Outros vinham para trás dizendo que o porteiro os mandara de volta para as aulas, mas a professora disse que não tinham aulas! O homem ficou logo meio perdido ao ver aqueles alunos todos juntos irem na sua direcção. Começou a barafustar e foi à pressa fechar os portões. Como não reparei que tinha aferrolhado tudo deitei a mão à maçaneta na tentativa de sair. Um jovem atrás de mim precipitou-se, julgo que na intenção de ajudar a abrir. Salta-nos então o homem vindo desencabrestado lá de trás e ruge possesso como eu nunca o tinha visto nem imaginado, com uma violência brutal na voz. Confesso que me assustei, fiquei estarrecida, nem sequer me deu para rir, como é costume. O homem parecia um carcereiro, um carroceiro, um arruaceiro. Os alunos recuaram e afastaram-se começando a dirigir disparates ao homem. “Cão”, disse um e pôs-se de quatro no chão – aquilo era surrealista mas naquele momento foi a coisa que fez mais sentido, o que foi estranho para mim. Cá fora vários pais estupefactos assistiam à cena sem nada dizer. Finalmente deve ter raciocinado qualquer coisa e decidiu-se a abrir-me o portão para eu sair. Começava eu já a sentir-me enjaulada, impotente e sem saber que atitude tomar, tão surpreendida tinha ficado com a tempestade repentina e o tom despropositado daquela cena triste.
A paranóia nas escolas parece estar se generalizando. Até os contínuos, seguranças ou lá o que é o homem se passam dos carretos sem mais nem menos. Aqueles gritos que deu aos miúdos pareciam jorros de palavras ríspidas a esbofetearem incontrolavelmente os alunos. Aquilo não foi um caso pontual, aquilo não aconteceu por acaso. Já não é a primeira vez que me acontece estar ali de passagem e acontecerem coisas deste tipo. Aliás é raro o dia em que entro na escola que não acontece qualquer coisa absurda e chocante. Que ambiente terrível para as crianças crescerem! Alguns em casa têm “famílias destruturadas” e além disso ainda têm a escola destruturada, as relações humanas destruturadas, um futuro destruturado à sua frente.
Durante todo o dia pensei na violência. De como a violência gera violência e da excessiva e desmedida falta de bom senso que reina nas escolas. O homem ao que parece é segurança e não tem um pingo de boa vontade a lidar com os miúdos. Não os respeita minimamente, não sabe conversar com eles, trata-os ao repelão. Apenas cumpre ordens rígidas de um Conselho Executivo cumpridor e desorienta-se sempre que se depara com uma nova situação. Ninguém o tinha avisado que àquela hora iam chegar grupos de alunos ao portão querendo sair. A falta de comunicação sempre foi apanágio desta escola e faz-se notar nas piores alturas. Sempre que é precisa a comunicação falha e de um lado da escola uns dão umas ordens e outros só têm instruções para cumprir o seu inverso. Naquele caso os miúdos não fizeram nada que justificasse uma reacção daquelas. Não tinham mais aulas, queriam sair. Se alguns não podem, outros há que têm autorização para ir almoçar a casa. Mas o homem não teve nada disso em consideração, actuou como um polícia burro incapaz de pensar pela sua própria cabeça, que se obstina a cumprir ordens por mais absurdas que elas sejam. Será hoje este um mal geral dentro das escolas?
A paranóia nas escolas parece estar se generalizando. Até os contínuos, seguranças ou lá o que é o homem se passam dos carretos sem mais nem menos. Aqueles gritos que deu aos miúdos pareciam jorros de palavras ríspidas a esbofetearem incontrolavelmente os alunos. Aquilo não foi um caso pontual, aquilo não aconteceu por acaso. Já não é a primeira vez que me acontece estar ali de passagem e acontecerem coisas deste tipo. Aliás é raro o dia em que entro na escola que não acontece qualquer coisa absurda e chocante. Que ambiente terrível para as crianças crescerem! Alguns em casa têm “famílias destruturadas” e além disso ainda têm a escola destruturada, as relações humanas destruturadas, um futuro destruturado à sua frente.
Durante todo o dia pensei na violência. De como a violência gera violência e da excessiva e desmedida falta de bom senso que reina nas escolas. O homem ao que parece é segurança e não tem um pingo de boa vontade a lidar com os miúdos. Não os respeita minimamente, não sabe conversar com eles, trata-os ao repelão. Apenas cumpre ordens rígidas de um Conselho Executivo cumpridor e desorienta-se sempre que se depara com uma nova situação. Ninguém o tinha avisado que àquela hora iam chegar grupos de alunos ao portão querendo sair. A falta de comunicação sempre foi apanágio desta escola e faz-se notar nas piores alturas. Sempre que é precisa a comunicação falha e de um lado da escola uns dão umas ordens e outros só têm instruções para cumprir o seu inverso. Naquele caso os miúdos não fizeram nada que justificasse uma reacção daquelas. Não tinham mais aulas, queriam sair. Se alguns não podem, outros há que têm autorização para ir almoçar a casa. Mas o homem não teve nada disso em consideração, actuou como um polícia burro incapaz de pensar pela sua própria cabeça, que se obstina a cumprir ordens por mais absurdas que elas sejam. Será hoje este um mal geral dentro das escolas?
1 comentário:
Boa noite
tomei a liberdade de me linkar ao seu blog porque aprecio a vivacidade da sua escrita e as ilustrações que, por vezes, a acompanha.
Infelizmente é bem verdade o que diz sobre a violência nas escolas. Sei-o bem porque trabalho numa. Há um crescendo de perturbação difícil de se controlar. Falta bom senso , sim senhor.Mas da parte de todos. Quase que digo que casa onde não há pão todos ralham e "alguém" deveria ter razão.
O meu espaço é
http://somadeletras.blogspot.com
um abraço
Esperança
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