domingo, junho 29, 2008

Nunca 30 000 foram tão poucos

Marcha da Indignação, 8/Março

Quem tivesse estado na manifestação dos professores, na Marcha da Indignação, começa a duvidar que lá tivessem estado 100 000. É que aqueles 100 000 ao pé dos 200 000 que no outro dia disseram que havia na manif da CGTP, passam a ser 300 000 ou coisa que o valha. Como não há-de haver quem facilite a vida aos miúdos na matemática para que se habituem a estas contagens sem as estranharem? Na manif de hoje, quem lá esteve diz que aquilo não eram mais do que 5 000, mas os números oficiais, os dos media que as pessoas ouvem, as que ouvem, voltaram a dizer que lá estavam 30 000!
Por que será que os media têm agora esta necessidade de fazer passar a mensagem que os trabalhadores estão na rua a manifestar-se em grande número pela CGTP? Este alinhamento, este sindicalismo instituído que cumpre agendas e calendários, e que só se agita quando ultrapassado pela massa, estrebucha de mansinho no seu canto de cisne. As forças por detrás dos media, congratulam-se com o facto e publicitam-no. A história da CGTP lhes agradecerá por terem registado que o movimento sindical não morreu sem luta e com o povo ainda a gritar na rua.
Conheço bem o programa de festas: contar as bandeiras, colocar em formatura, colocar um megafone na boca das Marias e vai disto avenida abaixo até ao discurso. Discurso. Palminhas acabou e alguém nos enganou. Hino, punhos no ar (cada vez menos), local para apanhar a camioneta de regresso a casa. Viagem de regresso já sem qualquer pressão na panela. Só cansaço. Pelo menos comeu-se qualquer coisa de borla com as senhas do sindicato. Esta gente há-de se cansar. Qualquer dia já ninguém mais virá.
Lembro-me dos tempos em que a Inter-sindical ia aos locais de trabalho organizar comités e convocava uma greve geral de trabalhadores se fosse preciso. Depois disso são inumeráveis as perdas dos direitos sofridas, as humilhações, o roubo escandaloso que fazem da força de trabalho, desvalorizando-a e exigindo que renda ainda mais, que os trabalhadores trabalhem mais horas, que produzam mais. Nenhuma greve geral. Para onde foi a ideia da greve geral? A UGT sempre pronta a negociar, não quer nada com greves, é um sindicalismo amarelo criado de propósito para tudo aceitar. A última unidade sindical de que há memória, foi a Plataforma Sindical dos Professores para forjar o acordo firmado pelo Memorando do Entendimento. Uma unidade sindical para tramar a classe levando-a apenas a adiar por uns meses o cumprimento das agendas e das directivas europeias convertidas nas políticas educativas do governo Sócrates, mais engenharias do que educativas, cosmética que, caso venha a ser implementada irá comprometer o futuro da escola pública portuguesa e falsear completamente os dados do estado do Ensino.
Mas os sindicatos não são o que os dirigentes querem que eles sejam. Têm lá dentro pessoas, trabalhadores, gente que sofre na pele as consequências dessas políticas. Até quando vão aguentar tamanha afronta? Como vão entender que tanta força que tiveram nas ruas seja assim desperdiçada e que acabem sempre perdendo alguma coisa em cada vitória anunciada? Que força é essa que constantemente perde direitos?

4 comentários:

ferroadas disse...

Sei de fonte segura, que aquando da paralisação dos camionistas os tipos borraram-se de medo, o próprio Sócrates quase chorou na presença dos seus ministros, os tipos entraram em pânico, já o mesmo ou quase tinha acontecido com a manifestação dos professores, o que prova que quando estas são espontâneas, fora da esfera sindical os gajos tremem como varas verdes, ora o que também prova que os tipos estão-se cagando para estas manifestações organizadas e protocoladas.

BJS

Anónimo disse...

A matemática vale o que vale quando as contas são feitas "chutando bolinhas contra o campo que se quer fazer perder" - quantos "apitos dourados" se masturbam, nestes jogos de poder, tentando com a sua arbitragem marcar pontos a favor da "sua equipa"?! Ainda não percebi porque é que este "tipo de coisas" não é considerado corrupção - afinal todos eles acabam por usufruir do que conseguem "manipular".

Leia-se esta notícia:
http://dn.sapo.pt/2008/06/29/editorial/cgtp_esta_a_precisar_arranjar_novas_.html

e perceba-se como se constroem os enganos!
30.000 em Lisboa contra os últimos 200.000 que cá estiveram! - é o que lê na notícia. Sem mentir, manipula-se uma notícia que quer dar a entender às pessoas descontentes que estão sozinhas na sua luta.

Nesta notícia, não se diz que os 200.000 estiveram numa jornada concentrada em Lisboa e que a estes 30.000, que agora se menosprezam, são uma gota num umiverso de 21 localidades distribuídas por todo o país.
Matematicamente tem que se somar... não dividir, como faz o jornalista!

MFerrer disse...

Muito Bem!.
A direita ao poder já!
Com muitos apoios sociais que os gajos não pensam noutra coisa desde que se levantam!: Os pobrezinhos!
Muito e muito bem!
Ou então, a esquerda também serve:
Essa sai da UE, manda às hurtigas a crise orçamental, atira o Euro prá valeta do esquecimento e desata a construir a Albânia do Ocidente e a preparar a reconquista de Olivença , que um governo de direita tem sempre uma finalidade neo-nacionalisto-bandeirística bem marcada.
De passagem, terão que mandar esvaziar as cidades e enviar o pessoal para o campo para o trabalharem,não vá algum latifundiário gritar por trabalhadores e ter de se socorrer de malta escura...
De arrasto, é mesmo escusado voltar a haver educação: Os filhos dos ricos vão para os colégios privados e da santa igreja e os pobres vão é trabalhar madraços!
Como é que eu, podia expressar mais o meu acordo?
MFerrer

MFerrer disse...

E não se fala mais em votos e em governos democraticamente eleitos. Isso é para os totós da legalidade e dos princípios burgueses da mesma. O poder na, e da Rua: Manifs - se possível ff, com transporte lá da Cambra e almocinho em jeito de farnel - até pode ser da MacDonals que as crianças preferem. Pelo menos é assim há já uns dez anos aqui na terra. Vamos todos lá comer. Cheira um bocadinho à cola dos arreios que o nosso avô fazia , mas é porreiro. Gosto da música imbiente!
Uma vez o poder entregue a quem sabe e merece, podemos ir todos para casa e viver dos rendimentos. Dizem que só as pensões mínimas vão ficar iguais às máximas!
Que as crianças já não são obrigadas - tadinhas - a ir à escola e que podem, muito bem!, ajudar o pai na lida com os porcos!
Esses ao poder! e a Europa que se arranje sem nós. Nós temos séculos de boa e rústica história cheia de tradições excelentes - pelo menos é que diz o Sr. Padre que gosta que se farta de crianças, diz ele! - e que não vamos ter mais com que nos preocupar que vai haver uma escola em todas as aldeias e uma maternidade em todas as vilas. A minha avó até já marcou no calendário, que já tem há anos pendurado na marquise, uma visita ao novo centro se saúde, que tem andado com uma pontada nas cadeiras.
Vai ser bom , pena não poder ser mais depressa!
MFerrer

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