domingo, agosto 17, 2008

Génesis de um espantalho

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Imagem daqui

Os meus filhos montaram um acampamento a alguns metros de casa, debaixo de uma velha oliveira. Levaram espumas de campismo, sacos camas, almofadas e afirmaram que iam lá dormir. Mas depois veio a noite e arrepiaram caminho. Na noite seguinte era mesmo para ficar. E de facto lá foram e lá ficaram mesmo depois das visitas se terem ido embora. Mas daí a um bom bocado o mais novo voltou para casa sozinho, metendo-se sem lanterna pela noite dentro na direcção da luz da casa, porto seguro. Vinha tremelibundo e acabrunhado, querendo se meter na cama, cheio de cagaço. Então e a outra ficou lá sozinha? Deixaste ela lá? Sim ela tinha ficado.
Não passou muito tempo até dar por mim a cogitar e se ela também quer voltar mas tem medo? E se não está a conseguir adormecer por causa do ruído perto dos cães ladrando longe? Coisas assim que as mães se põem a pensar e não têm mais descanso até tirar a teima. Lá fomos direitos à tenda, falamos com ela do lado de fora para não a assustar à chegada. Estava e não estava a dormir. Por um lado respondeu ensonada, por outro queria dormir e não estava a conseguir, mas estava confortável, disse ela. Insistimos para que voltasse e ela veio cambaleando sem muita vontade de sair da toca.
Um dia destes ao fim da tarde, depois da curta rega, havia barulho de gente na piscina e levei para lá um livro. Mas realmente aquilo era confortável. Retomei o livro e ainda li umas páginas ficando a saber que o primeiro Pai Natal era de facto, como tinha pensado o Menino Jesus, o diabo. Como o Jorge de Sena me enganou… já eu tinha feito o filme que era mesmo o Pai Natal e que o Menino Jesus o ia fazer sofrer como se fosse o diabo, coitado do Pai Natal . Mas afinal era o menino Jesus que estava certo e era mesmo o diabo. Hilariante de efeito prolongado porque ainda agora me fartei de rir ao lembrar-me da cena. Até porque depois vem mesmo o Pai Natal o próprio…
Entretanto vejo o gato que viajou de cá para lá no motor do carro do K. e que voltou tratado da família a vir em direcção às tendas e tive que pôr o livro de lado porque não resisto a um desenho animado daqueles. Andou, entrou, saiu, trepou, pulou, simulou caçadas e eu adormeci a ver aquele filme e só acordei muito tempo depois. Foi assim, atrás de um felino que a Alice viajou para o País das Maravilhas. Acho que ainda dormi bem mais do que uma hora.

Agora apareceu cocó de pássaro nas tendas. Por isso a minha filha fez um espantalho, vai levá-lo para lá e foi para isso mesmo que o fez. Quando os primos chegarem aposto que vão querer dormir todos lá.

2 comentários:

o escriba disse...

Enterneci-me com a sua frase "coisas assim que as mães se põem a pensar e não têm mais descanso até tirar a teima". Afinal afinamos todas pelo mesmo diapasão.

Um abraço
Esperança

Eva disse...

Conheço tão bem esse filme da tenda ao fundo do terreno e de umas imagens fantasmagóricas a avançar noite dentro em direcção ao quarto.
A tenda resistiu e finalmente este fim de semana foi usada para dormir com um outro amigo bem menos medroso e a quem foram poupados uns impropérios contra a mãe.
É tão bom ter 10 anos e ainda vibrar com pequenas aventuras de férias! ai "sôdade".

beijos para os kaoticos e continuação de boas férias

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