sexta-feira, novembro 28, 2008

Nogueira Kung Fu

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Imagem Kaótica

Mário Nogueira hoje arrancou palmas dos mais descrentes. Pudera, veio dizer em plena manifestação o que os professores queriam ouvir: Suspensão imediata desta avaliação, menos que isso não é nada, desta vez sem entendimentos, disse ele - revisão do estatuto da carreira docente...
REVISÃO? E Para onde foi a exigência da REVOGAÇÃO dessa lei? Então agora as leis absurdas basta que sejam revistas e segue jogo? Ninguém notou a mudança? É que é diferente exigir que uma lei absurda seja reenviada para a Assembleia da República para ser legalmente revogada (anulada) ou deixar essa lei continuar a existir enquanto tal, fazendo-lhe apenas uns pequenos ajustes. Resta saber que acertos são esses, que propostas têm os sindicatos para essa "revisão"? O ECD é uma das peças mais importantes do puzzle, onde encaixa a avaliação, porque é nela que se funde a aberrante luta de classes que se trava hoje artifialmente dentro de uma classe única, a dos docentes. É ele que veio injustamente determinar quem passa a avaliador e quem passa a avaliado, estabelecendo quotas para os que progridem e para os que estagnam. É por ele que passa a pirâmide hierarquizada que de repente se pretende implementar nas escolas, levada a cabo pela avaliação do desempenho docente, entretanto suspensa. Mário Nogueira esgalhou bem o seu discurso, cada vez mais próximo da massa, mas ainda assim é possível detectar um recuo no ECD. Disposto a limitar os horizontes abertos para a revogação total da lei, eis que a bandeira sindical passa a ser a mera revisão.
Bem me parece que o Ministério está pronto a ceder à suspensão deste modelo de avaliação, em troca de uma qualquer alternativa mal enjorcada que permita contudo prosseguir o plano arquitectado que tem por base o ECD. Cede na avaliação, porque tanto lhe faz o modo como os professores são avaliados, desde que essa avaliação, seja ela qual for, permita a aplicação do ECD. Entretanto, agarrados à grande vitória obtida com a suspensão da avaliação e sua substituição este ano por um simplex auto-avaliativo, os sindicatos parecem prontos a ceder no essencial, refreando a revogação do ECD, convertendo-a numa mera revisão. Assim o papel dos deputados eleitos para a Assembleia da República, lugar por excelência onde estes deviam desempenhar a função de aprovar e revogar leis, é mais uma vez ultrapassado por acordos cozinhados entre ministérios e sindicatos, subvertendo-se assim as regras da Democracia representativa.

5 comentários:

Maria Isabel Pedrosa Branco Pires disse...

Olá Paula

Hoje não estou de acordo contigo, nós queremos mesmo a revisão e não a revogação e vou explicar.
A partir de 1 de Janeiro de 2009 deixamos de pertencer à Função Pública e querem acabar com as carreiras especiais, assim o Regime de Férias, Faltas e Licenças da Administração Publica acaba para os Professores.
Acontece que no nosso Estatuto, como Carreira Especial, nesse capítulo é-nos favorável.
Queremos que todos os capítulos, artigos e alíneas que nos prejudicam sejam revogados mas os que nos são favoráveis não.
A Lei nº 59/2008 (Aprova o Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas)entra em vigor dia 1 de Janeiro e vem aí para arrasar por isso nos interessa a revisão e não a revogação.

Bjs
Isabel

Maria Lisboa disse...

Petição De Pais E Encarregados De Educação À Sr.ª Ministra Da Educação

http://educar.wordpress.com/2008/11/28/peticao-de-pais-e-encarregados-de-educacao-a-sr%c2%aa-ministra-da-educacao/

Kaotica disse...

Maria Branco

Compreendo o ponto de vista dos professores terem que defender a sua profissão através dos sindicatos, mas como manter uma lei que vem partir a classe dos professores retirando-lhe a sua força unida. Penso sempre no trabalho dos professores em termos de cooperação pelos alunos e nunca em competição com os colegas. Por isso o ECD sempre me apareceu como algo sinistro, ainda para mais da forma como foi dado o mérito aos que passaram a avaliadores. O que nasce torto tarde ou nunca se endireita. Os professores já perderam muito, e os alunos também já devem ter perdido bastante com a instabilidade que se vive nas escolas. Desesperadamente pensando como agir em defesa da sua profissão, como podem hoje os professores centrarem-se nos alunos e nas suas dificuldades ou curiosidades? Querem os professores aceitar as regras do ECD em troca de alguns benefícios? E por que não se unem com toda a função pública que, tal como todas as outras camadas profissionais estão a perder direitos, contra o novo código do trabalho? Os cidadãos deviam estar hoje todos unidos em defesa da escola pública e contra o novo código do trabalho. A situação é por demais grave para cada classe profissional lutar apenas no seu quintal pelos seus direitos. A unidade terá que ser muito mais abrangente para derrotar estes podres poderes.

Um abraço

Kaotica disse...

Obrigada Maria Lisboa. Já conhecia não só esta como outras tomadas de posição de pais e encarregados de educação também pertinentes.

Um abraço

Kaotica disse...

Desejo-vos um bom fim de semana, entre outras coisas, de reflexão pré-greve geral.

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