domingo, abril 26, 2009

Mas nada acontece...

O país está sufocado por uma partidocracia que a maioria dos portugueses identifica e repudia. Mas nada acontece. A crise que nos aflige é a financeira e a económica. Mas a crise mais profunda é a da Democracia, do Estado e, por que não dizê-lo, da própria Nação. Se alguém souber como se faz outro 25 de Abril, eu alisto-me!

(para ler aqui todo o excelente texto de Santana Castilho)

2 comentários:

Anónimo disse...

Será que é preciso alistamento, recrutamento? Mesmo metafórico? Será que isso é uma «revolução» ou será outro golpe de estado? Será que as pessoas de esquerda vão de uma vez por todas analisar friamente (e pôr-se em causa) o que foi a origem, o desenrolar e o epílogo (que estamos a viver) da chamada «revolução de Abril»???
Afinal de contas, há uma esquerda (quase toda) que é parte do problema porque teima em não ver, não ouvir, não falar:
ela teima em cantar os estribilhos, a «pensar» com frases feitas, com slogans, em vez de ser crítica... o que significaria auto-crítica, pois ela teve o poder ou pelo menos fatias não desprezíveis do poder, e ainda tem: se não o vê, é porque não lhe convêm! Será necessário ser-se um Ramalho Eanes para se proclamar o óbvio (e daí tirar as devidas consequências???):
«o portugueses têm o governo que merecem, os partidos que merecem, as instituições que merecem»
Eu acrescentaria que esta construção é a obra visível da «esquerda», ela (elas, se preferirem) nunca se pôs em causa.
Atentem no episódio vergonhoso do 25 de Abril de há dois anos (Repressão de manif libertária na rua do Carmo). Pensem como o estado está a lidar com as vítimas de uma repressão brutal e injustificada!!!
Não haverá desculpas, quando for a hora da verdadeira revolução. Nós aprendemos com os erros.

Kaotica disse...

caro anónimo

Não vou falar pela esquerda, ou pelas esquerdas porque isso não teria cabimento. Vou falar apenas por mim própria: também a mim me parece que grande parte do problema está na divisão e na falta de reflexão em conjunto das várias esquerdas. Durante anos votei CDU, na minha inocência, acreditando que era o partido porta-voz dos ideais comunistas. Com o tempo fui percebendo que ali se cumpria uma agenda partidária, que para eles a única possibilidade de união entre a esquerda seria as outras esquerdas se juntarem aceitando não colocar em causa as permissas estalinistas. Não podia dar bom resultado. Todos ficaram nos seus quintais, a defender os seus princípios ideológicos inquestionáveis, aceitando as consequências da desunião, como se não soubessem que a direita havia de estar unida nos seus objectivos de prolongar e fortalecer o sistema capitalista. Ainda hoje, ou mais do que nunca isso acontece: como explicar que sejam as próprias organizações dos trabalhadores a pulverizar as lutas em vez de as unir numa só voz impondo ao governo uma lei que proíba e regule os despedimentos, como compreender que não juntem todos os sectores em defesa da escola pública, a escola dos filhos dos trabalhadores? Como podem assistir passivamente à destruição metódica dos sectores produtivos, à privatização dos sectores estratégicos, à destruição dos serviços públicos, fruto apodrecido do compromisso com a União Europeia e não proponham a ruptura nem desmascarem a falta de democracia dessa instituição que serve e sempre serviu os interesses da alta finança? Como podem acreditar e fazer-nos acreditar que é possível levar a cabo uma política socialista dentro do quadro da UE?
Os partidos estão descredibilizados porque o povo não encontra neles a resposta a uma saída positiva. Ainda há uma massa enorme de trabalhadores que não se apercebeu que não bastam belos discursos de esquerda, nem manifestações grandiosas que não fazem senão retirar a pressão à panela. Carvalho da Silva numa manifestação da CGTP dizia: o restolho está seco, basta chegar-lhe um fósforo... mas depois aceitam negociar em nome do pacto de estabilidade. O povo há-de acordar por si próprio quando isto bater ainda mais no fundo.

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