«Apesar da diversidade na metodologia e bases de dados utilizadas, a evidência empírica disponível para os Estados Unidos tem concluído que os trabalhadores norte-americanos geralmente experimentam reduzidos períodos de desemprego, mas substanciais e persistentes reduções nos salários, na ordem dos 10-25%. Para a Europa, a evidência empírica não é assim tão clara. Alguns estudos têm concluído pela existência de elevadas perdas salariais, enquanto que outros concluem o contrário. Num ponto, contudo, estes estudos parecem estar
Tautologia existencial dos conformados e dos realistas: uma flor é uma flor, uma acentuada perda salarial é uma acentuada perda salarial. Tudo se aceita tal como é, até o desemprego porque é essa a realidade que nos oferecem como perspectiva. Já nem sequer se consegue pensar que o Estado podia pagar os salários das empresas em dificuldade em vez de pagar os subsídios de desemprego dessa gente toda. Para a opinião pública o cenário de desemprego sob o fantasma da crise, tornou-se uma inevitabilidade. As pessoas não vêm que a destruição do sector produtivo não pode gerar mais riqueza, nem solucionar a crise?
Na sociedade nossa contemporânea, o que é, é. Haverá concepção mais materialista? A dialéctica entre o que é e o seu contrário (veja-se supra-citação) não pode resultar numa verdade absoluta. Entre duas afirmações opostas, uma há-de ser verdadeira e a outra falsa. Toma-se como verdadeira a existência de ambas as premissas: A União Europeia é e não é a melhor coisa que nos aconteceu. Considerá-la um mal necessário: eis mais uma conformação ao sistema. Há quem se limite pois a constatar essa realidade, de uma forma meramente analítica, sem vontade de mudança. Ser e não ser não é uma questão que se ponha. Ser ou não ser, eis a questão.
Este modelo europeu baseado na manutenção do sistema capitalista não pressupõe qualquer possibilidade de poder ser diferente do que é. Por isso se acumula erro sobre erro na direcção errada, achando que pior seria voltar atrás e remediar o erro. Caminha-se direito ao abismo, coniventes em levar o capitalismo às últimas consequências, como uma inevitabilidade. Não é bom para todos mas é excelente para os que se alimentam das crises geradoras da nossa precariedade. E aqueles que deviam estar defendendo os interesses dos trabalhadores, amenizam as lutas para segurar o sistema e, enquanto massivamente cidadãos perdem o direito ao trabalho, as suas organizações não fazem senão recorrer aos esquemas da caridade da igreja católica, deixando o governo continuar a dar cartas à banca e aos negócios ilícitos e corruptos.Tudo isto alimenta a falta de perspectivas desta sociedade que se conforma.
Mas olhem à vossa volta: nós estamos mesmo caminhando para o abismo. Quanto mais deixarmos desmantelar e destruir as estruturas da nação, mais difícil será depois reconstruir. Já alguém pensou que em breve a destruição das nações será de tal ordem que bastará as de economias mais fortes dizerem que não podem mais partilhar a Europa connosco? Que cada um siga o seu caminho como antes que os dinheiros europeus já não chegam para todos e nós já com tudo destruído pela aplicação das directivas, pelo cumprimento da agenda, pela colocação em prática das leis absurdas.
Ficamos nós sem os empregos, sem as fábricas e sem os serviços públicos, sem o poder de garantir os bens essenciais porque já nada disso é nosso: a aranha do sistema lançou a sua teia. A mosca somos nós todos.
E porque já vem sendo destruído desde os tempos da CEE. Então mais um motivo para não deixarmos essa bomba estoirar nas mãos dos nossos filhos e resolvermos logo o assunto. Não queremos esta "união", não queremos viver na corda bamba sem a perspectiva de um futuro melhor. Queremos começar já a construir uma verdadeira união de nações livres e cooperantes. Não queremos que decidam por nós nem que nos imponham o cumprimento de leis que nos prejudicam e nos destroem.
2 comentários:
A razão pela quaL NÃO EXISTE uma alternativa é que importa reflectir.
Para mim, não existe porque as pessoas estão embaladas com as ilusões do reformismo, do eleitoralismo, do parlamentarismo. Inclusive por muitos militantes que podem subjectivamente considerar-se anti-capitalistas, mas que vão mantendo o sistema, aceitando jogar o papel de «críticos», ou seja de participantes (legitimadores) das fantochadas eleitorais.
Não há solução para os problemas enunciados dentro do capitalismo.
Manuel Baptista
Manuel Baptista
Pela parte que me toca considero que todos os meios são válidos para denunciar os podres do sistema. Se para usar os meios de comunicação instituídos para fazer passar a mensagem for preciso "estar dentro do sistema" não vejo por que não se há-de usar essa estratégia. Para já o Prós & Prós terá que receber no seu programa uma voz que dirá frente a muitos telespectadores por que é cada vez mais urgente exigir a proibição dos despedimentos e como isso só será possível no quadro da ruptura efectiva com a União Europeia, aproveitando-se os tempos de antena para demonstrar que o Parlamento Europeu é uma fantochada pseudo-democrática.
Mas entendo o teu ponto de vista, apesar de também o considerar pouco eficaz. Podemos e devemos continuar esta discussão.
Um abraço
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