sexta-feira, maio 15, 2009

O senhor engenheiro pode dormir descansado...

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... que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo, enquanto tu dormes descansado a não pensar em nada...
(parafraseando FMI, de José Mário Branco)

... e até já temos euro manifestações!!!

CGTP e UGT na euro manifestação de Madrid

Sindicatos de 22 países iniciaram hoje três dias de protesto em quatro capitais europeias
14.05.2009 - 13h13 Nuno Ribeiro, em Madrid

A CGTP e a UGT participam hoje na euro manifestação de Madrid, uma iniciativa da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) contra a crise e pelo emprego.

No desfile, que ao fim da manhã percorre o centro da capital espanhola, participam 50 mil sindicalistas de Espanha, Portugal, França, Itália, Bélgica, Turquia e Andorra. De Portugal, as duas centrais convocaram 1900 sindicalistas para as ruas madrilenas. “Fomos os primeiros a fazer manifestações conjuntas em Portugal no ano 2000, foi no Porto com 80 mil pessoas”, recorda, ao PÚBLICO, Manuel Carvalho da Silva, da CGTP. A seu lado, no Passeo de la Castellana, à porta do café Gijón, local de concentração da participação sindical portuguesa na euro manifestação da CES, está João Proença, da UGT. “A crise da globalização é a crise dos que defendiam menos Estado, não estamos perante uma crise de competitividade salarial mas face à crise do capitalismo sem regras”, observa Proença. Por isso, o dirigente da UGT considera ser “fundamental reforçar a dimensão europeia da luta dos sindicatos”.

“Estamos perante uma crise grave do sistema que, prolongando-se, se pode transformar numa crise da civilização”, adverte Carvalho da Silva. “A crise económica, financeira e de regulação está longe de estar resolvida, e falta ver os efeitos que vão ter as crises energética, de valores, e a ruptura com a natureza”, prossegue. Feito o diagnóstico, há outra certeza: “enquanto a proposta for de precaridade, desemprego, baixos salários e menos direitos não há saída para a crise”, sustenta o líder da CGTP.

“Pelo emprego”, lê-se em letras brancas sobre fundo vermelho, num dos cartazes das Comissões Operárias de Espanha. A cor que domina a emblemática Castellana é o vermelho, com os cartazes da UGT espanhola, da Force Ouvriére, CFDT e CGT francesas, dos italianos da CGIL e da CISL a desfilarem ao som do rufar de tambores e dos apitos. Entre as bandeiras dos países representados na primeira das quatro euro manifestações convocadas pela CES, a presença de algumas insígnias da antiga República espanhola.

Momentos antes do desfile, também em Madrid, José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, considerou numa conferência que os sindicatos têm um dilema. “Optar por uma cultura de confronto ou de negociação”, sublinhou. “Os sindicatos a nível europeu optam pela negociação”, responde João Proença. “Infelizmente, a Comissão Europeia tem falhado em estabelecer o diálogo social, pretendeu organizar uma grande cimeira de emprego que, afinal, se transformou numa simples troika”, lamentou o dirigente da UGT de Portugal. Uma falta adequada de resposta que levou ao protesto de Madrid e às manifestações programadas pelo CES para amanhã em Bruxelas e, no sábado, em Praga e Berlim. O que parece ser o início de uma nova fase reivindicativa.

“Estamos numa situação de continuidade, o poder económico e político esforça-se de dizer que a crise mudou a perspectiva do diálogo e da protecção social”, considera Carvalho da Silva. “Ainda não estamos no ponto de viragem, mas estas manifestações são um sinal da necessidade de mudança, de dar primazia ao emprego, de criar postos de trabalho para o desenvolvimento da sociedade e não para a acumulação de riqueza de alguns”, acentua. “As pessoas primeiro” é, aliás, uma das palavras de ordem da ofensiva da CES.

Um protesto de três dias em quatro capitais europeias que, para além da participação de centrais sindicais de 22 países europeus, congregou outras organizações. Em Madrid, a Aliança Espanhola contra a pobreza associou-se ao desfile, apoiando o fim dos paraísos fiscais e a erradicação da pobreza. “No Mundo, entre meados do ano passado e finais de Março de 2009, foi utilizada em pouco tempo a riqueza suficiente para multiplicar por oito os objectivos do milénio, ou seja mais de três triliões de dólares”, assegura o dirigente da CGTP. “Esta riqueza não teve efeito na estrutura económica nem no emprego, e os pobres no Mundo, durante este período, aumentaram em 50 milhões”, refere Manuel Carvalho da Silva. “Assim, podemos chegar ao fim deste ano com mais de 200 milhões de pobres”, conclui.


Bem, vejamos: se em Madrid, vindos de 22 países da Europa, eram 50 000 sindicalistas, e em Portugal, no ano 2000, com a CGTP e a UGT unidas foram 80 000 pessoas...
E se em 2008 só os professores fizeram manifestações de 100 000 e da 120 000...

... então, para o actual conceito da luta de classes: 50 000 sindicalistas europeus juntos em Madrid, têm mais peso do que 80 000 portugueses na rua unidos com as suas organizações sindicais, pois estas não voltaram a unir-se, como se dessem a unidade por ineficaz...
... a não ser na plataforma sindical dos professores, que conseguiu reunir 100 000 e 120 000 professores, que por sua vez valem bem menos para o governo do que 80 000 mil portugueses, ou do que 50 000 sindicalistas europeus.

Logo se estabelece a seguinte hirarquia:

SINDICALISTAS EUROPEUS
TRABALHADORES PORTUGUESES
PROFESSORES PORTUGUESES

Para estes governos não são os números que contam, quando toca à expressão democrática do protesto e do descontentamento. O que mais lhes importa é a que nível é que se fazem os protestos. Para que serve uma euro-manifestação? Para euro-institucionalizar as lutas dos trabalhadores. Por cá já tínhamos a agenda de festas da CGTP e as manifestações para tirar a pressão à panela; em breve teremos também que cumprir o calendário de festas da CES e da CSI, uma para negociar os pactos de estabilidade no seio da União Europeia; outra para fazer a concertação social ao mais alto nível, no quadro da Globalização. Entretanto os dirigentes sindicais falam e discursam em nome dos trabalhadores, lá longe pelas europas, enquanto os por cá os trabalhadores vão sendo despedidos em larga escala sem que as suas organizações sindicais se unam para defender o seu direito ao trabalho.
O senhor engenheiro e os outros podem dormir descansados pois haverá sempre quem se preste a segurar o sistema...
E enquanto os trabalhadores que julgam que têm milhares de gajos inteligentes a zelar pela defesa dos seus interesses, é melhor que acordem e que deitem mãos à obra nos seus sindicatos, nos seus postos de trabalho. Porque em breve saberão tanto do que se passa no seu euro-sindicato como nos centros de decisão das instituições da União Europeia.

ler também:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1380658
e:
http://www.fenprof.pt/?aba=27&cat=230&doc=4103&mid=115





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