domingo, junho 28, 2009

Quem ousa dar o primeiro passo?

Imagem daqui

Voto em qualquer partido da esquerda que consiga acertar numa união dos vários partidos de esquerda. Por muito maus que eles sejam sempre apontam noutra direcção. Neste momento crucial, como em outros, ou se é contra o sistema capitalista ou se é a favor. Era necessário que todos que são contra lutassem do mesmo lado da barricada.

Todos os partidos de esquerda, grandes ou pequenos que não apresentarem uma saída de conjunto, estão na prática a contribuir para que esses senhores se perpetuem no poder, colocando em prática, à vez as políticas que protegem o sistema capitalista.


Já sei que há por aí quem diga: quero lá saber do teu voto, também nunca contei muito com ele. Mas os vossos militantes não poderão ficar sem uma saída, eles querem políticas socialistas e não aguentam mais as regras do capitalismo global.

15 comentários:

Anónimo disse...

Querida Kaótica,

Se queres uma frente de esquerda, essa frente tem de ser social muito antes de política. Pois, na verdade, existe um controlo da cúpula política nos partidos (grandes e pequenos, ditos de esquerda) cujas decisões são -no melhor dos casos- um filtrado das posições das bases de maior peso e influência na estrutura partidária.
Sendo assim, o caminho só pode ser de uma união (na base) ao nível sindical, e «sindical» numa visão ampla, não corporativista, uma visão de século XXI. Só quando tivermos um grande número de colectivos locais de trabalhadores, que se reuna em assembleia regular nos seus locais de trabalho ou de moradia, para aí delinear as lutas e consolidar alianças entre pessoas concretas, os hierarcas dos vários partidos vão ser forçados a mudar de atitude.
A única hipótese de acontecer o que tu desejas (e muitas outras pessoas também) é com um reforço muito grande da sociedade civil, do militantismo social. Esta não se resume à luta laboral. Passa pela defesa da escola pública transversal a toda a sociedade e não um «assunto de profs», a defesa de um SNS, de transportes públicos nacionalizados e geridos fora de uma lógica de lucro, mas antes como sector de SERVIÇO público, etc.
Se isto não aconteceu há muito mais tempo, a culpa é também dos militantes de «esquerda sentimental» mas não crítica que continuaram, por uma década, a ignorar todos os avisos, todas as análises que lhes fizemos chegar às mãos, que realmente ignoraram, no essencial. Lamento profundamente, pois eu gostaria que a realidade fosse outra. Gostaria, mas só podemos mudá-la com a tomada de consciência colectiva e essa, infelizmente está ao nível mais baixo que me foi dado jamais observar. Com uma «esquerda» assim, provavelmente a direita (quer a pura e dura, quer a que se aloja dentro de um partido que outrora foi de esquerda, o ps) não precisa de fazer um grande esforço. Basta-lhe não cometer erros demasiado clamorosos, demasiado grosseiros.

A política-espectáculo segue dentro de momentos. Silêncio (lutas de classes), não perturbem o ritual!

Beijos,
Manuel

Mariazinha disse...

Depois do que o Manuel disse fico sem palavras.
Enquanto as pessoas não se deixarem de "clubismos" não vamos lá.Acredito que mais cedo ou mais tarde as pessoas comecem a acordar e se desmarquem das forças sectárias que ainda controlam alguns partidos de esquerda.

Beijokas

ferroadas disse...

As últimas eleições vieram provar que o Povo já não vai em conversas de chacha, quer outro sistema, para além de uma verdadeira política do Povo para o Povo, já não acreditamos em hierarquias e muito menos em chefes, e em vanguardas, o nosso futuro passa pelas organizações populares de base, onde aí sim o Povo é quem mais ordena, o poder só deve ser exercido de baixo para cima e não o contrário.

BJS

mescalero disse...

O problema é o mesmo de sempre. Lutar na mesma barricada parece ser uma boa ideia, mas depois é preciso estar sempre a vigiar as próprias costas por causa dos "companheiros" que resolvem fazer pela vida. A organização em partidos é um terreno propício a que isso aconteça.

Mesmo em organizações sociais de base não há garantias de que não vão surgir focos de guerrinhas políticas, corrupções e traições de todo o tipo. Há muito a fazer em termos de consciencialização antiautoritária, de amadurecimento e compreensão libertária.

O que me parece evidente é que a atitude inteligente é NÃO escolher formas de organização e de luta que favoreçam a politiquice. Cujas expectativas de que a luta seja tomada de assalto por alguns em favor dos seus interesses pessoais, sejam altas.

Anónimo disse...

O pessoal da lista de discussão «Luta Social» (que tem mais de cem elementos inscritos) decidiu fazer encontros presenciais.
O primeiro será no sábado 4 de Julho, pelas 15h. no Museu da Rep- Resist. à cid. Univ.
Se quiserem, o pessoal do Libertário pode vir e partilhar as suas opiniões com os restantes.
Solidariedade,
Manuel Baptista

Kaotica disse...

Luta Social

(Manuel Baptista)

Tens muita razão naquilo que defendes mas o problema que se coloca é de tempo e de eficácia. Trata-se da perspectiva tenebrosa de mais quatro anos disto que temos(PS de Sócrates) ou daquilo que já conhecemos tão bem (governo Ferreira Leite). A organização social é importantíssima e a discussão na base e os sindicatos poderem vir a ser uma coisa diferente do que hoje são, mas será que isso vai mesmo acontecer? Será que o país aguenta mais 4 anos destas políticas? Tudo o que possa ajudar é bem-vindo mas não se pode limitar a uma (ou mais) discussões entre gente que já pensa dessa forma, tem que se ir mais longe do que isso, como é que ninguém sabe. Saúdo a iniciativa que vão organizar e sugiro que seja divulgada para todos os meios de comunicação, pelos blogues, por todo o lado (aconselho a divulgação também no PASSA PALAVRA que se dispõe a divulgar esse tipo de iniciativas!)

Infelizmente aqui por casa existem problemas de saúde que nos impedem de participar presencialmente desta vez mas estamos dispostos a divulgar a iniciativa e a ajudar dentro das actuais limitações.

Um abraço

Kaotica disse...

Mariazinha

Quem me dera continuar a acreditar na capacidade das pessoas para lutar pelos seus direitos tanto como tu. Infelizmente estou muito céptica em relação à verdadeira vontade das pessoas de se mexerem para defender seja o que for!

Um abraço

Kaotica disse...

Ferroadas

Desejo que todos os que se abstiveram ou votaram em branco ou nulo, nas próximas eleições votem no partido que conseguir unir toda a esquerda e todo o descontentamento com este sistema capitalista. E que as suas intenções sejam realmente combater e mudar o sistema. Onde está esse partido?

Abraço

Kaotica disse...

Mescalero

Tens toda a razão, há sempre oportunistas em todo o lado. No entanto neste momento nem mesmo isso me inquieta. É preciso uma alternativa de esquerda e depois logo se vê. Nada pode ser pior do que 4 anos mais de Sócrates/Ferreira Leite.

Um abraço

Fernando disse...

Olá kaótica.

Deixa-me dizer-te que partilho das tuas preocupações e que também me tenho batido pela unidade das esquerdas ...para agora, em nome das pessoas que sofrem ..já hoje.

O tempo não está de esperas. Ou para os discursos ideológicos de "sempre" que acabem por ser pretextos para não se fazerem as unidades possíveis. Não penso que tenha que haver coincidência de pontos de vista sobre tudo. Mas pode haver sobre denominadores comuns do património da esquerda. Está visto que o caminho faz-se caminhando. Apelos de convergências de esquerda dos partidos soam a falso. A mim interessam-me as práticas. Sinceramente creio (mas posso estar enganado) que o Bloco é o partido que pode dar corpo a uma alternativa das esquerdas anti-capitalista em quem as pessoas possam confiar. Os resultados eleitorais também apontam para aí. Há na sociedade um grande descontentamento com os partidos da alternância no poder. A "vitória" do PSD nas europeias é à custa de um dos piores resultados de sempre do PSD. Ao nível dos resultados de Santana Lopes quando foi derrotado nas anteriores legislativas. O resultado do PS é dos piores de sempre da história do PS.

As esquerdas têm oportunidades únicas. Não por acaso, a direita e os liberais estão assustados com o crescimento das esquerdas. Em especial do Bloco. Estou à vontade para dizer isto com toda a independência, de quem estando desde o início no Bloco e tendo tido algumas responsabilidades, deixou a militância activa. As convergências à esquerda são difíceis. O passado dos grupos da extrema-esquerda criam desconfianças. A ideia hegemónica do PCP sobre os movimentos, os partidos, a unidade, são obstáculos. A unidade vai acontecer naturalmente com quem quiser estar nessas plataformas. Não podemos estar à espera de unidades e convergências por decreto. Por decisão administrativa. No que me toca analiso as propostas, o seu impacto, quem está em melhor condições de ser alternativa ou contribuir para uma alternativa. Para ganhar a confiança da maioria social deste país e dar a volta a isto. Como disse acima creio que o Bloco pode ser a alavanca para as grandes mudanças. Para construir um projecto largo e abrangente das esquerdas plurais em torno de propostas concretas que apareçam credíveis às pessoas que habitualmente votam no PS e no PSD e ajudem a criar uma consciência política para novas políticas.

Sobre os caminhos das esquerdas tenho escrito algumas coisas que compilei aqui (há muito tempo que não actualizo) http://charagoesquerdo.googlepages.com/yourpage#

Claro que também tenho os meus momentos de descrédito, desconfiança, desânimo. E não poupo nas críticas, como aqui: http://in-coerencias.blogspot.com/2008/12/ter-uma-boa-oposio-bom-mas-tempo-de-ter.html

Há precisamente um ano escrevi este texto que pode ser lido aqui e que vai na linha do teu post.
http://charagoesquerdo.googlepages.com/yourpage# (post 69).

Não quero terminar sem deixar-te os meus parabéns pelo espírito de abertura demonstrado e pelo teu discernimento.

Kaotica disse...

J.S. Teixeira

Já fui espreitar o Flamingo. Obrigada por me dares a conhecer o teu blogue que passarei a visitar sempre que possível.

Kaotica disse...

Fernando

Ainda não fui ver os links mas não deixarei de fazê-lo. Experimento um duplo e contrário sentimento em relação a saber que existem outras pessoas lúcidas de esquerda a quem se colocam semelhantes inquietações: por um lado é excelente sabê-lo pois dá uma carga positiva de esperança em que um dia muito em breve seja realmente possível as direcções serem empurradas pela massa a fazerem uma unidade de esquerda que vise alcançar o poder (e não se fiquem apenas pela contagem umbiguista de mais um menos um deputado!); por outro lado saber que há outros camaradas igualmente desesperados sentindo que o tempo urge e que não existe uma verdadeira alternativa de esquerda (que só unida poderá almejar alcançar o poder), deixa-me com a sensação que a direita é mais capaz de se unir para defender o capital do que as esquerdas para o derrotar, o que é trágico!

Obrigada pelas tuas palavras e pela confiança demonstrada, por me enviares os links dos teus textos, os quais lerei logo que possível. O Bloco terá certamente o meu voto se conseguir realizar a unidade das esquerdas. Quando é que as bases dos partidos de esquerda (Bloco, PCP, ...) vão entender que são elas (bases) que têm que empurrar as direcções dos seus partidos a dar o passo certo?

Um abraço

J.S. Teixeira disse...

Os trabalhadores da Autoeuropa não vergam perante nada. Vejam o artigo no blogue O Flamingo.

Marreta disse...

Infelizmente não tenho uma ideia positiva acerca de celeridade de um processo de união de esquerdas e de vontade popular em criar condições para uma alternativa credível e viável para os tempos próximos. Isto é-me dado a observar pelos contactos diários com as pessoas. Não existe absolutamente motivação nenhuma na generalidade das pessoas para se organizarem, reivindicarem, mudarem, alterarem, criticarem, agirem. As pessoas estão completamente acarneiradas, induzidas ao pasto sob supervisão de pastores com aperfeiçoadas e modernas técnicas de marketing.
O processo de inversão vai ser extremamente demorado e difícil e terá que forçosamente passar pela educação/civismo (participação cívica activa e reivindicativa)/consciencialização. Neste país, nas circunstâncias actuais, não me parece que a coisa se possa alterar a curto/médio prazo. A não ser que por força de circunstâncias extremas (extremo desemprego, precariedade, fome, miséria, violência), a situação se precipite e possibilite uma mudança social radical. Até lá...

Saudações do Marreta.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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